quinta-feira, 21 de julho de 2016
Homilia para o dia 24 de julho de 2016
PERDOA-NOS
COMO NÓS TAMBÉM PERDOAMOS
É de misericórdia que fala a primeira leitura e o evangelho
deste domingo. De uma forma até poética Abraão vai dialogando com Deus sobre a
possibilidade do perdão. O pecado das cidades de Sodoma e Gomorra tinha se tornado
tão evidente que já não era mais possível não perceber. E Deus estava decidido
tomar uma atitude. Mas Abraão faz o meio de campo e como se diria numa
linguagem bem mineira “foi comendo pela beirada”, ou “fez trabalho de
formiguinha” e acabou por ganhar o coração de Deus.
Esta vitória merece o canto entoado pelo salmista: “Ó Senhor, de coração eu vos dou
graças, porque
ouvistes as palavras dos meus lábios! Perante os vossos anjos vou cantar-vos e ante o vosso templo vou
prostrar-me. Eu agradeço vosso amor, vossa
verdade, porque fizestes muito mais que prometestes; naquele dia em que gritei,
vós me escutastes e aumentastes o vigor da minha alma”.
Esse
mesmo Deus é aquele que São Paulo anuncia aos colossenses: “Ora, vós estáveis mortos por causa dos
vossos pecados, até que Deus vos trouxe para a
vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados”.
É ele que Jesus ensina chamar de Pai e
recomenda: “pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei
e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem
procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá”.
Obviamente que a
contra partida é também esperada de cada pessoa que se declara filho do mesmo
Pai. Reunidos na assembleia de oração os cristãos estabelecem uma “roda de
conversa” que precisa terminar numa ação concreta: “perdoa-nos como nós também
perdoamos”.
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quinta-feira, 7 de julho de 2016
Homilia para o dia 09 de julho de 2016
MISERICORDIOSOS
COMO O PAI
Esta semana entrou em
vigor no Brasil a lei que obriga andar com a luz baixa também durante o dia. Ainda
nesta semana o presidente em exercício retirou a urgência na tramitação de um
projeto que prevê a criminalização da corrupção. Estes dois fatos fizeram parte
das manchetes de jornais, das rodas de conversa, das manifestações a favor e
contrárias aos dois casos. De uma coisa é certa: O Brasil já tem muitas leis,
falta mesmo levar a sério o que está previsto e legislado.
Na comunidade de Jesus
também não faltavam regras, leis, normas, proibições e etc. Ao longo de toda a
formação do povo de Israel foram sendo estabelecidas regras sobre regras,
algumas muito severas e pouco produtivas.
Na primeira leitura deste
domingo, Moisés propõe ao seu povo uma única regra: “Ouve a voz do
Senhor teu Deus. Converte-te para o Senhor teu Deus
com todo o teu coração e com toda a tua alma”. De Moisés até Jesus as coisas mudaram muito em Israel.
com todo o teu coração e com toda a tua alma”. De Moisés até Jesus as coisas mudaram muito em Israel.
No Evangelho é um entendido em leis que tenta colocar Jesus
em saia justa lhe fazendo uma pergunta: “que
devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Jesus não foge da
resposta, nem tampouco atende o desejo do mestre da lei. Antes, devolve-lhe a
pergunta: “O que está escrito
na Lei de Moisés”.
O mestre
se faz de pouco entendedor e reformula a pergunta: “quem é o meu próximo” E agora Jesus faz a comparação com o homem
que precisa ser ajudado e desafia o interlocutor “Vá Você e faça a mesma coisa”.
Jesus, a
quem São Paulo na segunda leitura chama de “Imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação” continua desafiando
cada pessoa nestes tempos com uma palavra muito simples: “Ser próximo significa ser capaz de agir com misericórdia para com o
outro”.
Então, muito mais do que conhecer as leis, o momento é de
colocar em prática o jeito de ser de Deus e fazer o que se reza na missa: “Dai a todos os que professam a fé, rejeitar
o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno deste nome...”
Que a oração comum encha todos e cada um de coragem e
compaixão para reconhecer o próximo que precisa de ajuda, mais do que do próximo
que precisa de leis, regras e normas.
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sábado, 2 de julho de 2016
IGUAIS EM DIGNIDADE
Diversos fatos ajudam
melhor entender a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo em que a
Igreja recorda São Pedro e São Paulo. Uma das situações diz respeito a
intolerância religiosa e ao martírio de muitos, sobretudo, no oriente médio.
Sobre a situação daqueles que são mortos por intolerância religiosa perseguidos
por grupos extremistas o Papa Francisco chama “Martírio com luvas Brancas”.
No
Brasil, diante da crise ética e política que o país está enfrentando também é
possível perceber como a incapacidade para aceitar as diferenças tem levado
pessoas e grupos a intolerância e incapacidade para o diálogo. Sobre isso o
secretário geral da CNBB afirmou em recente entrevista: “Aceitar quem pensa diferente, nos leva
a uma maturação maior. Sem isso nós não cresceremos, não teremos um Brasil
melhor"
No tempo de Pedro e Paulo situações desta natureza também
existiam. A história conta como Pedro e Paulo foram torturados e martirizados exatamente
porque pensavam diferentes e com seu modo de vida testemunhavam outra forma de
ver e compreender o mundo e as pessoas. Na segunda leitura Paulo, diante da
eminência da sua execução compara a sua vida como uma maratona: “Combati o bom combate terminei a minha corrida,
guardei a fé, só me resta a coroa da Justiça que o Senhor me dará, não somente
a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa”.
Eis
que as comunidades se reúnem para celebrar a misericórdia de Deus e pedem que o
Espírito Santo ajude a todos a viver de maneira que o ensinamento dos
apóstolos, a fração do pão, o amor dos primeiros cristãos, faça de todos um só
coração e uma só alma.
Que
cada cristão seja no seu ambiente de trabalho e de vida um exemplo de coragem,
de compreensão e diálogo superando medos e preconceitos.
