sábado, 16 de maio de 2015

HOMILIA PARA O DIA 17 DE MAIO DE 2015

DOMINGO DA ASCENSÃO DO SENHOR

ANO B – Atos 1, 1-11; Salmo 47 (46) Efésios 1,17-23; Marcos 16,15-20

O brasileiro é um povo festeiro, e quando não tem razões para fazer festa, arruma motivos. E festa é sempre oportunidade para encontros, causos, jogos, diversões, saudade, e outras coisas mais.  Dentre as particularidades das festas uma delas é recordar o passado, lembrar-se das lições, fazer memória de tudo o que aconteceu consigo e com aqueles que naquela ocasião se encontram.
A liturgia da Igreja chama os 50 dias depois da páscoa como uma festa que não tem fim. Para ajudar nisso os textos do evangelho proclamados cada domingo atualizam um aspecto do acontecimento extraordinário que foi a Ressurreição de Jesus.  A começar pela alegria da manhã da ressurreição, o encontro de Jesus com Tomé e os discípulos, o reconhecimento do Bom Pastor e a condição de videira unida ao tronco que é Jesus.
Quarenta dias depois da páscoa os discípulos vivem aquilo que até hoje a Igreja proclama com fé: “Subiu aos céus e está sentado a direita de Deus Pai”.  Reunidos na Galileia os discípulos presenciam Jesus subindo ao céu e recebem a tarefa: “Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.
São Paulo afirma aos efésios que Deus tem o poder e a partir dele todas as coisas acontecem. Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos, e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente. Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro”.
É a força de Deus que os discípulos tinham sido enviados a anunciar pela palavra de Jesus no evangelho: “'Ide pelo mundo inteiro e anuncie o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.
Desde aquele tempo até os dias de hoje cada cristão continua tendo a mesma ajuda e o mesmo empenho: Anunciar a força de Deus que rompe barreiras, que destrói a morte, que fortalece a esperança e que constrói a caridade. Para isso servem o testemunho de todos os que viveram a fé nos últimos dois mil anos, para isso serve a palavra da Igreja que estimula a proclamar com a vida e com as palavras aquilo que se professa na oração. O que aconteceu com os discípulos pode ser realidade também hoje: “O Senhor cooperava com eles confirmando o que proclamavam” para isso é necessário que o anúncio venha acompanhado do testemunho, como alerta o Papa Francisco: “Evangelizadores com espírito, quer dizer gente que reza e trabalha”.

Que a oração de cada um seja sustento para todos é o que se pede na assembleia reunida de cada domingo

sábado, 9 de maio de 2015

HOMILIA PARA O DIA 10 DE MAIO DE 2015

            QUE O VOSSO FRUTO PERMANEÇA

Atos 10, 25- 48; Salmo 98, 1Jo4, 7-10; João 15, 9-17
6º domingo da páscoa

A expressão que é o cerne da liturgia deste domingo é anterior ao cristianismo. Os sábios gregos sabiam mais sobre o amor do que toda a humanidade. Eles diferenciavam muito bem entre o amor dos pais pelos filhos, amor entre os amigos, afeto entre pessoas que vivam sob um mesmo teto, amor caridoso pela humanidade, amor possessivo, amor erótico, amor jocoso, mas o que eles mais admiravam era o amor entre amigos. Somente a “mania” de amar, que hoje nós chamamos de paixão, era considerada pelos gregos como uma punição dos deuses. A filosofia grega teve em alta consideração um tipo de afeto que até hoje costuma ser incondicional, isso é, ama sem pedir nada em troca e ama independente da situação de quem é amado, talvez seja até uma questão biológica, trata-se do amor materno.

É esta a forma de amor que as leituras apresentam como sendo o amor de Deus. Noutro texto da Sagrada Escritura se lê: “ainda que uma mãe esqueça de amar o seu filho, Deus jamais se esquecerá do seu amor”.  É deste jeito que Pedro manifesta o amor de Deus pelos estrangeiros: “Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença”. E João, autor da carta cujo texto é proclamado na segunda leitura diz: Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho”.  Por sua vez a palavra de Jesus não poderia ser mais clara, alias ela é repetida em todo o evangelho de João. Não se trata de amar algo invisível e distante, mas de amar a pessoa que está perto. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu andamento:amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”.

O mundo contemporâneo pede que as relações de amor verdadeiro sejam mais claras, pede que a própria religião deixe de ser uma prática individualista, que o amor proporcione o diálogo e aceitação das diferenças. Por mil razões hoje as pessoas dizem que amam, muitas vezes motivadas por interesses econômicos, políticos, sociais, utilitaristas e por aí afora.

Em Jesus Cristo, Deus manifestou um amor universal, tão extraordinário que venceu a própria morte, se os cristãos aprendessem a força deste jeito de amar certamente o mundo seria muito diferente. O Papa Francisco recomenda como primeira motivação para viver o cristianismo a capacidade de amar como Jesus amou.


Professar a fé na pessoa e na palavra de Jesus implica fazer uma ponte entre aquilo que se acredita e o modo como se ama. A celebração comunitária da Eucaristia é uma forma extraordinária de compreender essa verdade.  A doação e o carinho expresso no dom a maternidade é um jeito concreto de experimentar e recordar o amor de Deus presente no meio do mundo. 

