domingo, 19 de março de 2017

HOMILIA PARA O DIA 19 DE MARÇO DE 2017 - 3º DA QUARESMA

SENHOR, NÃO NOS DEIXE 

FALTAR ÁGUA VIVA


A fome e a sede são necessidades fisiológicas de primeira grandeza. Qualquer criatura viva que experimente a sensação de fome e sede por longos períodos tem comprometida a qualidade de vida e a própria existência. Água e comida de qualidade sempre foram uma preocupação de todos os povos e de todos os organismos reguladores das relações sociais. Não sem razão as mais impactantes matérias jornalísticas em todo o mundo se referem à privação e à qualidade daquilo que os povos comem e bebem. No Brasil atualmente, o “escândalo da carne fraca” é apenas mais um elemento para expor a crise moral que vive nossa sociedade do ponto vista econômico, social e político. Esta situação permite um link com a situação do povo de Israel no deserto e a mulher samaritana do evangelho.
O povo de Israel que havia iniciado a caminhada para construção da sua cidadania e para uma nova forma de organização social espera que Deus resolva todos os seus problemas e aponta o interesse de voltar à escravidão do Egito: Por que nos fizeste sair do Egito? Foi para nos fazer morrer de sede, a nós, nossos filhos e nosso gado?”. Diante desta reclamação Deus apresenta alternativa para garantir a vida e ordena a Moisés: “Passa adiante do povo e leva contigo alguns anciãos de Israel”. Em outras palavras, não fique parado na simples reclamação, aprenda com a sabedoria de quem já solucionou questões complicadas ao longo da vida. Reconhecer a própria fragilidade e a presença de Deus na solução dos problemas cotidianos é a alternativa para a continuação da caminhada e para preservação da qualidade da vida em todas os biomas.
No encontro de Jesus com a mulher samaritana é possível ler mais uma vez o que se pode chamar de “escândalo da carne fraca”. A mulher anônima havia perdido todos os referencias de dignidade e respeito. Não buscava água no poço de Jacó, necessitava saciar sua sede de vida nova, queria ter certeza de onde poderia encontrar Deus: “Senhor, vejo que és um profeta! Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”. A angústia da mulher fica evidente ao perguntar onde encontro Deus vivo que saciará minha sede de vida nova.
Uma vez reconhecendo que Jesus é o messias ela recobra as forças e sai anunciando: “Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz...  E por causa da palavra da mulher muitos samaritanos acreditaram em Jesus”.
Eis que para cada pessoa, nestes tempos de “fome e sede de verdade e justiça” a ação e a palavra de Jesus são a certeza de que: “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado”.
Como Igreja reunida também a comunidade de fé é convidada a repetir o salmo: “Vinde adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com sua mão”.
Nesta quaresma, cada pessoa é convidada a fazer jejum e penitência modificando hábitos e costumes que maltratam a vida substituindo-os por práticas de respeito e de preservação da obra criada e confiada ao ser humano para “cuidar e guardar”.


                                                                                  