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quinta-feira, 23 de junho de 2016
JESUS TOMOU A FIRME
DECISÃO!
Tomar decisões na vida
costuma ser uma das maiores dores de cabeça que uma pessoa enfrenta na vida.
Sobre decisões e oportunidades, costuma-se usar um provérbio popular que diz
mais ou menos assim: “A oportunidade é como um cavalo encilhado que só passa
uma vez na vida”. E se isto é verdadeiro
há que se aprender a tomar decisões e ter a coragem de assumir as consequências
das escolhas que se faz. Já quando uma pessoa desiste de algum projeto se diz
que “pendurou a chuteira” ou que “jogou a toalha.”
No livro dos Reis, cujo
texto é proclamado neste domingo, o profeta Elias faz um gesto inusitado para
provocar uma tomada de decisão do jovem Eliseu. Sentindo-se enviado por Deus o
profeta percebe que é hora de “pendurar a chuteira” e sai à procura de um seu
sucessor. O convite para ocupar o seu lugar não é feito com nenhum discurso nem
pratica de convencimento. Vendo o jovem Eliseu, que não é um sujeito incapaz
para nada, pelo contrário, está arando a terra com 12 juntas de bois, o profeta
lhe oferece o manto, isto é, lhe oferece uma outra oportunidade, a qual Eliseu
não tem medo de aceitar. Não só aceita seguir, como oferece os bois em
sacrifício como sinal da sua adesão e da sua coragem para encarar um novo
modelo de vida.
Aos Gálatas, São Paulo
vai repetir o que já vem falando em outras ocasiões: O centro de toda a vida é
a pessoa de Jesus Cristo, com sua morte e ressurreição. E hoje Paulo afirma: “Foi
para a liberdade que Cristo nos libertou”, portanto deixem-se conduzir pelo
Espírito de Cristo.
E qual é o Espírito de
Cristo senão aquele que ele mesmo dá a conhecer no Evangelho: “Jesus tomou a
firme decisão de partir para Jerusalém”.
Neste caminho não faltam dificuldades, provações e provocações, mas
Jesus faz exatamente o que disse a Pedro no domingo passado: “quem quiser ganhar
a sua vida vai perde-la, mas quem perder a sua vida por causa do Evangelho,
este a salvará”. Hoje ele faz um diálogo
com outras pessoas e as interpela dizendo “o Filho do homem não tem onde
reclinar a cabeça”, e exatamente por isso nada lhe prende, nem mesmo uma
moradia estável.
Também os cristãos destes
tempos vivem a mesma condição de Eliseu, da comunidade de são Paulo e dos
seguidores de Jesus. Trata-se de compreender quais são os verdadeiros laços que
prendem e que libertam e quando é hora de tomar decisões, como quem “põe a mão
no arado e não olha para traz”.
Seguir Jesus Cristo com
as causas que ele também defendeu exige a coragem e a determinação que ele
mesmo ensinou. Permitam-me concluir dizendo que carregar a cruz de cada implica
compreender o que disse um compositor gaúcho em uma de suas canções: “Olha,
guri, lá o povo é diferente e certamente faltará o que tens aqui. Eu só te
peço, não esqueças de tua gente. De vez em quando, manda uma carta, guri. Se vais embora, por favor não te detenhas. Sigas
em frente e não olhes para trás”
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sábado, 18 de junho de 2016
REFLETINDO A PALAVRA NO DOMINGO 19 DE JUNHO DE 2016
TODOS SÃO UM EM
CRISTO JESUS
Nesta semana o Papa Francisco abriu um
congresso em Roma e no discurso inicial afirmou: “É a fé que nos impele a não cansarmos
de buscar a presença de Deus nas mudanças da história”. O papa tem clareza que o mundo e as situação das
pessoas no mundo vai sofrendo transformações que nem sempre são bem entendidas
por todos.
Isso também acontecia com
as pessoas cuja história está relatada nas páginas da Sagrada Escritura e que a
comunidade cristã ouve cada vez que se reúne na assembleia de oração. Para este
domingo a liturgia prevê um texto do profeta Zacarias, a continuação da carta
de São Paulo aos Gálatas, e um texto do Evangelho de Lucas.
No antigo testamento o
profeta faz um anúncio da ação de Deus dizendo: “Derramarei
sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e
de oração; eles olharão para mim”.
Essa promessa é um sinal da misericórdia de Deus a todos os que aí vivem
independente da sua condição, sejam eles bons, perfeitos, pecadores, não
importa. O que conta é que Deus está presente no meio deles, como disse o Papa,
nas mudanças da História.
A
mesma certeza tem São Paulo falando aos moradores da Galácia. O apóstolo afirma
que na morte e ressurreição de Jesus foram sepultadas definitivamente todas as
diferenças e que por conta disso cada pessoa é convidada a exercer o amor e a
solidariedade de modo que Deus e sua misericórdia possam ser reconhecidos e
experimentados por todos.
No
evangelho, Jesus desafia os discípulos a afirmar sua fé na pessoa dele e no
mistério que envolve sua missão no mundo. Ele não recusa o título de Messias de
Deus, mas ao mesmo tempo aponta as consequências desta condição: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado
pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e
ressuscitar no terceiro dia.”
Como
lição para a vivência desta palavra permanece um claro convite: Nada de se
apegar às próprias verdades e certezas. Nada de se considerar melhor e mais
perfeito que os demais. Pelo contrário, ontem como hoje cada pessoa é chamada a
continuar renunciando-se a si mesmo tomando sua cruz e seguindo. Neste contexto
tem ainda mais sentido rezar o Salmo deste domingo: “Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora
ansioso vos busco! A minh'alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja. Como
terra sedenta e sem água, venho, assim, contemplar-vos no templo, para ver
vossa glória e poder. Vosso amor vale mais do que a vida: e por isso meus
lábios vos louvam”. Agindo deste modo
será mais fácil enxergar Deus presente no cotidiano da história e das pessoas,
como recorda Francisco.
