“ONDE ESTÁ O TEU TESOURO ALI ESTÁ O CORAÇÃO”
(Todo mundo tem um dia daqueles)
As palavras de Jesus são as mais adequadas para falar do tema
a que se propõe a nossa conversa na tarde de hoje. Ao longo da vida, e por
diferentes motivos o ser humano vai formando conceitos e estabelecendo níveis
de verdade e aceitação das pessoas e das coisas. Assim, por exemplo, facilmente
se diz: “tal coisa me faz bem, disto eu gosto e daquilo não”, e assim por
diante.
Nas relações e contatos a pessoa vai estruturando modos de
vida que podem trazer alegria e esperança, ou tristeza, desilusão, cansaço,
medo, angústia, etc.
Uma figura bíblica que
facilita a compreensão do que é o sofrimento e o medo, é a Mulher Samaritana.
Sem nome, desiludida e que se excluía do convívio social. (João 4).
Em contrapartida está a figura de Maria a Mãe de Jesus.
(Magnificat)! Não lhe faltaram oportunidades para achar que a vida não tinha
mais importância, ou melhor, para acreditar que a vida tinha lhe pregado uma
peça. (Recordar diversas cenas da vida de Maria).
Citando essas pessoas pode-se recordar algumas centenas ao
longo da historia da humanidade. Nelson Mandela – na áfrica; Ghandi na Índia; Luther King nos Estados Unidos; Luiz Inácio
Lula da Silva, Olga Benário, Irmã Dulce em Salvador, D. Helder Câmara, Recife.
Todos podem dizer como o poema de Cecília Meireles: “Aprendi com as primaveras
a ser podado e renascer sempre mais forte” (Poema
Primaveras)
Quando se trata de não se deixar abater a primeira atitude é
reconciliar-se com a imagem que se tem de sim mesmo.
“A forma como sentimos acerca de nós mesmos é algo que afeta
crucialmente todos os aspectos da nossa existência, desde a maneira como agimos
no trabalho, no amor, no sexo, até o modo como atuamos como pais, avós, e até onde alcança a nossa vida. A autoestima
positiva é um requisito indispensável para uma vida satisfatória”. (A mulher
invisível)
Gostar-se si mesmo tem um componente extraordinário que faz
reconhecer e acreditar na competência pessoal. E isto é um elemento que dá
forças para lidar com os desafios da vida, com as necessidades e com as
emoções.
Sempre que se convive ou se deixa rodear por pessoas
insatisfeitas e que vivem de mal com a vida se está sujeito a incorporar e
adotar tal modalidade de vida. É neste sentido que se situa o ditado popular: “É
preferível um triste santo a um santo triste”.
Todos os dias, se é desafiado a ouvir de novo o mesmo convite
que Deus fez para Abraão:
“Deixa a tua casa, tua parentela, e vai para onde eu te
mostrar”, parafraseando: “Deixa tuas certezas, tuas verdades, teus costumes,
levanta os olhos para o horizonte e bota o pé na estrada”. A Utopia é a certeza
de quem caminha. Quem tem sonhos olha para frente e com os pés no chão caminha
em direção ao horizonte, tendo a certeza que nunca o alcançará, mas que ele é a
meta para onde se caminha. Quem cultiva utopia é como um barco que sabe o porto
para onde quer ir.
Facilmente se é tentado a confundir tudo com doença,
depressão e outros males muitas vezes psicossomáticos. É Importante fazer com
clareza uma diferenciação simples, mas muito importante entre depressão e
sentimentos de fragilidade.
A depressão que pode se tornar uma doença crônica e incurável
é uma espécie de morte existencial. A depressão coloca a pessoa num fosso de
angústia, ansiedade, medo, confusão mental e espiritual. O depressivo tem medo do amanhã e foge do ontem sem viver
o agora.
Mas nem todo sentimento de medo, ansiedade, confusão mental e
espiritual é depressão, eles podem ser apenas lapsos passageiros decorrentes de
circunstâncias da vida. Agora quando a pessoa transforma estes lapsos em
alimento cotidiano, então sim se cria um processo repetitivo e as portas se
abrem para a depressão.
É uma ilusão querer estar sempre alegre. É normal sentir-se
derrubado, chateado, ou na pior de vez
em quando.
