domingo, 10 de novembro de 2013

PALESTRA MOTIVACIONAL

“ONDE ESTÁ O TEU TESOURO ALI ESTÁ O CORAÇÃO”
(Todo mundo tem um dia daqueles)

As palavras de Jesus são as mais adequadas para falar do tema a que se propõe a nossa conversa na tarde de hoje. Ao longo da vida, e por diferentes motivos o ser humano vai formando conceitos e estabelecendo níveis de verdade e aceitação das pessoas e das coisas. Assim, por exemplo, facilmente se diz: “tal coisa me faz bem, disto eu gosto e daquilo não”, e assim por diante.
Nas relações e contatos a pessoa vai estruturando modos de vida que podem trazer alegria e esperança, ou tristeza, desilusão, cansaço, medo, angústia, etc.
Uma figura  bíblica que facilita a compreensão do que é o sofrimento e o medo, é a Mulher Samaritana. Sem nome, desiludida e que se excluía do convívio social. (João 4).
Em contrapartida está a figura de Maria a Mãe de Jesus. (Magnificat)! Não lhe faltaram oportunidades para achar que a vida não tinha mais importância, ou melhor, para acreditar que a vida tinha lhe pregado uma peça. (Recordar diversas cenas da vida de Maria).
Citando essas pessoas pode-se recordar algumas centenas ao longo da historia da humanidade. Nelson Mandela – na áfrica;  Ghandi na Índia;  Luther King nos Estados Unidos; Luiz Inácio Lula da Silva, Olga Benário, Irmã Dulce em Salvador, D. Helder Câmara, Recife. Todos podem dizer como o poema de Cecília Meireles: “Aprendi com as primaveras a ser podado e renascer sempre mais forte”  (Poema Primaveras)
Quando se trata de não se deixar abater a primeira atitude é reconciliar-se com a imagem que se tem de sim mesmo.
 “A forma como sentimos acerca de nós mesmos é algo que afeta crucialmente todos os aspectos da nossa existência, desde a maneira como agimos no trabalho, no amor, no sexo, até o modo como atuamos como pais, avós,  e até onde alcança a nossa vida. A autoestima positiva é um requisito indispensável para uma vida satisfatória”. (A mulher invisível)

Gostar-se si mesmo tem um componente extraordinário que faz reconhecer e acreditar na competência pessoal. E isto é um elemento que dá forças para lidar com os desafios da vida, com as necessidades e com as emoções.
Sempre que se convive ou se deixa rodear por pessoas insatisfeitas e que vivem de mal com a vida se está sujeito a incorporar e adotar tal modalidade de vida. É neste sentido que se situa o ditado popular: “É preferível um triste santo a um santo triste”.
Todos os dias, se é desafiado a ouvir de novo o mesmo convite que Deus fez para Abraão:
“Deixa a tua casa, tua parentela, e vai para onde eu te mostrar”, parafraseando: “Deixa tuas certezas, tuas verdades, teus costumes, levanta os olhos para o horizonte e bota o pé na estrada”. A Utopia é a certeza de quem caminha. Quem tem sonhos olha para frente e com os pés no chão caminha em direção ao horizonte, tendo a certeza que nunca o alcançará, mas que ele é a meta para onde se caminha. Quem cultiva utopia é como um barco que sabe o porto para onde quer ir.
Facilmente se é tentado a confundir tudo com doença, depressão e outros males muitas vezes psicossomáticos. É Importante fazer com clareza uma diferenciação simples, mas muito importante entre depressão e sentimentos de fragilidade.
A depressão que pode se tornar uma doença crônica e incurável é uma espécie de morte existencial. A depressão coloca a pessoa num fosso de angústia, ansiedade, medo, confusão mental e espiritual. O depressivo  tem medo do amanhã e foge do ontem sem viver o agora.
Mas nem todo sentimento de medo, ansiedade, confusão mental e espiritual é depressão, eles podem ser apenas lapsos passageiros decorrentes de circunstâncias da vida. Agora quando a pessoa transforma estes lapsos em alimento cotidiano, então sim se cria um processo repetitivo e as portas se abrem para a depressão.
É uma ilusão querer estar sempre alegre. É normal sentir-se derrubado, chateado, ou na pior  de vez em quando.
Algumas situações podem ser causas de depressão, basta ver como são encarados:
a)     Perdas – econômicas, afetivas, sentimentais;
b)    Doenças – que podem causar danos ao sistema nervoso central;
c)     Níveis hormonais – O mau funcionamento de algumas glândulas pode modificar o humor de uma pessoa;
d)    Uso de álcool ou drogas
e)     Histórico de hipoglicemia.

Mas o principal aspecto causador da depressão é o da desistência.
 “Quando o homem deixar de ter esperança, podem apagar o arco Iris” (Mário Lago); ou “Homem que é homem não perde a esperança (Clip do Roupa Nova); Ninguém pode prender um sonho (Frei Fabreti)
Quando um indivíduo desiste de si mesmo ele se deixa puxar para dentro e acredita que todos os problemas estão fora dele, quando na verdade o problema mora dentro dele. E o que o ser humano mais gostaria é que os problemas fossem resolvidos por decreto, como escreve o poeta Paulo Leminski:
(Poema do Leminski)

BEM NO FUNDO


"No fundo, no fundo,
Bem lá no fundo,
A gente gostaria
De ver nossos problemas
Resolvidos por decreto

A partir desta data,
Aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
E sobre ela - silêncio perpétuo


Extinto por lei todo remorso
Maldito seja quem olhar para trás,
Lá prá trás não há nada,
E nada mais.