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sábado, 11 de junho de 2016
REFLETINDO A PALAVRA DE DEUS NO DIA 12 DE JUNHO DE 2016
EXULTEM
DE ALEGRIA NO SENHOR...
Conta-se uma historieta que
pode ser muito interessante para entender a Palavra de Deus deste domingo. Diz a historieta que “certa mulher observava
com frequência quando sua vizinha estendia os lençóis no varal e comentava com
sua funcionária: Nossa veja como a vizinha estende roupas sujas no seu varal.
Acho que você deve ir falar com a ela e se prontificar a ensiná-la a lavar as
roupas, ou pelo menos oferecer-lhe o sabão que você usa em nossa casa, onde
nossas roupas estão sempre limpinhas. Este comentário se repetiu diversas
vezes, até que um certo dia a mulher com um misto de surpresa chamou a
funcionária dizendo – Você ensinou nossa vizinha lavar as roupas? Veja como
estão brancas e brilhantes! A bondosa servente respondeu; não senhora, eu
apenas limpei os vidros de nossa janela”.
Pois, “limpar os vidros
da própria janela” é o que se pode compreender da Palavra de Deus proclamada na
liturgia deste domingo: Nos versículos que antecede a primeira leitura de hoje,
o profeta Natã pede uma opinião a Davi sobre a punição que deveria ser aplicada
a quem faz o mal a outra pessoa. O Rei, sem dificuldade, garante que deveria
ser aplicado um duro castigo. Então o profeta lhe diz; pois bem este sujeito é
Você. Tens todas as facilidades e possibilidades ao seu alcance e para possuir
a mulher do outro mandaste matar um dos teus colaboradores. Davi assustado reconhece
seu pecado e arrependido pede perdão. Obvio que a misericórdia de Deus se
realiza e o profeta conclui: “'De sua parte, o
Senhor perdoou o teu pecado...”
No evangelho
a situação é muito semelhante, o Fariseu, que se considerava justo, perfeito e
melhor que todos os outros, convida Jesus para uma refeição em casa. Dispensa
todas as gentilezas que habitualmente se fazia para um convidado ilustre. Surpreendido
pela presença da “pecadora pública” faz um juízo de valor sobre a pessoa de
Jesus e sobre a mulher, cujos pecados são conhecidos por todos na cidade.
Sabiamente
Jesus lhe conta a história dos devedores ajudando o Fariseu compreender a misericórdia
de Deus e ao mesmo tempo o seu próprio pecado. Declarando à mulher: “Teus pecados estão
perdoados” Jesus quebra os paradigmas de justiça daquela sociedade habituada a excluir
e condenar. Então Jesus continua: “Sua fé lhe salvou. Vá em paz! ”.
Esta é
também a lição que São Paulo dá aos Gálatas na segunda leitura: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no
Filho de Deus, que me amou e por mim se entregou. Eu
não desprezo a graça de Deus”.
Os cristãos que se reúnem para fazer memória de Cristo e da misericórdia
do Pai que ele revelou são convidados a ter as mesmas atitudes de Davi e do
Fariseu do Evangelho, isto é, reconhecer o próprio pecado e rezar com o
Salmista: “Feliz o
homem que foi perdoado e cuja falta já foi
encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor
não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade”
não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade”
À guisa de conclusão se pode dizer que a Palavra de Deus convida
cada pessoa a “lavar a própria janela antes de enxergar a roupa suja na casa do
vizinho reconhecendo a misericórdia de Deus que limpa as janelas da sua cassa”.
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sexta-feira, 3 de junho de 2016
HOMILIA PARA O DIA 05 DE JUNHO 2016
LEVANTE-E
ANDA...
Nesta semana um horário nobre da televisão brasileira começou
com esta frase: “A notícia que abre a edição desta quinta-feira (2) é daquelas que dá
gosto de ouvir. É uma notícia boa. E como não é todo dia que surge uma chance
de contar uma história como essa, a gente até lembrou de recuperar, no fundo de
algum armário, uma vinheta que não aparece há muito tempo por aqui”.
Tal como esta notícia
pode ser compreendida a Palavra de Deus deste domingo. Seja na primeira
leitura, seja no evangelho são contados dois fatos que se realizaram num
contexto de sofrimento, de exclusão social e de sentimento de abandono. É importante
entender que tanto na época do profeta, quanto no tempo de Jesus a viuvez era
considerada um castigo de Deus e a mulher viúva não recebia nenhum tipo de
ajuda de quem quer que fosse. Somente poderia contar com a ajuda dos filhos que
lhe eram a única herança.
As duas desiludidas podem
experimentar a misericórdia de Deus que age em favor daqueles que já não tem
mais a quem recorrer. Elias e Jesus, em tempos e locais diferentes e por
distintas maneiras garantem que Deus seja reconhecido. A viúva de Sarepta
proclama: “Vejo que és um homem de Deus”.
A multidão em Naim proclama: “Deus veio
visitar o seu povo”.
Tal como a manchete da
semana a ressurreição dos dois jovens é uma Boa Notícia. Jesus se dá a conhecer como o enviado de Deus,
sua missão pode ser resumida nas três palavras que o Papa Francisco deu aos
padres nesta semana: “procurar, incluir e
alegrar-se”. Claro que serve aos padres, mas serve também para todos que se
reconhecem como São Paulo, seguidores do mandamento de Jesus.
Que a Eucaristia e
reunião de irmãos ajude também a todos nestes tempos difíceis que rondam o
nosso país: “a exemplo de Cristo ter
olhos para ver as necessidades e sofrimentos de todos e faça que se realize
palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos.
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sexta-feira, 27 de maio de 2016
HOMILIA PARA O 9º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 29 DE MAIO DE 2016
É
NECESSÁRIO ABRIR, PORTAS E CORAÇÕES
Em 2013, quando Jorge
Bergoglio foi eleito Papa, no seu primeiro discurso ao mundo, fez uma brincadeira
que cativou a todos, disse ele: “Nós nos
reunimos para eleger um novo Papa e parece que meus irmãos cardeais foram busca-lo
quase no fim do mundo”. Depois desta declaração fez diversas outras falas
sobre a necessidade de abrir portas e de acolher as pessoas que pensam
diferente ou que tem professam outra fé e até nem mesmo acreditam na Igreja.
