CHAMADOS E ENVIADOS...
Uma das belezas da
comunicação são os recursos de linguagem. As comparações, parábolas e alegorias
permitem compreender melhor a mensagem que se quer transmitir e compreender. Todos os idiomas tem suas sutilezas e
recursos que facilitam a compreensão de pensamentos mais complicados. No antigo Israel, as comparações entre a ação
de Deus, dos profetas e o trabalho diário do povo era uma forma de explicar o
alcance da Palavra anunciada em favor de todos. Jesus também usou muitas comparações
para se fazer compreender e divulgar a mensagem daquele que lhe tinha enviado.
Na liturgia da Igreja, o período
que vai da solenidade de Pentecostes até o domingo de Cristo Rei, quase seis
meses, é denominado tempo comum. Não porque seja um período pouco importante
para os fiéis e para a liturgia, mas porque neste tempo os textos da Palavra de
Deus escolhidos para as celebrações dizem respeito à vida e ao cotidiano de
todos.
Neste domingo, se lê um
texto do profeta Amós, uma carta de Paulo e o Evangelho de Marcos. Em todos
eles, a mensagem central reside na compreensão da ação de Deus na vida pessoal
e da comunidade.
Assim o profeta retoma a sua
condição de agricultor e aplica para a missão que reconhecia ter recebido de
Deus: “Não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor
de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: 'Vai
profetizar para Israel, meu povo”.
No evangelho Jesus recomenda algumas atitudes indispensáveis
para aqueles que querem se colocar a serviço do Reino em vista de uma vida
melhor para todos: “Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a
não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que
andassem de sandálias e que não levassem duas
túnicas”. E
reafirma que não devem se preocupar com o resultado da missão, o importante é realizar
com desprendimento, o resto acontece por si mesmo.
E de fato, o trabalho dos primeiros discípulos produziu frutos de tal maneira que o
evangelho de Jesus chegou até os dias de hoje. Ontem como hoje, cada pessoa é
convidada a fazer a mesma coisa, isso é anunciar com desprendimento desde o
lugar onde se vive e proclamar as palavras de acordo com o seu testemunho. É neste
sentido que o Papa Francisco insiste em uma Igreja de saída, isto é, que tenha
coragem e alegria de sair dos muros dos templos e das casas para semear sempre
mais além.
Realizando isso pode-se compreender as palavras de Paulo aos
efésios: “Bendito
seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em
virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo,
ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e
irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou
para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus
Cristo, conforme a decisão da sua vontade, para o
louvor da sua glória e da graça com que ele
nos cumulou no seu Bem-amado”.
Que o testemunho de todos e a oração da Igreja ajude a cada
um proclamar “A
verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se
abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a
justiça olhará dos altos céus”.