sábado, 25 de abril de 2015

HOMILIA PARA O QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA 2015


O BOM PASTOR DÁ A VIDA POR SUAS OVELHAS

1ª Leitura - At 4,8-12;   Salmo - Sl 117,1.8-9.21-23.26.28cd.29 (R. 22) ; 
2ª Leitura - 1Jo 3,1-2; Evangelho - Jo 10,11-18
Nesta semana três fatos marcaram os noticiários nacionais e  internacionais. Localmente a tragédia que se abateu sobre a cidade catarinense de Xanxerê e redondeza, no âmbito mundial o naufrágio de um navio com centenas de pessoas no mar mediterrâneo e o terremoto no Nepal.  Todos os casos despertaram ações de comoção e de solidariedade em favor das vítimas e declarações de autoridades e dos responsáveis para garantir a segurança das pessoas envolvidas. Nestes casos todos fica evidente que o que está em jogo é a dignidade das vidas humanas cujo cuidado, de algum modo, é responsabilidade de todos. Negar-se a colaborar para que situações desta natureza não se repitam ou prestar socorro a quem foi atingido por catástrofes é uma maneira de manifestar o coração amoroso e atitude de pastor que a condição de cristãos sugere a todos.
Dentro do contexto do tempo pascal a liturgia da Igreja convida a celebrar a pessoa de Jesus ressuscitado que se dá a conhecer como o Bom Pastor, aquele que por sua união com o Pai ama a todos e se apresenta buscando e acolhendo a todos, sobretudo os distantes e mais sofredores.
O retrato de Jesus Bom Pastor tem perfeita sintonia com a ação dos discípulos descrita nos Atos dos Apóstolos e clara nas palavras de Pedro: Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular. Em nenhum outro há  salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos” é nele que todos podem sentir-se filhos amados de Deus.
Reconhecer esta verdade e nela se reconhecer seguidor de Jesus Cristo, o Bom Pastor, traz igualmente uma exigência indispensável para o cristão. Já não servem mais palavras, as adversidades e os sofrimentos que se fazem visíveis no mundo contemporâneo pedem exemplos de testemunho autêntico, pede a coragem de pessoas motivadas a prolongar a missão de Jesus no mundo. Missão que não é apenas garantir a segurança daqueles que estão seguros no espaço da igreja e da sociedade, mas também buscar, socorrer, preocupar-se com todos aqueles que em qualquer lugar sofrem vítimas de catástrofes ou de descaso de pessoas e autoridades que deveriam ser responsáveis pela vida em plenitude para todos.

A oração da Igreja reunida estimula a comunidade de fé a se responsabilizar e a testemunhar a ressurreição de Jesus empenhando esforços  que não permitam ficar à margem da construção da esperança por um mundo novo povoado de irmãos. 

terça-feira, 14 de abril de 2015

HOMENS DE ORAÇÃO OU FUNCIONÁRIOS DO SAGRADO

Os padres de Bergoglio, pastores globais sem clericalismo e carreirismo.
2015-04-10T23:47:00.435Z
Reportagem de Francesco Peloso, no sítio Vatican Tabloid, de 06-04-2015.
Chega de padres doentes de clericalismo, de funcionários, aqueles apegados ao dinheiro, de padres que maltratam as pessoas. Ao contrário, que se dê espaço aos sacerdotes que sabem estar no meio das pessoas, do seu rebanho, perto das famílias, de quem sofre, de quem precisa de ajuda; espaço para os educadores, para aqueles que sabem "se sujar" com a realidade e são capazes de compartilhar com os outros e colaborar entre si.
 
                    Existe um modelo de padre que, há muito tempo, o Papa Francisco está propondo para a Igreja. Ele fez isso durante muitos discursos "informais", durante as famosas homilias matinais das missas celebradas em Santa Marta e através de mensagens oficiais como a que foi destinada à Conferência Episcopal Italiana em novembro passado. Francisco vê de perto a crise das vocações que afeta, há muito tempo, em primeiro lugar, o Ocidente, ou seja, a parte do mundo em que a tradição cristã tem raízes antigas. E nessa área do mundo a Europa é o continente onde o afastamento da fé e da batina é sentido de modo particularmente evidente.
                    Assim, o bispo de Roma está tentando dar uma resposta à crise profunda da fé, conjugando uma ideia de Igreja popular e não barroca com o perfil do pastor que deve anunciar o Evangelho neste tempo. Assim, se a Igreja deve se transformar em um hospital de campanha, em um lugar em que se acolhe e não se rejeita o "ferido" com base em algum artigo do catecismo aplicado secamente e sem olhar para a pessoa, se a Igreja deve deixar de funcionar como uma alfândega em que se deve ter todos os documentos em ordem para entrar, o sacerdote que está em contato com a comunidade dos fiéis deverá, em primeiro lugar, estar no meio do seu povo.
                    "Não servem padres clericais, cujo comportamento corre o risco de afastar as pessoas do Senhor, nem padres funcionários, que, enquanto desempenham um papel, buscam longe d'Ele a própria consolação." Palavras claras que talvez perturbaram uma Igreja um pouco curvada sobre si mesma e que se depara, com crescente dificuldade, com uma sociedade em constante mudança. 
                    Na ocasião, o papa também chamava a atenção dos bispos. Entre as suas tarefas – repetiu ele várias vezes – há também o de estarem perto dos sacerdotes que, na vanguarda, mantêm viva a vida. Quantos deles, explicava Francisco, "com o seu testemunho, contribuíram para nos atrair a uma vida de consagração".
                    "Nós os vimos gastarem a vida entre as pessoas das nossas paróquias – afirmava o papa –, educando os jovens, acompanhando as famílias, visitando os doentes em casa e no hospital, cuidando dos pobres, na consciência de que separar-se para não se sujar com os outros é a maior sujeira'", observou ainda, citando o grande escritor russo Tolstoi. 
                    Mas, se essa é a tarefa nada fácil dos padres; a fraqueza, a queda pode atingi-los ao longo do caminho. Então, é tarefa dos bispos, das Conferências Episcopais recorrer a instrumentos de formação permanente, a verificações periódicas, tentando captar os elementos de cansaço e de solidão que podem marcar a vida de um padre. Em suma, é um olhar realista voltado pelo pontífice para a condição sacerdotal, fundamentado na consciência de que a escolha de ser padre hoje vai contra a sensibilidade e a cultura dominantes.
                    Aliás, os números são claros. De 2002 a 2012, a última década para a qual existem dados disponíveis, o número de sacerdotes esteve em queda constante (cerca de 5 mil a menos só na Itália; freis e freiras registram, em todos os lugares, nos países ocidentais, uma contração que parece irrefreável). As novas ordenações, além disso, caem em todo o Velho Continente. Na Itália são agora pouco mais de 300 por ano (em alguns Estados, poucas dezenas). Mas também é preciso ver quanto tempo elas duram. O crescimento ocorre em outros lugares, na África e, em particular, na Ásia, onde florescem Igrejas jovens, mas os católicos são muitas vezes uma minoria.                     Mas nem por isso é preciso alargar as malhas dos seminários, ao contrário, o risco é de deixar entrar pessoas não aptas, que têm problemas de relacionamento ou de socialização. O escândalo dos abusos infantis também é filho dessas políticas superficiais.
                    O Papa Francisco lembrava isso em outubro 2014: "Por favor – era o convite lançado pelo pontífice aos bispos –, é preciso estudar bem o percurso de uma vocação! Examinar bem se aquele homem é sadio, se aquele homem é equilibrado, se aquele homem é capaz de dar vida, de evangelizar, se aquele homem é capaz de formar uma família e renunciar a isso para seguir a Jesus".
                     Muitos problemas em inúmeras dioceses, acrescentava o papa, surgem porque os bispos acolheram as pessoas que, depois, são expulsas dos seminários e das casas religiosas. Por um lado, havia o problema dos abusos e, por outro, o das vocações incompletas, feitas por pessoas que depois voltavam a uma vida como leigos.
                    Tornar-se padre, portanto, segundo a abordagem de Bergoglio, não é uma profissão. O padre não deve ser um organizador nem o chefe de uma ONG. A sua missão se realiza, sim, através de instrumentos sociais ou de caridade, mas na ótica forte do Evangelho, de uma fé que orienta profeticamente todo o povo de Deus, incluindo os pastores. Assim, a adesão à palavra de Jesus, a sua proximidade aos últimos, aos pobres, deve ser tornar central na vida do sacerdote, que também é feita de espiritualidade, de oração.
                    Mas Francisco, nos últimos meses, tocou também outro ponto clássico de crise da vida sacerdotal, o da relação com o dinheiro. O papa denunciou publicamente aqueles padres que pedem dinheiro em troca dos sacramentos, de um casamento, de um batismo e assim por diante. "Quantas vezes – disse ele – vemos que, ao entrar em uma igreja, ainda hoje, há ali a lista dos preços para o batismo, a bênção, as intenções para a missa... E o povo se escandaliza", porque, nessas formas, cumpre-se "o escândalo do comércio, da mundanidade". 
                    Portanto, tomando um elemento extremo de verdade na relação entre os fiéis e a Igreja, Bergoglio afirmava: "O povo de Deus sabe perdoar os seus padres quando eles têm uma fraqueza, quando deslizam em um pecado. Mas há duas coisas que o povo de Deus não pode perdoar: um padre apegado ao dinheiro e um padre que maltrata as pessoas!"