Mas problemas não se resolvem,
Problemas têm família grande,
E aos domingos saem todos a passear
O problema, sua senhora
E outros pequenos probleminhas."
Paulo Leminski


Depois que uma pessoa entra em estado depressivo, só vai sair disso quando não encontrar mais nenhum motivo externo para atribuir as razões do seu fracasso.
Uma das piores dependências e causas da depressão é o que se chama “dependência emocional”. O dependente não tem coragem de viver fora da proteção do útero, o calor do líquido amniótico é  muito mais confortável.
Para não se deixar abater pela depressão é importante ter em conta que a vida é feita de perdas e que a gente precisa compreender que sem a aceitação destas perdas não se vive. Assim a primeira perda é o útero materno; em seguida é a infância; a adolescência, a juventude, a idade madura, os laços afetivos, o emprego, os filhos, o marido (a mulher). (Seu eu pudesse - Pe. Zezinho...)
A pessoa pode produzir um círculo vicioso depressivo em torno de si e para os outros quando só consegue ver o erro e as fragilidades. Assim, em relação aos filhos: “Você não sabe nada”; “Você não faz nada certo”. O melhor remédio contra a depressão  é não subestimar a si próprio ou aos demais.
Dizer para si ou para outro: “isso ou aquilo não é nada, tem pouca importância, isso nem está doendo”. Nada disso ajuda. É preciso ser objetivo e fraterno: “Eu sei que dói, mas vamos cuidar disso”.
Cultivar sensação de bem estar, entender-se exatamente como a gente é com as fragilidades e imperfeições é o melhor caminho. A pessoa não adoece de depressão por causa de determinadas coisas ou situações. Ele se torna depressivo por não ser capaz de lidar com os sofrimentos e fraquezas de cada dia.
Guardar mágoa, cultivar raiva, alimentar sentimento de vingança, engolir os sofrimentos só para si, cuidar dos outros e não valorizar-se a si mesmo.
Lidar com os sentimentos de depressão é ser capaz de aceitar as emoções, elaborar e dar vazão a elas.
Cultivar sentimentos de culpa ou remorso: Se eu tivesse feito desse modo; Eu devia ter adivinhado aquilo, e assim por diante. O que você acha que deveria ter feito e não fez em nada vai contribuir para que as coisas sejam melhores. Ficar se autopunindo é admitir que errou intencionalmente. Nada de ficar pensando: Se não consigo fazer isso eu não sirvo para nada, devo ser punido. (vídeo motivacional)
O melhor remédio é não transformar os fatos em situação. É aceitar que os fatos existem que eu posso viver e ser melhor apesar deles.
A depressão é o resultado de atitudes inadequadas, a cura implica em mudar atitudes e posturas.

Ninguém deve se auto qualificar como incapaz, afinal “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos” e fazendo minhas as palavras do Papa Francisco: “Sempre é possível colocar mais água no feijão”, pois se a gente colocar nossa fé e ação vai dar tudo certo.

PALESTRA DO PADRE ELCIO

A MÃO HUMANA – PARA ALÉM DA ANATOMIA

Por conta dos  27 ossos, dúzias de músculos e milhões de nervos a mão humana pode segurar quilos, esmagar, quebrar, construir, realizar movimentos de precisão, realizar microcirurgias de complicadíssimo alcance, e um sem número de atividades físicas, sociais, laboriosas e etc.
Muito além destas possibilidades e de inúmeras outras que as circunstâncias permitem realizar, a mão humana é expressão de amor, de ódio, de indignação, de reprovação. A mão é um extraordinário instrumento de comunicação, se constitui num dos principais elos  de ligação da criatura humana com o mundo que está ao seu redor.
Tem-se noticia que os primeiros estudos em torno dos mistérios escondidos na mão, datam de 3.000 A.C. na civilização chinesa. Estudos da mesma natureza são conhecidos na Índia por volta de 2.000 A.C. Os gregos foram  fascinados estudiosos da simbologia retratada pelas mãos, é da Grécia que nos vem a palavra: Quirosofia: “Sabedoria da mão”.
Na civilização judaica pré-cristã  a mão e os gestos da mão ganham poder, dependendo de quem faz uso e como dela se utiliza: “Quando eu levantar a mão contra os egípcios e tirar do meio deles os israelitas, aqueles ficarão sabendo que eu sou o Senhor” (Ex. 7, 5). O profeta Isaias afirma: “O Senhor Deus pôs sua poderosa mão sobre mim e me avisou a mim e aos meus seguidores que não andássemos no caminho que o povo estava seguindo” (Is. 8, 11). No evangelho de Marcos tem-se um dos mais bonitos gestos de Jesus: “Então, Jesus abraçou as crianças e as abençoou, pondo as mãos sobre elas” (Mc. 10, 16).
No início do cristianismo os dedos da mão tiveram um papel especial para representar a sua crença: O polegar significava Deus Pai, o Indicador o Espírito Santo Santo e o dedo médio a pessoa de Jesus Cristo cujos dedos anular e mínimo significavam as duas naturezas: divina e humana.
Para os muçulmanos, os cinco dedos da mão representavam os diversos membros da sagrada família, sendo que o polegar representava Maomé. Para a religião Islâmica os cinco dedos também representam os cinco principais mandamentos:
Polegar: Celebrar a festa de ramadã;
Indicador: Realizar a peregrinação a Meca;
Médio: Dar esmola aos pobres;
Anular: Realizar todas as purificações necessárias;
Mínimo:  Combater todos os infiéis.
Os dedos são carregados de simbologia e representacionalidade.
Existe uma lenda chinesa muito interessante e que bem retrata a importância dos dedos da mão.
Os polegares representam seus pais.
Os indicadores representam seus irmãos e amigos.
O dedo médio representa você mesmo.
O dedo anular representa seu esposo/a.
Os dedos mindinhos representam os filhos.
Vamos fazer a experiência:
Primeiro junte as suas mãos, palma com palma, depois dobre para dentro os dedos médios (que representa você) unindo nós com nós.


Agora tente separar de forma paralela os polegares (representa os pais) você perceberá que se abrem, porque seus pais não estão destinados a viver com você até o dia de sua morte. Una-os de novo.

