sábado, 5 de setembro de 2015

SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA 06 DE SETEMBRO DE 2015

ELE FAZ BEM TODAS AS COISAS...

Dentre as muitas situações que faz uma pessoa ser feliz, uma delas é sentir-se amado e acolhido no seu ambiente de trabalho, na sua comunidade, entre os familiares e etc.
As formas de manifestar o acolhimento são muito distintas em cada grupo, pessoa e situação. Não é necessário muito conhecimento da Bíblia para perceber que as narrativas tratam sempre desta realidade: Acolher e ser acolhido!
As leituras deste domingo estão também nesta direção. O profeta Isaias faz um anuncio extraordinário, que é, ao mesmo tempo, uma forma de acolhida. “Dizei às pessoas deprimidas: 'Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar'. Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos”. Longe de pensar que em outros tempos tudo era fácil e sem complicações, a leitura faz perceber a mais pura realidade da condição humana. E Deus, como sempre, presente nestas situações, anuncia pela boca do profeta sua ação acolhedora e que transforma a vida das pessoas.
São Paulo, na carta a Tiago, faz uma observação àqueles que se declaram seguidores do Evangelho de Jesus Cristo: Meus irmãos, a fé que tendes em nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas”. O conselho de Paulo, serve também para as pessoas e comunidades do terceiro milênio. Isto é, os seguidores de Jesus, em qualquer tempo e lugar são desafiados à mesma atitude de Jesus: “Fazer bem todas as coisas”.
A passagem do evangelho é mais uma das clássicas intervenções de Jesus em favor de uma pessoa que não tinha plena cidadania e que por isso estava excluída do convívio pleno com os seus conterrâneos. Jesus acolhe sem restrições o homem surdo e que falava com dificuldade. Proclama uma palavra com autoridade: “Abre-te - imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade”.
Deus em quem os cristãos acreditam reacende a esperança, mostra seu cuidado, acolhe a todos e de modo particular aos necessitados e marginalizados.  Essa é a verdadeira imagem de Deus que se reza no salmo: “O Senhor abre os olhos aos cegos o Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo É o Senhor quem protege o estrangeiro”.
Compreendendo isso, resta aos cristãos fazer tudo para que sua vida  e sua ação se assemelhe a vida e às ações daquele em quem acreditam. Como dizia Santo Agostinho: “Não basta fazer coisas boas, é preciso fazê-las bem”.
Que a Palavra e a Eucaristia partilhada hoje ajude a todos e a cada um, a melhor viver e compreender a importância de fazer “bem todas as coisas”. 

sábado, 29 de agosto de 2015

O PADRE ESTÁ DE CASTIGO...

A norma litúrgica do silêncio na missa...

Para quem está familiarizado com o cotidiano da escola, dispensa muitas explicações. É hábito bem frequente na educação infantil, embora não deixe de ser contestado, a chamada “Cadeirinha do pensamento” ou “Cantinho do pensamento”. Trata-se de um espaço físico e de tempo no qual a criança é convidada a pensar sobre seus atos. Esta prática pedagógica não é uma regra geral, nem tampouco uma lei ou norma cumprida por todos e em todos os lugares. Entretanto é conhecida por professores, pais e alunos. Se bem entendida tem seus benefícios no que se refere à educação de nossas crianças.
Começo por esta constatação para escrever sobre a “Cadeirinha do Pensamento”, reservada aos padres na celebração da missa. Há poucos dias eu estava presidindo a Eucaristia numa comunidade do interior de Videira, e dentre as crianças hiperativas, estava uma que bem conhecia a “cadeirinha do pensamento”. Logo depois da comunhão vendo o padre sentado e em silêncio, bradou em alto e bom som: “o padre está de castigo”.
Diferente das normas pedagógicas, a liturgia da Igreja prevê diversos momentos de silêncio durante a celebração da Eucaristia. Nenhum deles é pensado como “Castigo” para o padre ou a quem quer que seja. Os diversos momentos de silêncio antes que normas litúrgicas, tem uma relação antropológica, isto é, tem a ver com o cotidiano das relações pessoais.
Antes do Ato penitencial a liturgia sugere um momento de silêncio. Isto é muito mais do que uma norma litúrgica. No dia a dia das pessoas algum momento de silêncio faz bem a todos e ajuda a fazer breve análise dos erros e acertos nas estratégias e objetivos.
Na missa, quando o presidente convida: “Oremos”, a liturgia sugere um momento de silêncio. Também aqui não é uma norma litúrgica, mas oportunidade para recolher as ideias e traçar objetivos e estratégias para as ações futuras.
Entre as leituras, o evangelho e a homilia, mais uma vez a Igreja pede instantes de silêncio. No cotidiano da vida, quantas vezes a pessoa procura conselhos, palavras de ajuda, um ombro amigo e assim por diante. E frequentemente depois de ouvir o conselho silencia para depois responder: “estou pensando seriamente nas palavras que fulano me falou”.
Depois da comunhão, mas uma é sugerido pela norma litúrgica um momento de silêncio. Para muito além da norma e da regra, no cotidiano das famílias depois das refeições as pessoas se recolhem e silenciam. É comum em algumas famílias e sociedades a chamada “sesta depois do almoço”, ou seja, uma breve cochilada.
Estas poucas observações podem ajudar a compreender a importância do silêncio na missa, que muito mais do que “litúrgico ou não litúrgico” ajudam a vivenciar o mistério que se está celebrando.

Em resumo, a missa sugere vários momentos para o padre e para os fiéis, a “Cadeirinha do pensamento” e neste caso não é nenhum mal que o “padre fique de castigo” de vez em quando. 

