sábado, 24 de novembro de 2012

REFLETINDO A PALAVRA DE DEUS


SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO
Leituras: Daniel, 7,13-4; Salmo 92 (93)
Apocalipse 1,5-8; João 18,33b-37

Provações, desafios, doenças, fragilidades, cansaço, todas situações que vão se acumulando ao longo do ano e que causam dor, sofrimento, preocupação, stress e muitas vezes desejo de vingança. Não é raro que a esta altura do ano se multipliquem os conflitos no trabalho, nas relações comunitárias e até na família.
Por outro lado o horizonte do final do ano, a certeza de que um novo tempo é possível e a magia do natal contribui para amenizar e aliviar os ânimos exaltados próprios deste período cujo desenrolar foi também de amadurecimento, de realizações e de melhor compreensão do papel de cada pessoa no contexto da sociedade e da comunidade.
É nesta perspectiva que a Igreja convida a celebrar neste domingo a Solenidade de Cristo Rei do Universo e à sua luz a missão dos leigos na Igreja e no mundo.
As leituras sugeridas para as celebrações comunitárias das assembleias cristãs descreve situações, e visões  apontando novos caminhos. Assim o Profeta Daniel, na primeira leitura, narra duas visões distintas o sofrimento e a dor que estão na terra, e que simbolicamente "vem do mar." Ao passo que a vida, o bem e tudo o que é bom vem do céu e o poder deste não será destruído por nenhuma força ou provocação humana, diz o profeta:Foram-lhe dados poder, glória e realeza,e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá”.
Na mesma perspectiva se pode compreender a leitura do Apocalipse, livro que foi escrito para reacender a esperança, e no texto de hoje mostra o que se deu com Jesus, o qual também passou por todas as provações e sujeições humanas e agora é “O Testemunha fiel,  o primeiro a ressuscitar dos mortos”.
Tal como Ele respondeu a Pilatos no diálogo do Evangelho: “O meu reino não é deste mundo”, entendido de uma forma ampla se pode compreender que Jesus não teve nenhuma intenção de acumular poder, autoridade, prestígio, força, dominação. Plenamente encarnado nas fragilidades do seu tempo confirmou que sua força e ajuda consiste em ajudar todos a vivenciarem alternativas muito além do que a pequenez daquilo que vem “do mar”, ou seja, aquilo que se instala nos tronos, poderes e autoridade  deste mundo.
Celebrar Cristo Rei implica compreender que os sofrimentos do cotidiano não vão além do que provações impostas pelos seres humanos na árdua labuta de cada dia, mas que por conta da fidelidade do Deus da aliança a comunhão e a vida plena serão vitoriosas.
Assim se reza na missa referindo-se à pessoa de Jesus que vem como Rei: “Sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados. Com a vida e a palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas”.

sábado, 10 de novembro de 2012

A LEI DOS MAIS FORTE

A antiguissíma fábula que se lê na sequencia é útil para um reflexão sobre as relações humanas mesmo para aqueles que não frequentam as assembleias dominicais, naturalmente que pode ser muito mais útil aos cristãos que participam da Eucaristia.


O LOBO E O CORDEIRO
Na água limpa de um regato,
matava a sede um cordeiro,
quando, saindo do mato,
veio um lobo carniceiro.
Tinha a barriga vazia,
não comera o dia inteiro.
- Como tu ousas sujar
a água que estou bebendo?
- rosnou o Lobo a antegozar
o almoço. - Fica sabendo
que caro vais me pagar!
- Senhor - falou o Cordeiro -
encareço à Vossa Alteza
que me desculpeis mas acho
que vos enganais: bebendo,
quase dez braças abaixo
de vós, nesta correnteza,
não posso sujar-vos a água.
- Não importa. Guardo mágoa
de ti, que ano passado,
me destrataste, fingido!
- Mas eu nem tinha nascido.
- Pois então foi teu irmão.
- Não tenho irmão, Excelência.
- Chega de argumentação.
Estou perdendo a paciência!
- Não vos zangueis, desculpai!
- Não foi teu irmão? Foi o teu pai
ou senão foi teu avô.
Disse o Lobo carniceiro.
E ao Cordeiro devorou.

Onde a lei não existe, ao que parece,
a razão do mais forte prevalece

No caso das leituras que foram proclamadas neste domingo os três textos fazem ver que por traz da humilhação e sofrimento alheio está alguém que usa da sua autoridade ou do prestígio que o cargo ou a função lhe confere para humilhar, diminuir, perseguir, amedrontar aqueles que, por distintas razões estão "se saciando da água, muito abaixo e em condição de total submissão e despretígio diante das instituições e do governo que faz prevalecer a lei do mais forte. 