Numa de suas homilias na Casa Santa Marta, onde ele mora, declarou: “É necessário não engaiolar o Espírito
Santo, ele é soberano. Na Igreja precisamos de mais pessoas que exerçam o
ministério de “Abrir portas”.
Abrir portas é umas das
importantes lições que se pode tirar da Palavra de Deus proclamada neste 9º
domingo do tempo comum. O Texto do livro dos Reis a oração de Salomão é mais do
que clara: “Salomão rezou no Templo, dizendo: Senhor, pode acontecer que até um estrangeiro que não
pertence a teu povo, Israel, escute falar de teu grande nome, de tua mão poderosa e do poder
de teu braço.
Se, por esse motivo, ele vier de uma terra distante, para rezar neste templo, Senhor, escuta então do céu onde moras e atende a todos os pedidos desse estrangeiro, para que todos os povos da terra conheçam o teu nome e o respeitem”.
Se, por esse motivo, ele vier de uma terra distante, para rezar neste templo, Senhor, escuta então do céu onde moras e atende a todos os pedidos desse estrangeiro, para que todos os povos da terra conheçam o teu nome e o respeitem”.
Muito mais tarde, é São Paulo quem anuncia a boa notícia com
uma certeza que serve também para a atualidade, isto é, nada de se preocupar em
agradar a quem quer seja a não ser cumprir a vontade de Jesus Cristo. Vontade
esta que foi manifestada por Ele de muitos modos e em diversas ocasiões. No
texto do Evangelho de hoje, mais uma vez Jesus está abrindo portas.
Atendendo ao pedido do oficial romano, que não era judeu, nem
professava a religião dos judeus Jesus mostra aos que o seguiam a importância
de não discriminar ninguém, nem tampouco excluir quem quer que seja, pelo
contrário declara sua admiração dizendo: “Nem
mesmo em Israel encontrei alguém com tanta fé”.
Estas palavras são mais do que claras e vem de encontro com o
convite do Papa Francisco: “Na Igreja precisamos de mais pessoas
que exerçam o ministério de - Abrir portas”.
Não sem razão a igreja
inteira também canta como se faz hoje no Salmo: “Cantai louvores ao
Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o! Pois comprovado é seu amor para
conosco, para
sempre ele é fiel”.
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quarta-feira, 25 de maio de 2016
A PALAVRA SE FEZ CARNÊ - CORPO E SANGUE DE CRISTO
TODOS COMERAM E FICARAM SATISFEITO
Há
algum tempo em um desses programas de reportagem extraordinárias que as redes
de TV veiculam com regularidade, chamava
atenção para um diálogo estabelecido entre um viajante e um comerciante de uma
grande cidade neste imenso Brasil. O diálogo tem tudo a ver com o texto do Evangelho
que se proclama no dia da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.
Dizia a reportagem que o viajante estranhou ao entrar na cidade não vendo mais crianças
pedindo esmolas nos estacionamentos, jovens fazendo malabarismos nos semáforos das
esquinas, pessoas vendendo água, suco, doces e etc. nas filas que se formavam
ao longo da rodovia. Ao abordar o primeiro dos seus clientes o viajante
perguntou: “Onde foram parar os pobres desta cidade que não os vejo em nenhuma
parte?” A resposta imediata foi: “Nós
somos cristãos, estamos seguindo o evangelho e damos de comer a todos os
necessitados” O homem estranhou e perguntou, “Mas quanto vocês investem para
alimentar tantas pessoas durante tanto tempo?” “Nenhum centavo” respondeu o
cliente e concluiu: “Nossas crianças estão na escola o dia inteiro, os jovens
que faziam malabarismos nos semáforos foram contratados para o trabalho, os que
vendiam `nas margens da rodovia estão cuidando dos jardins e da limpeza dos
pátios das escolas e assim todos podemos viver em paz”.
A
provocação do texto de Lucas desafiando os discípulos a não mandar embora
ninguém com fome é apenas mais uma que
Jesus fez aos seus conterrâneos propondo dar de comer a quem tem fome e
eliminar a pobreza e as diferenças sociais.
Ontem
como hoje, certamente não se trata de uma atitude simples como dar esmola e
comida para a solução da pobreza e das desigualdades sociais. Trata-se sim de
mudanças estruturais na sociedade e para que elas aconteçam precisam do empenho
de todos.
Jesus
continua no Evangelho dizendo: “mandem o povo se organizar em grupos de
cinquenta”. Esta frase aponta para mais uma possível ação para os tempos
modernos, em lugar de dar comida, garantir organização e participação de todos
naquilo que é uma necessidade e direito de todos.
São
João Crisóstomo, conhecido como o santo “Boca de ouro” apelido que recebeu por
causa de suas sábias palavras disse uma frase que pode ser muito bem aplicada à
adoração a Eucaristia que se faz na solenidade do Corpo de Cristo, disse o
santo: “Queres honrar o corpo de Cristo com vestes de seda e taças de ouro,
fazes bem! Mas não esqueça que o mesmo Jesus que disse Isto é meu Corpo e Isto
é meu Sangue foi o que falou: Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos foi
a mim que fizestes. Portanto, vai primeiro dar de comer a quem tem e vestir
quem está nu e com aquilo que sobra faça as honras a corpo de Cristo”.
Que
a celebração litúrgica deste dia seja a oração da Igreja para converter os
corações de todos em favor de uma vida mais humana, digna e justa para todos em
todos os lugares.
