quinta-feira, 17 de março de 2011

HOMILIA PARA O DIA 20 DE MARÇO DE 2011


SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA 2011

As catástrofes ambientais que se sucederam em diversas partes do mundo nos últimos dias nos ajudaram a perceber e examinar nossas atitudes em relação a preservação e a qualidade de vida para as próximas gerações. Diante de todo o sofrimento porque passam sociedades inteiras, algumas palavras são repetidas em abundância, entre elas ressoam com muita força: Recomeçar, Solidariedade, Ir para frente, Coragem e assim por diante.

Embora não explícitas as mesmas expressões podem ser lidas nos textos bíblicos que ouvimos neste domingo. Para Abrãao ressoa o convite: “Farei de ti um grande povo e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”. O texto serve como uma palavra de esperança e de coragem diante de todas as provações pelas quais passava Abrãao na sua terra, de onde foi convidado a sair.
São Paulo na carta a Timóteo insiste: “Sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade”. Ou seja, vamos recomeçar, Deus se fez solidário diante dos sofrimentos e provações.
No texto do Evangelho é Jesus mesmo quem se recusa a permanecer na montanha, por mais que seja um lugar onde o sofrimento não exista e a proximidade de Deus pareça ser muito evidente, por meio dos sinais teofânicos expressos na nuvem, na voz vinda do céu, nas pessoas de Moisés e Elias. Enquanto Pedro está decidido a permanecer por aí Jesus declara: “Levantai-vos, e não tenhais medo”.

Estas exortações são dadas também para nós neste domingo e servem como um convite à penitência e a conversão, atitudes próprias do tempo da quaresma. É importante e necessário admitir que boa parte  da fragilidade que nossa sociedade experimenta é resultado do uso indevido que temos feito de nossa liberdade. E fruto da irresponsabilidade em relação à preservação do planeta e da pouca preocupação com o futuro da humanidade. A hora não é de ficar parado. Diante da Criação que geme em dores de parto somos convidados como Abrãao, como os apóstolos e fortalecidos a exemplo de Tímóteo  Coragem! Vamos pra frente.
O monte Tabor, onde como Jesus, também nós, experimentamos Deus, pode ser comparado a esta reunião de irmãos na qual  partilhamos a Palavra, a Eucaristia, e nos exercitamos na solidariedade.
Aqui rezamos com o Salmista: Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação!
Temos confiança que o “Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria”.
Que o Senhor  nos ajude e a oração dos irmãos nos fortifique a fim de que nenhuma adversidade possa superar nossa esperança. Afinal de contas  o convite feito a Abrãao e a Pedro é o mesmo dirigido a nós: Levantem-se não tenham medo!

sábado, 12 de março de 2011

HOMILIA PARA O DIA 13 DE MARÇO 2011

PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Leituras:  Gênesis 2,7-9; 3,1-7; Sl 50,3-4.5-6a.12-13.14.17 (R.Cf.3a)
Rm 5,12-19; Mt 4,1-11

Nesta semana o mundo foi surpreendido por mais uma catástrofe da natureza. O pior terremoto da história varreu cidades inteiras no Japão e colocou mais de 20 países em alerta. Entretanto, no princípio não era assim! Procurar um culpado? Responsabilizar uma determinada maneira de organizar a sociedade? Tentar explicar o mal por meio de inúmeras justificativas? Tudo isso pode ser feito. Porém, parece mais prudente compreender e admitir o mundo não esta mais como era no princípio.
Independente da crença que alimentamos ou da teoria que julgamos estar correta em relação à origem de tudo. De uma coisa é certa: Somente o mistério infinito, ao qual nós Cristãos chamamos Deus pode nos confortar diante de tamanha tragédia.
Assim na primeira leitura, o autor trata da criação  apresenta o ser humano como a mais excelsa obra criada pelas mãos divinas. Criada, mas na dominada! Criada mas não destituída de liberdade e responsabilidade. E exatamente no exercício daquilo que é mais sagrado no ser humano: a possibilidade de escolher. Ele decide ir por caminhos bastante suspeitos. Dá ouvido ao que às vezes chamamos de “esperteza” – no caso simbolizado na serpente! O resultado não poderia ser outro: Se reconhece nu! E nu nesta situação não é exatamente sem roupas. Nu significa incapaz, impotente para resolver o mal estar que criou por conta da sua própria decisão. Como resultado toma atitudes paliativas. Fabrica respostas, costura roupas que no máximo esconde a sua vergonha.
São Paulo, na carta aos Romanos, mostra que apesar das atitudes insanas tomada pela criatura Deus nunca abandonou a sua obra. Gratuitamente Ele devolve a dignidade que havia perdido, recupera a condição de humanidade livre.
O modelo de pessoa em condições de arcar com as suas conseqüências está relatado no evangelho. Jesus teve todas as oportunidades para enveredar por outros caminhos. Oportunidade para dar ouvidos à “esperteza” neste caso personificada pelo demônio. Mas, Jesus, livre em relação a todos, foi capaz de manter-se fiel. Não aceitou nenhuma das provocações, revidou a todas as alternativas e de modo prudente saiu vitorioso. Como resultado em lugar de  precisar encontrar respostas que não resolviam, foi servido pelos anjos.
Neste sentido também nós rezamos com o Salmista: Tende piedade ó meu Deus misericórdia. Da imensidão dos meus pecados purificai-me!
A quaresma, e neste ano a campanha da fraternidade nos convida a assumir nossa parte nas responsabilidades pelas catástrofes ambientais, ecológicas e por conseqüências humanas e sociais, que todos os dias batem à nossa porta. Não basta tentar justificar é importante mudar de atitudes.
Peçamos a graça de pela oração, pelo Jejum, pela penitência e a esmola desta quaresma moldar nossa vida não pela “esperteza” que constantemente bate à nossa porta, mas pela coerência entre nossas atitudes e nossas convicções.