HOMILIA PARA O DIA 30 DE AGOSTO DE 2015

QUEM TEM AS MÃOS LIMPAS E O CORAÇÃO PURO...

O Estatuto da Criança e do Adolescente, é um documento orientador dos direitos e deveres da criança em relação à sociedade, à família, à escola, ao poder público. Em vigor no Brasil, há vinte e cinco anos, continua provocando muitas discussões e interpretações sobre o que é correto e adequado no que se refere a educação das futuras gerações. Dentro deste contexto se destacou um fato curioso que se chamou a “lei da palmada”. A ideia central da lei consiste em perceber, que nem sempre os castigos físicos são os mais adequados para ensinar e corrigir. 
A Palavra de Deus proclamada neste domingo, é uma preciosa ajuda para fazer compreender que a  letra da lei não é tão importante quanto a capacidade de colocar em prática. Até porque as leis muitas vezes são mal interpretadas, nem sempre são éticas e justas e assim por diante.
O livro do Deuteronômio, cujo significado é “livro das leis”, no texto proclamado hoje não deixa dúvidas sobre o que é mais importante na vida de uma pessoa  ou de uma sociedade: Moisés falou ao povo, dizendo: 'Agora, Israel, ouve as leis e os decretos
que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais...
Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria”.
São Paulo escreve a carta a Tiago e reafirma o que não era novidade para ninguém: Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”.
E Jesus diante do legalismo dos judeus, declara com firmeza: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos'”. E reafirma: “É dentro do coração que está a verdadeira lei”.
Ora, no que se refere ao Estatuto da Criança e do Adolescente, e uma série de outras prescrições legais no Brasil. O importante não é letra da lei, mas a capacidade de cumprir de maneira que todas as pessoas sujeitas a qualquer lei, não sejam escravas das normas e prescrições, mas vivam com ética é dignidade aquilo que está escrito.
Ninguém tem dúvida que aplicar castigos físicos desumanos a quem quer que seja antes de tudo não é moral e nem tampouco legal. É claro para todos que enquanto alguns ganham salários exorbitantes, outros tem salário de fome, não é moral nem tampouco legal, no entanto esta é uma realidade entre nós.
Precisa alguma regra clara contra a corrupção ou será necessário um pouco de “vergonha na cara” para que esta prática seja banida do nosso meio desde as relações cotidianas que estabelecemos em casa, na escola, na sociedade e assim por diante.

Não sem razão, a Igreja hoje nos faz rezar com o salmo: Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo,  Habitará? É aquele que caminha sem pecado e pratica a justiça fielmente; que pensa a verdade no seu íntimo  e não solta em calúnias sua língua”.

sábado, 22 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 23 DE AGOSTO DE 2015

SÓ TU TENS PALAVRAS DE VIDA ETERNA...

Uma das grandes reclamações que todos fazem na atualidade diz respeito a burocracia, ao exagero de regras e normas. Parece que a palavra de uma pessoa não tem valor algum. Em todas as repartições e para todos os negócios são necessários documentos e mais documentos, registros, provas, testemunhas, e por aí afora. Esta situação incomoda parece que ninguém mais é responsável por nada nem mesmo por sua palavra.
É sobre a força e importância da palavra que as leituras na liturgia de hoje fazem um convite e sugerem algumas atitudes. No Antigo Testamento Josué fala ao povo e propõe uma aliança a partir da experiência de vida que seus antepassados tinham realizado. Diz ele: “Façam um escolha, eu e minha família serviremos ao Deus dos nossos pais”.  E o povo respondeu com firmeza: “Nós também, longe de nós fazer outra escolha”, isso é, nem pensar em deixar de cumprir uma promessa ou uma palavra dada. Como quem diz, nossa consciência e a memória que temos em relação a tudo o que aconteceu já é o suficiente para levar a sério o que cremos e sabemos sobre a verdade e sobre o Deus de nossos pais.
São Paulo, escreve aos efésios e usa uma situação bem conhecida e que faz parte do dia a dia de todos. “Maridos, amem suas mulheres, mulheres respeitem os seus maridos”.  Faz um longo discurso sobre quais atitudes precisa ter o marido e a mulher para que a felicidade aconteça para ambos. Não são necessárias muitas coisas, levar a sério ações simples que fazem parte do cotidiano de uma família. O resto acontece com pouco esforço.
O evangelho é a continuação da ação e da palavra de Jesus que havia ajudado muitas pessoas. Apesar disso alguns acham que Jesus é exigente demais. Ele reafirma que é o Filho de Deus e que as palavras que saem de sua boca são duras, mas verdadeiras. Desafia os discípulos a tomar uma atitude: “Vocês também quem ir embora”  isso é, querem ouvir outra Palavra. E Pedro responde, como sempre, em nome de todos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
Eis o convite que faz a Palavra de Deus deste domingo: levar a sério e aceitar até as últimas consequências a Palavra dada. Ou seja, para quem leva a vida a sério, não são necessárias muitas justificativas, basta assumir a consequência das suas escolhas.

Arcar com as consequências das próprias Palavras é um desafio que, muitas vezes, precisa contar com a ajuda de outras pessoas. É neste sentido que ganha ainda mais importância a oração na Igreja. Rezar com todos e por todos, a fim de reconhecer o que se reza no salmo: “O Senhor pousa seus olhos sobre os justos, e seu ouvido está atento ao seu chamado”. 

sábado, 15 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 16 DE AGOSTO DE 2015 - ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

O POVO TE CHAMA DE NOSSA SENHORA...