sábado, 11 de março de 2017

HOMILIA PARA O DIA 12 DE MARÇO DE 2017

FILHOS AMADOS DE DEUS

No dia em que eu saí de casa

No dia em que eu saí de casa
Minha mãe me disse
Filho, vem cá!
Passou a mão em meus cabelos
Olhou em meus olhos
Começou falar
Por onde você for eu sigo
Com meus pensamentos
Sempre onde estiver
Em minhas orações
Eu vou pedir a Deus
Que ilumine os passos seus
Eu sei que ela nunca compreendeu
Os meus motivos de sair de lá
Mas ela sabe que depois que cresce
O filho vira passarinho e quer voar
Eu bem queria continuar ali
Mas o destino quis me contrariar
E o olhar de minha mãe na porta
Eu deixei chorando a me abençoar
A minha mãe naquele dia
Me falou do mundo como ele é
Parece que ela conhecia
Cada pedra que eu iria por o pé
E sempre ao lado do meu pai
Da pequena cidade ela jamais saiu
Ela me disse assim:
Meu filho, vá com Deus
Que este mundo inteiro é seu
A Palavra de Deus deste domingo é a narrativa de “filhos” que saem de casa e que confiam que Deus vai com eles.
O livro do Gênesis apresenta Abraão interpretando a necessidade de partir como um chamado de Deus e confia na bênção que lhe iria acompanhar “Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo e te abençoarei...” a confiança de que Deus estava com ele deu forças para Abraão continuar seu caminho e o resultado foi reconhecido por todas as gerações de Israel, que o chamam de Pai na fé.
Com Jesus Cristo a história mostra que não foi diferente. Neste domingo da transfiguração, mais uma vez ele aparece mostrando as duas dimensões da sua vida: A glória de ser filho do Pai: uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: Este é o meu Filho amado”.
Simultaneamente aparece o sofrimento que a vida lhe reserva com todas as provações desta sua condição. Diz o Evangelho: “E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” ao mesmo tempo Jesus recomenda aos discípulos: “Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: 'Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”. São duas realidades dentro de um mesmo contexto, sofrimento e realização. Sina, missão, destino de todo filho e de todo pai.
Aos cristãos, mas também às pessoas do mundo inteiro, quando se trata de compreender que se é filho implica em acolher e escutar aqueles que ensinam, suas palavras dão força e discernimento diante das provações e dificuldades.
Nesta quaresma a Campanha da Fraternidade faz o convite e lança o desafio para “cuidar e guardar a criação”, é importante compreender o que ensina o Papa Francisco: “Nem tudo está perdido, porque os seres humanos capazes de tocar o fundo da degradação, podem também superar-se voltar a escolher o bem e regenerar-se, para além de qualquer condicionamento”.
É importante não esquecer que Deus chamou todos à salvação e a santidade como afirma São Paulo na carta a Timóteo que foi a segunda leitura deste domingo.
Reunidos em oração a Igreja pede por todos: “Alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que purificados o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão de vossa glória”.


sábado, 4 de março de 2017

HOMILIA PARA O DIA 05 DE MARÇO DE 2017 - PRIMEIRO DA QUARESMA

A GRAÇA É SEMPRE MAIOR QUE O PECADO


O calor deste verão levou muitas pessoas e por diversas vezes a afirmar que se está experimentando temperaturas de deserto. Embora não se tenha vivido geograficamente no deserto, tem-se a certeza que se trata de um local de privação e onde a vida é ameaçada em todas as suas formas.
O Evangelho deste domingo apresenta Jesus sendo levado para o deserto, certamente pode-se compreender que não se trata de um espaço geográfico, mas de uma experiência onde a vida e os propósitos da vida são colocados a prova. Para completar o desafio Jesus se vê frente a frente com o diabo que lhe apresenta todas as alternativas para sair vencedor desta “prova de fogo”.
A convicção de Jesus respondendo às propostas do tentador ajuda a perceber que Ele não está sozinho no deserto. Nas três investidas que o diabo faz contra Jesus a resposta vem sempre sustentada pelo conhecimento da Palavra do Pai e a culminância não pode ser outra senão a derrota do tentador como se vê na última frase do evangelho: “Então o diabo o deixou e os anjos se aproximaram para servir a Jesus”.
Desertos, lutas contra o mal e o pecado são a marca registrada de todas as relações da formação do povo de Deus narradas na Sagrada Escritura. Todas as vezes que a pessoa humana não reconheceu a voz de Deus, o resultado não poderia ser outro. A longa narrativa do pecado e o diálogo da mulher com a serpente, na primeira leitura, deixa muito claro que Deus não está presente naqueles momentos no jardim da criação e os habitantes se percebem “nus”. Não se trata necessariamente de nudez física, mas de fragilidade e incapacidade de resolver os problemas criados por eles mesmos.
O que aconteceu com o ser humano no início da criação não acontece com Jesus, isto deixa claro o que Papa Francisco também recomenda na sua mensagem para a quaresma: Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão”. Quem não ouve Deus, não escuta também o irmão e muito menos enxerga a vida que borbulha ao seu redor.  
A Campanha da Fraternidade nesta quaresma é um convite para ouvir e ver Deus que fala em todas as pessoas e todas as formas de vida. O momento é de reconhecer o pecado, pedir perdão como se reza no salmo deste domingo e confiar nas palavras de Paulo na segunda leitura: “Com efeito, como pela desobediência de um só homem a humanidade toda foi estabelecida numa situação de pecado, assim também, pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça”.