Algumas situações podem ser causas de depressão, basta ver
como são encarados:
a)
Perdas
– econômicas, afetivas, sentimentais;
b)
Doenças
– que podem causar danos ao sistema nervoso central;
c)
Níveis
hormonais – O mau funcionamento de algumas glândulas pode modificar o humor de
uma pessoa;
d)
Uso
de álcool ou drogas
e)
Histórico
de hipoglicemia.
Mas o
principal aspecto causador da depressão é o da desistência.
“Quando o homem deixar de ter esperança, podem
apagar o arco Iris” (Mário Lago); ou “Homem que é homem não perde a esperança (Clip do Roupa Nova); Ninguém pode prender um sonho (Frei
Fabreti)
Quando um
indivíduo desiste de si mesmo ele se deixa puxar para dentro e acredita que
todos os problemas estão fora dele, quando na verdade o problema mora dentro
dele. E o que o ser humano mais gostaria é que os problemas fossem resolvidos
por decreto, como escreve o poeta Paulo Leminski:
(Poema do Leminski)
BEM NO FUNDO
"No
fundo, no fundo,
Bem lá no
fundo,
A gente
gostaria
De ver
nossos problemas
Resolvidos
por decreto
A partir
desta data,
Aquela mágoa
sem remédio
é
considerada nula
E sobre ela
- silêncio perpétuo
Extinto por
lei todo remorso
Maldito seja
quem olhar para trás,
Lá prá trás
não há nada,
E nada mais.
Mas
problemas não se resolvem,
Problemas
têm família grande,
E aos
domingos saem todos a passear
O problema,
sua senhora
E outros
pequenos probleminhas."
Paulo
Leminski
Depois que
uma pessoa entra em estado depressivo, só vai sair disso quando não encontrar
mais nenhum motivo externo para atribuir as razões do seu fracasso.
Uma das
piores dependências e causas da depressão é o que se chama “dependência
emocional”. O dependente não tem coragem de viver fora da proteção do útero, o
calor do líquido amniótico é muito mais
confortável.
Para não se
deixar abater pela depressão é importante ter em conta que a vida é feita de
perdas e que a gente precisa compreender que sem a aceitação destas perdas não
se vive. Assim a primeira perda é o útero materno; em seguida é a infância; a
adolescência, a juventude, a idade madura, os laços afetivos, o emprego, os
filhos, o marido (a mulher). (Seu eu
pudesse - Pe. Zezinho...)
A pessoa pode
produzir um círculo vicioso depressivo em torno de si e para os outros quando
só consegue ver o erro e as fragilidades. Assim, em relação aos filhos: “Você
não sabe nada”; “Você não faz nada certo”. O melhor remédio contra a
depressão é não subestimar a si próprio
ou aos demais.
Dizer para si
ou para outro: “isso ou aquilo não é nada, tem pouca importância, isso nem está
doendo”. Nada disso ajuda. É preciso ser objetivo e fraterno: “Eu sei que dói,
mas vamos cuidar disso”.
Cultivar
sensação de bem estar, entender-se exatamente como a gente é com as
fragilidades e imperfeições é o melhor caminho. A pessoa não adoece de
depressão por causa de determinadas coisas ou situações. Ele se torna
depressivo por não ser capaz de lidar com os sofrimentos e fraquezas de cada
dia.
Guardar
mágoa, cultivar raiva, alimentar sentimento de vingança, engolir os sofrimentos
só para si, cuidar dos outros e não valorizar-se a si mesmo.
Lidar com os
sentimentos de depressão é ser capaz de aceitar as emoções, elaborar e dar
vazão a elas.
Cultivar
sentimentos de culpa ou remorso: Se eu tivesse feito desse modo; Eu devia ter
adivinhado aquilo, e assim por diante. O que você acha que deveria ter feito e
não fez em nada vai contribuir para que as coisas sejam melhores. Ficar se
autopunindo é admitir que errou intencionalmente. Nada de ficar pensando: Se
não consigo fazer isso eu não sirvo para nada, devo ser punido. (vídeo
motivacional)
O melhor
remédio é não transformar os fatos em situação. É aceitar que os fatos existem
que eu posso viver e ser melhor apesar deles.
A depressão é
o resultado de atitudes inadequadas, a cura implica em mudar atitudes e posturas.
Ninguém deve
se auto qualificar como incapaz, afinal “Deus não escolhe os capacitados, mas
capacita os escolhidos” e fazendo minhas as palavras do Papa Francisco: “Sempre
é possível colocar mais água no feijão”, pois se a gente colocar nossa fé e
ação vai dar tudo certo.