Uma das atitudes mais frequentes no nosso dia a dia consiste em imitar as pessoas cuja vida consideramos como exemplo a ser seguido. Deste modo, os filhos imitam os pais, os alunos imitam os professores, os adolescentes curtem seus ídolos. Muitos adultos costumam espelhar-se em pessoas bem sucedidas que lhe sirvam de referência.
Outra atitude bem frequente é a de procurar ajuda em situações de necessidade, ou de aperto como se diz popularmente. Neste caso é comum procurar as pessoas por quem se tem admiração e que são de fácil acesso, estas também são modelo de vida para ser seguido.
A história da Igreja está repleta de pessoas colocadas como modelos a ser imitados e que muitas vezes são também uma espécie de advogado em diversas necessidades. Dentre as pessoas que a história apresenta está Maria a Mãe de Jesus.
Neste domingo recorda-se a sua figura sob o título de Nossa Senhora Assunta ao Céu. Isso significa dizer: A Igreja acredita que Maria foi elevada ao céu e que lá, ao lado do seu filho Jesus, ouve as preces de todos os que nela confiam.
Colocar Maria nesta condição não é simplesmente uma atitude de exaltação da pessoa de Maria. É sua vida como um todo que a faz merecer os títulos e louvores que ao longo do tempo a Igreja foi lhe dando. O fato de ser a mãe de Jesus, já seria mais do que o suficiente, porém outros fatos no início da Igreja fizeram de Maria uma pessoa querida por todos.
A primeira leitura deste domingo conta a história de uma mulher perseguida, corajosa, forte e vencedora. Desde o início os cristãos acreditaram que este texto fazia referência ao modo como a Mãe de Jesus enfrentou as dificuldades junto com o Filho. A leitura afirma que para a mulher Deus havia preparado um lugar onde o dragão não chegaria, quanto ao filho tinha sido levado para junto de Deus e do seu trono.
São Paulo confirma a importância da maternidade de Maria garantindo que o Cristo, nascido de Maria e que ressuscitou dos mortos, garantiu para o mundo o perdão que a humanidade tinha perdido com o pecado de Adão.
O evangelho não deixa mais dúvidas. Maria é uma pessoa a quem todos os que passam por provações e dificuldades podem recorrer. Ela mesma toma a iniciativa de visitar a prima Isabel. Sendo reconhecida como a Mãe do Salvador, proclama: “O Senhor olhou para a humildade da sua serva. De agora em diante todos me chamarão de feliz... sua misericórdia se estende para todos os que o amam”.

É esta a figura de Maria de tantos nomes, elevada ao céu. Mulher escolhida cujas virtudes e qualidades podem ser imitadas e a quem todos podem pedir ajuda nos momentos mais difíceis. 

sábado, 8 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 09 DE AGOSTO DE 2015

SOMOS A IGREJA DO PÃO...

A condição humana e as certezas que cada pessoa tem sobre tudo o que sabe, seus conhecimentos e suas verdades é uma forma de manifestar a sua autonomia e independência. Dentre todas as mudanças que a vida exige de uma pessoa ao longo da sua existência, uma delas é a capacidade de acreditar em novas verdades e aceitar que algumas certezas que julgava intocáveis já não são mais tão certas assim. Sair a procura de novos saberes, de outros conhecimentos e mudar o modo de pensar e de agir é um desafio que anda lado a lado com toda a existência humana.
Ora, os conterrâneos de Jesus, foram desafiados a mudar suas convicções e aceitar outra verdade que não aquela que haviam recebido por tradição e que julgavam ser a única possível para todas as necessidades. De repente os filhos de Israel se veem frente a frente com uma pessoa que realiza milagres e sinais extraordinários cuja origem não são capazes de explicar e muito menos entender.
O homem, conhecido por todos, filho de um carpinteiro e cuja mãe vivia do mesmo modo que as demais mulheres da sua época, se apresenta como o “Pão descido do céu que dá vida ao mundo”, declara conhecer o Pai mais do que nenhum judeu do seu tempo, põe em descrédito os milagres realizados pelos antepassados e diz que tudo foi obra do Seu Pai e que a partir de agora a comunidade de Israel poderá alimentar-se de uma forma diferente e que não precisa ter medo da morte.
É claro que aceitar essa verdade, implica numa mudança muito grande em todos os parâmetros do povo judeu. Esse sujeito não poderia passar de um louco desvairado querendo macular a história construída por seus precursores desde a saída do Egito.
A Palavra de Deus, proclamada neste domingo, permite uma ligação tranquila com os textos dos últimos dois domingos. Em todos eles, a primeira leitura conta um fato de alguém que teve fome e que foi alimentado por Deus ou por um dos seus profetas, e que por conta deste alimento teve forças para continuar sua viagem e ação no mundo.
Já a segunda leitura apresenta a pessoa de Jesus com sua prática de vida como modelo para o bem viver das comunidades cristãs que estavam nascendo. Em todas elas São Paulo insiste no mesmo assunto: “Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou”.
E as palavras de Jesus, no evangelho, não podem ser mais claras: Mudem o seu ponto de referência. A partir de agora, diz ele, o alimento que vocês receberam e que sustentava apenas por algum tempo, deixa de ser importante. Acreditem que chegou a hora em que vocês poderão comer um alimento que dura para a vida eterna: “Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
Aceitar essa nova verdade exige dos filhos de Israel uma mudança muito grande de mentalidade e de referência e isto não parece nada fácil. É exatamente isso que as leituras recomendam aos cristãos dos novos tempos. Reconhecer a presença de Deus no meio do mundo e de modo muito diferente daquele que se está habituado a enxergar. À medida que se reconhece a ação de Deus, mudar também as relações pessoais e familiares e praticar, no seu cotidiano os conselhos dados por São Paulo: “Toda a amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de vós, como toda espécie de maldade. Sede bons uns para com os outros”.