quarta-feira, 1 de março de 2017

HOMILIA PARA A QUARTA FEIRA DE CINZAS DE 2017

CULTIVAR E GUARDAR A CRIAÇÃO

Não é necessário ser um famoso ambientalista, nem tampouco um militante dos movimentos de preservação da natureza para perceber que todas as formas de vida são frequentemente ameaçadas e algumas em franco processo de extinção. Tal situação compromete o equilíbrio do planeta. É neste sentido que muita entidades e organizações lançam constantemente apelos diversos sobre a necessidade de cuidar das espécies vivas do planeta.
A Conferência dos Bispos do Brasil, que há mais de 50 anos realiza a Campanha da Fraternidade durante a quaresma, neste ano apresenta como tema: “Fraternidade, biomas brasileiros e defesa da vida” com  o lema: “Cultivar e guardar a criação”.
Compreender a necessidade deste cuidado implica em compreender o pecado pessoal e social da falta de consciência em relação à preservação do planeta. É neste sentido que a reflexão sobre isso faz uma convite: “A conversão quaresmal é ao mesmo tempo um voltar para Deus, para o próximo e para a vida da criação que nos cerca”(Texto Base da CF 2017, nº 21.).
Reconhecer o próprio pecado foi o que fez Davi no Salmo que se reza na quaresma:
Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!  
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado,
e apagai completamente a minha culpa! 

Eu reconheço toda a minha iniqüidade,
o meu pecado está sempre à minha frente.
Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei,

pratiquei o que é mau aos vossos olhos!

Criai em mim um coração que seja puro,

dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face,

nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! 
Dai-me de novo a alegria de ser salvo
e confirmai-me com espírito generoso!
Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar,
e minha boca anunciará vosso louvor! 

Esta oração de Davi, e que se faz oração de todos neste inicio de quaresma tem sua inspiração nas palavras do Profeta Joel: Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”.
E cada pessoa, sobretudo os cristãos do terceiro milênio são de novo convidados a se reconhecer o que disse São Paulo: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Como  colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz: No momento favorável, eu te ouvi e no dia da salvação, eu te socorri”.
Iniciar a quaresma com a celebração da imposição das cinzas implica fazer morrer aos enganos e renascer para a vida na Páscoa de Jesus comprometendo-se em “Cultivar e guardar a criação”


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 26 DE FEVEREIRO DE 2017

DEUS JAMAIS ESQUECE OS SEUS FILHOS


Esta semana a imprensa aproveitou para fazer audiência e claro criar polêmica usando palavras do Papa Francisco. Na Missa da quinta feira 23 de fevereiro, quando leu o Evangelho de Marcos que trata do escândalo do pecado, o Papa foi claro e objetivo ao afirmar que existem pessoas para quem falta coerência, mencionou aqueles que tem uma vida dupla, como por exemplo: rezar muito, mas ser desonesto nos negócios ou no trato com as pessoas.

Nesta direção está também a palavra de Paulo aos coríntios na segunda leitura de hoje: Irmãos: Que todo o mundo nos considere como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. A este respeito, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis”.

Aquele que é fiel pode ter certeza de uma coisa: a seu tempo Deus lhe fará perceber que dele nunca se esquece, é isso que afirma o profeta Isaias: Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti”.

Aqueles que são fieis, cuja existência não se constitui em uma vida dupla, podem cantar como se faz no Salmo deste domingo: “Só em Deus a minha alma tem repouso, só ele é meu rochedo e salvação”.

E isto reafirma Jesus no Evangelho de hoje: Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Pelo contrário busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça”.

Em outras palavras foi o que disse o Papa Francisco: Uma pessoa não pode levar uma vida dupla, dizer que vai sempre a missa, que reza muito, que participa dos movimentos e das pastorais da Igreja, mas não é justo nos negócios. Uma pessoa que age desta maneira não merece o título de cristã.


Celebrar em comunidade é fortalecer o desejo e firmar um compromisso de ser coerente entre aquilo que se acredita, aquilo que se reza e aquilo que se faz. Que a oração, a Palavra e a Eucaristia nos fortaleçam nesta missão. 

sábado, 18 de fevereiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 19 DE FEVEREIRO DE 2017

A NOVIDADE DO REINO...