sábado, 11 de abril de 2015

HOMILIA PARA O DIA 12 DE ABRIL DE 2015

FELIZ É AQUELE QUE PARTICIPA...

Os recursos tecnológicos disponíveis em larga escala na atualidade, as redes sociais, o acesso a muitos e diversificados meios de comunicação, transforma com facilidade pequenos fatos em grande noticias e muitas vezes situações sem importância ganham proporções que nem se poderia imaginar. Nisto se reconhece o poder da comunicação. Há que se reconhecer que as tecnologias são um avanço e normalmente trazem muitos benefícios para todos. Mas é verdade também que o mau uso das redes sociais pode fazer grandes estragos.
Basta ver algumas postagens nas redes sociais  que em  questões de horas são compartilhadas e visualizadas por milhares de pessoas, situação praticamente impensável  até bem pouco tempo. Imaginem-se  os discípulos de Jesus anunciando sua ressurreição com os recursos da internet. O fato, certamente teria tomado dimensões muito maiores e o cristianismo se expandido pelo mundo com uma velocidade impressionante.
Mas neste caso faltaria um ingrediente que a Palavra de Deus proclamada neste segundo domingo mostra com muita clareza. Trata-se do contato pessoal e do envolvimento pessoal com a causa e a própria notícia. No evangelho os discípulos contaram com toda a vibração possível: 'Vimos o Senhor!' Porém, Tomé, que não estava envolvido com o fato foi incrédulo: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos,
se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.
A mesma situação aparece na carta de João, que é a segunda leitura do domingo: “Podemos saber que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos”. E  o grande mandamento  não é outro senão estar próximo daquele que se ama.
Quem está próximo da pessoa amada torna-se um com ela, como narra os Atos dos Apóstolos: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum”.
Diante destas narrativas que outra atitude pode ter o cristão do terceiro milênio senão  seguir o testemunho das primeiras comunidades cristãs, isto é, reunir-se , escutar a Palavra, rezar uns com os outros, participar da ceia, cultivar a perseverança e a confiança de modo que coragem vença o medo e todos possam proclamar o anuncio feito por Jesus: “A paz esteja com Vocês”. E repletos do Espírito Santo de Deus prolongar nestes tempos e com todas as forças que o Senhor Ressuscitado está vivo e presente  no mundo e que por isso mesmo a vida pede que se faça crescer o dinamismo das relações de compreensão e de doação de Deus com  as pessoas e entre si tendo em vista um mundo sempre melhor. 

sábado, 4 de abril de 2015

HOMILIA PARA O SÁBADO SANTO 2015 – 04 DE ABRIL.


ALELUIA, O SENHOR RESSUSCITOU! 