sexta-feira, 4 de março de 2011

HOMILIA PARA O DIA 06 DE MARÇO DE 2011


IX  DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Deuteronômio 11,18.26-28.32; Salmo 30 (31);
Romanos 3,21-25ª.28; Mateus 7,21-27.

Estamos em plena euforia do Carnaval. Os meios de comunicação social, os responsáveis pela segurança pública, os órgãos governamentais, as Igrejas, os próprios pais – todos apelam para a “alegria com responsabilidade”. Ou seja, às vésperas de “cair na folia” ninguém está preocupado em lembrar uma porção de leis e normas e que vão garantir a segurança e a integridade. A estas alturas é importante ter bem presente que muito mais do que o rigor da lei o que vai garantir que a alegria não termine em tragédia é a coerência das ações e fundamentalmente ter certeza que há na retaguarda dos foliões alguém que se preocupa com tudo e com o bem estar de todos.
No caso da liturgia de hoje, quem aparece na retaguarda do existir humano é Deus. Moisés recorda as leis e normas e recomenda o seu cumprimento. Esta atitude permitirá experimentar a bênção de Deus, que significa ver a ação de Deus que protege os que andam nos seus caminhos. Fica evidente que não se trata de uma má palavra vinda de Deus, como se  estivesse de olho nos erros humanos. Muito pelo contrário, será a própria criatura, na medida em que não considerar o que é justo e bom, quem ira andar por caminhos perigosos e se aventurar em alternativas não muito seguras.
O salmo, que foi rezado também por Jesus na cruz, eleva ao Pai também a nossa súplica: Deus é a fortaleza e o rochedo. A muralha e a tenda. Ele não quer e não prática o mal, nele se encontra a segurança e a vida.
Para a comunidade de Roma, Paulo escreve e afirma que Deus não tem em primeira conta a Lei, a norma, o permitido e o proibido. Paulo assegura que o mais importante não é conhecer toda a lei, mas compreender que Deus é justo e que se faz conhecer na medida em que o ser humano frutifique em boas obras.
O evangelho de hoje conclui os ensinamentos que Jesus havia iniciado proclamando as bem-aventuranças. E mais uma vez ele reforça as atitudes acima de toda lei e toda palavra. Não é aquele que diz Senhor, Senhor, mas é aquele que cumpre o que fala. Dificuldades, as quais Jesus descreve como chuvas, ventos e tempestades sempre existirão e delas ninguém estará livre. A condição para não se abatido pelas adversidades da vida é construir a casa sobre a rocha que no Evangelho significa praticar a Palavra de Deus, viver de acordo com aquilo que se tem conhecimento como certo e errado. Não por causa da lei, mas por causa da prudência e do bom senso.
Eis de novo o ensinamento que as leituras nos dão neste domingo: Jesus é o modelo para quem quer ser acolhido por Deus. Jesus mais praticou do que ensinou verdades, mais agiu do que falou. E por essa razão mesmo, na hora da morte, no tormento da cruz teve a coragem de rezar o que também fizemos no salmo: “Senhor tu és minha rocha e minha fortaleza”.
Para quem acredita em Deus existe uma garantia: Ele mesmo está na retaguarda das fragilidades humanas, isso não é sinônimo de fazer corpo mole ou permitir que valha tudo. Pelo Contrário, Deus está de plantão, e pronto pra nos socorrer, entretanto, algumas atitudes são necessárias, entre elasr: rezar com os irmãos, dar ouvidos à Palavra e se alimentar da Eucaristia.

quinta-feira, 3 de março de 2011

FORMAÇÃO DE PROFESSORES


“Prefiro o barulho da imprensa livre do que o silêncio das ditaduras” Dilma Roussef

