POLICIDADANIA: O INDIVÍDUO E O MUNDO
Elcio Alberton, considerações sobre Democracia e educação. Nenhuma citação destes comentários fazem referência a qualquer prática educacional da atualidade. São apenas conjecturas em uma hipotética sociedade. Quem quiser entender, entenda...
Na obra Democracia e educação: Capítulos essenciais, o autor Marcus Vinicius da Cunha comenta alguns capítulos da obra de DEWEY: Democracia e educação, na qual o autor “traz uma profunda reflexão sobre o cerne do problema da escola contemporânea: a inexistência de uma sociedade verdadeiramente democrática” (CUNHA 2007, p.8).
Nesta direção se apresenta a preocupação que levantamos em nosso projeto de ingresso no programa de mestrado segundo o qual denominamos Policidadã uma sociedade em que todos os membros pudessem gozar de plena vivência democrática. Democracia plena e não restritiva, segundo o que trabalhamos no projeto em referência implica também na realização das mais profundas aspirações humanas, inclusive a vivência da espiritualidade, denominada por nós com o vocábulo “Mistagogia[1]”.
Nossa leitura da obra de CUNHA teve a perspectiva da nossa linha de pesquisa, razão pela qual nos concentramos no terceiro capítulo, tendo também lido o original na obra do próprio DEWEY o capítulo XXII no qual o autor faz duras críticas às relações sociais da Idade Média período em que o indivíduo vivia numa total separação entre os espíritos individuais e o mundo como uma sociedade de interesse coletivo.
Sob a égide da Escolástica que impunha um modo de aceitar a razão como serva da Fé e a única capacidade de possuir o saber ser restringia a aceitação dos dogmas católicos, DEWEY faz uma séria crítica à condição vivida pelos cidadãos de outrora. Em Democracia e Educação se lê:
“O ato de pensar começa pela dúvida ou incerteza. Ele representa uma atitude indagadora, buscadora, investigadora, em vez de o ser de domínio e posse. Mediante seu processo crítico o verdadeiro pensamento é revisto e ampliado, e são reorganizadas nossas convicções sobre determinados estados de coisas”. (DEWEY 1936, p. 364).
Esta forma de conceber a relação dualística Alma/corpo se tornava um impeditivo para a compreensão da busca pela verdade que necessariamente começa com a dúvida e a incerteza.
Não podemos fingir que, ontem como hoje, pode ser aplicado à escola a intrigada preocupação do autor: “Basta dizer que, em geral, a escola foi a instituição que patenteou com maior clareza o antagonismo que se presumia existir entre os métodos de ensino puramente individualistas e a atividade social, e entre a liberdade e a disciplina social”. (DEWEY 1936, p 371)
Daí que o professor mistagogo será, mais facilmente, capaz de superar a mera condição de transmissor de verdades e saberes prontos e acabados, que na obra Democracia e Educação aparece com a compreensão que ensinar não pode ser resumido a fazer com que “alguém se familiariza com a matéria já conhecida por outro...” quando isso acontece “tanto o ensinar como o aprender tendem a tornar-se coisas convencionais e mecânicas, aptas a ocasionar fadiga nervosa para o docente e o discípulo”. (DEWEI 1936,p.374).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, Marcos Vinicius da. Democracia e Educação: capítulos essenciais. São Paulo, Ática, 2007.
DEWEY, John. Democracia e educação. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1936.
[1] O termo mistagogia tem sua origem em dois vocábulos gregos: mystes, que significa mistério, e agein, que significa conduzir.
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