Agora tente separar da mesma maneira os dedos indicadores (representa seus irmãos e amigos) você perceberá que também se abrem porque eles se irão e terão destinos diferentes, como casar-se e ter filhos.
Tente agora separar da mesma forma os dedos mindinhos (representa os filhos) estes também se abrem porque seus filhos crescem e quando já não precisam de você, se vão. Una-os de novo.
Finalmente, tente separar os seus dedos anulares (o quarto dedo que representa o companheiro/a) você se surpreenderá ao ver que simplesmente não conseguirá separá-los. Isso acontece porque um casal está destinado a permanecer unido até o último dia de sua vida. E é por isso que o anel é usado neste dedo.
A mão, os gestos feitos com mão, tem um significado especial em todas as culturas. São posições de oração – erguer as mãos – manter as mãos sobre a cabeça, entrecruzar e apertar as mãos. Na índia os gestos das mãos são essenciais para a realização de danças sagradas. No ritual cristão e na religião católica são infindáveis os gestos feitos com a mão e a importância dada a cada deles. 
O Pe. Zezinho, que é um ícone da música sacra no Brasil, tem uma canção que diz assim: “Erguei as mãos com alegria, Mas reparti também o pão de cada dia”.
As crianças tocam tudo para sentirem as pessoas, os objetos, os espaços. As mãos são sensíveis ao toque, à vibração, à temperatura. As mãos distinguem a condição de uma superfície a textura de determinado material ou tecido, etc.
Um simples aperto de mão fornece importantes informações sobre a pessoa com quem se está se relacionando, o gesto pode significar calor humano, acolhida, hostilidade, força, amizade, coragem, fraqueza, tudo isso numa fração de segundos. Apertar a mão da pessoa amada na hora da sua morte é um gesto carregado de sentimentos e pode bem significar a ajuda que se quer dar neste último passo da vida.
Dizem os estudiosos da psicologia humana que desde o primeiro ano de vida as mãos do bebê expressam sentimentos de necessidade, alegria, tristeza, cólera, surpresa, de apreensão.
O psiquiatra Carl Jung (Médico e pensador suíço, que viveu até 1961, considerado o pai da psicologia analítica), escreveu: “...As mãos, cuja forma e funcionamento estão tão intimamente ligados com a psique, podem proporcionar expressões reveladoras, logo interpretáveis da peculiaridade psicológica, isto é, do caráter humano”.
Em síntese:
1)              A análise da mão ajuda a pessoa a aumentar o autorreconhecimento de forma mais aprofundada. Indica pontos fracos e fortes, põe em evidência ensinamentos que serão sempre necessários para a vida.
2)              A leitura da mão ensina que o conflito tem uma finalidade benéfica na vida e ajuda a desenvolver a sabedoria, a coragem, e a experiência.
3)              Ultrapassa padrões e projeções do limitado ser, indica onde se  está  e para onde pode ir? Mostra como a natureza psicológica pode afetar a saúde, carreira e relações. Indica o que é preciso para obter maior sentido de harmonia  equilíbrio na vida. Chico Xavier se pronunciou assim: Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
4)              A quiromancia pode proporcionar um grau de autoconfiança e de fé em si mesmo ajuda a ultrapassar os desafios e obstáculos com otimismo e determinação. Há uma canção católica com a seguinte afirmação: Ninguém pode prender um sonho E impedir alguém de sonhar.Ninguém pode prender a esperança...”
5)              A análise das mãos torna a pessoa capaz de escolher os tipos de atividade a realizar  na vida de tal modo a sentir maior prazer, vantagem e autorrealização.
6)              É um auxílio para ver a vida como uma aventura que é vivida mais do que como uma série de problemas, dificuldades e castigos.
7)              Facilita a obtenção de força e de sabedoria interior que permite atravessar com coragem os momentos de dificuldade.
8)              Ajuda a compreender as necessidades reais e chegar a recomendação conveniente de terapia ou de prevenção.
Ler a mão de outrem é uma tarefa séria, exigente e de altíssima responsabilidade. Apresentar a mão para que outra pessoa faça a leitura implica permitir que este outro faça uma incursão na sua intimidade e, muitas vezes, naquilo que lhe é mais sagrado: A sua consciência. É como ler as cartas ou o diário de alguém!
A mão é ao mesmo tempo uma ferramenta e um determinante para a ferramenta. Jesus fala do poder da mão de diversas maneiras. Uma delas é o poder de dominar e oprimir: Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”. (Mateus 5, 38-42). A mão é uma placa pré-impressa ao mesmo tempo é uma impressora quem se habilita a lê-la desnuda as profundezas, expõe as possibilidades.
A posição normal da mão é voltada para seu interior, diferente do rosto ela não precisa de uma máscara, ela não se serve de artifícios. Mostrar a parte interna das mãos é provar a pureza das intenções: “Olhe, não tenho nada para esconder de ti”.
É importante que seja estabelecido entre o leitor e aquele que se deixa ler um acordo de confiança e confidência absoluta. Ler a mão de alguém não pode ser um instrumento para impressionar ou seduzir, nem muito menos para obter controle sobre a vida do outro.
A honestidade é uma condição essencial em toda análise de mão. As observações são feitas de modo amável e sem caráter de juízo. Pode-se aplicar aqui a lição das “Três peneiras de Sócrates”. (Bom, útil e necessário).
A leitura da mão não é sinônimo de futurismo positivista nem tampouco de mensageiro da desgraça. Trata-se de apontar oportunidades.
Na condição de leitor de mão o intérprete não pratica nenhum tipo de terapia, nem consulta psicológica. Para ambos os casos, a honestidade daquele que lê é fundamental e depois de alguns encontros deverá encaminhar a pessoa para o tratamento adequado. A leitura de mãos pode conduzir para a dimensão do aconselhamento  e ajuda humanitária, mas nunca se confunde com tratamento psicológico ou religioso.
A função primeira da leitura de mãos é educar e ajudar a pessoa a se autoconhecer. Stephen Arroyo – (Astrólogo americano – na obra Psicologia Astrologia, e os quatro elementos: uma Abordagem Energia a Astrologia & Seu Uso nas artes de aconselhamento) ,  escreveu  que ao dar um conselho, ou ao receber uma constatação de qualquer natureza:
“Haveria de ter em mente que o simples conselho não acompanhado dos meios para uma compreensão mais aprofundada é de pouco valor, pois cada pessoa deve fazer o seu próprio trabalho e deve, pela sua própria experiência, chegar à máxima consciência que lhe permita superar ou transcender a dificuldade”.

Isso implica compreender que o próprio sujeito que se apresenta para a leitura de mãos precisa procurar, por si mesmo solução para os seus problemas.

sábado, 9 de novembro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 09 DE NOVEMBRO DE 2013

EU CREIO QUE O MEU SENHOR VIVE...

