sexta-feira, 5 de abril de 2013

VIDA NOVA...


SEGUNDO DA PÁSCOA - 2013

A liturgia do segundo domingo da páscoa chama a atenção para a renovação daquilo a comunidade experimentou com as celebrações do tríduo pascal. Vida nova, mundo novo que se realiza na medida em que Jesus é reconhecido.
Não se pode cultivar ilusões e fingir acreditar que a ressurreição de Jesus botou um fim em todas as provações e dificuldades.  É claro que este conceito é uma Utopia e que nenhuma manifestação espetacular iria aniquilar os sofrimentos e provações.
O texto do evangelho mostra o reconhecimento de Jesus pelos discípulos, a missão que lhes é confiada e as dificuldades próprias da sua condição. Estavam reunidos com medo dos judeus, alguns já não tinham o mesmo entusiasmo pela causa e pelas palavras e promessas que Jesus lhes havia feito.
Outrora os sinais realizados por Jesus e por aqueles que nele acreditaram modificaram a vida e o pensamento de muita gente como se viu na primeira leitura deste domingo “Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres”. Por isso mesmo todos são convidados a rezar o salmo: “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom!  Eterna é a sua misericórdia!”
É neste contexto que Jesus envia os discípulos e  reprende Tomé por sua incredulidade. As palavras e os sinais realizados por Jesus naquela ocasião são aplicáveis a todos e cada  pessoa nestes novos tempos.  Ele se dá a conhecer exatamente como é. Mostra suas mãos e o lado que mostram  a realidade dos sofrimentos que não desaparecerão com sua ressurreição. Do mesmo modo as dificuldades do tempo presente não cessarão,  porém  isso não é sinônimo de acreditar que a páscoa não se realiza, pelo contrário é exatamente  a capacidade de encarar estas dificuldades que dará sentido a missão.
Celebrar a páscoa, de domingo a domingo implica dar  sabor aos desafios que a vida impõe, tocar em frente, olhar com fé sem perder a esperança que a ressurreição de Jesus continua acontecendo no cotidiano da história.

sexta-feira, 29 de março de 2013

DOMINGO DA PÁSCOA



 RESSURREIÇÃO DO SENHOR

“Por sua morte a morte viu o fim, no sangue derramado a vida renasceu. Seu pé Ferido nova estrada abriu e neste homem o homem enfim se descobriu.”

O texto deste hino litúrgico entoado pelas comunidades neste domingo da páscoa proclama o cerne da fé na ressurreição de Jesus e no mundo novo que começou com este fato. Não sem razão o salmo da liturgia proclama: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, exultemos e nele nos alegremos”.
O dia do Senhor que faz memória do extraordinário fato realizado por Deus Pai com Jesus é celebrado em todos os tempos como o início da nova criação. Tanto o texto do evangelho de João, que se proclama nas missas do domingo pela manhã, quanto o texto de Lucas previsto para a missa da noite, ambos não contam propriamente o fato da ressurreição, mas a experiência de um encontro e isto muda a vida das pessoas e das comunidades.
A mesma condição vivida pelos amigos de Jesus precisa ser experimentada pelas pessoas no século XXI. Não se trata de um dia cronológico para realizar diferentes atividades daquelas do cotidiano, trata-se de um momento para celebrar a descoberta do ser humano que se faz humano. Reunir-se para celebrar a ressureição implica deixar transparecer no cotidiano da história a experiência da comunhão feita com a pessoa de Jesus de Nazaré. Na ressureição de Jesus se concretiza a profecia do velho Simeão quando o menino foi apresentado no templo: “Sol da justiça que nos veio visitar”.

SÁBADO SANTO - VIGÍLIA PASCAL –



 CELEBRAÇÃO DA RESSURREIÇÃO

O guia litúrgico da CNBB fala sobre a celebração da vigília com as seguintes palavras: “Por se tratar de uma celebração longa a tendência é simplificá-la. Sugerimos não omitir os textos da escritura, reduza-se, por exemplo, o tempo da homília”.  Neste sentido deu-nos um bom exemplo o Papa Francisco o qual, conforme noticiado, fez uma homilia de 13 minutos no domingo de Ramos.

O texto da proclamação da páscoa que se reza na celebração do sábado santo permite descrever esta festa como uma “noite mil vezes feliz”, ou como dizia Santo Agostinho: “Mãe de Todas as Vigílias”, não uma noite de espera, mas a própria festa.
A comunidade reunida celebra esta noite num cenário muito parecido com aquele vivido pelos discípulos de Jesus. Isto é, desolação e sofrimento. A campanha da fraternidade apontou para isso dizendo que os laços comunitários e sociais se fragilizaram, a dignidade da vida e a própria vida é ameaçada, os jovens se deparam com a fragilidade das instituições, mas ao mesmo tempo reconhece que esta parcela da população não desiste diante das dificuldades e vai abrindo caminhos. O que faz a juventude em muito se assemelha às mulheres de Jerusalém cujo episódio se lê na celebração da noite da páscoa: vão bem cedo ao sepulcro e recebem o indicativo: “Porque procuram entre os mortos aquele que está vivo”.
No conjunto as leituras, os salmos e as orações desta noite conduzem os participantes ao cerne do mistério da criação e da redenção. Narrando a obra criadora de Deus o livro do Gênesis faz perceber com clareza a mão de Deus que está no início de tudo. O texto do Êxodo confirma a presença de Deus diante de todas as provações e desafio que a humanidade experimenta e o profeta convida a estabelecer uma nova forma de relacionamento entre as pessoas e com o mundo.
São Paulo que já havia feito a experiência do encontro com Jesus tem certeza e fortalece a esperança de todos dizendo que em Cristo todos se renovam, morre o que é já não tem mais sentido para fazer renascer algo totalmente novo, uma nova criatura: “Banhados em Cristo somos nascidos de novo, as coisas antigas já se passaram”.
As palavras que Jesus dirige às mulheres de Jerusalém são adequadas para cada pessoa nestes novos tempos: “Não procurar entre os mortos aquele que está vivo, ir ao encontro do mundo e proclamar: o Senhor ressuscitou e ter convicção que vivendo como ele também todos ressuscitarão”. Os sofrimentos pelos quais passou Jesus e pelos quais passa a humanidade são necessários para quem quer experimentar a páscoa da Salvação.