A sociedade contemporânea marcada pelo stress e pelo ativismo vai criando frequentemente propostas para melhorar os relacionamentos e a convivência nos diversos ambientes. Basta digitar a expressão gentileza, na rede mundial de computadores e irá aparecer uma centena de alternativas. Em resumo, trata-se de compreender o significado da expressão: “Gentileza gera gentileza”. Há mais de 200 anos o filósofo François Voltaire já havia falado sobre isso quando escreveu o chamado tratado da tolerância.
Entretanto todas essas situações são ainda muito mais antigas e tem seu fundamento na lei dada a Moisés, muito cedo, porém, o povo de Israel já havia ampliado a compreensão e isto é o que se lê no livro do Levítico, de onde a liturgia tira primeira leitura de hoje: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Não procures vingança, nem guardes rancor dos teus compatriotas”. A lei dada a Moisés fez o povo compreender e cantar como se faz no salmo: “Bendize ó Minh ‘alma, ao Senhor, pois ele é bondoso e compassivo! Ele te perdoa toda culpa, não nos trata como exigem nossas faltas, Como um pai se compadece de seus filhos”.
E muito mais tarde, Jesus reinterpreta a lei do Talião: “Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito”.
Com um ensinamento desta natureza a constatação não poderia ser outra se não o que São Paulo escreve aos coríntios: “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? Tudo é vosso. Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”.
Reunidos em assembleia de oração onde se houve a Palavra e se partilha a Eucaristia não há outra atitude possível que não seja: fazer de tudo para ser semelhante a Deus amar com gratuidade, empenhar-se para que o jeito de ser de Deus se concretize em ações humanas todos os dias.
Reaprendendo a prática da tolerância e da gentileza se vai construindo uma comunidade transformada pelo perdão e pela misericórdia onde todos aprendem a cuidar de todos e de tudo.


sábado, 11 de fevereiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 12 DE FEVEREIRO DE 2017

PARA ALÉM DO QUE FOI DITO AOS ANTIGOS


Nas rodas de conversa é comum se usar a expressão: “fulano é surdo para aquilo que ele quer... ou ainda beltrano enxerga só o que lhe interessa... aquela outra pessoa faz as coisas sempre que pode levar vantagem.
Todas estas situações tem uma relação muito direta com a leitura do Eclesiástico proclamada neste domingo: Diante de ti, Ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir”. O texto deixa mais do que claro que tudo na vida se trata de uma questão de escolha e seja ela qual for exige daquele que toma uma certa direção, arcar com as consequências.
É isto que São Paulo afirma aos coríntios: “Como está escrito,  o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. Aqui também fica muito claro que a misteriosa sabedoria de Deus permite as pessoas aceitar aquilo que se ensina.
Jesus, no Evangelho deste domingo, vai além daquilo que prescreve a lei: Muito mais do que pode não pode, do certo e do errado Jesus apresenta um processo educativo das relações humanas, espécie de itinerário que passa pelo equilíbrio, cordialidade, respeito, sinceridade. As relações entre as pessoas pedem muito mais do que se limitar às prescrições legais, pede a capacidade de construir a partir do espírito de Deus:  Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Seja o vosso 'sim': 'Sim', e o vosso 'não': 'Não'.”.
Em resumo, a condição para viver bem e garantir que todos vivam bem consiste em nunca cansar de procurar uma maneira mais completa e adequada para construir relações de amor e solidariedade com todos. A Palavra de Deus sugere, mais uma vez ouvir a voz da consciência e deixar-se orientar pelo amor de Cristo.
É por isso que rezamos: Dai-nos a graça de ser sua morada e buscar sempre aquilo que traz a verdadeira vida. Isso significa ir muito além de ouvir, ver e fazer aquilo que lhe seja vantajoso ou interesseiro.