A profissão de fé que os cristãos pronunciam a cada missa e que recitam com certa frequência também nas orações diárias faz uma série de afirmações próprias de quem tem certeza daquilo que está dizendo. Entretanto,  a força da palavra nem sempre se confirma no cotidiano das ações. Não é raro cristãos católicos que também creem na reencarnação e em tantas outras doutrinas que não estão contidas na renovação da fé que se faz de modo solene também em momentos especiais da vida como o batismo, a  primeira comunhão e a crisma.
Pois as leituras da Palavra de Deus deste domingo ajudam a perceber como é importante a sintonia entre aquilo que se acredita e o modo como se vive a fé. No texto de Macabeus, os irmãos realizam na prática o que acreditavam no coração: Prefiro ser morto pelos homens tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará”. É uma das poucas referências à vida eterna que se encontra no Antigo Testamento. Atestam sua fé no Deus que garante uma vida onde os sofrimentos do tempo presente não tem comparação com a glória futura.
Com tão extraordinária maneira de entregar-se nas mãos de Deus, é possível também hoje rezar como o Salmista: “Ao despertar, me saciará vossa presença e verei a vossa face!”. Ou ainda ter a certeza que moveu São Paulo e que ele expressa na carta aos Tessalonicenses:Nosso  Senhor Jesus Cristoe Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma  Consolação eterna e feliz esperança, animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e palavra”.
Já no Evangelho Jesus desmonta mais uma armadilha dos entendidos em lei e de novo não responde a partir da mesquinhez da pergunta, ele vai muito além, dizendo em que consiste a Vida Eterna. Longe de ser uma continuação com os limites e fragilidades deste mundo Jesus afirma: “Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se, mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram”.

Esta categórica afirmação de Jesus refirma a perspectiva de futuro centro da fé cristã. Essa verdade só pode ser compreendida por quem compreende também que a morte não significa um prolongamento da efêmera vida nesta terra, pelo contrário, trata-se de uma passagem que transforma  a vida em algo muito melhor. E naturalmente como toda transformação e passagem exige coragem e determinação que os cristão buscam na oração pessoal e coletiva como se faz a cada domingo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 03 DE NOVEMBRO DE 2013

SEJAM SANTOS COM O PAI DE VOCÊS É SANTO
A vida humana é marcada por inúmeras buscas e desafios. Cada vez que se toma conhecimento de alguma condição melhor para se viver a pessoa empreende todos os esforços a fim de ir para uma determinada região, galgar um novo emprego, mudar de cidade e assim por diante.
Na solenidade de todos os santos a Igreja dá graças a Deus com estas palavras: “Festejamos hoje a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os santos, vos cercam,  e cantam eternamente o vosso louvor. Para essa cidade caminhamos pressurosos, peregrinando na penumbra da fé, alegres por saber que estão na vossa luz tantos membros da Igreja que nos dais ao mesmo tempo como exemplo e ajuda inestimável”.
É cada vez mais aceita a compreensão de que ser santo significa viver em plenitude as virtudes do evangelho e por isso costuma-se qualificar as pessoas com o título de santo(a) não necessariamente por ter feito muitos milagres, mas porque sua vida serve de exemplo e modelo para quem ainda está a caminho.
Quando se quer ir para algum lugar que não se conhece bem, uma atitude sábia é consultar alguém que já esteve por lá. Quase sempre aquele que é procurado dá uma série de indicações sobre como proceder, seja no caminho, seja na estadia naquele lugar estranho.
É sobre esta ótica que se celebra o dia de todos os santos. Recordam-se os irmãos e irmãs que viveram num tempo determinado, num lugar e condição específica e que acertaram os passos na vida. As leituras proclamadas enaltecem esta situação e fortalecem a confiança.
No texto do Apocalipse o autor se confia à multidão dos que lavaram suas vestes no sangue do cordeiro e agora proclamam: “"A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro. Amém. O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre. Amém".
Já a carta de João faz valorizar a filiação e por meio dela ter convicção que todos são herdeiros e poderão transitar livremente na cidade do céu, cuja ação de graças se proclama na missa.
Naturalmente que aqueles que assim procederam se enquadram entre os bem aventurados de quem Jesus fala no Evangelho e a quem ele  convida: “Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.
Em resumo, todos poderão participar  da multidão dos que são filhos de Deus e para isso basta tomar algumas atitudes muito simples, embora exigentes e que transformem o cotidiano das relações na família, na sociedade e na Igreja. 


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA DE FINADOS

NINGUÉM VAI AO PAI SE NÃO POR MIM...

Acreditar nas palavras de Jesus tem sido, ao longo do tempo, praticamente a única certeza e muitas vezes o único conforto que dos cristãos. Mais cedo ou mais tarde todos podem provar que as palavras do Mestre de Nazaré encontram ressonância na sua vida e nos acontecimentos do cotidiano.
Uma das situações particularmente delicada que o ser humano precisa lidar se constitui pela experiência da morte. Diante desta realidade é comum ficar sem palavras e querer buscar respostas e explicações para um fato que não cabe em nenhuma resposta e muito menos em qualquer justificativa.
O ser humano nasce e está pronto para morrer. A atitude sábia e bonita que a fé ensina aparece no carinho que as famílias têm para com aqueles que morreram. Cuidar do jazigo onde repousam os restos dos entes queridos, visitar o cemitério, cultivar atitudes de respeito mostra a grandeza da vida e solenidade da morte.
Porém, há uma verdade não compreendida, mas diversas vezes manifestada para os cristãos. “Se a certeza da morte entristece a confiança na imortalidade conforta”. De fato todos os textos bíblicos que fazem referência à morte são também provocadores de fé e fazem reacender a esperança.
No dia, reservado para lembrar os mortos, merece reforçar a força que se recebe pela Fé. Acreditar que a morte não é o fim e que pelos merecimentos de Jesus que  salvou a todos, um dia será possível viver o reencontro com os que já partiram, enxuga as lágrimas e garante  que a vida com suas fragilidades está nas mãos de Deus.

Neste sentido a doutrina católica da comunhão dos santos ganha particular importância. Cada vez que se proclama a fé e se diz: “Creio na ressurreição dos mortos, na comunhão dos santos e na vida eterna” se está afirmando a importância de rezar juntos com os vivos e os falecidos para confortar o coração de todos. 

