quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

TEXTOS PARA A ESCOLA DIACONAL 2010 II

CELEBRAR É UMA ARTE...


A dignidade da celebração transparece também na forma como se realiza a presidência, por isso, com gestos e palavras a equipe que preside deve deixar transparecer a presença do ressuscitado.
O presidente deve estar atento de não se fazer o centro da celebração, desviando a atenção daquele que verdadeiramente é o celebrado. Em outras palavras, na presidência não há lugar para vedetismo. Uma celebração que, ao contrário de levar os fiéis ao encontro com o Senhor, atrai a atenção dos fiéis sobre aquele que preside ou outra pessoa da equipe, é uma celebração jogada fora, e deixam de ser sinal do Cristo ressuscitado.

Como cabeça, a equipe não está acima da Assembléia, mas é guia e estímulo da comunidade orante, e sinal de Cristo cabeça da Igreja. A celebração litúrgica é graça e arte: graça porque é o espírito do ressuscitado que reúne os filhos dispersos para formar uma comunidade celebrante; arte porque a celebração é uma ação ritual e simbólica; que para ser eficaz deve respeitar as regras da comunicação.

A equipe de presidência deve agir com graça e arte. A instrução geral do Missal Romano, no número 60, pede “ dignidade no presidir”.Tal exigência se pode traduzir como: decoro das pessoas e do comportamento, gestos apropriados, flexibilidade da voz, olhar expressivo, capacidade de atacamento, senso de ritmo, gosto do belo. Em uma palavra: as melhores qualidades naturais de uma pessoa devem ser colocadas a serviço da graça.

1. Quando presidir?
A presidência se exercita já antes do início de uma celebração, uma vez que ela não é improvisada, mas preparada em todos os seus particulares, de forma que tudo aconteça de maneira ordenada, respeitando o ritmo celebrativo.

Romano Guardini escreve: “O verdadeiro estilo celebrativo, também nas suas formas mais exatas, conserva a força sugestiva de uma expressão madura. O mero celebralismo, o ‘nu’ esquema não possui afeto. Estilo, portanto, é discurso claro, movimento comedido, disposição adequada do espaço, dos objetos, das cores e do som”.

Se o presidente ou algum outro membro se deixar levar pela mania da pressa ou da paciência, reduz a celebração a um puro ritualismo e formalismo. Santo Afonso, chamava a pressa de “praga mortal da oração”.
Uma verdadeira presidência deve ter:
- senso vivo de fé;
- disponibilidade e atenção que faz perceber o diálogo entre o céu e a terra;
- interventos discretos e oportunos capazes de sustentar o ritmo celebrativo.

Mesmo depois da celebração se exercita a presidência, com a realização de uma avaliação humilde. É preciso deixar claro que a principal finalidade do ministério da presidência não é o epicentrismo, mas a glória de Deus e santificação do povo.

A equipe é um instrumento do Espírito Santo, por isso mesmo, tem o dever de tornar vivo o texto das orações presidenciais, para tanto deve fazer também uma preparação próxima da celebração. A presidência deve ser exercida de corpo e alma, carregando os gestos e palavras de interioridade.

Quem preside exerce um ministério dinâmico e deve ter presente que a Igreja não é um museu, mas uma comunidade viva, esposa e corpo de Cristo. Por isso, especialmente no momento da celebração, não pode limitar-se a fazer gestos, repetir fórmulas e palavras distraidamente e aprendidas de qualquer jeito.

É necessário dar unidade e harmonia a toda a celebração, sem cair no explicacionismo, por isso é importante pôr-se na escuta da palavra de Deus. Uma das mais belas partes da celebração é a homilia, esta revela a personalidade, a fé, a carga humana, a preparação cultural, teológica e espiritual, a sensibilidade e a capacidade comunicativa. Daí é importante falar na primeira pessoa, isto é sinal de humildade e participação no grupo dos exortados; falar como ministro e não como professor. O Verbalismo é sufocante e provoca reação contrária a que se deseja.

A IGMR, no número 39 recomenda: “É necessário que aquele que preside conheça com perfeição a estrutura do ritual, para estar em condições de suscitar frutos no coração dos fiéis”. E Santo Agostinho dizia: “falemos não como professores, mas como ministros. De fato um só é nosso mestre; sua escola é na terra e sua cadeira é no céu”.

Certamente, por ser a homilia uma das mais belas partes da celebração, deve se falar menos ali e mais com os outros elementos da celebração: silêncio apropriado, gestos calmos, recitação substanciosa dos textos, espírito orante.

Em síntese: Cada sinal celebrativo deve conduzir para além do rito e introduzir no mistério e assim sendo quem preside deve dar vida a celebração do contrário a liturgia será como “pólvora molhada”. (Cf. L’Arte de Presidere – Antônio Sorrentino – San Paolo, Milano, 1997).

Um comentário:

  1. ¨As melhores qualidades naturais de uma pessoa devem ser colocadas a serviço da graça¨.
    Nesta frase podemos resumir o texto pois como ministro da palavra, já vivi esta experiência de fazer com e por amor, sem esperar nada em troca nem mesmo elogio e a graça foi abundante. E quando fazemos porque tem de fazer se torna fria, opaca, sem vida a celebração, portanto colocar os dons a serviço de Deus e para o povo Deus é o mínimo que um batizado pode fazer.

    Adenilson
    Aluno do 2° ano da Escola Diaconal

    ResponderExcluir