quarta-feira, 11 de maio de 2011

SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO IV


EDUCAR PARA A ALDEIA GLOBAL
Reflexões do professor a partir do tema.

               A expressão "O mundo é uma aldeia global", foi usada pelo pensador canadense Marshall McLuhan, na segunda metade do século XX. À época ainda nem se podia sonhar na revolução tecnológica que experimenta a sociedade contemporânea com todos os efeitos decorrentes da globalização econômica, política e social provocada pelo advento das Novas Tecnologias de Comunicação e Informação (NTCI).
A par da globalização mercantilista pela qual passam os povos e que  redunda numa complexa metamorfose civilizatória, cresce também um fenômeno positivo que pode ser chamado de solidariedade planetária com buscas de soluções globais para os problemas que renovam as esperanças num mundo equilibrado e socialmente justo.
               Neste contexto desponta a educação holística como ajuda para uma nova irmandade planetária baseada em valores que dignificam a vida e confirmam a busca por sustentabilidade com a consequente convivência pacífica entre as diversidades. No centro destes questionamentos estão duas correntes mais ou menos extremas e identificadas como: antropocentrismo e biocentrismo. A educação holística não tem por objetivo entrar na discussão dos limites, pelo contrário aponta para a visão de sustentabilidade.
              Na medida em que se reconhece que o planeta vive uma crise ambiental que compromete a sobrevivência futura há que compreender que ela começa na crise da humanidade e por isso exige de todos um repensar cultural a partir dos alicerces. A nova forma de educação que se deslumbra no inicio deste século XXI aponta para a necessidade que precisamos de uma ética política que não esteja ligada às identidades alienadas do individualismo ou do coletivismo, o entendimento de nós mesmos como pessoas, cada uma única, possuidora de um destino imprevisível.
Estamos numa confluência histórica que exige mais do que nunca uma união de forças entre o "ad intra" e o "ad extra" que se mal compreendidas e mal trabalhadas pode criar uma nova contradição histórica muito mais potente que as contradições classistas do marxismo e a disputa cerrada da guerra fria ou a luta atual entre o "ocidente do bem" e o "oriente terrorista".
               Uma busca desenfreada pelo subjetivismo individualista e burguês facilmente se corrompe pelo egocentrismo cujo papel da educação consiste em superar.
                Neste contexto surge uma dimensão ética do existir humano, isto é, todas as pessoas nascem para serem indivíduos antes que ficções coletivas. É exatamente esta consciência ética que o planeta quer de nós. Na medida em que é cultivada uma cultura de exploração e de irresponsabilidade com o planeta ela pode ser sinonimada com a expressão "proletariado explorado equivale a dizer direitos do planeta nas mesmas condições".
               O que impulsiona o ser humano para uma luta diferenciada é também a mesma força que destrói o planeta e perpetua a injustiça. Roszak conclui sua convicção com a frase: "as necessidades do planeta são as necessidades da pessoa, e os direitos da pessoa são os direitos do planeta".  
O novo modelo de preocupação global e solidariedade planetária que se delineia neste inicio de milênio  traz como preocupação principal os direitos da pessoa. Em outras palavras o ser humano criado  para cultivar e dominar a terra está em primeiro lugar na ordem do que precisa ter preservação garantida. De modo que preocupar-se com o planeta não é senão querer garantir a qualidade de vida das pessoas que nele vivem. 
Ter preocupação com trabalho, segurança, alimentação, educação não é senão garantir que o ambiente em que essas realidades acontecem está preservado e sustentável.  E isso não se trata de mera tolerância ou em preocupação com o outro por que ele é indefeso, ou algo que o valha,trata-se sim do que se pode chamar de fascinação pela dignidade humana cuja inviolabilidade preocupa mais do que o próprio bem estar do meio ambiente. (Exemplo  do Japão e outras catástrofes).
O gigantismo que se estabeleceu nas relações no fazer acontecer põe em risco o cotidiano da existência humana e nisso não se pode apenas estabelecer uma espécie de “caça às bruxas”  tentando encontrar culpados para a situação, pelo contrário, como já se afirmou trata-se de um conjunto global cuja preocupação  precisa ser mais qualitativa do que quantitativa. A perspectiva de sustentabilidade pede uma estreita conexão entre o humano e o habitat e isso é papel da educação para o século XXI.
Para os grandes defensores da teoria da sustentabilidade é clara a preocupação com a dimensão espiritual da relação ecológica. Esta preocupação aponta para amplas reformas que ampliem a consciência ecológica. Educar, sob esta ótica pede uma aproximação mística que pressupõe responder sobre os grandes temas do existir humano.  Uma ecologia profunda implica num estudo sobre o conjunto orgânico de todas as formas de vida.
Duas verdades fazem parte do processo educativo do século XXI: autorrealização e igualdade biocêntrica este reconhecimento mais do que intelectual é espiritual e realça alguns princípios importantes:
1)                 As formas de vida tem valor em si mesmo;
2)                 A diversidade das formas contribui para a realização dos valores;
3)                 O homem não tem direito de reduzir a diversidade em vista das suas exclusivas necessidades;
4)                 A prosperidade da vida e das culturas humanas é compatível com um decréscimo da população humana (percentual).
5)                 O homem violou princípios de inviolabilidade  na relação com outras formas de vida;
6)                 A educação precisa provocar uma mudança de atitude mesmo que estas afetem  estruturas econômicas, tecnológicas e ideológicas já consagradas;
7)                 Trata-se de mudar o conceito:  qualidade de vida;
8)                 Ninguém pode se omitir destas responsabilidades.
Em resumo, trata-se de ver os problemas sob a ótica da globalidade local e mais uma vez a educação tem uma função ímpar por conta da sua estreita relação com a cultura. A educação é o reflexo de todas as estruturas da sociedade, não sem razão se diz que a educação não é a solução de todos os problemas, mas faz parte da solução de todos.
Mais do que quando foi cunhada por McLuhan a frase: “O mundo é uma aldeia global”  é hoje uma realidade que afeta diretamente a educação.  Há que se reconhecer que a revolução tecnológica, não é em si mesma nem boa, nem má! É importante reconhecer a sua contribuição na integridade das respostas e soluções.
Cada vez mais a comunidade escolar é convidada a tomar decisões mais complexas e mais éticas  porque abrangem a totalidade das relações humanas.  É aqui que entra a importância da Educação holística na sua visão interdisciplinar e diante desta realidade será importante estimular mais a sabedoria do que a inteligência, posto que a primeira é mais abrangente do que a última.
Para uma resposta coerente em relação ao século XXI não resta a menor dúvida de que é importante uma “alfabetização ecológica”,  no sentido de um componente curricular centrado na terra e nas condições de sobrevivência nela.  Não se trata simplesmente de administrar os bens da terra, mas de cuidar deles, alias como foi a proposta inicial, segundo as teorias criacionistas. A aldeia global em que estamos metidos não pode ignorar em se tratando de educação holística que o nosso “lar é planetário” e é nele que se cria ou se mutila a família humana. A sociedade é desafiada a construir pontes de paz.
Para concluir é importante não fugir à responsabilidade que recai sobre os educadores do novo milênio “contribuir para a boa sobrevivência e boa administração de nosso lar e das espécies planetárias e isso não se dará sem uma melhora nos hábitos pessoais”.

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