HOMILIA PARA O DIA 05 DE FEVEREIRO DE 2017

BRILHE A SUA LUZ DIANTE DE TODOS

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, oferecem infinitos recursos que permitem a interação entre as pessoas. As fotografias digitais que são compartilhadas instantaneamente são usadas em larga escala de forma positiva e também como exploração da imagem própria e muitas vezes alheia. O recurso da fotografia com muita frequência aparece ofuscado pelo excesso de luz no entorno daquele que é fotografado ou por uso inadequado do recurso tecnológico disponível. Ora, o que tem a isso a ver com a Liturgia da Palavra deste domingo? “Vocês são o sal da terra e a luz do mundo”! Quando a luz foca demasiadamente sobre a própria pessoa esta deixa de ser luz para o mundo brilhando, pelo contrário, sobre si mesma e ofuscando a verdadeira motivação e importância da luz que deveria iluminar a todos.
Nos textos dos últimos domingos, ouvimos Jesus convidar pessoas e formar equipes, com o objetivo de colaborar com o anúncio do Reino. Hoje ele aponta como deverá ser essa colaboração: “Sejam o sal da terra e a luz do mundo, para que vendo suas boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus”.  Fica claro então, não para que lhe vejam, mas que vejam seu testemunho, sua ação, seu serviço, suas boas obras e reconheçam que elas são o resultado da ação de Deus em sua vida como se reza no salmo: “Uma luz brilha nas trevas para o justo e permanece para sempre o bem que fez”.
Na mesma medida o profeta Isaias havia convidado o povo de Israel, a não se amedrontar diante dos problemas e dificuldades que tomavam conta de toda a sociedade. Com firmeza o profeta insiste: “Destrua os instrumentos de opressão, deixe de lado os hábitos autoritários e a linguagem maldosa. Acolhe de coração aquele que está sofrendo, presta socorro ao necessitado, deste modo sua luz irá brilhar nas trevas”.
Foi exatamente isso o que Jesus fez e que São Paulo anuncia aos coríntios na segunda leitura: “Irmãos fui enviado para anunciar o mistério de Deus e não fiz outra coisa senão lhes dar a conhecer Jesus Cristo Crucificado”.
Eis o convite que a Palavra de Deus nos propõe para esta semana: Ser um sinal da luz de Deus no meio do mundo, não para iluminar a si próprio, mas brilhar para o mundo a fim de que vendo as boas obras reconheçam que você está colaborando com o projeto de Deus.

Que a Eucaristia celebrada com a comunidade neste final de semana dê a todos a alegria de produzir muitos frutos como sal da terra e luz do mundo. 

sábado, 28 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 29 DE JANEIRO DE 2017

BUSQUEM O SENHOR, HUMILDES DA TERRA

Dentre as muitas interpretações sobre as constantes denúncias de corrupção e desmandos políticos que assombram a vida dos brasileiros, uma delas sustenta que esta não é uma prática nova, nem tampouco exclusiva do Brasil na atualidade. Essa vertente afirma que o problema sempre existiu, e que apenas não eram divulgados, que a liberdade de imprensa e as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação são instrumentos facilitadores para tornar público tudo o que agora acontece. Independente desta explicação ser verdadeira, nem de longe ser a única para explicar o problema que é evidente para todos, há que se convir que o ser humano tem dentro de si uma inclinação para o mal e para o pecado, para o desejo de levar vantagem e assim por diante.
A primeira leitura deste domingo é mais uma profecia realizada cerca de 600 anos antes do nascimento de Jesus. Naqueles anos o profeta falava para um povo que era explorado por mandatários corruptos, por políticos opressores e que faziam jogo de interesses para se manter no poder e que para garantir tudo isso não tinham escrúpulos de colocar em risco o futuro da sociedade. Nota-se que entre a leitura e a situação brasileira atual há uma sintonia muito fina e fatos que se assemelham. Para este povo o profeta anuncia: Buscai o Senhor, humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos; praticai a justiça, procurai a humildade; eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará”.
Para um povo também sofrido e desiludido São Paulo escreve na segunda leitura: “Considerai vós mesmos, irmãos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte”.
E reafirmando a predisposição de Deus Jesus aponta um caminho que implica na participação pessoal de cada um e de todos os que desejam uma sociedade diferente daquela que estão vivendo. Jesus chama de “felizes”, não aqueles que esperam de braços cruzados a ação de Deus, mas aqueles que reconhecem a vontade de Deus e trabalham para que ela se realize. Assim são felizes: “os que tem fome e sede de justiça, os pobres em espírito, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os que perseveram”.
Uma vez mais fica claro que os problemas que afetam e que diminuem a dignidade humana não é vontade de Deus, nem tampouco que ele virá resolver a seu modo, pelo contrário: O Senhor é fiel para sempre, O Senhor abre os  olhos aos cegos o Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo. Ele ampara a viúva e o órfão mas confunde os caminhos dos maus”.
Reunida para louvar o Senhor, a comunidade de fé pede com insistência: “Renovados pelo sacramento que celebramos, nós vos pedimos ó Deus que este alimento faça progredir na verdadeira fé”.

sábado, 21 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 22 DE JANEIRO DE 2017

O SENHOR É PROTEÇÃO E VIDA...