Reunidos em oração os cristãos podem pedir com força a graça de estar sempre prontos para compreender Deus agindo no meio do mundo como se reza no salmo de resposta: O anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o amam, e os salva. Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio”.

sábado, 1 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 02 DE AGOSTO DE 2015

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B - 2015 

ACREDITAR EM JESUS E VIVER PARA SEMPRE

Nas relações sociais, profissionais e familiares, costuma-se falar sobre pessoas e situações quer facilitam ter uma visão mais ampla dos problemas e das soluções e pessoas e situações que buscam respostas imediatas e quse sempre a curto prazo. Para esse tipo comportamento se aplicam as expressões “Fulano de tal planeja o que vai realizar, ou então, tal instituição não tem clareza da sua missão e da visão de mundo e assim por diante”.
Nestas condições é verdade que a falta de planejamento de longo prazo, muitas vezes é também responsável pela insucesso de muitos projetos e de não realização de muitos sonhos os quais permancem sempre na esperança de que algum dia aconteçam.
É sobre esta sitaução que trata a Palavra de Deus proclamada neste domingo.  Os Judeus que caminhavam no deserto rumo à terra prometida  tinham perdido a visão do seu destino final, já não compreendiam mais a importância de enfrentar alguma provação em vista do objetivo final. As preocupações deles se voltavam apenas para a imediata falta de comida. A ação de Deus em favor deles é imediata, porém a situação se resolve por alguns poucos dias.
São Paulo escreve aos Efésios e insiste com a comunidade para que tenha projetos maiores e mais amplos que a busca de soluções imediatas. Ele recomenda que se espelhem na pessoa de Jesus Cristo: “Eis pois o que eu digo e atesto no Senhor: não continueis a viver como vivem os pagãos, cuja inteligência os leva para o nada. Quanto a vós, não é assim que aprendestes Cristo, se ao menos foi bem ele que ouvistes falar, e se é ele que vos foi ensinado, em conformidade com a verdade que está em Jesus.Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”.
No Evangelho é Jesus mesmo quem chama a atenção das pessoas que procuram apenas soluções imediatas: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”.
Esta é certamente a lição mais importante que a Palavra de Deus sugere para cada pessoa e comunidade neste 18º domingo do tempo comum. Isto é, enxergar mais longe, enxergar com os olhos de Deus como se reza no salmo: “Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos, e transmitiram para nós os nossos pais, bnão haveremos de ocultar a nossos filhos, mas à nova geração nós contaremos:As grandezas do Senhor e seu poder”.
Rezar na assembleia reunida é uma forma de erguer os olhos para o horizonte e preparar caminho seguro para os pés.

Ajudar os cristãos e as comunidades perceber isso é também uma tarefa dos ministros ordenados, cuja lembrança se faz neste domingo e por quem a Igreja pede as orações de todos. 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 25 DE JULHO DE 2015

DEEM VOCÊS MESMOS DE COMER

As denúncias de corrupção que tomam conta de todos os meios de comunicação nos últimos tempos causam náusea para além da indignação. Ouvir como os envolvidos falam com naturalidade do montante de dinheiro que duas ou três pessoas acabaram se apropriando daquilo que devia servir para o bem todos. O uso da máquina pública em benefício próprio, mais do que o volume, significa não se preocupar com o bem estar alheio.
É esta a situação que Jesus percebe na multidão que vem ao seu encontro e que o profeta também experimentou e que é narrado na primeira leitura deste domingo. Quando Jesus vê a multidão se aproximando, imediatamente desafia os discípulos: O que podemos fazer para atender a todos? Tanto os que procuravam Jesus para resolver suas necessidade particulares, como os próprios discípulos ainda não tinham compreendido a dimensão coletiva que a palavra e a ação de Jesus queria despertar neles.
Felipe pensa logo em consumir o seu salário e de algumas poucas pessoas para “quebrar um galho” diante do problema que estava criado. Jesus, ao contrário apresenta uma alternativa totalmente diferente e que implica em solidariedade e responsabilidade.
O menino com cinco pães e dois peixes é a figura simbólica do pouco que todos querem garantir para a sua própria subsistência, entretanto Jesus ensina duas coisas: Ser grato pelo pouco que cada um possui e em seguida partilhar sem medo e com todos o pouco que frequentemente se quer acumular.
Com atitudes simples e objetivas Jesus indica alternativas possíveis: Sentem todos, deem graças a Deus, partilhem entre todos e recolham o que sobrou para que nada se perca. O volume da sobra é representado pelo número 12, que na Bíblia significa totalidade perfeição. Isso significa dizer, o que sobrou é o suficiente para todos de modo que ninguém venha a passar necessidade.
A mesma ação tinha feito o profeta, conforme narra o livro dos Reis: “Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará. O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor”.
Este é o Senhor que a comunidade agradece como fez o salmista na oração deste domingo: “Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam e vós lhes dais no tempo certo o alimento; vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fartura”.
Estes ensinamentos são absolutamente atuais e merecem ser aplicados por cada pessoa no cotidiano das suas relações. Isto é, antes de tudo preocupar-se com o bem estar e as necessidades de todos antes de querer garantir o bem estar e a felicidade própria.
É isso o que a Palavra de Deus sugere para os cristãos do terceiro milênio: Não acumular para si, mas aprender a solidarizar-se com todos a fim de que ninguém fique desamparado.

