A norma litúrgica do silêncio na missa...
Para quem está familiarizado com
o cotidiano da escola, dispensa muitas explicações. É hábito bem frequente na
educação infantil, embora não deixe de ser contestado, a chamada “Cadeirinha do
pensamento” ou “Cantinho do pensamento”. Trata-se de um espaço físico e de
tempo no qual a criança é convidada a pensar sobre seus atos. Esta prática
pedagógica não é uma regra geral, nem tampouco uma lei ou norma cumprida por
todos e em todos os lugares. Entretanto é conhecida por professores, pais e
alunos. Se bem entendida tem seus benefícios no que se refere à educação de
nossas crianças.
Começo por esta constatação para
escrever sobre a “Cadeirinha do Pensamento”, reservada aos padres na celebração
da missa. Há poucos dias eu estava presidindo a Eucaristia numa comunidade do
interior de Videira, e dentre as crianças hiperativas, estava uma que bem
conhecia a “cadeirinha do pensamento”. Logo depois da comunhão vendo o padre
sentado e em silêncio, bradou em alto e bom som: “o padre está de castigo”.
Diferente das normas pedagógicas,
a liturgia da Igreja prevê diversos momentos de silêncio durante a celebração
da Eucaristia. Nenhum deles é pensado como “Castigo” para o padre ou a quem
quer que seja. Os diversos momentos de silêncio antes que normas litúrgicas,
tem uma relação antropológica, isto é, tem a ver com o cotidiano das relações
pessoais.
Antes do Ato penitencial a
liturgia sugere um momento de silêncio. Isto é muito mais do que uma norma litúrgica.
No dia a dia das pessoas algum momento de silêncio faz bem a todos e ajuda a
fazer breve análise dos erros e acertos nas estratégias e objetivos.
Na missa, quando o presidente
convida: “Oremos”, a liturgia sugere um momento de silêncio. Também aqui não é
uma norma litúrgica, mas oportunidade para recolher as ideias e traçar
objetivos e estratégias para as ações futuras.
Entre as leituras, o evangelho e
a homilia, mais uma vez a Igreja pede instantes de silêncio. No cotidiano da
vida, quantas vezes a pessoa procura conselhos, palavras de ajuda, um ombro
amigo e assim por diante. E frequentemente depois de ouvir o conselho silencia
para depois responder: “estou pensando seriamente nas palavras que fulano me
falou”.
Depois da comunhão, mas uma é
sugerido pela norma litúrgica um momento de silêncio. Para muito além da norma
e da regra, no cotidiano das famílias depois das refeições as pessoas se
recolhem e silenciam. É comum em algumas famílias e sociedades a chamada “sesta
depois do almoço”, ou seja, uma breve cochilada.
Estas poucas observações podem
ajudar a compreender a importância do silêncio na missa, que muito mais do que “litúrgico
ou não litúrgico” ajudam a vivenciar o mistério que se está celebrando.
Em resumo, a missa sugere vários momentos
para o padre e para os fiéis, a “Cadeirinha do pensamento” e neste caso não é
nenhum mal que o “padre fique de castigo” de vez em quando.
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