Poucas coisas são mais significativas para a pessoa e para a sociedade do que a possibilidade de passar de uma condição de vida menos digna para uma situação melhor. O tempo de preparação para essa transformação muitas vezes exige sacrifício, determinação e coragem. Para os cristãos esse processo acontece durante os quarenta dias da quaresma.
As celebrações da semana santa intensificam as expectativas da páscoa. Isso é a passagem para um tempo novo, para um estilo de vida diferente e muito melhor.
As leituras proclamadas na liturgia da noite do sábado santo recordam a ação de Deus no mundo. A longa narrativa da criação que se conclui com a expressão: “E Deus viu que tudo era muito bom”.  A proclamação da passagem do Mar Vermelho cuja mão de Deus garantiu a vida ao povo Hebreu e castigou os Egípcios que lhes perseguiam.
Os salmos que são proclamados e levam a comunidade inteira a rezar reconhecendo a maravilhosa ação de Deus em favor de todos os que nele confiam, se completam com o encontro do túmulo vazio pelas mulheres que não abandonaram o Senhor Jesus.
Vencendo todo medo e todo preconceito as mulheres caminham de madrugada para o lugar onde estava o corpo de Jesus.  Recebem em primeira mão a noticia: “Ele não está aqui, Ele ressuscitou”. Esta extraordinária noticia pede uma nova atitude, que significa não ficar parado diante do túmulo vazio. “Vão e contem aos discípulos e a Pedro caminhem até a Galileia, lá Vocês o verão”, Ordenou o anjo às mulheres.
Todas essas situações podem ser vivenciadas por cada pessoa que celebra a páscoa de Jesus neste terceiro milênio. Ninguém duvida que as dificuldades destes tempos sejam cruzes e muitas vezes “noites escuras” que sufocam a esperança, mas ao mesmo tempo apontam para a possibilidade de uma vida nova, de uma páscoa que será passagem para um tempo novo onde a vida triunfará.
É importante não se deixar vencer pelo cansaço, pela tristeza e desilusão, pelo contrário, há que se deixar abrir às novidades que Deus constantemente traz para a vida de todos. Imitar Maria, a mãe de Jesus, a hora é de guardar todas as coisas no coração de modo a não deixar passar em branco a transformação que se realiza no coração e na vida daqueles que acreditam.

Coragem, o Senhor está Vivo!

quinta-feira, 2 de abril de 2015

HOMILIA PARA A SEXTA FEIRA DA PAIXÃO - 03 DE ABRIL DE 2015

EIS O LENHO DA CRUZ...
Não precisamos ir longe para perceber que a sociedade hoje tem muitas cruzes. Casos graves de corrupção e desvio de dinheiro público sem solução ou punição. Em Santa Catarina, professores e outras categorias em greve. Para fazer “funcionar a escola”, diretores e gerentes de Educação orientam os pais para que  mandem seus filhos a escola. Lá eles ficam horas no ginásio de esportes ou com atividades diversas que não são aulas e isso eles chamam “educação de qualidade”.
A Celebração da Sexta Feira Santa na liturgia da Igreja atualiza o sofrimento de Cristo na cruz, nele se pode dizer “Páscoa de Cristo – Páscoa da Gente”! Os cristãos não se reúnem para lembrar um fato ocorrido há dois mil anos, mas, pelo contrário, celebram  o sofrimento de Cristo que se repete no sofrimento do povo.
Celebrar piedosamente a Sexta Feira da Paixão implica fazer alguma escolhas. Pode-se agir como Pilatos, lavando as mãos diante das cruzes,  outra atitude possível é a de Pedro: “Não sei quem ele é e nunca vi este homem”; pode-se também ser como Judas, entregando-o ainda para ser crucificado, traindo aquele que foi seu companheiro em muitos momentos.
Mas o cristão de verdade pode se comportar como o ladrão arrependido: “Tem piedade de mim Senhor,  que eu sou pecador”; pode ser também como o Cirineu que ajuda cada pessoa a carregar sua cruz. Pode ser como Maria Madalena, Maria a mãe de Jesus e as outras Marias, caminhar com Ele até o Calvário.
Não sem razão a estas últimas Jesus apareceu primeiro ressuscitado do domingo de páscoa. A Sexta Feira da Paixão é um convite para todos experimentar o que se lê na carta aos Hebreus: Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus Cristo, o Filho de Deus. Por isso permaneçamos firmes naquilo que acreditamos!
Cristo, na sua vida terrena dirigiu súplicas, com forte clamor e lágrimas e foi atendido por causa da sua perseverança. Sendo Deus ele aprendeu a sofrer, mas não se calou diante do sofrimento: “Pai se possível afasta de mim esse cálice, mas seja feita a tua vontade  e não a minha”. Sua persistência lhe fez vencer as cruzes, as ameaças e a própria morte.

A Sexta Feira da Paixão coloca todos diante das cruzes de cada dia e convida a ser  perseverante e firme na fé, a participação de todos garantira a passagem do Calvário para a Vida nova da Páscoa. 

HOMILIA PARA A QUINTA FEIRA DA SEMANA SANTA - 2015

NOITE ESCURA DO MONTE DAS OLIVEIRAS (Bento XVI)

A Quinta feira santa, com a celebração da “Missa do Lava-pés”, introduz os cristãos no mistério da morte e ressurreição do Senhor. Não sem razão, o Papa Bento XVI, denominou a “Noite escura do Monte das Oliveiras”.
Na celebração da quinta feira cada pessoa é convidada a colocar todas as misérias e fraquezas no coração de Jesus. Nas palavras de um hino litúrgico composto para a noite de hoje  se canta assim: “Durante a ceia, o discípulo do amor/ Recostou sua cabeça/ sobre o peito do Senhor/.E cada impulso do Sagrado coração/ Era um novo testemunho/ De acolhida e de perdão... Durante a ceia, antes de enfrentar a cruz/ Quis ficar com seus amigos/ Para ser a sua luz/.Como alimento, o Sagrado Coração/ Entre nós ficou presente/ Neste vinho e neste pão”.
Os cristãos do século XXI, como os hebreus do Egito, ainda são escravos e escravizados de muitos modos, entre eles: Comodidade, preconceito, consumismo, intolerância, falta de caridade, corrupção, inveja, amor próprio, falta de compromisso com a vida e assim por diante. De algum modo, todos são chamados a dar um basta a essa situação.  São Paulo faz um convite aos conrintios que é igualmente estendido a todos: fazer uma passagem do velho homem para uma nova criatura e a agir sempre em “Memória do Senhor”.
Jesus, lavando os pés dos discípulos indica uma atitude simples e possível para todos. Se quiser ser discípulo do mestre, seguir os seus passos, uma coisa  é necessário colocar-se a serviço. Nas noites escuras da vida, o convite não é esconder-se, mas antes sair de si e servir àqueles que mais necessitam. Como disse Madre Tereza de Calcutá: “As mãos que ajudam são mais sagradas dos que os lábios que rezam”.
Celebrar a noite escura do monte das oliveiras é compreender o significado das palavras: “O amor é como grão, morre e nasce trigo, vive e morre pão”.
Deus e o seu Filho Jesus é o pão que  alimenta que faz morrer as fraquezas  e refaz as energias. A Deus  para quem tudo é possível, os cristãos são convidados a confiarem as suas vidas na certeza que Ele mesmo ajudará a fazer a passagem necessária para situações melhores e mais dignas.

