MOSTRAI-NOS Ó SENHOR VOSSOS
CAMINHOS
Estamos entrando num
período eleitoral e neste tempo, pipocam nas redes sociais propagandas de todos
os tipos e de distintos candidatos. A nossa reação normal é fazer julgamentos
ou mais comumente logo encaminhar para os nossos contatos. Em ambos os casos é normal a reação com as
seguintes palavras: Em tempo de política todos se lembram da gente; ou este ou
aquele candidato não é uma pessoa de palavra, não se pode confiar no que ele
promete! Ora, é sobre “ser uma pessoa de
coerência” que trata a liturgia da Palavra deste domingo.
O povo de Israel
passava por uma dura provação vivendo no exílio. O profeta Ezequiel insiste com
eles para que não tenham medo de se comprometer, sem meias palavras, sem
desculpas, sem promessas vazias, mas aceitando com determinação e coerência
aquilo que expressam com a boca. Expulsos da sua terra e das suas cidades, com
sua religião colocada a prova, a comunidade estava tentada a encontrar culpados
e a responsabilizar alguém por sua desgraça, mas Ezequiel é muito claro: Não se
trata de encontrar culpados, antes cada pessoa é responsável por uma parte
daquilo que acontece com todos. À medida que cada um assume a sua parte e se
empenha em modificar o seu estilo de vida a comunidade inteira pode tomar outro
rumo.
A mesma coisa se percebe
no evangelho no diálogo do pai com os dois filhos. Na prática aquele que
parecia irresponsável é o que cumpre a vontade do pai. Isso reforça o pedido do
profeta, é necessário ser uma pessoa coerente, ou seja, que cumpre aquilo que
diz! É extraordinária a conversa de Jesus com seus interlocutores: “Qual dos dois fez a vontade do pai?' Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: 'O primeiro.' Então
Jesus lhes disse: 'Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos
precedem no Reino de Deus. Porque João
veio até vós, num caminho de justiça, e vós não
acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós,
porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”. O elogio de Jesus não é para a condição de
pecado destes últimos, mas pela aceitação da conversão. A repreensão que Jesus
dá aos sacerdotes e sábios do seu tempo pode ser aplicada também a nós. Muitas
vezes merecemos o título que o Papa Francisco muito bem aplicou: “Cristãos
papagaios” que falam muito, rezam bastante, se dirigem insistentemente clamando
“Senhor, Senhor”, mas não vivem aquilo que supostamente acreditam. A pergunta
que precisa ser respondida por cada cristão contemporâneo poderia ser mais ou
menos assim: O jeito como pratico a religião me aproxima do jeito de ser de
Jesus, ou até mais simples um pouco: As minhas orações me fazem agir semelhante
a qual dos dois filhos da parábola? Certamente nos assemelhamos muitas vezes
ora ao primeiro, ora ao segundo filho do Evangelho, alternamos, em nosso dia a
dia, momentos de fraqueza e fragilidade com momentos de coerência e de
responsabilidade.
Talvez seja pedir muito, entretanto, a exortação de São Paulo
aos filipenses parece ter sido escrita para cada um de nós: “Nada
façais por competição ou vanglória, mas, com
humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, e
não cuide somente do que é seu, mas também do
que é do outro. Tende entre vós o mesmo sentimento
que existe em Cristo Jesus. Jesus Cristo,
existindo em condição divina, não fez do ser igual
a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo”.
Cultivar os mesmos sentimentos de Jesus implica em não se
considerar melhor que os outros, mais perfeitos, menos pecadores, nem precisa
se fazer notar pelas muitas orações, por nossas roupas ou adereços que ostentem
o título de cristão que frequentemente fazemos questão de apresentar em praça
pública. O pedido de São Paulo para nos colocar na estrada da humildade não é
outro senão aquele que rezamos no salmo:
Mostrai-me, ó Senhor,
vossos caminhos,*
e fazei-me conhecer a vossa estrada!
Vossa verdade me oriente e me conduza,
porque sois o Deus da minha salvação;*
em vós espero, ó Senhor, todos os dias!
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