Alguns fatos permitem perceber como também nestes dias o povo vive mergulhado nas trevas e espera que brilhe uma luz para apontar caminhos. Apenas para ilustrar merece citar a posse do presidente Trump nos Estados Unidos com o seu discurso da América Grande atribuindo a Deus a responsabilidade pela segurança daquele povo e do mundo; A economia no Brasil continua se arrastando e as autoridades econômicas anunciam para março a injeção de dinheiro com a autorização para saques das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; A queda da avião que vitimou o ministro Teori Zavaski e outras cinco pessoas, são todas situações que permitem “n” explicações e poucas repostas.
Diante destes fatos parece haver uma relação muito forte entre a atualidade e a profecia de Isaias: “O povo anda nas trevas”, e para iluminar esta situação nada parece mais oportuno do que as palavras de Jesus no Evangelho: “Convertam-se porque o Reino dos céus está próximo”.
Na primeira leitura, que foi também proclamada no tempo de advento passado, o profeta  convoca seus conterrâneos a não se desiludir nem se amedrontar diante da escuridão, ele tem certeza que “para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita”. Obviamente que isto não vem de graça, sem participação e esforço pessoal e coletivo.
É confiando nesta verdade e fazendo a sua parte que o povo de outrora cantou o salmo, como se faz na liturgia deste domingo: “O Senhor é minha luz e salvação. O Senhor é a proteção da minha vida”.
Ora quem busca proteção no Senhor, precisa compreender o convite que Paulo faz na carta aos Coríntios: “Sejam concordes uns com os outros, não admitam divisões entre vocês, sejam bem unidos no pensar e no falar”.
As palavras de Paulo são como que uma sustentação para a construção de um caminho onde as sombras da morte não tenham a última palavra. Caminho que foi bem traçado por Jesus e que Mateus descreve com estas palavras: “Jesus andava por toda a região pregando a boa notícia do Reino e curando todas as enfermidades” para que sua ação tivesse maior abrangência e efeito duradouro não fez nada sozinho.
Enquanto caminhava foi chamando pessoas e formando uma equipe de trabalho, de convivência e de ação. O critério de Jesus foi muito simples e direto: “Sigam-me e eu farei de vocês pescadores de homens.”
Neste sentido também às pessoas do mundo moderno, que vivem situações de “escuridão e trevas” representados por momentos de incertezas e angústias, carregados de medo e de preocupação com os fatos que estão ocorrendo e com pouca perspectiva sobre o que poderá vir a acontecer. A hora parece oportuna para pedir as luzes do Espírito Santo e se deixar guiar pela verdade do Evangelho, sem pestanejar dar-se a mãos e buscar coletivamente respostas novas para situações desafiadoras.
Cabe o convite de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus: “Não desanimem nunca, mesmo que venham ventos contrários”.

Para adquirir esta força os cristãos se reúnem em assembleia de oração, ouvem a Palavra e partilham a Eucaristia. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 15 DE JANEIRO DE 2017 - 2º DOMINGO COMUM ANO "a"

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS

Que a pessoa humana reconhece sua limitação e finitude  é um fato inegável. Muito difícil  encontrar alguém, por mais incrédulo que seja que não admita os mistérios da vida, que não tenha medo da morte e não faça referência a um “ser superior”,  ou algo que o valha. Os cristãos creem no Deus da Vida e tem confiança que a morte não é a última realidade. Por causa dessa certeza, os cristãos estão habituados a saudar uns aos outros com a frase: “O Senhor esteja com Vocês”, ou ainda “Fique com Deus” e outras tantas expressões que indicam a fé e a esperança numa vida melhor e mais digna para todos.
As leituras deste domingo apontam para a certeza que Deus, na pessoa de Jesus Cristo manifestado ao mundo, Salva e dá coragem. O profeta Isaías, na primeira leitura anuncia ao povo de Israel a possibilidade para ser Luz das nações e sinal da presença de Deus no mundo. A mesma coisa afirma São Paulo na carta aos Coríntios “vocês foram chamados a ser santos, junto com todos que em qualquer lugar acreditam em Jesus Cristo”.
João batista soube muito bem cumprir esse papel e anunciou com a vida e a palavra em quem e porque acreditava em mundo diferente a partir da pessoa de Jesus, por isso afirma com autoridade: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo... ele passou à minha frente porque existia antes de mim... ele vai batizar vocês com o Espírito Santo”.
Como ensinamento da Palavra de Deus neste domingo cada pessoa, mas sobretudo,  os cristãos são chamados a ser uma esperança para o mundo. Jesus foi a realização de um sonho alimentado por gerações, aqueles que o conheceram confirmaram que na sua pessoa se realizou um tempo novo. Inspirados por sua palavra e testemunho muitos consumiram suas vidas na construção de um mundo melhor e mais humano.