Que a oração de todos e a comunhão na Igreja seja o alimento nesta Santa Semana. 

quarta-feira, 25 de março de 2015

HOMILIA PARA O DOMINGO DE RAMOS DE 2015

BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR!

O Domingo de Ramos é a porta de entrada para a Semana Santa que culmina com o mistério da Páscoa. Páscoa é a razão da vida do cristão, isso é a passagem mais decisiva e importante que a pessoa humana realiza. Em Jesus Cristo todos os que nele creem terão a vida eterna.
A celebração do Domingo de Ramos é marcada por dois momentos extraordinários na vida de Jesus. No primeiro ele  é exaltado e proclamado Rei de Israel. Em sua entrada triunfal em Jerusalém ouvem-se os gritos: “Bendito o que vem em nome do Senhor!”.  Poucos dias, na mesma Jerusalém ele é acusado de blasfemador e pecador porque se apresenta como enviado do Senhor, Filho do Deus vivo.
Neste sentido a semana santa se torna uma oportunidade para os cristãos experimentarem a solidariedade com Cristo e o com os sofredores e injustamente acusados e condenados neste mundo.
O profeta Isaías se refere ao Servo do Senhor e o apresenta como o escolhido. Apresentando o Servo como alguém capaz de ouvir e colocar em prática a Palavra que ouve o texto faz perceber que o verdadeiro Servo é Jesus Cristo em quem todos são também filhos de Deus e, portanto chamados a fazer exatamente o que Jesus fez: ouvir e praticar a Palavra até as últimas consequências.
Paulo escreve aos filipenses que estavam vivendo um tempo delicado em que as desavenças, os ciúmes, as fofocas e disputas de poder eram muito claras entre eles. Paulo apresenta a pessoa de Jesus e mostra como ele agiu, recomendando aos seus amigos: “Não façam nada por espírito de vanglória, mas que a humildade os ensine a não se preocupar apenas consigo mesmo, mas estar atento aos sofrimentos e necessidades de todos”.
Já os dois textos do Evangelho proclamados antes da bênção dos ramos e a primeira narrativa da paixão apontam para duas atitudes possíveis aos cristãos. Ou proclamar com convicção que Jesus é o Bendito que vem em nome do Senhor! Ou fazê-lo apenas da boca para fora e poucos dias depois voltar a atrás e comportar-se como Pedro: “Não sei quem é este homem e nem compreendo o que Você está dizendo”.
Iniciando a Semana Santa o cristão se propõe a viver o mistério de Jesus Cristo em sua totalidade e ao mesmo tempo ser para o mundo sinal de Jesus Cristo vivo e ressuscitado. Cada pessoa é convidada a seguir Jesus sendo portador de uma mensagem positiva onde o amor e a justiça gera segurança e paz.

Desta forma cada cristão poderá repetir com convicção o convite da Campanha da Fraternidade: “Eu vim para servir!”.

sexta-feira, 20 de março de 2015

HOMILIA PARA O DIA 22 DE MARÇO DE 2015

JESUS – REALIZAÇÃO DAS  PROMESSAS DE DEUS PAI

O Brasil está vivendo nestes dias um dos piores momentos da sua história democrática. O Cenário aponta para crise econômica, crise de emprego, a violência aumenta em diversas partes, os políticos perderam de vez a credibilidade, a corrupção aparece como uma chaga que parece ser incurável. Neste contexto a Igreja vivência a quaresma. Como tempo de preparação para VER Jesus.
VER Jesus é o pedido dos gregos narrado no Evangelho. Não se trata de vê-lo com os olhos, mas de compreender a sua missão, descobrir realmente quem Ele é e sua verdadeira missão no mundo. Os gregos queriam ir até a raiz da verdade sobre aquele que ouviam ser chamado de Filho de Deus.
E Jesus se dá a conhecer com uma comparação muito simples, por meio da qual anuncia a culminância da sua tarefa na terra: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.
Anunciando o fim dos seus dias ajuda compreender a profecia de Jeremias “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança... Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: 'Conhece o Senhor!`; todos me reconhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor, pois perdoarei sua maldade, e não mais lembrarei o seu pecado”.
Jesus se dá a conhecer tal como é descrito na carta aos Hebreus, verdadeiramente humano, ele experimenta na carne tudo o que um ser humano pode sentir, porém sua absoluta confiança em Deus lhe faz superar toda dor, todo sofrimento e toda morte.

O Ensinamento de Jesus dado outrora continua atualíssimo para os cristãos do terceiro milênio. A festa da Páscoa que vai ser celebrada nos próximos dias é um convite e um desafio para permitir que cada pessoa e a sociedade como um todo se renove e renove a aliança com Deus a fim de que as cruzes que se apresentam na vida de todos sejam apenas mais uma passagem necessária para a realização plena e para que o País se construa como pátria de todos.

sexta-feira, 6 de março de 2015

HOMILIA PARA O DIA 08 DE MARÇO DE 2015

CASA DE DEUS, CASA DE IRMÃOS...