REFLETINDO A PALAVRA DE DEUS


SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA 11 DE NOVEMBRO DE 2012 – ANO B

Leituras: 1Reis 17,10-16; Salmo 145 (146);
Hebreus 9, 24-28; Marcos 12, 38-44.

Uma das práticas bonitas da Igreja é trazer para a lembrança as intenções e necessidades daqueles que se reúnem para rezar e muitas vezes também daqueles que por distintos motivos não participam das celebrações. As intenções e preces da assembleia reunida é uma maneira da Igreja inteira se colocar em sintonia solidária com os sofrimentos, angústias e alegrias dos seus fieis.
A Palavra de Deus proclamada neste domingo também traz para memória sofrimentos e pessoas sofridas. Tanto na primeira leitura quanto no evangelho a ação de Deus em favor destes pode ser percebida e reconhecida com facilidade.
No caso da primeira leitura, antes de tudo o sofrimento é do próprio profeta que é perseguido injustamente, foi considerado culpado por um sofrimento do qual ele não tinha nenhuma responsabilidade, mas a poderosa rainha lhe infringiu ameaças obrigando-o a se retirar para o meio dos pagãos. Lá encontra outra condição de dor e tristeza com a fome causada pela seca. Falando em nome de Deus, Elias dá conforto à viúva abatida que reconheceu nele o enviado de Deus, e o resultado não poderia ser outro: A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias”.
No evangelho Jesus ajuda os discípulos perceber como Deus age para muito além das aparências. Valorizando o gesto feito com simplicidade e gratuidade: Jesus chamou os discípulos e disse: 'Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.
Em resumo, a Palavra de Deus deste domingo é um convite e um desafio para superar toda a lógica muitas vezes estabelecida nas relações humanas e sociais nas quais as pessoas se sentem bem sendo aplaudidas, prestigiadas, honradas, e muitas vezes bajuladas. Jesus lembra no se iludam com os modelos de sucesso que são colocados por aí.
O convite feito para cada pessoa a partir da Eucaristia: é muito mais importante entregar a vida por uma causa do que ser reconhecido pelas coisas que se faz. Assim rezamos na missa: “Deus de misericórdia afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço”.

sábado, 27 de outubro de 2012

SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA 28 DE OUTUBRO 2012


30º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Jeremias 31,7-9; Salmo 125(126);
Hebreus 5, 1-6; Marcos 10,46-52

O mundo contemporâneo desafia a todos levantar os olhos e enxergar muito além do que permite o horizonte cotidiano. As instituições e todas as organizações sociais expressam sua visão de futuro com duas palavras: “visão e missão”. Dependendo da visão que a organização tem de si mesma e do mundo estabelece uma missão, ou várias missões.
Ora, no caso dos Cristãos e da Igreja seu olhar está voltado para a inclusão, para a acolhida, para que o mundo todo viva de acordo com os princípios anunciados por Jesus Cristo e que, de algum modo, já foram vivenciados por muitos ao longo do tempo.
É neste sentido que todos são convidados a rezar e a ser missionários desde o seu ambiente familiar até onde alcança todas as relações humanas e sociais. Jesus mesmo fez isto. Andou por todo o Israel, refez o caminho do povo que o antecedeu e que acreditava no Deus único.
Por onde andava Jesus fez maravilhas, ou repetiu as maravilhas que o Pai já havia feito ao longo da história.
No texto do Evangelho deste domingo ele acolhe um cego e mendigo. Contradizendo todos os costumes legais do seu tempo Jesus faz valer sua visão que tem do mundo. Desafia o cego para que nele aconteça também o mundo que este sonhava. Chamando o mendigo pergunta-lhe: “o que queres que eu te faça?” e mediante a resposta devolve a condição: “seja feito conforme você acredita”.
Tal situação não poderia provocar outra reação senão a de se colocar em missão, o texto termina dizendo: “o que recuperou a vista seguia Jesus pelo caminho”.
Na primeira leitura o profeta mostra a ação de Deus para o povo que era cego, coxo, doente e sofredor: “Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces; eu os conduzirei por torrentes d'água, por um caminho reto onde não tropeçarão, pois tornei-me um pai para Israel”.
E a carta aos Hebreus indica como deve agir todo aquele que se coloca como sacerdote, como responsável por alguém ou por um povo: “Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza”.
É por isso mesmo que o salmo convida a rezar: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria”. Pois quando “Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, parecíamos sonhar; encheu-se de sorriso nossa boca, nossos lábios, de canções”.
Reunidos em assembleia de fé os cristãos são igualmente convidados a ampliar sua visão de mundo e se colocar em missão como gente que saiba oferecer-se a si mesmo para que finalmente o mundo seja lugar onde mora Deus.

