VISITAI A VOSSA VINHA E
PROTEJEI-A
Certamente todos já investimos
esforços, recursos, parcerias com projetos e empreendimentos com os quais nos
decepcionamos ou que não deram o resultado esperado. Muitas vezes também
acreditamos em pessoas, instituições, grupo políticos e até numa amizade ou num
amor que éramos capazes de “colocar a nossa mão no fogo” sobre a retidão e a
seriedade da outra parte. De repente, “quebramos a cara”, todos os nossos esforços
e a nossa confiança caem por terra e nos damos conta que fomos iludidos. Pois é
exatamente essa a mensagem central da Palavra de Deus nesse domingo.
Usando figuras de linguagem, tanto o
profeta, quanto Jesus Cristo falam de uma desilusão, uma decepção
extraordinária de alguém que não corresponde a tudo o que foi investido, ou a
confiança que havia merecido.
Isaias usa a figura de uma vinha e do
cuidado que o empreendimento exige fazendo uma comparação com o povo de Israel
e tudo o que Deus realizou em seu favor, cujo resultado foi desastroso. Depois de
descrever tudo o que proprietário fez e o resultado obtido, o profeta conclui: “Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel,
e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de
justiça - e eis injustiça; esperava obras de bondade - e eis iniquidade”.
No
Evangelho, de novo hoje, Jesus fala aos sumos sacerdotes e aos chefes do povo,
contando uma parábola os deixa encabulados e forçados a responder exatamente o
contrário do que era a sua prática: “Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: 'Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará
a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.' Então Jesus lhes disse: 'Vós nunca
lestes nas Escrituras: a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra
angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos? Por isso eu vos digo: o Reino de Deus
vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.
A
questão fundamental que Jesus sugere nesta parábola tem a ver com a coerência,
com a seriedade do compromisso assumido. Ninguém é obrigado a aceitar a
proposta do Reino, mas uma vez dito o sim não dá para fazer corpo mole, desculpas
esfarrapadas, falta de coerência, comodismo.
Ontem,
como hoje, com o povo de Israel ou conosco, Deus estabelece constantemente uma
relação de amor e de fidelidade, nos protege ao longo da jornada, oferece
condições para produzir fraternidade, bem querer, cuidado, respeito, honestidade,
seriedade e por ai vai... A história do amor de Deus para com a “sua vinha”
continua a se repetir hoje. A 1ª leitura é um convite, um desafio e uma
pergunta dirigida a cada um de nós: Eu tenho consciência desse amor de Deus?
Tenho um coração aberto aos seus dons? Tenho
produzidos frutos de coerência, bondade, justiça, misericórdia? Tenho me
comportado como alguém responsável e cuidadoso para com toda a obra que Deus me
disponibiliza? Esperamos que apenas os
outros produzam frutos ou sou também uma pessoa ativa na transformação do mundo
e na prática de tudo aquilo que acredito?
Peçamos
a graça e coragem de sermos justos, honestos, cuidadosos, coerentes. Que nossa
oração seja o resultado de nossa ação, e que a Eucaristia que recebemos, a
Palavra que ouvimos e a participação na assembleia dominical nos ajudem a nunca
sermos causa de decepção para as pessoas e nem tampouco ao projeto que Deus tão
cuidadosamente colocou em nossas mãos.
Para
isso servem as palavras de São Paulo na carta aos filipenses que ouvimos na
segunda leitura: “Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim o Deus da paz estará convosco”.
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