quinta-feira, 1 de outubro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 04 DE OUTUBRO DE 2020 - 27º COMUM - ANO A

 

VISITAI A VOSSA VINHA E PROTEJEI-A

Certamente todos já investimos esforços, recursos, parcerias com projetos e empreendimentos com os quais nos decepcionamos ou que não deram o resultado esperado. Muitas vezes também acreditamos em pessoas, instituições, grupo políticos e até numa amizade ou num amor que éramos capazes de “colocar a nossa mão no fogo” sobre a retidão e a seriedade da outra parte. De repente, “quebramos a cara”, todos os nossos esforços e a nossa confiança caem por terra e nos damos conta que fomos iludidos. Pois é exatamente essa a mensagem central da Palavra de Deus nesse domingo.

Usando figuras de linguagem, tanto o profeta, quanto Jesus Cristo falam de uma desilusão, uma decepção extraordinária de alguém que não corresponde a tudo o que foi investido, ou a confiança que havia merecido.

Isaias usa a figura de uma vinha e do cuidado que o empreendimento exige fazendo uma comparação com o povo de Israel e tudo o que Deus realizou em seu favor, cujo resultado foi desastroso. Depois de descrever tudo o que proprietário fez e o resultado obtido, o profeta conclui: Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel,
e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça - e eis injustiça; esperava obras de bondade - e eis iniquidade”.

No Evangelho, de novo hoje, Jesus fala aos sumos sacerdotes e aos chefes do povo, contando uma parábola os deixa encabulados e forçados a responder exatamente o contrário do que era a sua prática: Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: 'Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.' Então Jesus lhes disse: 'Vós nunca lestes nas Escrituras: a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos? Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.

A questão fundamental que Jesus sugere nesta parábola tem a ver com a coerência, com a seriedade do compromisso assumido. Ninguém é obrigado a aceitar a proposta do Reino, mas uma vez dito o sim não dá para fazer corpo mole, desculpas esfarrapadas, falta de coerência, comodismo.

Ontem, como hoje, com o povo de Israel ou conosco, Deus estabelece constantemente uma relação de amor e de fidelidade, nos protege ao longo da jornada, oferece condições para produzir fraternidade, bem querer, cuidado, respeito, honestidade, seriedade e por ai vai... A história do amor de Deus para com a “sua vinha” continua a se repetir hoje. A 1ª leitura é um convite, um desafio e uma pergunta dirigida a cada um de nós: Eu tenho consciência desse amor de Deus? Tenho um coração aberto aos seus dons?  Tenho produzidos frutos de coerência, bondade, justiça, misericórdia? Tenho me comportado como alguém responsável e cuidadoso para com toda a obra que Deus me disponibiliza?  Esperamos que apenas os outros produzam frutos ou sou também uma pessoa ativa na transformação do mundo e na prática de tudo aquilo que acredito?

Peçamos a graça e coragem de sermos justos, honestos, cuidadosos, coerentes. Que nossa oração seja o resultado de nossa ação, e que a Eucaristia que recebemos, a Palavra que ouvimos e a participação na assembleia dominical nos ajudem a nunca sermos causa de decepção para as pessoas e nem tampouco ao projeto que Deus tão cuidadosamente colocou em nossas mãos.

Para isso servem as palavras de São Paulo na carta aos filipenses que ouvimos na segunda leitura: “Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim o Deus da paz estará convosco”.

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