HOMILIA PARA O DIA 27 DE OUTUBRO 2013

NÃO AO CORAÇÃO ORGULHOSO...


O Papa Francisco que surpreendeu o mundo  mais com suas atitudes do que com suas palavras, também fez afirmações categóricas e que ajudam a compreender quem é o Deus a quem os cristãos adoram.  Dentre as declarações do Papa, a expressão: “Sou um pecador para quem o Senhor olhou. Sou alguém que é olhado pelo Senhor”. Se encaixa perfeitamente no contexto da Palavra de Deus deste domingo.
A última oração que o padre reza na missa deste domingo diz assim: “Que os vossos sacramentos produzam em nós o que significam”. Participando da missa cada pessoa tem consciência que está buscando modificar-se, adequar sua vida às propostas do evangelho, em resumo, pede a graça de ser melhor, mais santo, semelhante a Deus Pai que é Santo.
Efetivamente, as leituras  bíblicas deste domingo tem total consonância com a afirmação do Papa Francisco e com aquilo que os cristãos rezam na assembleia reunida. No texto do livro Eclesiástico o autor afirma que a ação de Deus não despreza aquele que pede com o coração: “Quem serve a Deus como ele o quer, será bem acolhido e suas súplicas subirão até as nuvens. A prece do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo intervenha, e faça justiça aos justos e execute o julgamento”.
Por sua vez, São Paulo fala para o amigo Timóteo, convencido que toda a sua vida foi uma preparação para o encontro definitivo com aquele que lhe chamou. Sua comparação com as práticas desportivas lhe dá a certeza que não foi perfeito, mas que fez aquilo que a vida lhe pedia para fazer: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. E o Senhor esteve a meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão”.
Na parábola dos dois que vão ao templo rezar, num primeiro momento nada há de errado que cada um reconheça as suas virtudes e fracassos. O Fariseu, não está errado apresentando a sua reta conduta e aquilo que de fato ele fez cumprindo a lei e os mandamentos. O publicano nem tampouco pode ser desprezado por sua fragilidade. O erro do primeiro, e o endereço da parábola contada por  Jesus não é para uma  pessoa em particular ou para uma classe de pessoas. O que Jesus condena não é o sujeito, nem tampouco o fato de que o fariseu seja um cumpridor da lei. A advertência de Jesus está na condição em que a pessoa se coloca acima e melhor que os demais.
É neste sentido que a palavra do Papa Francisco ganha importância e coerência com a Palavra de Deus. Ele é o líder da Igreja Católica, toma atitudes de um chefe de estado, comporta-se como autoridade, mas não se orgulha desta condição, reconhece sua pequenez diante de Deus e diante do mundo.

O Exemplo do Papa tem sintonia com o convite de Jesus: Independente da perfeição do coração de cada um é importante não esquecer que se tem o coração ferido e rezar com se faz no salmo: “O Senhor liberta a vida dos seus servos, e castigado não será quem nele espera”.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 20 DE OUTUBRO DE 2013 - 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM

DO SENHOR É QUE VEM O MEU SOCORRO...

Não é raro entre os cristãos a prática de promessas, de novenas, de corrente de oração, de invocação aos santos,  e um sem número de alternativas pedindo que Deus mostre os caminhos, aponte soluções e ajude a resolver problemas.
A motivação principal com estas preces e intercessões é abrir-se à graça de Deus para que ela possa agir dando forças físicas e emocionais para enfrentar cada uma e todas as urgências e necessidades.
Estas atitudes aparecem nos textos da Palavra de Deus que se proclama neste domingo.  De um lado está o exército de Israel combatendo com armas, isso é, fazendo a parte que lhe compete, de outro lado está Moisés confiando a força e a garra do seu povo ao coração misericordioso de Deus. Obviamente que a união destas duas forças se confirma na oração do salmo: “Eu levanto os meus olhos para os montes: de onde pode vir o meu socorro? Do Senhor é que me vem o meu socorro,  do Senhor que fez o céu e fez a terra!”.
Na mesma direção está a recomendação de Paulo a Timóteo. O texto situado num tempo de perseguição intensa contra os cristãos  os ajuda e estimula a não fraquejar diante das dificuldades, mas, pelo contrário a permanecer firme e confiante na verdade que foi ensinada: “Permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como verdade; tu sabes de quem o aprendeste”.
E de modo mais que simples e objetivo o Evangelho começa com a frase: “Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”. As duas pessoas envolvidas na história mostram os extremos da força e da fragilidade daquele tempo. Uma viúva sem nenhuma proteção e cuidado da parte de ninguém e um juiz detentor de toda autoridade.
A indefesa viúva só tem a força da sua persistência e esta condição que lhe garante ser atendida mesmo por um homem que nada tinha de compaixão. De longe Jesus deixa transparecer que o coração de Deus seja insensível ao clamor humano, antes de tudo, afirma categoricamente: “Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa”.
Em resumo, o que está explicito na Palavra de Deus deste domingo é certeza que à medida que a criatura humana for capaz de buscar com insistência tudo aquilo que tem direito e que o faz na convicção de estar agindo com justiça não ficará sem resposta.

Na reunião de oração a comunidade inteira é convidada a fazer exatamente a mesma coisa: Ouvir e não se descuidar da fé, a fim de que a força do evangelho ajude a todos serem verdadeiras testemunhas da ação de Deus no mundo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 13 DE OUTUBRO DE 2013

O SENHOR FEZ POR NÓS MARAVILHAS...