Também os cristãos do terceiro milênio são chamados a fazer de sua existência um serviço para uma  vida mais digna para todos, por isso se reza na missa: “Escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz”. 

sábado, 7 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 08 DE JANEIRO DE 2017

EM JESUS NOS FOI REVELADA A GRAÇA QUE
DEUS CONCEDEU PARA A HUMANIDADE

Para o Brasil inteiro, o ano de 2016 terminou sem deixar saudade. A crise política, econômica, moral somada à onda de corrupção que assola o País, merece ser deixada para trás. Enquanto o noticiário está de férias, parece que estas coisas realmente deixaram de acontecer. Entretanto o ano se inicia com a trágica situação dos presídios e os massacres que ocorreram nos primeiros dias do ano em Manaus e em Roraima. Os mandatários estão preocupados com o que chamam de “barril de pólvora da violência”.
Por outro lado, ainda estamos celebrando e vivendo o clima de natal e as festividades garantem a reunião das famílias e atitudes de ação de graças. Como entender e celebrar estes dois lados da mesma moeda?
A Palavra de Deus deste domingo da Manifestação do Senhor também chamado de domingo de Reis ajuda a compreender e colocar a realidade sob a ótica daquele que pode libertar da morte, ou como diz São Paulo na segunda leitura: “daquele que revelou a graça e o conhecimento do mistério de Deus para a humanidade”.
A fala do profeta Isaías na primeira leitura garante: “Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti. Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe om tuas filhas, carregadas nos braços”. Esta profecia que foi pronunciada por ocasião da volta do exílio da Babilônia foi uma palavra de conforto para um povo sofrido e sem esperanças. Durante quase setecentos anos a comunidade de Israel esperou pela realização da promessa, que se concretizou com o nascimento de Jesus.
O relato do encontro do menino Jesus pelos Magos em Belém é a confirmação de que o projeto de Deus ultrapassa toda dor e todo sofrimento. O menino nascido em Belém que é, chamado pelos magos de “rei dos judeus, que acaba de nascer” provocou uma reviravolta no conceito de autoridade para todo o povo de Israel.
Eis que também para a humanidade neste ano de 2017, acreditar e procurar reconhecer Jesus cuja luz brilha no meio das trevas é uma maneira de ganhar a coragem dos magos e seguir “por outro caminho” longe da violência. Os Magos ensinam que apesar de todos os males e sofrimentos que rondam a sociedade, sempre existirá uma alternativa capaz de garantir forças para construir um mundo mais fraterno, mas humano e mais justo.
Que a celebração da Eucaristia, a força da Palavra e a reunião de irmãos em oração ajudem a todos compreender a lógica de Deus que não anda pelos mesmos caminhos dos corruptos dos nossos dias.


sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2017

QUE DEUS NOS DÊ SUA GRAÇA E SUA BENÇÃO

As felicitações para o ano novo são repletas de desejos e conselhos para alcançar a felicidade e a realização de todas as necessidades para uma melhor qualidade de vida. Tudo isso é verdadeiro e necessário e faz bem para todos receber as felicitações e desejos para o ano novo. Porém a Palavra de Deus que se lê na liturgia deste primeiro do ano, apesar da sua antiguidade e repetitividade continua sendo o mais extraordinário desejo e a maior necessidade para o ano novo.
Na primeira leitura se lê: O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto
e te dê a paz”.
Alguns preferem chamar Deus com tantos outros nomes, neste momento não é o mais importante, mas é certo que acreditar e pedir a sua bênção e presença em todos os dias do ano novo é a forma mais adequada para felicitar e comemorar a entrada do novo ano.
Neste sentido também a Igreja que se reúne em assembleia reza: Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, e o respeitem os confins de toda a terra”.
E São Paulo afirma: “Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá - ó Pai! 7Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus”.
O filho que nos fez herdeiros de todas as promessas de Deus é aquele que os pastores reconheceram no menino de Belém e que voltaram glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido.
É por causa desta verdade que as felicitações de ano novo ganham sempre um novo sentido e que neste ano o Papa Francisco manifesta na mensagem de paz enviada ao mundo: “Peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. Responder à violência com a violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de recursos são destinadas a fins militares e subtraídas às exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra.  O próprio Jesus viveu em tempos de violência. Ensinou que o verdadeiro campo de batalha, onde se defrontam a violência e a paz, é o coração humano: «Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos. Hoje, ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência. Se a origem donde brota a violência é o coração humano, então é fundamental começar por percorrer a estrada da não-violência dentro da família. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz.”





terça-feira, 27 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA A MISSA DOS MOTORISTAS - IGREJA MATRIZ SÃO JOAQUIM - VERÊ PARANÁ - 28 DEZEMBRO 2016

SE O SENHOR NÃO ESTIVESSE AO NOSSO LADO...