A Eucaristia que se celebra a cada domingo é a mais extraordinária lição de solidariedade, de compromisso e de partilha. Celebrar com a assembleia reunida é o jeito que os cristãos encontram para se fortalecer nesta empreitada. 

sábado, 18 de julho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 19 DE JULHO DE 2015

JESUS TEVE COMPAIXÃO DA MULTIDÃO

O Papa Francisco, todo mundo já pode perceber, tem provocado muitas reações e pedido muitas mudanças às pessoas e à Igreja. Dentre as insistências feitas pelo Papa, uma delas se resume nas palavras: “Quero uma Igreja de Saída”. Não simplesmente de sair dos templos e dos lugares onde a Igreja costumava estar, mas ir ao encontro das pessoas sendo fiel ao Mestre Jesus. No documento que se chama Alegria do Evangelho, Francisco fala com clareza: “É indispensável para a Igreja sair para anunciar o Evangelho em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnância e sem medo. A Alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém”.

As palavras do Papa são uma atualização da atitude de Jesus. O que se lê no evangelho de hoje é a continuação do texto proclamado no último domingo em que Jesus os enviou dois a dois para anunciar a boa notícia. Hoje Jesus reencontra os enviados e lhes propõe um tempo de descanso para repensar as atividades, porém ao ver a multidão Ele mesmo não resiste: “Tevê compaixão, porque estavam como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”.

Diferente dos pastores do Antigo Israel, os discípulos de Jesus se apresentam como bons e fiéis seguidores, enquanto aqueles, como se lê na primeira leitura: “dispersaram o rebanho e afugentaram as ovelhas não cuidando delas” na pessoa de Jesus se realiza a profecia: “Eu farei nascer um descendente de Davi, que fará justiça e retidão na terra”.

O pastor prometido no Antigo Testamento, tem a confirmação de Paulo na carta aos Efésios: “Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos. É graças a Ele que uns e outros, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai”.

Este jeito de ser pastor é o que se reconhece no Salmo: “O Senhor é o pastor que me conduz; felicidade e todo o bem hão de seguir-me! Ele me guia no caminho mais seguro, nenhum mal eu temerei, ele está comigo com seu bastão e seu cajado”.

Ora, este e o modelo de pastor que o Papa pede para todos, a começar pelos dirigentes da Igreja, mas o convite de Francisco se dirige a todos os cristãos. Ninguém que tenha conhecimento do Evangelho pode descuidar da Alegria de anunciá-lo e de viver de acordo com aquilo que acredita.


Eis o convite para todos neste domingo, transmitir com o seu jeito de viver a Alegria de acreditar no Evangelho. 

sábado, 11 de julho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 12 DE JULHO DE 2015

CHAMADOS E ENVIADOS...



Uma das belezas da comunicação são os recursos de linguagem. As comparações, parábolas e alegorias permitem compreender melhor a mensagem que se quer transmitir e compreender.  Todos os idiomas tem suas sutilezas e recursos que facilitam a compreensão de pensamentos mais complicados.  No antigo Israel, as comparações entre a ação de Deus, dos profetas e o trabalho diário do povo era uma forma de explicar o alcance da Palavra anunciada em favor de todos. Jesus também usou muitas comparações para se fazer compreender e divulgar a mensagem daquele que lhe tinha enviado.
Na liturgia da Igreja, o período que vai da solenidade de Pentecostes até o domingo de Cristo Rei, quase seis meses, é denominado tempo comum. Não porque seja um período pouco importante para os fiéis e para a liturgia, mas porque neste tempo os textos da Palavra de Deus escolhidos para as celebrações dizem respeito à vida e ao cotidiano de todos.
Neste domingo, se lê um texto do profeta Amós, uma carta de Paulo e o Evangelho de Marcos. Em todos eles, a mensagem central reside na compreensão da ação de Deus na vida pessoal e da comunidade.
Assim o profeta retoma a sua condição de agricultor e aplica para a missão que reconhecia ter recebido de Deus: Não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: 'Vai profetizar para Israel, meu povo”.
No evangelho Jesus recomenda algumas atitudes indispensáveis para aqueles que querem se colocar a serviço do Reino em vista de uma vida melhor para todos: “Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas”. E reafirma que não devem se preocupar com o resultado da missão, o importante é realizar com desprendimento, o resto acontece por si mesmo.
E de fato, o trabalho dos primeiros discípulos  produziu frutos de tal maneira que o evangelho de Jesus chegou até os dias de hoje. Ontem como hoje, cada pessoa é convidada a fazer a mesma coisa, isso é anunciar com desprendimento desde o lugar onde se vive e proclamar as palavras de acordo com o seu testemunho. É neste sentido que o Papa Francisco insiste em uma Igreja de saída, isto é, que tenha coragem e alegria de sair dos muros dos templos e das casas para semear sempre mais além.
Realizando isso pode-se compreender as palavras de Paulo aos efésios: Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos  abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado”.
Que o testemunho de todos e a oração da Igreja ajude a cada um proclamar A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus”.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 05 DE JULHO DE 2015

14º DOMINGO DO TEMPO COMUM -  ANO B – 

Ezequiel, 2, 2-5; Salmo 122(123); 2Corintíos 12,7-10; Marcos 6, 1 -6.

Madre Tereza de Calcutá, conhecida no mundo inteiro, e de extraordinária vivência do evangelho declarou: “As mãos que ajudam são mais santas do que os lábios que rezam”. A afirmação desta Santa dos tempos modernos tem uma sintonia muito profunda com o jeito de ser de Jesus, dos profetas e dos apóstolos.

Mesmo não sendo aceito pelos seus conterrâneos, não podendo realizar de modo pleno a missão que o Pai lhe havia confiado, Jesus continuou  o seu caminho. Deixou claro quem ele era ao povo judeu. Estes não o tinham reconhecido como enviado e nem tampouco como profeta. O texto de Marcos se conclui com a afirmação: “Ali apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos... Jesus percorria os povoados e redondezas”

Situação semelhante havia acontecido com Ezequiel, profeta do Antigo Testamento: “Que fique claro afirma o profeta, A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra. Quer escutem, quer não escutem, saibam que houve entre eles um profeta”.