Quanto mais o ser humano vai adquirindo conhecimentos e informações, cada vez são maiores as suas angústias e preocupações. O homem contemporâneo encontra explicações para quase todas as limitações, mas ainda não resolve a preocupação fundamental sobre a origem da vida e a constituição última deste mistério. A neste ponto, independente de qualquer religião ou mesmo de ausência de fé ele se obriga a admitir o mistério que em última instância se encontra no sobrenatural.
Este é também o ensinamento da liturgia da Palavra deste domingo. Na primeira leitura tem-se o diálogo de um estrangeiro inimigo com o profeta. Ao final da conversa as certezas do incrédulo estrangeiro caem por terra e ele admite que o profeta tem um Deus protetor: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel!”. Não sem razão o salmo canta as maravilhas deste Deus único e a assembleia reza na mesma intensidade: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e o seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória”.
São Paulo, na continuação da carta que pode ser entendida como o seu testamento faz perceber que o único porto seguro é Jesus Cristo e o seu ensinamento: “Merece fé esta palavra:  se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.
E na continuação da sua caminhada para Jerusalém, o Senhor se depara com os leprosos excluídos do convívio social e sem possibilidade de participar da normalidade da vida. Mediante o  pedido: “Mestre, tem compaixão de nós!”. Jesus não se limita a fazer um milagre ou mostrar-lhes um sinal, pelo contrário, os chama à responsabilidade e a participação: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”.  Uma vez que aceitaram esta proposta, imediatamente estão curados e possibilitados para participar da sociedade que os havia excluído.
Mas o que mais conta em tudo isso, não é nem o fato de ser curado, e a condição de haver despertado a fé naquele estrangeiro que voltou para agradecer: “tua fé te salvou”.

É assim que a igreja se coloca diante da Palavra do Senhor e os fiéis reunidos em oração são chamados a enfrentar as dificuldades da vida, sem esquecer de dar graças e reconhecer que é Deus mesmo quem ajuda e alivia os sofrimentos nos momentos mais difíceis ou nas horas de abandono que a vida parece patrocinar cada vez com mais frequência.

NOSSA SENHORA APARECIDA

MÃE DO CÉU MORENA...


As relações contemporâneas estão cada vez mais exigindo a interpretação de sinais e símbolos. Estes por sua vez, como o próprio nome, podem ser interpretados sob diversos pontos de vista e de acordo com a ótica interpretativa ganham outros sentidos e compreensão.
A Solenidade de N. Sra. Aparecida, no contexto das festas da Igreja  tem uma significação particular para o Brasil e o seu povo. A imagem encontrada  no rio Paraíba é muito mais do que um sinal para a sociedade de outrora que entendia como normal que seres humanos fossem tratados como escravos feito mercadoria.
As leituras bíblicas sugeridas para a celebração da Igreja nesta ocasião são também repletas de sinais e símbolos que ensinam por si mesmos e permitem tirar lições para todos os tempos. A rainha Ester, cujo relato se ouve na primeira leitura, serve-se da sua beleza física, mas sobretudo da sua  Fé no Deus de Israel. Se aproxima do trono real e usando dos seus direitos faz um único pedido que nada tem de vantagem pessoal: “"Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do meu povo - eis o meu desejo!”.
O texto do apocalipse apresenta uma frágil mulher, sendo colocada à prova diante da força do dragão. Com todas as prerrogativas de um poder opressor o dragão ameaça a vida dela mesma e daquele a quem ela vai dar à luz. Eis que de novo se pode tirar a lição sob o alcance da mão de Deus. A mulher é a figura do povo fragilizado e perseguido, nos nossos tempos pode ser entendida também como a imagem da Igreja manchada e perseguida por ameaças gigantes que estão dentro dela mesma. Mas eis que a seu tempo Deus envia seus anjos e a mulher é socorrida enquanto o dragão é expulso.
Formosa e  também frágil é a vida do povo. Chega um momento no qual já não se pode mais aceitar alguns sinais de reposição do velho vinho, é necessário um vinho novo e este é Jesus – filho de Maria – é Ela mesma quem reconhece, dentre as muitas interpretações que se pode fazer do “milagre em Caná da Galileia” – que agora o que importa é deixar falar o “vinho novo” isto é seu Filho Jesus: “Façam tudo o que ele disser


HOMILIA PARA O DIA 06 DE OUTUBRO DE 2013

HOJE, NÃO FECHEIS O VOSSO CORAÇÃO...

O Salmo de resposta que se reza neste domingo na liturgia faz um convite insistente a crescer na Fé, cuja preocupação era também a dos discípulos e que foi manifestada no texto do Evangelho. Entretanto a Fé não é uma condição abstrata e sem conexão com a vida.
Na entrevista que concedeu esta semana o papa Francisco fez um apelo ao mundo para manifestar a Fé com gestos bem concretos em favor das pessoas. Durante a entrevista o papa pediu que o mundo tenha diante de si as preocupações com a juventude e com os idosos e afirmou que estas duas fases são as mais ameaçadas na vida e por isso mesmo as mais vulneráveis. Tal pedido tem total sintonia com as leituras escolhidas para este domingo.
O profeta Habacuc faz um lamento diante de Deus por causa do sofrimento das pessoas que estão como que pisoteadas pela impiedade: “Senhor, até quando clamarei, sem me atenderes? Até quando devo gritar a ti: 'Violência!', sem me socorreres? Por que me fazes ver iniquidades, quando tu mesmo vês a maldade?. Porém o clamor do profeta não cai no vazio, Deus mesmo lhe responde: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé” Dito de outra maneira se pode compreender o texto como um convite para cultivar uma fé operante, que valoriza e promove a vida, que garanta dignidade e alegria.
Já São Paulo, na carta a Timóteo, faz um testamento de despedida que ao contrário de alimentar o medo, a dor e a tristeza, encoraja para o testemunho:Exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Guarda o precioso depósito, com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós”.
E quando os discípulos pedem que Jesus lhes aumente a fé, mais uma vez ele não trata a partir da quantidade, mas da qualidade: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: `Arranca-te daqui e planta-te no mar', e ela vos obedeceria”. E para quem está convencido daquilo que bom e justo basta agir com a consciência do dever cumprido. Nem mais, nem menos: “Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei:  Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”.
Neste sentido a Palavra de Deus é um convite para viver plenamente a serviço da vida sob a ótica da fé. Reconhecer que se é convidado a ir muito além da mediocridade cotidiana cooperar com a obra de Deus no mundo, precisamente nos locais onde ela está mais fragilizada e ameaçada. É aqui que entra preocupação do papa Francisco: Cuidar dos jovens e dos velhos isso parece ser o problema mais urgente que a Igreja tem pela frente.
Por isso mesmo os cristãos se reúnem para rezar uns com os outros confiantes que o Senhor pode dar “mais do que merecemos e pedimos”.