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sábado, 21 de maio de 2016
PALAVRA MEDITADA NO DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
UNIDADE
NA CARIDADE
A turbulência econômica,
política, social e moral que o Brasil está vivenciando nos últimos tempos tem
inúmeras respostas e explicações. Cada cientista político, analista econômico,
palpiteiro de plantão tem uma opinião para justificar os escândalos que se
tornam públicos a cada dia. Tudo o que se fala tem seu fundo de verdade, mas
não resta dúvida que uma coisa é absolutamente certa: Entre todos os envolvidos
em tudo o que está acontecendo não aparece uma condição simples e absoluta:
Deixar-se guiar pela verdade.
Os discípulos de Jesus
viveram noutro contexto situações muito semelhantes. O Evangelho de deste
domingo faz parte dos chamados “discursos de despedida” e Jesus lhes adverte e
promete uma solução ou pelo menos uma maneira diferente de encarar o mundo e os
problemas que seus seguidores ainda não compreendiam: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-lhes, mas não são capazes de compreender
agora. Quando,
porém, vier o Espírito da Verdade, ele lhes conduzirá à plena verdade”.
No discurso de hoje não é primeira vez que Jesus fala da relação
dele com o Pai e da caridade que os une. Nesta passagem, porém, ele reforça que
o Espírito Santo veio com uma tarefa muito específica: Glorificar a comunhão e
a unidade que existe entre o Pai e o Filho.
A experiência de comunhão entre as três pessoas faz entender
que essa atitude pode garantir obras muito maiores do que aquelas que os
discípulos viram Jesus realizar.
A comunhão da Trindade não é outra coisa senão aquilo que a
primeira leitura chama de Sabedoria que está antes e acima de toda e qualquer
realização, conforme diz o livro dos provérbios: “O Senhor me possuiu
como primícia de seus caminhos, eu estava ao seu
lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia
após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando
na superfície da terra, e alegrando-me em estar
com os filhos dos homens”
Por isso mesmo e sem medo todos rezam com o Salmo: “Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!”.
Só quem se deixa guiar pelo
Espírito de Deus é capaz de viver na verdade e na unidade, pode ter certeza que nenhuma tribulação, angústia,
perseguição, ou outra qualquer provação é
maior do que a graça e a esperança que não decepciona.
Como igreja reunida também os cristãos do terceiro
milênio podem compreender a misericórdia de Deus revelada na Unidade da
Trindade e deixando-se guiar por ela vencer todos os medos e trabalhar pela
construção da fraternidade e da verdade em todos os lugares.
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quinta-feira, 5 de maio de 2016
MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS NO DIA DA ASCENÇÃO DO SENHOR
ELEVADO
AOS CÉUS À VISTA DE TODOS
Em uma de suas
declarações recentes o Papa Francisco disse: “Não consigo imaginar um cristão que não saiba sorrir” e concluiu: “Procuremos
dar um testemunho alegre de nossa fé”. Tem ainda um antigo provérbio popular
que diz assim: “Um santo triste é um
triste santo”.
Estas duas expressões são
suficientes para ajudar entender a última frase do Evangelho deste domingo quando
fala da atitude dos discípulos depois que Jesus subiu aos céus: “Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria.
E estavam
sempre no Templo, bendizendo a Deus” A esta altura dos acontecimentos os amigos de Jesus
já estavam suficientemente esclarecidos sobre o que tinha acontecido e como
seria a vida deles depois que Jesus não estava mais com eles.
As três leituras deste domingo apenas reforçam a certeza para
todos os que creem no Cristo, e o reconhecem como Senhor e guia. A estes não é
permitido ficar “Olhando para o céu” pois uma vez que compreendem a palavra de
Jesus que disse: “O Consolador que lhes
enviarei, também ensinará todas as coisas”. Daí é que ficam também claras
as palavras da Paulo aos Efésios e que podem ser aplicadas a cada cristão da
atualidade: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem
pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que
vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que
ele abra o vosso coração à sua luz, para que
saibais qual a esperança que o seu
chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os
santos”
Ser um alegre discípulo de Jesus não é a mesma coisa que ser
um “bobo alegre”, mas alguém capaz de compreender que anunciar Jesus e suas
propostas implica aceitar também a cruz sem deixar de assumir com alegria os
desafios que a vida apresenta.
Acreditar em Jesus presente e ao mesmo tempo sentado a
direita de Deus, conforme se reza no credo, implica compreender o que se reza
no salmo: “Deus reina sobre todas as nações, está sentado no seu
trono glorioso”.
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sábado, 30 de abril de 2016
MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS NO DIA PRIMEIRO DE MAIO DE 2016
O
AMOR É O VÍNCULO DA PERFEIÇÃO
Neste
primeiro de maio o mundo inteiro para e celebra o dia do trabalhador. Já no ano
500 AC. Confúcio, sábio chinês, declarou: “Escolha
um trabalho que lhe dê prazer e nunca mais terás que trabalhar um só dia na
vida”. É claro que ele estava compreendendo a expressão trabalhar diferente
de como ela é entendida na origem da palavra Tripalium que significa sofrimento e dor. Celebrar o dia do
trabalhador implica compreender a ação de homens e mulheres do modo como
entendeu o sábio chinês: Trabalhar, para ele, significava encontrar a realização
plena e a felicidade.
É
neste sentido que também a liturgia deste domingo apresenta a ação do Espírito
Santo de Deus, e a ação de Jesus que enviou o seu Espírito. O Papa Francisco
também chama o Espirito santo de Trabalhador e afirma que é pelo seu trabalho
que Ele revela quem é Jesus Cristo.
As
comunidades que se reúnem celebrando o mistério da páscoa de Jesus podem ter
certeza que já conheceram o Espírito Santo trabalhador, aquele que Jesus
anuncia aos apóstolos como o “defensor”,
presença que dá assistência e que ilumina a estrada daqueles que caminham no
seu amor e que guardam a sua Palavra.
Não
há dúvida que a presença do Espírito Santo sempre foi para a Igreja e para
aqueles que acreditam o sinal do amor de Deus. Neste sentido se pode ter a
certeza que Ele é verdadeiramente um trabalhador, que não se cansa e nem
descansa, ele continua mostrando a estrada por onde deve andar aquele que se
diz seguidor de Jesus Cristo.