Esta semana, finalmente, foram divulgados os nomes dos políticos envolvidos na Operação Lava Jato, ou seja, os escândalos da PETROBRAS. Mas o que foram estes escândalos senão negociatas envolvendo muito dinheiro para favorecer e enriquecer meia dúzia privilegiando e garantindo favores a outra meia dúzia de corruptos e corruptores.
Num primeiro momento, se poderá dizer que a Igreja e a Palavra de Deus nada têm a ver com a política e os escândalos que ela proporciona. Basta prestar bem atenção na Palavra de Deus proclamada neste terceiro domingo da quaresma para perceber como há uma relação muita estreita entre os fatos condenado por Jesus e o que os brasileiros estão presenciando nestes dias.
No tempo de Jesus, a lei previa que todo judeu devia ir pelo menos uma vez por ano, por ocasião da festa da páscoa em peregrinação ao Templo de Jerusalém. No Evangelho deste domingo, Jesus também vai à festa cumprindo o que está previsto. Chegando ao lugar que deveria ser sagrado encontra roubalheira, escândalo, exploração.
A atitude do Filho de Deus não podia ser outra: Indignação, exatamente o mesmo sentimento que passa pela cabeça e coração de cada brasileiro. Jesus literalmente: “chuta o pau da barraca”- vira as mesas dos cambistas, expulsa vendedores, e proclama: “Não transformem a casa de meu pai numa casa de negociatas”.
A verdadeira casa de Deus, a que Jesus se refere não é o Templo de Pedra, mas as pessoas que estão sendo vítimas daqueles que se aproveitam da ocasião para extorquir e roubar. Depois de derrubar tudo Ele proclama: “Destruam esse Templo e o  reconstruirei em três dias”. Os discípulos só foram compreender essa afirmação quando Jesus ressuscitou no terceiro dia depois que seu o Templo do seu corpo tinha sido destruído.  
Para as comunidades cristãs da atualidade é muito  mais fácil entender essa leitura e as outras duas proclamadas neste domingo. O maior e principal mandamento de Deus  não é respeitar o templo e as coisas materiais, mas respeitar e amar o ser humano. Amar e respeitar a pessoa foram a lição mais importante que Jesus deixou para os que lhe interrogaram sobre o principal mandamento: “Ame seu próximo como a você mesmo”. Está claro que o dinheiro desviado nos escândalos que se assiste, foram roubados dos cidadãos, de quem cada dia está sendo diminuída a dignidade e a qualidade de vida.
São Paulo, quando escreveu aos Coríntios manifestou, em outras palavras, o mesmo sentido: “Os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos”. Esse crucificado é o Filho de Deus, que havia se revelado aos judeus do antigo testamento, conforme o livro do êxodo proclamado na liturgia: “Eu sou o Senhor teu Deus... Honra teu pai e tua mãe, para que vivas longos anos na terra que o Senhor teu Deus te dará”.
As advertências que o autor do livro do êxodo faz ao proclamar os mandamentos são perfeitamente aplicáveis às pessoas de nosso tempo à medida que se compreende o que é rezado no salmo: “Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz”.
Não precisa muitas palavras para entender que as falcatruas presentes em todas as esferas de governo são o desrespeito aos mandamentos de Deus, e adoração de outros deuses, no caso o dinheiro e o poder.
A assembleia que se reúne em oração a cada domingo é a nova morada, sendo ao mesmo tempo discípula e missionária na luta por um mundo novo que vá se construindo desde já com relações justas e honestas entre todos em qualquer lugar.

É importante rezar juntos para que cada pessoa se compreenda casa de Deus e ao mesmo tempo casa de irmãos, lugar onde não exista desrespeito e exploração, mas pelo contrário vida plena e abundante para todos. 

sábado, 28 de fevereiro de 2015

DEUS SALVA E ACOLHE A TODOS!

Nos últimos o Brasil assistiu estarrecido a diversas manifestações de toda ordem contra situações doloridas pelas quais passa a sociedade como um todo. São escândalos de corrupção que envergonham a todos. É manifestação dos caminhoneiros, outros trabalhadores em distintas partes e de diferentes categorias todos com uma lista enorme de reinvindicações que lhes garanta melhores condições de trabalho mais dignidade.
Esses acontecimentos mostram que raramente uma ação humana é realizada sem um propósito claro sobre qual resultado quer alcançar. Assim também ano após ano, a liturgia da Igreja celebra o tempo da quaresma com a intenção de preparar aqueles que entram nesse mistério para celebrar a pascoa.
A leitura de Gênesis, a primeira no elenco previsto para esse domingo, narra de modo estarrecedor a história do pai que se propõe sacrificar o próprio filho. A prática que era comum para os povos conterrâneos de Abraão quase chega ao desastre da morte. Entretanto, Deus intervém e confirmando a fé do patriarca  afirma: “'Juro por mim mesmo -  diz o  Senhor -, uma vez que agiste deste modo e não me recusaste teu filho único, eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. Teus descendentes conquistarão as cidades dos inimigos. Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste”.
No momento em que o anjo mostra o cabrito para ser sacrificado fica clara a vontade de Deus: Ele é o Pai da vida e não compactua com nenhuma forma de desrespeito pela dignidade da pessoa humana.
É neste sentido que ganha ainda mais importância a oração do Salmo: “Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos. Guardei a minha fé, mesmo dizendo: É demais o sofrimento em minha vida!”.
São Paulo, escrevendo aos Romanos anuncia palavras de conforto. Mesmo diante de todo e qualquer sofrimento o cristão pode ter uma certeza: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”.
A narrativa da Transfiguração de  Jesus tem por objetivo revelar de modo claro que Jesus é o Filho de Deus e que todo o que nele crer receberá a recompensa. Obviamente que para isso não se pode ficar parado sobre o monte ou em qualquer lugar, trata-se de lutar para que aquilo que direito aconteça.
Diante da palavra de Deus deste domingo é importante não se deixar iludir por falsas expectativas, como se algum milagreiro pudesse, num passe de mágica, resolver todos os problemas de todos.
Participar das manifestações que a sociedade civil organizar é um gesto importante e necessário, não, porém fazendo desses atos oportunidades para oportunistas anunciar respostas mágicas para problemas que precisam ser resolvidos com a participação de todos.
Que a oração da quaresma com as orações e o Jejum coloque o Brasil  e os brasileiros no caminho da necessária e útil transformação em uma pátria livre, justa, democrática e cidadã.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 22 DE FEVEREIRO DE 2015

O REINO DOS CÉUS ESTÁ NO MEIO DE VOCÊS!