quinta-feira, 28 de março de 2013

SEXTA FEIRA SANTA



CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR

As mudanças que ocorrem no mundo e que afetam tudo e todos são de algum modo também sinais de violência. Os jovens, junto com as crianças são quase sempre os mais atingidos por essa situação e muitas vezes lhes é apresentada a possibilidade de uma felicidade momentânea  sem dimensão de futuro e muitas vezes sem esperança. Por outro lado as mesmas mudanças e sofrimentos desafiam a revitalizar os valores e a reedificar as dimensões fundamentais da existência.
É neste contexto que a Igreja faz memória dos sofrimentos de Cristo e convida a comunidade que se reúne em oração a fazer o mesmo. Memória do sofrimento de Cristo não para fazer chorar as dores do redentor, mas para perceber como Ele de modo voluntário e decidido abraçou tudo isso para transformar em vida e vitória.
Reconhecer o gesto redentor de Jesus é também reconhecer que a páscoa de Jesus pode se realizar no meio do mundo tornando os sofrimentos do tempo presente como verdadeiros eventos nos quais o mistério da páscoa também se realiza.
Como disse o Papa Bento XVI  “A cruz é uma expressão do louco amor de Deus para o mundo e que se abandona não para mostrar sofrimento e por meio dele fazer o mundo sofrer, mas livrar o ser humano do medo da morte e fazê-lo receptivo à redenção que se deu pela Cruz”.

QUINTA FEIRA DA SEMANA SANTA –



 CELEBRAÇÃO DA CEIA DO SENHOR

Com a celebração da “Missa do Lava Pés”, como é popularmente chamada a Eucaristia da noite de Quinta Feira Santa, a Igreja encerra o tempo da quaresma e dá início ao tríduo pascal que se estende até o Domingo da Páscoa.
Este ano a campanha da fraternidade colocou como centro das preocupações e da atenção da Igreja os jovens, suas alegrias e suas angústias. Todos reconhecem que os tempos atuais são o reflexo de uma mudança de época a qual altera todo o modo de compreender as pessoas, as relações e o próprio mundo.  E tudo o que acontece em qualquer lugar a qualquer momento diz respeito e traz consequências para todos em todos os cantos do planeta.
Ninguém duvida que a juventude é ao mesmo tempo uma idade de extraordinária beleza, ao mesmo tempo que vítima de situações de desconforto, preocupação e angústia.  E neste contexto ninguém pode dizer que não está sendo atingido por estes fenômenos que obviamente dizem respeito a todos. E muito pior quando se trata dos sofrimentos que são vítimas essa parcela de gente sofrida e muitas vezes sem defesa. As mudanças culturais pelas quais passa o mundo afeta a edificação do ser humano tanto de modo positivo como negativo.
Em outra proporção e com outra feição o povo de Israel e os judeus no tempo de Jesus experimentavam igualmente transformações que não eram capazes de entender. As leituras proclamadas na liturgia desta quinta feira santa ajudam a compreender e entender tudo isso.
Lá no Antigo Testamento, o povo de Israel foi convidado a celebrar a páscoa e a compreender que o clima de medo e insegurança que estava reinando no acampamento não poderia se limitar a isso, pelo contrário, na páscoa se realiza o gesto favorável de Deus contra o sofrimento dos seus amigos. A páscoa é para eles desde aquele tempo a garantia de que o Amor de Deus os salvou e por isso mesmo são chamados a fazer memória para sempre.
Repetindo de forma solene o gesto de Jesus na última ceia a comunidade cristã é convidada a perceber os sofrimentos de todos e  ao mesmo tempo a coragem de Jesus para transformar tudo isso em serviço, em alegria, em luz e em pré anuncio da ressurreição.
Reunidos em assembleia de oração todos são chamados a dizer como São Paulo: transmito a vocês o que eu mesmo recebi: façam isto em memória de mim. Transformar a Eucaristia em serviço é um jeito de tornar Jesus presente no meio de todos e proclamar como se reza no salmo: “que poderei retribuir ao Senhor por tudo o que ele me fez”.
Ao final desta celebração os participantes precisam reconhecer que a Páscoa de Cristo pode brilhar na sociedade atual, e pode ser vista muito mais facilmente na medida em que os jovens puderem responder “eis-me aqui, envia-me!”. Que a adoração a Eucaristia se concretize no serviço a todos como um gesto de lavar os pés uns dos outros.