A
comunidade dos apóstolos, desde o princípio teve certeza que sua força e suas
decisões estavam nas mãos do Espírito Santo trabalhador. A primeira leitura
conta o episódio de uma das dificuldades iniciais da Igreja nascente. A
conclusão do Concílio dos Apóstolos, não poderia ser outra: “decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo...” esta expressão dos apóstolos não
precisa ser mais clara pois ela confirma: “O
amor é o vínculo da perfeição”.
É neste sentido que se
pode compreender também as palavras de Jesus no Evangelho: “Se alguém me ama, guardará a minha
palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”.
Eis que então, nestes
dias em que a situação de insegurança ronda com mais intensidade a casa e a
vida dos trabalhadores, mais do que nunca se faz necessário dar importância
aquilo que realmente merece.
A hora é de amar mais,
porque só o amor é capaz de resistir às dificuldades e provações que a vida e o
mundo apresentam ao cotidiano das pessoas. Amar mais implica sim abraçar com
entusiasmo o próprio trabalho e trabalhar na certeza de que o Espírito que
Jesus vai enviar não deixará ninguém à mercê da própria sorte.
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sexta-feira, 15 de abril de 2016
PALAVRAS DE MISERICÓRDIA NO 4º DOMINGO DA PÁSCOA
JESUS, O PASTOR MISERICORDIOSO
Pouco
a pouco a solenidade da páscoa vai ficando na memória e o resultado daquele
extraordinário dia permite ir compreendendo melhor quem é Jesus e quais são
suas principais ações em favor do seu povo. Do mesmo jeito que Jesus, “Todos
os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a se preocupar com a
construção de um mundo melhor”,
disse o Papa Francisco.
Os bispos do Brasil reunidos em Aparecida também falaram
sobre a importância de trabalhar em favor do povo e numa carta aberta falaram
sobre a crise em que o Brasil está mergulhado e reafirmaram que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): “acompanha atentamente esse processo e
espera o correto procedimento das instâncias competentes, respeitado o
ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”. Ao mesmo tempo em
que recordam aos políticos que: “O bem da
nação requer de todos a superação de interesses pessoais, partidários e
corporativistas”.
A situação brasileira permite compreender com uma facilidade incrível
o que significa agir como “bom pastor”.
As palavras do Evangelho: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”.
Neste momento particular da história brasileira, qual é a voz que se pode dar
crédito diante da avalanche de corrupção que enlameia a vida política nacional
em todos os níveis. Acaso será possível acreditar que alguma voz dos que se
levantam neste momento tem real interesse de não continuar transformando o povo
brasileiro em “Mártires da corrupção”?
Na condição de cristãos todos são
convidados a repetir o gesto de Paulo e Barnabé: “Então os apóstolos sacudiram contra eles a
poeira dos pés”. Pois, além dos supostos “salvadores
da Pátria” há ainda uma multidão que
ninguém pode contar, como nos diz a segunda leitura, e estes são honestos,
justos, coerentes, “lavaram e alvejaram
suas vestes no sangue do cordeiro”.
Apóstolo de Jesus, cidadão do Reino,
que conhece e reconhece a voz do verdadeiro e único pastor, cada pessoa é
convidada a trabalhar com honestidade, cumprir com suas obrigações, fazer o
dever de casa, cuidar da casa de todos, em resumo: fazer a sua parte na
construção de uma sociedade justa e humana, na qual o amor de Deus se torne
mais evidente.
A Palavra de Deus, com a graça do
Espírito Santo e a Eucaristia que participa, leva a se reconhecer reunidos e escolhidos pelo amor de Cristo e
por ele enviados para levar a paz em todos os lugares aonde sua presença for
importante.
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sábado, 9 de abril de 2016
PALAVRAS DE MISERICÓRDIA NO TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOA 2016
OS
APÓSTOLOS VIVIAM MUITO CONTENTES...
Ser
capaz de distinguir entre o que é importante e o que é acessório, o que merece
maior atenção e as necessidades menos urgentes, os investimentos indispensáveis
e aqueles que podem ficar na lista de espera, são sinais de sabedoria. Quando
uma pessoa sabe organizar a sua vida dando mais importância aquilo que
realmente exige mais, normalmente sua vida é mais disciplinada e administra
melhor os desafios e dificuldades.
A
primeira leitura e o evangelho do terceiro domingo da páscoa são uma ajuda
preciosa quando se trata de fazer uma escala de valores, e mesmo que para isso
seja necessário algum sacrifício e certa dose de coragem.
Os
Atos dos Apóstolos relatam as provações enfrentadas por eles por causa da sua
confiança nas palavras e nas ações de Jesus. Diante dos grandes do Sinédrio,
que lhes ameaçavam por causa do que vinham realizando em nome do Senhor, Pedro
responde: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou
Jesus. A centralidade
que os Apóstolos dão ao nome de Jesus lhes causou muitos sofrimentos: “Então mandaram açoitar os apóstolos e proibiram que eles falassem em nome de Jesus”; apesar disso: “Os
apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do
nome de Jesus”.
O texto do Evangelho que foi escrito
cerca de 60 anos depois da morte de Jesus, narra um momento no qual Pedro e
seus companheiros tinham perdido o foco da sua condição de seguidores do mestre
e voltam desiludidos para o mar da vida. Trabalham a noite inteira e não
obtiveram sucesso na sua ação.
Ao amanhecer do dia, um “desconhecido”
aparece na praia e lhes desafia: “Lancem a
rede a direita do barco e acharão peixes”. Confiantes nesta palavra repetem
o gesto que haviam feito diversas vezes e eis que o resultado aparece.
Nem é preciso perguntar quem era o “desconhecido”
que estava à margem, todos tinham entendido onde estava o “cerne” da questão:
Quando Jesus está no centro das preocupações, o resultado é certo e unidade garantida.