A crise de credibilidade que toma conta de todas as esferas de governo, dentro e fora do Brasil, precisa ser vista com um olhar  crítico. Diante da enxurrada de denúncias e acusações que os meios de comunicação apontam atirando para todos os lados  há que se fazer algumas perguntas: Até onde vai a verdade em tudo isso? E qual seria a melhor atitude diante daquilo que, uma vez provado, atenta contra a vida e a dignidade do ser humano.
Ora, crise de credibilidade não é o que falta nas narrativas bíblicas na relação do povo escolhido com Deus durante toda a história da salvação. O texto de Gênesis proclamado na liturgia deste domingo  mostra um caminho e uma ação possível para todos os que querem viver à luz da Palavra de Deus.  O episódio de hoje se situa logo depois das narrativas do dilúvio e nele se lê: “Estabeleço convosco a minha aliança: nenhuma criatura será mais exterminada pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra”.
Viver e aceitar a aliança com Deus implica não compactuar com nenhuma forma de corrupção ou vantagem pessoal. Neste sentido a quaresma é o tempo próprio para começar um processo de conversão e de missão em favor da vida plena e digna para todos.
Nos caminhos de Deus, que se reconhece no salmo, como caminhos de verdade e amor cada pessoa é chamada a andar e nele ter confiança. É Deus mesmo quem ensina para todos os seus caminhos.
As palavras do apóstolo Pedro: Cristo morreu, uma vez por todas,
por causa dos pecados, o justo, pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus. Sofreu a morte, na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espirito”. São um indicativo para a sociedade contemporânea de modo que cada pessoa possa reconhecer a sua parcela de responsabilidade neste dilúvio de denúncias que tiram o sono e a tranquilidade de todos. Dito em outras palavras: cada pessoa precisa morrer para o pecado a fim de viver uma vida nova.

Neste caso, ficam ainda mais claras as palavras de Jesus: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”.
Iniciando a quaresma é imperativo vencer as tentações, arrepender-se, acreditar no evangelho e aproveitar a oportunidade de renovar o batismo e cultivar a identidade cristã.
Claro que isso fica muito facilitado pela oração mais intensa, pela prática do jejum, da penitência e da caridade capaz de promover a criar oportunidades para todos e em toda parte

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 15 DE FEVEREIRO DE 2015

ACOLHER E CUIDAR...

A festividade do carnaval, preparada e esperada pelo povo brasileiro pode ser uma oportunidade para compreender muitos ensinamentos. Uma das lições que o carnaval oferece é a oportunidade para a inclusão. Por traz das fantasias e alegorias muitas pessoas conseguem curtir a vida e celebrar a amizade, condição que não teriam no cotidiano das suas relações. Trata-se da grande parcela dos excluídos da sociedade contemporânea.
A leitura da Palavra de Deus neste domingo traz, igualmente uma lição sobre inclusão e exclusão, sobre acolher e cuidar. O texto do Levítico na primeira leitura faz um relato daquilo que uma comunidade cristã não deve realizar. De fato o livro não tem finalidade de praticar o acolhimento, mas de cumprir uma lei. E no caso a lei é impedir a participação comunitária daqueles que o sacerdote considera impuros e pecadores.
Não é esta a vontade de Deus, situação que é possível reconhecer na oração do salmo quando se diz: “Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor  não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!”.   Neste verso está clara a intenção de Deus que é o refrão do salmo: Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio”.
Este é também o pensamento de São Paulo na carta aos coríntios: Fazei como eu, que procuro agradar a todos, em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos”. O que Paulo recomenda para suas comunidades é a manifestação daquilo que fez Jesus e que o Evangelho de Marcos tão bem retrata: Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: 'Eu quero: fica curado!”.
Ora, a atitude de Jesus, foi colocada em prática por Paulo e muitas outras pessoas ao longo dos tempos. A palavra de Deus deste domingo convida e  provoca cada cristão a fazer o mesmo que Jesus.
Não é necessário esperar o carnaval e que as pessoas apareçam fantasiadas para  esconder suas diferenças. É importante, como cristãos, acolher a todos, não fazer distinção de ninguém.

Acolher e cuidar é uma missão que todos os cristãos podem colocar em prática no seu dia a dia. Condição que se fortalece quando os irmãos se reúnem em oração comunitária. 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 08 DE FEVEREIRO DE 2015

E NOS MOSTRE O SENTIDO QUE A VIDA CONTÉM...