São Paulo se apresenta arrasado, por todos os sofrimentos humanos que já havia experimentado, mas deixa evidente a sua convicção: “quando sou fraco, então é que sou forte”.

Eis uma vez mais uma certeza para todos: Deus se manifesta, age e dá forças para todos os que se sentem ameaçados e fragilizados pelas dificuldades da vida. Essa extraordinária ajuda de Deus chega às pessoas sim pela oração de cada um e pela oração de Deus, mas muito mais pela vida santa que faz com que as pessoas e as comunidades vivam plenamente sua vocação à santidade.

Para enxergar Deus é necessário ter a atitude do salmista: “Eu levanto os meus olhos para vós, que habitais nos altos céus”.  Com os olhos em Deus, com os pés no mundo e com as mãos em ação eis que se realiza o encontro vivo com Jesus vivo, que faz a todos e cada seu discípulo para a construção da comunhão e para a realização da missão.


Os profetas, os apóstolos e o próprio Jesus ensinam pela vida que ser no mundo instrumento do amor de Deus significa trabalhar para que o Reino aconteça e que Deus seja reconhecido por todos em todos os lugares.

sábado, 27 de junho de 2015

HOMILIA PARA O DIA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO 2015

DE TODOS OS TEMORES ME LIVROU O SENHOR DEUS

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO – 2015 – ANO B

Pedir ajuda em momentos de dificuldade, buscar socorro sempre que não se pode ter a solução para as dificuldades do cotidiano são manifestações de humildade e do reconhecimento das  próprias fragilidades. Na missa de hoje, depois da comunhão a Igreja  reza: “Concedei-nos ó Deus, perseverar na doutrina dos apóstolos , na fração do pão e enraizados no vosso amor”.  Esta oração mostra a confiança que a Igreja inteira tem na Palavra de Deus e na mão poderosa do Senhor, que em todos os tempos lhe fez caminhar em meio a todas as dificuldades, como se reza no salmo deste domingo: “De todos os temores me livrou o Senhor Deus”.
A primeira leitura deste domingo, tirada dos Atos dos Apóstolos, relata um dos momentos de particular dificuldade da Igreja nascente. As autoridades daquele tempo, não se contentaram em ter decretado a morte de Jesus, também queriam dar fim a todos os que seguiam sua doutrina e ensinamento.  Neste caso depois de matar vários membros da Igreja, manda prender também a Pedro, líder máximo da Igreja que estava nascendo. O longo texto da leitura mostra, de novo a mão de Deus socorrendo a Igreja  que “rezava continuamente”.  E claro de modo extraordinário Pedro é liberto das correntes e da prisão.
São Paulo na Carta a Timóteo  faz como que um testamento do que foi a sua vida de  apóstolo: “Combati o bom combate guardei a fé..., O Senhor esteve ao meu lado e me deu forças... Ele me libertará de todo o mal, a Ele glória, pelos séculos dos séculos! Amém”.
Nota-se neste caso que a Palavra dita por Jesus no Evangelho encontraram eco na vida da Igreja desde o começo: “Feliz es tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as  chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".
Ora, ontem como hoje as dificuldades da Igreja para ser fiel ao seu fundador Jesus Cristo não são poucas. Mais do que em outros tempos os cristãos são convidados  a rezar  pedindo que a mão de Deus que libertou os cristãos de todos os temores em todos os tempos, livre também a Igreja nos dias atuais.
O Papa Francisco surge “do fim do mundo” para renovar a Igreja, rezemos por ele e por seu ministério a fim que possa realmente implantar a mudanças que a Igreja e que os fiéis tanto esperam.


sábado, 20 de junho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JUNHO DE 2015

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

Metáforas, hipérbole, comparação, ditados populares, e outras formas de expressão são muito comuns no linguajar do povo. Existe um ditado popular que diz mais ou menos assim: “Depois da tempestade vem a bonança”.  Frequentemente as pessoas usam a expressão tempestade para dizer que passaram por provações e dificuldades de toda ordem. Sejam elas de saúde, de relações familiares e sociais, questões econômicas e etc...

As leituras deste domingo falam exatamente de tempestades e calmarias. As primeiras decorrem da fragilidade humana e as segundas da força daquele que pode fortalecer e encorajar os fracos.

Assim Jó, cuja vida é uma constante tempestade, relata mais um dos seus momentos de provação e como não poderia ser diferente. Do fundo da sua confiança ele pede socorro e Deus que tudo pode, não para benefício próprio ou para mostrar seu poder, mas para socorrer quem necessita, consola Jó com as palavras: “Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; quando marquei seus limites e coloquei portas e trancas”. 

Essa ação de Deus, por certo não é a única reconhecida em favor daqueles que nele depositam confiança. Por essa razão o salmista, faz também a Igreja rezar hoje: Dai graças ao Senhor, porque ele é bom... Os que sulcam o alto-mar com seus navios... testemunharam os prodígios do Senhor”.

São Paulo escreve aos coríntios, como que lhes confortando afirma: “Para quem confia no Senhor, tudo o que era velho já passou”.

E de fato os discípulos na barca são repreendidos por Jesus, não por terem medo, mas porque não confiaram. Jesus lhes pergunta sobre a causa do medo e lhes chama a atenção: “Ainda não tendes fé?”.

Depois que tudo acontece os discípulos finalmente reconhecem: ‘Quem é este que até o vento e o mar obedecem”.