sábado, 28 de setembro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 29 DE SETEMBRO DE 2013

O SENHOR AMA AQUELE QUE É JUSTO

Nesta semana dois fatos chamaram a atenção do mundo. A Conferência das Nações Unidas e mais uma vez os discursos do Papa do Francisco. Na abertura da Conferência da ONU a presidente do Brasil mostrou sua indignação com a atitude dos países mais poderosos que tratam os demais com desrespeito querendo impor à força as suas vontades, usando para isso de todos os meios legais e ilegais.
O Papa Francisco no discurso que fez à multidão na quarta feira pela manhã em Roma afirmou que o cristão precisa antes de falar mal de alguém “morder a  própria língua”, neste sábado falando para o pessoal que trabalha dentro do Vaticano fez as mesmas observações pedindo que todos se ocupem exatamente com a sua função e não se deixem levar pelas fofocas, maledicências e intrigas que facilmente são cultivadas entre as pessoas.
Nos dois casos a lição que se pode tirar está na direção da responsabilidade consigo e com os demais. Antes de ficar se preocupando com o modo como ser melhor, maior, mais importante, é necessário garantir que as coisas no mundo estejam a serviço do ser humano para que este possa viver bem como criatura de Deus.
A Igreja se reúne em assembleia de oração e neste domingo, mais uma vez, reza unida a fim de aprender como cuidar dos outros e da vida para que ela seja boa e feliz para todos.
A Palavra de Deus proclamada nas leituras deste domingo faz lembrar exatamente isso. O profeta Amós faz uma ameaça a todos aqueles que se preocupam com seu bem viver, esquecendo-se do sofrimento alheio: Ai dos que vivem despreocupadamente, e se perfumam com os mais finos unguentos e não se preocupam com a ruína de José”. São Paulo escreve a Timóteo e lhe recomenda: “Tu que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão.
Combate o bom combate da fé”.
Por sua vez, na longa história do rico avarento e do pobre Lázaro Jesus  faz perceber que nenhuma riqueza é importante se as pessoas que estão próximas são tratadas com desprezo. Nenhum outro consolo irá substituir a capacidade de viver bem com aqueles que convivem no seu dia a dia. O rico dava banquetes finos, nunca viu o sofrimento do outro que mendigava à sua porta. Mais tarde é ele mesmo quem pede clemência e Abraão responde: Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!”. Tal afirmação pode ser interpretada para os dias de hoje a partir da compreensão que o mundo está repleto de sinais e convites para respeitar as pessoas e a vida. Quem não reconhece estes sinais vai aos poucos construindo a sua própria condenação.
Que a oração da Igreja reunida faça acontecer o que se reza na missa: “abra para nós a fonte de toda a benção... e renove a vida do cristão a fim de que ele seja herdeiro das promessas de Deus”.



domingo, 15 de setembro de 2013

ANOTAÇÕES À MARGEM DO 9º EDUCASUL...


ENSINO MÉDIO UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE...

Na Filosofia, tem-se como necessário o estudo sobre a razão de ser e a própria razão como SER. Neste último aspecto surge o chamado princípio racional, o qual é sistematizado em:
a)                  Identidade – Aquilo que é não pode não ser. Por exemplo: A carteira de identidade identifica o seu portador; as digitais de uma pessoa; a arcada dentária de um animal ou ser humano;  isso é o que se chama de “obvio”.
b)                 Não contradição – Uma coisa ou pessoa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Isso só acontece no teatro, no filme, na novela. Na vida real as pessoas são e pronto. Uma coisa “É” e pronto. Uma mesa é uma mesa, até que ela deixe de ser.
A 9ª edição do EDUCASUL, realizada nos dias 08 a 10 de agosto em Florianópolis permitiu que muitos educadores  pudessem confirmar o que já está se questionando há bastante tempo: Qual a identidade do Ensino Médio? Segundo a LDB, trata-se da última etapa da educação básica e tem como objetivo formar cidadãos, assim também se expressa o Conselho Nacional de Educação:
Tendo em vista que a função precípua da educação, de um modo geral, e do Ensino Médio – última etapa da Educação Básica – em particular, vai além da formação profissional, e atinge a construção da cidadania, é preciso oferecer aos nossos jovens novas perspectivas culturais para que possam expandir seus horizontes e dotá-los de autonomia intelectual, assegurando-lhes o acesso ao conhecimento historicamente acumulado e à produção coletiva de novos conhecimentos, sem perder de vista que a educação também é, em grande medida, uma chave para o exercício dos demais direitos sociais (Parecer CNE/CEB nº 5/2011).
Considerando esta afirmação, o evento em referência, que teve a  participação de autoridades e renomados educadores serviu também para mostrar que as ofertas que se faz do ensino médio, sobretudo na rede pública, com os outros auxílios, tal como, o PRONATEC na sua grande maioria  destinado a subsidiar a iniciativa privada, deixa a desejar no que se refere aos princípios racionais.
Uma vez que “aquilo que é não pode não ser”, como afirmar que a função do ensino médio é preparar pessoas para a Universidade? Ou pior que isso, preparar mão de obra para o mercado altamente competitivo que se instala no Brasil contemporâneo do “pleno emprego?”.
Dentre as considerações levantadas durante o evento surgiu a preocupação com a permanência, conclusão e evasão do ensino médio. Não parece difícil compreender que estas três condições estão relacionadas na sua integridade com o princípio da “Não contradição”.
As diversas iniciativas oferecidas, sobretudo, no ensino público, não respondem ao princípio fundamental: “construção da cidadania” e  “exercício dos demais direitos sociais”. Afirmações como a do Professor Gaudêncio Frigotto são facilmente compreendidas neste contexto. Declarando que “As escolas que tem Santo atrás” não mostram com a mesma intensidade a preocupação levantada em todas as outras, o professor se fez entender sob a ótica de: “as escolas que tem uma filosofia cidadã”  não sofrem da mesma “anorexia” que todas as demais.
As diversas iniciativas apresentadas incluindo: “Ensino médio integral, ensino médio integrado, técnico pós-médio” nenhuma apontou para o núcleo da questão: FORMAR GENTE! Todas estão estruturadas para uma meta cujo fim está na adequação idade/serie de conclusão do ensino médio com a respectiva entrada no mercado de trabalho ou continuidade.
Resta ainda uma pergunta que não pode deixar de ser feita: Até quando o governo continuará oferecendo incentivos para a formação de mão de obra e não tem nenhuma iniciativa voltada para garantir a permanência do jovem em escolas integrais, que não deveriam ter como meta a formação nem para a Universidade, nem para o mercado, mas para a cidadania?

