SOCORREI-NOS Ó SENHOR, VINDE LOGO EM NOSSO AUXÍLIO
Não poucas vezes nos deparamos com situações que
identificamos com a expressão: “entre a cruz e a espada” para significar que se
trata de decisões difíceis e que precisam discernimento e coragem. Também o
evangelista Lucas apresenta a missão de Jesus como um caminho difícil e
exigente, mas que Ele percorre com determinação mesmo sabendo do sofrimento e
da cruz que lhe esperam em Jerusalém, porém confiante na vitória da
ressurreição. É nesse contexto que Jesus usas os ditados populares do Evangelho
desse domingo.
Na mesma direção de Jesus as duas
leituras proclamadas também têm por objetivo nos ajudar a perceber as
exigências da missão que Deus confia a cada um de nós. A construção de um “novo céu e uma nova terra” é para nós
uma tarefa profética, radical e exigente.
Jeremias é um profeta corajoso e não
espera ter popularidade e ser aplaudido, pelo contrário para dar conta da
missão que lhe foi confiada se mantem firme na verdade e na coerência ao
chamado que havia recebido: “arrancar e
destruir, arruinar e demolir”, obviamente que se trata de agir dessa
maneira com todas as situações contrárias aos projetos de vida plena e que estavam
instalados na sociedade do seu tempo.
Sem pensar no seu próprio bem-estar, nem muito menos
no seu êxito profissional serve de exemplo e foi imitado por muitas pessoas ao
longo da história. Vale lembrar as lutas de Martin Luther King, Gandhi, Dom Oscar
Romero, Madre Paulina, Santa Dulce dos Pobres e tantos anônimos do nosso
convívio a quem muitas vezes chamamos de santo.
A carta aos Hebreus é dirigida a cristãos que estavam
vivendo situação muito difícil, expostos ao desânimo e ao desalento em diversos
aspectos da vida. Neste contexto o autor da carta lhes apresenta uma mensagem encorajadora:
“Irmãos: Rodeados
como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos
pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que
nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e
completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a
cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus”.
O texto deixa absolutamente claro que
a vida cristã é um caminho duro e exigente, nesta tarefa não valem meias
palavras, o cristão que compreende a radicalidade da sua missão vive no seu dia
a dia as máximas que Jesus pronunciou no evangelho.
Lucas começa o Evangelho definindo a
tarefa de Jesus: “Eu vim para lançar fogo
sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso”. Naturalmente que se
trata de uma metáfora sobre o poder do fogo, que neste caso significa queimar e
fazer cessar o egoísmo, a escravidão, o pecado, e toda forma de desvalorização
da vida e a partir desse “fogo” renasça um mundo marcado pela proposta do
Reino. Essa tarefa de Jesus causará divisão, incompreensão e oposição de muitos
e que Jesus afirma que pode acontecer até entre os membros da própria família.
Fica certo nesse texto que a ação e a vida de Jesus têm
como objetivo a construção de um mundo novo, ele não está preocupado com uma
imagem de paz que se constrói com relações de servidão e de medo. Para Jesus
não serve um faz de conta, é preciso ter a coragem dos profetas de outrora.
Muitas vezes nos conformamos com uma ‘paz de cemitério’
onde ninguém fala, ninguém ouve e ninguém vê. A proposta de Jesus não cabe num
contexto de indiferença para com os sofrimentos de tantas pessoas. A Igreja e
os cristãos contemporâneos não podem viver um evangelho do faz de conta.
Certamente é bom que nos perguntemos quais são os desafios que precisamos
vencer, ou seja qual a intensidade do fogo que precisamos para ser coerente com
a fé que professamos.
Rezemos confiantes como fizemos no
salmo: “Socorrei-me, ó Senhor, vinde logo em meu
auxílio” e não nos
deixemos abater pelas adversidades do cotidiano.
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