Alan Ruschel, um dos sobreviventes da Chapecoense, em sua primeira manifestação pública depois do acidente fez a seguinte declaração: Os planos de Deus são maiores que os meus, tão grande que eu não posso imaginar.  Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus. Deus, obrigado pela misericórdia deste milagre, o Senhor é maravilhoso”.
A manifestação deste jogador não é diferente do dia a dia dos motoristas e de tantos outros profissionais da estrada. Não são poucas vezes que os desafios da estrada são maiores que as próprias forças, entretanto é também verdade que a força da fé supera as provações e permite continuar na luta.
São Paulo, na segunda carta aos Coríntios, relata as próprias dificuldades nas suas viagens missionárias, no capítulo 11, versículos 26 a 29 se lê: “Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não estou mentindo”.
A liturgia da Igreja para o dia de hoje celebra a festa dos Santos Inocentes, fazendo memória das crianças assassinadas pelo rei Herodes, quando perseguia Jesus reconhecido como o “recém-nascido Reis dos Judeus”.
Na primeira leitura da carta de João está escrito: “A mensagem que ouvimos de Jesus Cristo e lhes anunciamos é esta: Deus é luz e nele não existe trevas”. Dito de uma outra forma, para quem reconhece Deus, nenhum sofrimento, nenhuma provação, nenhuma dificuldade será maior do que todos os desafios que o mundo oferece.
É por isso que nós rezamos no salmo da liturgia de hoje: “O nosso auxílio está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra”
Para quem confia no Senhor, a falta de consolo e a dor daqueles que partem não é maior do que a coragem de “José que levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito”.

Sem sombra de dúvida a manifestação que fazemos no dia de hoje como ação de graças pelos trabalhos do ano é a melhor maneira de reconhecer o que disse o jogador: “Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus” 

sábado, 24 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA A NOITE DO NATAL 2016

SALVOS POR SUA MISERICÓRDIA

Todos os grandes acontecimentos da história humana exigem longa preparação e envolvem pessoas e instituições. O mundo contemporâneo e o mercado do negócio prepara os eventos com campanhas publicitárias que envolvem também muito dinheiro. Algumas vezes até os cristãos se deixam contaminar por esse sentimento e a festa do Natal em lugar de ser uma oportunidade para a solidariedade, o perdão e a confraternização se resumem na troca de presentes e no comércio de interesses.
A Palavra de Deus que se proclama na missa da noite do Natal aponta para outra direção e nesta perspectiva celebrar o nascimento de Jesus é uma ocasião para reconhecer a Misericórdia de Deus que vem ao encontro da pessoa humana para lhe garantir a salvação.
O profeta falou ao povo num tempo em que o sofrimento e a dominação estrangeira era a marca mais forte em Israel. E no meio desta situação Isaias garante: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem os frutos” e continua o profeta: “um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”.
Também a Igreja hoje compreende a profecia e canta o Salmo: Anunciai dia a dia a sua salvação, publicai entre as nações a sua glória, em todos os povos as suas maravilhas. Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém, exultem os campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores das florestas”.
São Paulo confirma na carta a Tito: “Caríssimo: Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens”.
O menino que nasceu em Belém e cuja presença é celebrada em cada Natal é a realização de tudo o eu havia sido anunciado. Por isso mesmo a assembleia reunida em oração na noite de Natal renova a proclamação feita pelos anjos aos pastores: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido”.
Celebrar o Natal implica compreender e ajudar cada pessoa também compreender que o amor de Deus que se preocupa com todos e que a felicidade de todos. A salvação de Deus não se manifesta nos grandes eventos da história, mas na simplicidade das coisas de cada dia.

Que Maria ensine a todos reconhecer o verbo que se fez carne e que veio habitar entre nós por meio de quem também a humanidade reconhece Deus que vem  e que o profeta já havia chamado de Príncipe da Paz!