Ora, estas lições e ação de graças que a Palavra de Deus transmite neste domingo são perfeitamente aplicáveis para a Igreja, para a sociedade e para cada pessoa em particular. Primeiro reconhecer que onde Deus está presente nenhum problema é maior do que sua força e sua autoridade. Segundo confiar na sua presença, sobretudo, nas horas mais difíceis que se tem a enfrentar.

Claro está para todos que a oração comum é uma das formas extraordinárias de fortalecer a fé e a coragem, por isso mesmo a Igreja convida todos para a oração de cada domingo onde um é por todos e todos são por um. 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

HOMILIA PARA O DIA 14 DE JUNHO DE 2015 - 11º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

DE PEQUENA SEMENTE A ARVORE FRONDOSA

Ezequiel 17,22-24; Salmo 91; 2Coríntios 5,6-10; Marcos 4, 26-34

Não obstante todas as descobertas e avanços da ciência, a vida e o seu desenvolvimento continua envolto em mistérios. A vida humana é a mais misteriosa e fantástica obra que se pode observar. Não há ninguém que não se encante ao acompanhar o nascimento e o crescimento de uma criança, e tudo o que vai acontecendo com aquela criaturinha com o passar dos dias. Por sua vez os pais e parentes próximos vão se perguntando sobre o seu futuro e todos os seus sonhos e desejos que poderão se concretizar ou deixar de se realizar de acordo com o modo como aquele pequeno ser for assumindo a sua liberdade e responsabilidade.
É exatamente destes conceitos que tratam as leituras deste domingo. Jesus fala para os amigos usando a comparação da semente. Deixa claro que a intenção daquele que planta é colher frutos de acordo com a qualidade da semente plantada. Obviamente que entre o plantio e a colheita acontecem muitas coisas que estão fora do controle daquele que semeia e que na maioria das vezes depende do contexto em que a planta está crescendo.
Porém a mensagem de Jesus quer fazer entender que  a pessoa humana é a uma semente plantada por Deus, seu criador. Num determinado momento da história cada pessoa haverá de mostrar os seus frutos, os quais não dependem do semeador, mas dependem sim do ambiente em que o sujeito cresce e se desenvolve, depende sim do uso adequado que faz da sua vida, da sua liberdade e da sua responsabilidade. Toda pessoa humana é como uma pequena semente, de boa qualidade e plantada em bom terreno, quanto à produção dos frutos só vai depender do seu próprio desenvolvimento.
Deus, o semeador fará tudo para que os frutos sejam adequados e significativos como as grandes árvores cuja origem está numa pequena semente, porém tal fruto precisa da vontade e empenho próprio de cada pessoa. O trabalho de Deus é bem comparável ao que o profeta anuncia falando sobre o povo de Israel. Ele mesmo o dono do campo arranca dos lugares perigosos e transplanta em locais mais seguros, seu objetivo é sempre garantir que produza frutos e seja árvore majestosa.

O sacramento do batismo, a vida em comunidade a oração de todos são ajuda indispensáveis para que cada pessoa se sinta fortalecida na bonita e cativante tarefa de ser uma árvore frondosa capaz de produzir frutos de acordo com o desejo daquele que os criou para essa finalidade. 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

HOMILIA PARA O DIA 31 DE MAIO DE 2015

EU CREIO EM DEUS!
Leituras: Deuteronômio 4, 32 - 40; Salmo (32) 33; Romanos 8, 14- 17; Mateus 28,16-20

A modernidade com todos os recursos e benefícios que traz para as pessoas e sociedades continua sem respostas para muitas perguntas e sem solução para inúmeros problemas e desafios.  Tem sido cada vez mais frequente a circulação pelas redes sociais e por diversos meios de comunicação mensagens sobre Deus, o seu poder e sua ação no mundo. Dentre as frases interessantes que se lê por todo canto, uma delas diz mais ou menos assim: “Não sou dono do mundo, mas sou filho do Dono”.  Que importância tem para a fé das pessoas e daquele que ostenta esta afirmação nos espaços onde frequenta.  Dizer que o mundo tem um dono e que a pessoa humana é filha daquele que se acredita ter toda a autoridade,  traz algum significado prático e alguma mudança para quem faz a declaração?
Este mistério é o que a liturgia deste domingo celebra e que a Igreja chama de Santíssima Trindade. A leitura do livro do Deuteronômio faz exatamente a mesma afirmação, usando outras palavras, mas que tem o mesmo sentido do provérbio citado logo acima. No texto que se proclama neste domingo está escrito: “O Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra, e não há outro além dele”, Isto posto tem exatamente o mesmo significado: Ele é o dono do mundo! Ora, se se acredita que ele é o dono do mundo, não há porque duvidar das palavras que se reza no salmo: A palavra do Senhor criou os céus, e o sopro de seus lábios, as estrelas. Ele falou e toda a terra foi criada, ele ordenou e as coisas todas existiram”.
Do mesmo jeito São Paulo escreve aos Romanos e reitera o que já se sabe: O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se realmente sofremos com ele, é para sermos também glorificados com ele”.
É em nome daquele que tudo governa, que Jesus confia a missão aos discípulos: “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos,  batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e  ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.
Tudo isso que se lê na Sagrada Escritura neste domingo é também o que a Igreja proclama quando reza: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”.