Esta última observação pede uma revisão estrutural na oferta do ensino médio integral que inclua currículo, gestão, conteúdos e na própria essência da educação que pode ser bem compreendida como “oferecer aos nossos jovens novas perspectivas culturais para que possam expandir seus horizontes e dotá-los de autonomia intelectual”.

sábado, 14 de setembro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 15 DE SETEMBRO DE 2013

E O SENHOR DESISTIU DO MAL QUE HAVIA AMEAÇADO FAZER...

Na Semana passada, diante das ameaças de Guerra e de invasão à Síria, o Papa Francisco convidou o mundo para um dia de jejum e oração. O mundo rezou com a Igreja no sábado dia 07 de setembro. E como sempre Deus ouve o clamor do seu povo. Hoje circula entre as principais noticias que  líderes das maiores potências do mundo, depois de três dias de reuniões, anunciaram acordo e apresentam propostas para que a paz aconteça. Este episódio mostra mais uma vez até onde vai a misericórdia de Deus  que foi invocada pela oração de todos e que é o centro de toda a liturgia da Palavra deste domingo.
No texto do livro do Êxodo se lê o episódio do povo que se esqueceu de tudo o que Deus lhes havia feito e começa a prestar culto a outros deuses. Adorar a imagens no modo como se lê no texto, nada tem a ver com a veneração que os católicos têm por seus santos. Pelo contrário, quando invocam os santos pedem que por sua intercessão o único Deus verdadeiro seja reconhecido e adorado. No caso do povo de Israel a imagem que havia sido fabricada tinha exatamente a intenção de trocar a adoração àquele que lhes tinha livrado da escravidão. Mas Deus, pela palavra de Moisés, mesmo assim se mostrou misericordioso com o seu povo e desistiu do mal com o qual lhes havia ameaçado.
São Paulo escreve a Timóteo e o convida agradecer Jesus Cristo, de quem recebeu forças e em quem encontrou misericórdia, por isso mesmo, somente Ele merece glória pelos séculos dos séculos.
No Evangelho, mais uma vez, Jesus provoca os doutores da lei, os sábios e poderosos do seu tempo. Enquanto estes queriam que Jesus eliminasse os pecadores, declarasse guerra a quem vivia e pensava diferente dos fariseus, Jesus mostra como é a prática de Deus. Contanto as três histórias, conhecidas como “parábolas de misericórdia” Jesus ensina que Deus tem cuidado sim com aqueles que são bons, reconhece a bondade deles, mas não permite que outros se percam. No caso das ovelhas, deixa em segurança as obedientes e que seguem o rebanho, mas vai ao mesmo tempo buscar a que estava perdida.
No caso do filho pródigo, afirma ao irmão mais velho: “Tudo o que é meu é teu, mas é preciso recuperar a alegria por este teu irmão que voltou”. Este é o jeito de agir de Deus! Este é o convite que se faz a todos e particularmente a quem se reúne para fazer ação de Graças.

Nenhum cristão tem o direito de condenar os irmãos, deixar de lado os que julga imperfeitos e pecadores. A misericórdia do Pai precisa ser vivida também no dia das relações humanas.  Que a oração dos cristãos ajude a todos e ajude o mundo a construir a paz e cultivar a misericórdia. 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 08 DE SETEMBRO 2013

QUE A BONDADE DO SENHOR REPOUSE SOBRE NÓS

Nesta semana fez parte das rodas de conversas assuntos relativos a violação dos direitos humanos. Noticias divulgada sobre espionagem da vida pública e privada, ameaça de guerra e acusações nem sempre provadas tomaram conta dos noticiários e suscitaram perguntas e opiniões muito distintas. A Igreja, pela palavra do Papa Francisco convidou o mundo para oração e jejum. Tal pedido encontra fundamento numa verdade amplamente conhecida: “violência gera violência, não se pode querer resolver tudo através da força”.
É neste sentido que a oração deste domingo ganha ainda maior importância, reunidos em assembleia os cristãos rezam com o salmo: “Que a bondade do Senhor e nosso Deus repouse sobre nós e nos conduza! Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho”. Este forte apelo vem do coração das multidões que também acreditam que o Senhor é o refúgio para todos.
No evangelho proclamado na liturgia deste domingo, mais uma vez Jesus se encontra no caminho para Jerusalém e está ensinando os discípulos. Fala por meio de exemplos aos seus seguidores: Quem que me seguir precisa desapegar-se das suas certezas: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim” e conclui fazendo as comparações com aquele que se põe a construir e o que se propõe guerrear. Em ambos os casos “sentar e examinar” as condições que terá de enfrentar em ambos os empreendimentos. Isso é mesmo que dizer, considere tudo o que já tem e pense três vezes antes de iniciar uma nova ação. O evangelho é um convite para todos e a cada um: Deixe Deus falar em Você!
São Paulo envia seu escravo, de quem tem necessidade e a quem muito ama, mas dele se desapega e pede que a mesma atitude seja tomada por quem o recebe: “Gostaria de tê-lo comigo, a fim de que fosse teu representante para cuidar de mim nesta prisão, que eu devo ao evangelho, mas eu te peço – recebe-o como se fosse a mim mesmo”.
Para compreender o mundo com tudo o que nele acontece, se faz necessário deixar-se guiar pela sabedoria de Deus, como se proclama na primeira leitura. A sociedade contemporânea experimenta uma transformação sem precedentes e para que esta nova realidade possa ser entendida e vivida de modo digno é necessário compreender a grandeza das palavras de Jesus: Esvaziar-se de si mesmo e das suas certezas.

Que a oração de todos e a reunião dos irmãos neste domingo ajude e ilumine a fim de que sejam efetivamente reforçados os laços de amizade que garantem dignidade a todos os seres humanos.