Apesar da quantidade de peixes a rede não se rompeu.
Eu resumo, nenhuma dificuldade,
nenhum problema, mas igualmente nenhuma ação humana terá sucesso enquanto
confiar nas próprias forças e na sua única capacidade de solução. Colocar Jesus
e sua palavra no centro de toda a vida é a condição para o sucesso de qualquer ação.
Neste domingo, reunidos em oração a Igreja é confiada a
provar do banquete preparado pelo seu único mestre e Senhor, ao mesmo que tempo
em que recebe o mesmo convite que foi dado a Pedro: “Tu me amas mais do que todos? Apascenta minhas ovelhas”.
Agindo desta maneira será possível cantar como se faz no
salmo hoje: “Escutai-me,
Senhor Deus, tende piedade! Sede, Senhor, o meu
abrigo protetor! Transformastes o meu pranto em uma
festa, Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!
”.
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domingo, 3 de abril de 2016
REFLETINDO A PALAVRA NO SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA 2016
DESTA CASA DO SENHOR VOS BENDIZEMOS
Faz parte da condição humana, facilmente sentir-se
impulsionada e atraída pela ideia de espetáculo, de movimentos extraordinários
de coisas grandiosas. Nestes dias em que o Brasil experimenta momentos de “fecunda
democracia” os meios de comunicação social facilitam a mobilização maciça das
pessoas que vão às ruas manifestar a sua opinião, não importa se a favor ou
contra as verdadeiras necessidades e urgências a sociedade. Segundo a grande
mídia parece importante fazer uma demonstração de força e ocupar as ruas,
mostrar quem pode mais não se importando com o resultado de tudo isso.
Em Jerusalém, na sexta feira da morte de Cristo a população
foi levada para a rua e sem ter muito claro o que estava acontecendo pediu a
morte de Jesus. Pouco tempo depois, e isto faz parte da primeira leitura deste
domingo: “Chegavam a
transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro
passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles. A multidão vinha até das
cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas
por maus espíritos. E todos eram curados”.
Porém, esta não é a maneira mais
clara de reconhecer Jesus e o seu projeto. Pelo contrário, diz o Evangelho: “Ao anoitecer daquele
dia, o primeiro da semana, estando fechadas,
por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus
entrou e pondo-se no meio deles, disse: 'A paz esteja convosco”.
Os discípulos compreendendo quem Ele
era, não tiveram dificuldades de contar: “Nós
vimos o Senhor”. Somente, Tomé, o incrédulo, o que não participava, aquele
que considerava pouco importante o encontro fraterno, que não estava reunido
com os irmãos, insistiu em duvidar. Até que o próprio Jesus, não de uma maneira
extraordinária, nem fazendo alarde em praça pública, mas no encontro pessoal e
no interior da comunidade, se dá a conhecer fazendo um pedido a Tomé: “Não seja incrédulo, mas tenha fé”.
Ainda hoje cada cristão continua
recebendo a mesma advertência dada por Jesus naquele tempo: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”. A cruz de Jesus, sua vitória sobre a
morte continua sendo para o mundo um sinal que o “juízo de Deus é a certeza de uma vida nova”.
Neste segundo domingo da páscoa, e no
contexto das manifestações por um país justo e fraterno, à luz da Palavra de
Deus, “todos os cidadãos e
cidadãs, comunidades, partidos políticos e entidades da sociedade civil
organizada, são convidados a fazer sua parte ... adotando, em suas
manifestações, a busca permanente de soluções pacíficas e o repúdio a qualquer
forma de violência, convictos de que a força das ideias, na história da
humanidade, sempre foi mais bem sucedida do que as ideias de força”.
Que esta prática seja a maneira mais coerente e participativa
de proclamar a Ressurreição de Jesus e a responsabilidade de todos e cada um no
“cuidado com a casa que é de todos”.
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quinta-feira, 24 de março de 2016
DOMINGO DE PÁSCOA - RESSURREIÇÃO DO SENHOR
COMEMOS
E BEBEMOS COM ELE...
Fatos
extraordinários no dia a dia das pessoas e da sociedade costumam ganhar as
manchetes de jornais e dos noticiários em todos os meios de comunicação social.
Sobretudo quando se tratam de situações que diminuem e denigrem a vida das
pessoas e das comunidades, estes sim ganham muito tempo, muitas páginas e
acabam caindo no gosto popular sendo comentados em todas as rodas de amigos e
mais ainda nas redes sociais.
Ora, a
morte de Jesus foi um prato cheio para as comunidades daquele tempo. Seja para
os que nele acreditavam, seja para aqueles que desejam ver o seu fim. Eis que o
noticiário sobre o evento da sexta feira que antecedeu a páscoa ganha novos
contornos no amanhecer do primeiro dia da semana.
O
primeiro dia já é simbólico por si mesmo, ele indica o começo de tudo mais uma
vez. E neste caso ele vem como a vitória da vida. Os sinais encontrados no
lugar onde estava o corpo de Jesus não deixam dúvida: Os panos que envolviam um
corpo sem vida, estão jogados ao chão, já não servem mais. O véu que impedia de
ver e ser visto foi colocado a parte. Aos amigos de Jesus faltava apenas uma
coisa: Compreender o que significa que Ele devia ressuscitar dos mortos.
A carta
de Paulo permite reconhecer que a união com o ressuscitado garante aos que nela
acreditam que a morte não tem a última palavra e que a maneira mais adequada de
reconhecer a Ressurreição do Senhor é procura-lo nas coisas novas que se fazem
ver desde o primeiro dia da semana.
Jesus
que andou por toda a parte fazendo o bem, está agora em toda parte por meio das
pessoas que se prontificam a fazer o bem.
É Jesus ressuscitado quem resgata a vida da morte e preenche a vida de
todos com sua ternura.
Na
ressurreição de Jesus, o Senhor cura os corações feridos e ampara os humildes.