sábado, 20 de outubro de 2012

A PALAVRA DE DEUS NA VIDA


SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA 21 DE OUTUBRO DE 2012

Leituras: Isaias 53, 2ª.3ª.10-1; Salmo 32(33)
Hebreus 4,14-16; Marcos 10,35-45

Estamos nos aproximando do final do ano, acabamos de passar pelo período eleitoral, estão em alta as negociações sobre quem vai assumir cadeiras nas câmaras municipais, secretarias de prefeituras, cargos comissionados e assim por diante. Muitas destas negociações já haviam sido acordadas durante o período eleitoral. Em todo o caso de uma coisa se pode ter certeza nem sempre estes acordos contemplam as pessoas mais adequadas ou preparadas para esta ou para aquela função.
É bem comum relatos de pessoas que se aproximaram dos candidatos exatamente com as intenções e palavras semelhantes às que foram usadas pelos filhos de Zebedeu, conforme se lê no evangelho: “'Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”.
De longe os irmãos estavam preocupados com o bem de todos ou a responsabilidade que tal posição implicaria. Jesus lhes faz pensar sobre as consequências do seu pedido alertando-os para um “batismo de sofrimento e um cálice de dor”. Situação que já havia sido anunciada pelo profeta na primeira leitura por meio da afirmação: “o meu servo experimentará uma vida de sofrimento”.
Claro está que não é proibido fazer propostas, negociações, acordos, mas é preciso ter presente que todos eles trazem implícitos “Onus e Bonus”.  E só quem for capaz de “dar conta do recado” poderá ser reconhecido como a carta aos Hebreus mostra na segunda leitura: “Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas,
pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado”.
A palavra de Deus deste domingo é um convite a não se deixar levar pela vaidade e pelo simples desejo de ocupar posições importantes e vantajosas para si ou para seus amigos, mas, pelo contrário, ter a coragem de colocar-se a serviço em favor do bem de todos e é nisso que consiste a virtude da humildade.
Tal condição vale claro, em primeiro lugar para os que foram escolhidos nas últimas eleições, mas igualmente para todos e em todos os lugares. O poder e o destaque que faz as pessoas serem grandes aos olhos de Deus e do mundo é aquele que se coloca a serviço de todos.
Para os cristãos, a Eucaristia que celebram haverá de se constituir em força e ajuda. Assim se reza nas missas: “Daí-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração”.

sábado, 6 de outubro de 2012

REFLETINDO A PALAVRA DE DEUS


27º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B – 2012
Leituras: Gênesis 2,18-24; Salmo 127 (128);
Hebreus 2,9-11; Marcos 10,2-16

Dentre os fatos que afetam profundamente a vida de todos os brasileiros nestes dias, as eleições municipais são a principal preocupação de todos. Neste contexto a liturgia da Igreja chama a todos para recordar a vocação fundamental do ser humano, isto é, Criado para amar. É sabido que sem amor a vida se torna insossa, sem vibração nem muito menos coragem.

Na narrativa da criação se pode ver com   clareza  que a intenção de Deus se resume em garantir que o ser humano tenha plena realização à medida que se relaciona com o outro, que se encontra e se completa como criatura. Na pessoa da mulher estão evidentes os sinais de igualdade e de dignidade entre todos. “Osso dos meus ossos carne da minha carne”.

È verdade que a intenção inicial de Deus foi abortada pela fragilidade da sua criatura e é conhecida toda a narrativa do pecado e da morte que lhe veio como consequência.

A resposta para esta, depois de muitas iniciativas, é de novo dada por Deus na pessoa de Jesus Cristo, sobre  quem a carta aos Hebreus afirma ter sido criado pouco menos do que os  anjos, entretanto, sujeito às fragilidades da carnê, mas ao mesmo tempo capaz de superar todas as fraquezas e nele restaurar a humanidade fragilizada e pecadora.

Para que isso aconteça a alternativa única e verdadeira se constitui pela capacidade de Amar, como se disse vocação de todo ser humano. Quando perguntado sobre as leis as proibições e permissões em relação ao casamento Jesus não se detém nelas, vai muito além e afirma: Não foi para cumprir leis que Deus fez o ser humano. No princípio Deus os fez para o amor.

As leis são exigências da dureza de coração e das relações corrompidas que foram se solidificando ao longo dos tempos e que de algum modo tentam diminuir as dificuldades em relação a incapacidade de amar.

A Eucaristia, sinal mais que extraordinário do amor incondicional de Deus para com todos haverá de ser também para cada criatura a força capaz de não permitir que as fragilidades humanas  sabedoria e o amor à luz dos quais foram feitas todas as coisas.