A existência humana é feita de altos e baixos. Determinados momentos da vida a pessoa está bem, todas as situações concorrem para  a realização pessoal e daqueles que lhe são próximos. Os negócios dão certo, a saúde esta bem, as relações familiares e sociais também se completam. Enfim, se pode dizer que naquelas ocasiões “Tudo vai bem!”
Porém, não faltam ocasiões em que parece nada dar certo. Tem-se a impressão que todos voltaram as costas e que até Deus se esqueceu das pessoas e da humanidade. E nestes casos como que num efeito dominó tudo parece dar errado. É o que se costuma qualificar como “Um dia daqueles”.
Este último sentimento é o que Jó manifesta na primeira leitura deste domingo: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário? Como um escravo suspira pela sombra, como um assalariado aguarda sua paga assim tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimento”.
Nesta situação, uma atitude é indispensável: Descobrir  o verdadeiro rosto de Deus. Aquele que é louvado pelo salmo proclamado na liturgia deste domingo: “Ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura; fixa o número de todas as estrelas e chama a cada uma por seu nome”.
Exatamente o mesmo rosto que Jesus revelou com suas ações em favor dos que encontrava com necessidades. No evangelho Ele vai à casa de Pedro e “A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu”.
Como se isso não bastasse, o relato de Marcos mostra outras ações de Jesus: É tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças”. A narrativa deste domingo se conclui: “Jesus andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios”.
Para dar sentido a existência e evitar que os momentos de sofrimento se transformem em tempestade permanente, um convite dirigido a toda pessoa: Gastar a sua vida para diminuir o sofrimento dos demais.
Participar da celebração da Eucaristia, rezar com os irmãos na mesma fé são maneiras de erguer a cabeça e de reconhecer a ação maravilhosa que Deus faz e fez em favor de todas as gerações. Ontem como hoje Deus conforta os corações despedaçados.



sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 25 DE JANEIRO DE 2015

CONVERTAM-SE E CREIAM NO EVANGELHO!

Já não é mais novidade que os meios de comunicação social, frequentemente,  dão importância a fatos que muitas vezes tem pouca relevância e outras vezes deixam passar em branco verdades quem são importantes. Nesta semana os noticiários se encarregaram de publicar aos quatros ventos  a expressão do Papa Francisco: "Algumas pessoas pensam - e desculpem minha expressão aqui - que, para ser um bom católico, eles precisam ser como coelhos. Não. Paternidade tem a ver com responsabilidade. Isto é claro", respondeu o papa surpreendendo os jornalistas”. A ênfase dada à primeira parte da frase fez passar despercebida a sua conclusão: “Paternidade tem a ver com responsabilidade”. É exatamente neste sentido que as leituras apresentam Deus e o seu projeto para todos os povos.
Nínive, para onde Jonas foi enviado, era uma comunidade para a qual os judeus davam pouco ou nenhum valor. Entretanto é ali que a bondade do criador quis se manifestar e para quem fez um pedido decisivo: “Quarenta dias e Nínive será destruída”. As palavras do profeta surtiram imediatamente efeito: “Os ninivitas acreditaram em Deus; aceitaram fazer jejum, e vestiram sacos, desde o superior ao inferior”.
Ontem como hoje todos podem repetir como se faz no Salmo deste domingo: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada!
Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação
”.  Com esta certeza fica ainda mais necessário aceitar o convite que Paulo faz aos Coríntios na segunda leitura: “
Pois a figura deste mundo passa”.
Neste sentido as palavras de Jesus são uma luva: “Convertam-se e creiam no Evangelho”.  Aqueles que assim procederem compreenderão, como os discípulos, a extensão da sua missão e darão  muito mais valor às suas vidas.
Diante destas palavras fica claro que é importante compreender “Quem não quer perder a validade, ouve as sugestões, olha para o que é novo de maneira curiosa e não resistente”.

A oração de todos ajudará a olhar o horizonte da própria transformação  a fim de que a vida nova recebida no batismo faça brilhar os dons que Deus concede a todos. 

sábado, 10 de janeiro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 11 DE JANEIRO DE 2015

BANHADOS EM CRISTO, SOMOS UMA NOVA CRIATURA...

Esta semana chamou a atenção nos noticiários a decisão de uma noiva que se descobriu portadora de uma neoplasia cujo tratamento exigiria quimioterapia. Dentre as consequências uma delas poderia resultar em infertilidade. Diante deste quadro a mulher desistiu de realizar a festa de casamento e aplicar os recursos deste momento em uma forma de garantir que ela, no futuro,  pudesse ser mãe.
Este fato ajuda a compreender o valor da vida e a missão de todo ser humano: colaborar com a obra de Deus. Neste domingo a Igreja celebra o Batismo de Jesus. As leituras que se  proclamam revelam o Filho de Deus como Cordeiro que tira o pecado, bem como sua disposição para assumir a condição humana até a consequência da cruz.
O profeta Isaias revela o servo como aquele que tem o Espírito de Deus e a quem é dada a responsabilidade de fazer justiça e promover o direito. Na condição de servo de Deus sua missão não se restringe a algum ponto determinado, mas se estende para todo o universo.  O profeta descreve o servo com as seguintes palavras: “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade. Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos.”
Em resposta a esta condição o povo inteiro eleva um louvor e o aclama como um aliado que lhe traz a bênção. A mesma oração está na boca da assembleia cristã no salmo da liturgia deste domingo: Filhos de Deus, tributai ao Senhor, tributai-lhe a glória e o poder!  Dai-lhe a glória devida ao seu nome; adorai-o com santo ornamento!
Nos atos dos apóstolos é Pedro quem proclama a igualdade de todos os batizados, condição que havia sido firmada por Jesus de Nazaré com sua vida e seu ensinamento. No texto da segunda leitura as palavras de Pedro são claras: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça,  qualquer que seja a nação a que pertença”.
No evangelho, Marcos descreve o batismo de Jesus e o apresenta como o pastor que vai conduzir o povo pelos caminhos da vida até vitória de finitiva. Para isso Jesus, mergulha no Jordão e volta renascido, este gesto simboliza a cruz e a ressurreição. Esta atitude provoca a revelação de quem ele é para todos os povos: “E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. E do céu veio uma voz: 'Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”.
Do mesmo modo cada cristão ao ser batizado, recebe a graça e a convocação para seguir o exemplo de Jesus e continuar sua missão. Do batismo se pode dizer: “Banhados em Cristo somos uma nova criatura! As coisas antigas passaram, somos nascidos de novo”.

Seguidores de Jesus, a comunidade orante é ao mesmo tempo continuadora da missão construindo com suavidade e mansidão a justiça e o direito. Rezemos todos a fim de que a Igreja inteira se constitua em Filha amada de Deus.