Se de fato esta é  a verdade que os cristãos acreditam fica fácil entender e aceitar o desafio de viver de acordo com aquilo que se acredita, isto é, aceitar Deus como o dono do mundo, implica dizer não a tudo o que ocupa o lugar de Deus na vida e no cotidiano, comprometer-se com cada uma e com todas as causas que façam o mundo do qual Deus é o dono, uma casa para todos e um local onde todos estejam em casa. Isso é celebrar a Santíssima Trindade. Deus é grande e poderoso e está próximo das pessoas a quem ele mesmo escolheu como sua herança. Ora se herdeiros nada mais justo do que viver de acordo  com a condição que se acredita e que o evangelho quer ajudar a compreender. 

sábado, 16 de maio de 2015

HOMILIA PARA O DIA 17 DE MAIO DE 2015

DOMINGO DA ASCENSÃO DO SENHOR

ANO B – Atos 1, 1-11; Salmo 47 (46) Efésios 1,17-23; Marcos 16,15-20

O brasileiro é um povo festeiro, e quando não tem razões para fazer festa, arruma motivos. E festa é sempre oportunidade para encontros, causos, jogos, diversões, saudade, e outras coisas mais.  Dentre as particularidades das festas uma delas é recordar o passado, lembrar-se das lições, fazer memória de tudo o que aconteceu consigo e com aqueles que naquela ocasião se encontram.
A liturgia da Igreja chama os 50 dias depois da páscoa como uma festa que não tem fim. Para ajudar nisso os textos do evangelho proclamados cada domingo atualizam um aspecto do acontecimento extraordinário que foi a Ressurreição de Jesus.  A começar pela alegria da manhã da ressurreição, o encontro de Jesus com Tomé e os discípulos, o reconhecimento do Bom Pastor e a condição de videira unida ao tronco que é Jesus.
Quarenta dias depois da páscoa os discípulos vivem aquilo que até hoje a Igreja proclama com fé: “Subiu aos céus e está sentado a direita de Deus Pai”.  Reunidos na Galileia os discípulos presenciam Jesus subindo ao céu e recebem a tarefa: “Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.
São Paulo afirma aos efésios que Deus tem o poder e a partir dele todas as coisas acontecem. Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos, e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente. Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro”.
É a força de Deus que os discípulos tinham sido enviados a anunciar pela palavra de Jesus no evangelho: “'Ide pelo mundo inteiro e anuncie o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.
Desde aquele tempo até os dias de hoje cada cristão continua tendo a mesma ajuda e o mesmo empenho: Anunciar a força de Deus que rompe barreiras, que destrói a morte, que fortalece a esperança e que constrói a caridade. Para isso servem o testemunho de todos os que viveram a fé nos últimos dois mil anos, para isso serve a palavra da Igreja que estimula a proclamar com a vida e com as palavras aquilo que se professa na oração. O que aconteceu com os discípulos pode ser realidade também hoje: “O Senhor cooperava com eles confirmando o que proclamavam” para isso é necessário que o anúncio venha acompanhado do testemunho, como alerta o Papa Francisco: “Evangelizadores com espírito, quer dizer gente que reza e trabalha”.

Que a oração de cada um seja sustento para todos é o que se pede na assembleia reunida de cada domingo

sábado, 9 de maio de 2015

HOMILIA PARA O DIA 10 DE MAIO DE 2015

            QUE O VOSSO FRUTO PERMANEÇA

Atos 10, 25- 48; Salmo 98, 1Jo4, 7-10; João 15, 9-17
6º domingo da páscoa

A expressão que é o cerne da liturgia deste domingo é anterior ao cristianismo. Os sábios gregos sabiam mais sobre o amor do que toda a humanidade. Eles diferenciavam muito bem entre o amor dos pais pelos filhos, amor entre os amigos, afeto entre pessoas que vivam sob um mesmo teto, amor caridoso pela humanidade, amor possessivo, amor erótico, amor jocoso, mas o que eles mais admiravam era o amor entre amigos. Somente a “mania” de amar, que hoje nós chamamos de paixão, era considerada pelos gregos como uma punição dos deuses. A filosofia grega teve em alta consideração um tipo de afeto que até hoje costuma ser incondicional, isso é, ama sem pedir nada em troca e ama independente da situação de quem é amado, talvez seja até uma questão biológica, trata-se do amor materno.

É esta a forma de amor que as leituras apresentam como sendo o amor de Deus. Noutro texto da Sagrada Escritura se lê: “ainda que uma mãe esqueça de amar o seu filho, Deus jamais se esquecerá do seu amor”.  É deste jeito que Pedro manifesta o amor de Deus pelos estrangeiros: “Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença”. E João, autor da carta cujo texto é proclamado na segunda leitura diz: Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho”.  Por sua vez a palavra de Jesus não poderia ser mais clara, alias ela é repetida em todo o evangelho de João. Não se trata de amar algo invisível e distante, mas de amar a pessoa que está perto. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu andamento:amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”.

O mundo contemporâneo pede que as relações de amor verdadeiro sejam mais claras, pede que a própria religião deixe de ser uma prática individualista, que o amor proporcione o diálogo e aceitação das diferenças. Por mil razões hoje as pessoas dizem que amam, muitas vezes motivadas por interesses econômicos, políticos, sociais, utilitaristas e por aí afora.

Em Jesus Cristo, Deus manifestou um amor universal, tão extraordinário que venceu a própria morte, se os cristãos aprendessem a força deste jeito de amar certamente o mundo seria muito diferente. O Papa Francisco recomenda como primeira motivação para viver o cristianismo a capacidade de amar como Jesus amou.


Professar a fé na pessoa e na palavra de Jesus implica fazer uma ponte entre aquilo que se acredita e o modo como se ama. A celebração comunitária da Eucaristia é uma forma extraordinária de compreender essa verdade.  A doação e o carinho expresso no dom a maternidade é um jeito concreto de experimentar e recordar o amor de Deus presente no meio do mundo.