EQUÍVOCOS GERENCIAIS E LIMITES PEDAGÓGICOS
DO PROINFANTIL NO PARANÁ

Acabamos de receber a edição número 15 do informativo do PROINFANTIL no Paraná. O texto começa como uma constatação que merece distinção e louvores: “Podemos afirmar que neste último módulo devemos todos estar centrados na avaliação das práticas, de modo a superar inadequações e intervir  de forma mais efetiva na realidade das instituições”.  Esta  abertura me permite, com todo o respeito, fazer algumas considerações que se encaixam no enunciado deste texto.
A Primeira sessão do informativo, dedicada aos ENCAMINHAMENTOS, apresenta duas alternativas para o  calendário de reposição do componente de Espanhol. Que ideia genial o que se chama encontro quinzenal descentralizado! Isso aponta para a maturidade das AGFs, das coordenações e dos professores, ou seja, o que é importante mesmo se limita a garantir que os cursistas tenham acesso ao conteúdo previsto para a área temática. O modo como vai se dar a efetivação deste direito cabe à sensibilidade pedagógica, dinamicidade organizacional e capacidade de gerenciamento de cada AGF. Sem dúvida o processo deverá levar em conta que os cursistas e os professores da área já foram suficientemente penalizados com o atraso na preparação e disponibilização do material didático.
Não faz parte da minha área temática, mas o empenho com a totalidade do programa me “tirou o chão dos pés” acompanhando as inúmeras reuniões sobre o tema em referência. Elas se realizaram em âmbito de professores e tutores, de professores e coordenadores, de professores E EEG, professores, coordenadores e ATP. Esta infinidade de momentos destinados para “sentar, discutir e encaminhar” me faz lembrar uma afirmação que se atribuiu ao Papa PIO XII, famoso no comando da Igreja, entre outras, por seu estilo autoritário e centralizador. Diz-se que é dele a seguinte afirmação: “Se queres que algum tema não vá para frente constitua uma comissão”.
No caso específico as distintas instâncias se ocuparam em reuniões intermináveis e repetitivas. Finalmente “pariu”, dois encaminhamentos: o primeiro “engessado” com datas e horários pré-programados pela instância cuja infalibilidade em matérias pedagógicas se equipara ao dogma da Infalibilidade Papal em matéria de fé! (SIC). O segundo apela para o que de mais extraordinário há no ser humano: “Livre arbitrário com responsabilidade”, ou seja, cada AGF organiza um planejamento de modo a cumprir alguns critérios essenciais. Isso me faz evocar a figura de São Paulo no início da pregação do Evangelho, quando pairava a questão legal das circuncisões para os que aderiam ao cristianismo. Na ocasião disse o apóstolo: “Decidimos, nós e o Espírito Santo, não impor nada sobre vocês além do mínimo necessário”(Atos dos Apóstolos 15,28). Parece esta ser uma importante consideração para a matéria.
O segundo tópico do informativo grifa “NOVO HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DAS AGFs 2011”. Viva! Inventaram a Roda! Os professores disponíveis aos sábados nas AGFs vai diminuir as Provas de Recuperação e dependência. Será possível perceber quantos sábados os cursistas terão disponíveis para procurar os professores na AGF? Por acaso alguém tem a “doce ilusão” que nossos cursistas, mães e pais de família, (que trabalham oito horas diárias de segunda a sexta e três sábados por mês  - pelo  calendário  engessado de espanhol -  já serão obrigados a ir pra AGF. E digo obrigados, uma vez que para forçar sua ida aos encontros, as provas, instrumento de valor absoluto no que se chama de “processo avaliativo” foram dispostos nestes dias de encontro extraordinário).
Sinceramente não me parece que a “invenção da roda” no novo formato de cumprir o horário da AGF leva em conta o cursista, e o princípio básico da Educação a distância o qual está também “muito claro” no Guia Geral do Proinfantil: “Para sua realização, o PROINFANTIL, utiliza atividades a distância... e presenciais nos períodos de férias escolares (fase presencial) e nos sábados (encontros quinzenais)... Desta forma, aos benefícios da formação, somam-se as vantagens da educação a distância que permite atingir uma população geograficamente dispersa...”(página 12). “Dessa forma, a própria instituição de Educação infantil torna-se o lugar privilegiado de formação do professor, com efeitos significativos sobre sua prática pedagógica”. (página 15).

E ainda:

“A seguir são mencionadas as principais características e vantagens da educação a distância:
-                   O programa de ensino é realizado no local em que o aluno se encontra, ou seja, em casa ou no trabalho, não exigindo que ele se dirija para onde a escola está situada. Assim, o ensino a distância abre oportunidades para as pessoas estudarem, independentes do local onde fica a residência, em áreas rurais e/ou de difícil acesso. Atende, ainda, a pessoas que estariam impossibilitadas de assistir as aulas por razões de trabalho, questões familiares ou outras dificuldades”(Página 15)

Mas aqui (Paraná: aqui se trabalha!) é diferente, o professor está na AGF e atende pelo 0800, ops... não tem também. Não importa: o professor está na AGF, se o cursista vai ser beneficiado não é um dado relevante!

E finalmente, a última palavra “Ex-catedrá” que aparece no informativo: “SOBRE AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS”. Por favor, coordenadores de AGF, enviem um relatório de “tudo o que está inadequado nas IEI”, afinal quem entende deste assunto são os técnicos e não os professores que estão no dia a dia das creches e pré-escola. O que precisar ser modificado será por meio de uma “intervenção do Santo Ofício” que na Igreja ficou no ostracismo da Idade Média, mas na educação está na cabeça dos “pedagogos,” não de todos é claro, daqueles que em lugar de “Paidós” se colocam no lugar de “fiscais dos...”