quarta-feira, 10 de agosto de 2022

HOMILIA PARA O DIA 14 DE AGOSTO DE 2022 - 20º DO TEMPO COMUM - ANO C

 

SOCORREI-NOS Ó SENHOR, VINDE LOGO EM NOSSO AUXÍLIO

Não poucas vezes nos deparamos com situações que identificamos com a expressão: “entre a cruz e a espada” para significar que se trata de decisões difíceis e que precisam discernimento e coragem. Também o evangelista Lucas apresenta a missão de Jesus como um caminho difícil e exigente, mas que Ele percorre com determinação mesmo sabendo do sofrimento e da cruz que lhe esperam em Jerusalém, porém confiante na vitória da ressurreição. É nesse contexto que Jesus usas os ditados populares do Evangelho desse domingo.

Na mesma direção de Jesus as duas leituras proclamadas também têm por objetivo nos ajudar a perceber as exigências da missão que Deus confia a cada um de nós. A construção de um “novo céu e uma nova terra” é para nós uma tarefa profética, radical e exigente.

Jeremias é um profeta corajoso e não espera ter popularidade e ser aplaudido, pelo contrário para dar conta da missão que lhe foi confiada se mantem firme na verdade e na coerência ao chamado que havia recebido: “arrancar e destruir, arruinar e demolir”, obviamente que se trata de agir dessa maneira com todas as situações contrárias aos projetos de vida plena e que estavam instalados na sociedade do seu tempo.

Sem pensar no seu próprio bem-estar, nem muito menos no seu êxito profissional serve de exemplo e foi imitado por muitas pessoas ao longo da história. Vale lembrar as lutas de Martin Luther King, Gandhi, Dom Oscar Romero, Madre Paulina, Santa Dulce dos Pobres e tantos anônimos do nosso convívio a quem muitas vezes chamamos de santo.

A carta aos Hebreus é dirigida a cristãos que estavam vivendo situação muito difícil, expostos ao desânimo e ao desalento em diversos aspectos da vida. Neste contexto o autor da carta lhes apresenta uma mensagem encorajadora: “Irmãos: Rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus”.

O texto deixa absolutamente claro que a vida cristã é um caminho duro e exigente, nesta tarefa não valem meias palavras, o cristão que compreende a radicalidade da sua missão vive no seu dia a dia as máximas que Jesus pronunciou no evangelho.

Lucas começa o Evangelho definindo a tarefa de Jesus: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso”. Naturalmente que se trata de uma metáfora sobre o poder do fogo, que neste caso significa queimar e fazer cessar o egoísmo, a escravidão, o pecado, e toda forma de desvalorização da vida e a partir desse “fogo” renasça um mundo marcado pela proposta do Reino. Essa tarefa de Jesus causará divisão, incompreensão e oposição de muitos e que Jesus afirma que pode acontecer até entre os membros da própria família.

Fica certo nesse texto que a ação e a vida de Jesus têm como objetivo a construção de um mundo novo, ele não está preocupado com uma imagem de paz que se constrói com relações de servidão e de medo. Para Jesus não serve um faz de conta, é preciso ter a coragem dos profetas de outrora.

Muitas vezes nos conformamos com uma ‘paz de cemitério’ onde ninguém fala, ninguém ouve e ninguém vê. A proposta de Jesus não cabe num contexto de indiferença para com os sofrimentos de tantas pessoas. A Igreja e os cristãos contemporâneos não podem viver um evangelho do faz de conta. Certamente é bom que nos perguntemos quais são os desafios que precisamos vencer, ou seja qual a intensidade do fogo que precisamos para ser coerente com a fé que professamos.

Rezemos confiantes como fizemos no salmo:Socorrei-me, ó Senhor, vinde logo em meu auxílio” e não nos deixemos abater pelas adversidades do cotidiano.

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