Na manhã da ressurreição a Igreja se reúne em oração e experimenta a presença
do ressuscitado que lhe convida a
manifestar a sua misericórdia contribuindo “para
que a grande família humana possa viver com dignidade e justiça em um ambiente
bem cuidado” (Texto Base CF 2016. P. 52).
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SÁBADO SANTO - RESSURREIÇÃO DO SENHOR
GENTE NOVA PARA UM MUNDO NOVO
Os sinais de morte estão bem presentes na
sociedade contemporânea. Mas não é nestes sinais que se deve procurar o Senhor.
Nem tampouco, é ali o lugar para encontrar os irmãos. Deus que não se cansa de
retomar o seu projeto na história, está mais do que nunca presente na sociedade
atual. Deus jura seu amor eterno usando de misericórdia com o pecador e
resgatando do túmulo a vida de todos. A celebração do Sábado Santo é uma
maneira de fortalecer a Igreja e todas as pessoas a reconhecer Jesus Cristo que
continua fazendo novas todas as coisas.
As leituras e os salmos proclamados nas
celebrações do sábado santo fazem uma recordação de toda a história desde a
criação até a redenção definitiva em Jesus Cristo. A fragilidade humana levou
os homens e mulheres em todos os tempos a se afastar de Deus e do seu projeto,
situação que se assemelha muito ao que acontece no mundo contemporâneo. Porém,
é certo que Deus não abandona o seu povo.
Celebrar a páscoa de Cristo implica perceber que
a ressurreição de Jesus acontece de novo cada vez que as pessoas e as
comunidades trabalhem de modo decisivo no cuidado com a vida como disse o Papa
Francisco no documento: Laudato Si: “Desta
forma cuida-se do mundo e da qualidade de vida dos mais pobres, com um sentido
de solidariedade que é, ao mesmo tempo, consciência de habitar na casa comum
que Deus nos confiou. Estas ações comunitárias, quando exprimem um amor que se
doa, podem transformar-se em experiências espirituais intensas” (232).
Rezar no sábado santo unindo as vozes de todos
os que creem é uma forma de reconhecer a vitória da ressurreição de Jesus e o
convite que continua a ser feito: trabalhar para que a história e o mundo sejam
transformados. A palavra dita às mulheres na sepultura ressoa para cada pessoa neste
sábado de aleluia: “Não procurem entre os
mortos aquele que está vivo”.
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SEXTA FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR
Ele foi ferido por causa de nossos pecados.
O Cuidado com a “casa do comum” se apresenta na atualidade
uma das maiores exigências para todos. Em 2016, a celebração da sexta feira da
paixão está inserida no contexto da defesa e do cuidado com a vida em todas as
formas. As preocupações com a saúde e com as doenças transmitidas por conta do
descaso com o ambiente em que se vive. As denúncias de corrupção que envolvem
toda a nação brasileira e algumas centenas de pessoas e instituições. Questões
relativas a solidariedade e o respeito para com a pessoa humana. São todos
sinais de que a cruz de Cristo continua presente no meio do mundo.
Porém, Jesus Misericordioso, servo sofredor na
interpretação do profeta Isaías continua sendo para todos na atualidade fonte
de alegria, de serenidade e de paz.
A longa narrativa da paixão, neste ano, proclamada
segundo João, faz entender que o Rei morto na cruz não é um fato do passado, ao
mesmo tempo que sua ressurreição não ficou na história.
A cruz carregada por Jesus até o limite da morte se
assemelha às cruzes da sociedade contemporânea. Celebrar esta verdade permite
aos cristãos compreender que os sofrimentos existem, que são reais na vida do
povo, mas que não tem em si mesmo a última palavra.
É Deus quem se une com a humanidade, fortalece o
coração dos que acreditam renova-os na esperança e não considera o pecado, mas
a coragem para superar as cruzes de cada dia e construir solidariamente uma
comunidade muito melhor.
Rezar como irmãos na assembleia reunida é uma
maneira de crescer na solidariedade e no compromisso com a ressurreição
responsabilizando-se pela qualidade da vida de todos em todos os lugares.
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quarta-feira, 23 de março de 2016
HOMILIA PARA A QUINTA FEIRA DA SEMANA SANTA 2016
LAVA PÉS, PODER DA TERNURA.
Na quinta-feira santa a Igreja repete
o gesto de Jesus durante a última ceia. Na liturgia deste dia também se
proclama o Evangelho de João que conta como Jesus realizou esta ação.
Compreendendo que João escreveu este texto para as comunidades que já
celebravam a Eucaristia há quase 50 anos sendo assim uma prática habitual. O
autor procura associar o serviço de Jesus lavando os pés, ao que Ele fez
durante toda a vida e que vai ter seu ponto mais alto no calvário. E por causa
desta prática recebe o título de Mestre e Senhor, nome que Jesus afirma que
pode ser dado a todos os que também são capazes de fazer de suas vidas um
serviço para o bem de todos.
O texto pode também ser entendido
como uma espécie de síntese com todos os ensinamentos que a revelação da
Palavra fez conhecer ao longo dos tempos.
A narrativa da Páscoa dos judeus é marca de um novo tempo que se dá no
compromisso solidário e de comunhão entre todos os que foram libertos da
escravidão do Egito.
Paulo, conta como se deu a
instituição da Eucaristia, não para fazer uma simples memória, mas para deixar
claro que celebrar a memória do Senhor implica praticar a comunhão fraterna.
Ontem, como hoje, é Jesus quem repete
o gesto de lavar os pés e continua pedindo a cada pessoa, a cada Igreja e a
todas as instituições que sua ação seja uma contínua misericórdia que se
traduza na prática das obras de caridade, no cuidado com a vida das pessoas e
do mundo. Em outras palavras: recordar a ação de Jesus significa praticar a
misericórdia de Deus cuidando da vida de todos e da vida no planeta, casa comum
de todos, a fim de que seja também
morada digna de todos.
É neste sentido que a celebração da
quinta-feira Santa afirma o poder da ternura e a fragilidade da violência.
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