sábado, 31 de outubro de 2015

JUBILEU DE PRATA DE ORDENAÇÃO PRESBITERAL

ENTOAI AÇÃO DE GRAÇAS...






 Eu te exaltarei meu Deus e Rei
Por todas as gerações
És o meu Senhor
Pai que me quer no amor

Entoai ação de graças
e cantai um canto novo
aclamai a Deus Javé
aclamai com amor e fé

Eu vou reunir Jerusalém
pra te louvar, ó Senhor!
Te glorificar
ao dar-me tua paz!

Ao me revelar a tua lei
as tuas mãos eu senti.
Sim, te louvarei
enquanto eu existir.



A letra deste hino litúrgico, inspirado no Salmo 147 que não me canso de repetir ao longo dos meus dias, é a melhor maneira de falar ao Senhor dos Senhores, o meu sentimento de gratidão pelos 25 anos de ordenação presbiteral.
Uma graça que me foi concedida pela imposição das mãos de Dom Luiz Colussi, então Bispo Diocesano de Caçador, no dia 03 de novembro de 1990. Naquela ocasião pedi a Deus que eu fosse capaz de “Servir na Alegria e na Caridade”. Tenho consciência que, ao longo destes vinte e cinco anos, muitas vezes não consegui realizar esse propósito, outras tantas Deus me deu a graça de manifestar a sua presença no meio do mundo como aquele que serve.
Neste momento elevando os olhos ao céu para aclamar a Deus Javé tomo a liberdade de começar por um pedido de perdão a todos e a cada um para quem eu não fui testemunha do amor, do serviço e da alegria de Deus. Peço a todos que rezem comigo e me ajudem a compreender o que disse D. Luiz no dia da minha ordenação: “O que impressiona não é a perfeição da pessoa, o que impressiona é a generosidade da pessoa, isso certamente impressiona a mim, todos vocês e a toda a humanidade até o fim do mundo”.
Sim, eu te louvarei enquanto eu existir, porque muito maior do que o ministério, muito maior do que a pessoa, muito maior que a Igreja, é o Senhor e o seu Reino e é por isso que vale continuar esforçando-se, pois como dizia Nelson Mandela: “Um Santo é um pecador que nunca desiste”.
Repleto de todas as fragilidades humanas, sou grato por todas as graças que Deus me concedeu viver nas paróquias, escolas e Universidades em Arroio Trinta e Salto Veloso, Rio das Antas e Ipomeia, Fraiburgo, Blumenau e Videira em Santa Catarina, Campo Verde, Jaciara e Cuiabá no Mato Grosso e Curitiba no Paraná, onde trabalhei nestes vinte e cinco anos e acredito que “Se eu conseguir modificar uma vida ao tocar outra com minha história, terei cumprido minha obrigação” (Zelda La Grange).
Obrigado a cada pessoa que me ajudou a levantar em todas as minhas fragilidades, aqueles que “empurraram minha vaquinha*”, ou fizeram-me sentir o “Pintassilgo da História**” afinal de contas o ensinamento da Santa Madre Paulina vale sempre e para todos: “Não desanimeis, nunca, nunca, embora venham ventos contrários”.
Ao longo destas duas dezenas e meia dois registros não podem passar em branco. As inúmeras vezes que senti a presença de Minha Mãe e de N. Sra. Aparecida em todas as provações e dificuldades. Nesta trajetória compreendo muito bem a expressão do Papa Francisco: “Os sacerdotes são como aviões, todos voam, mas só são noticia quando caem”, sem sombra de dúvida Deus, Minha mãe e N. Sra. Aparecida me permitiram não ser notícia, no sentido de que fala o Papa Francisco.
A pergunta mais frequentes que me fazem sobre minha vocação diz respeito ao momento em que me senti chamado para ser padre. Devo responder com sinceridade que é esta resposta eu não tenho. Faço-a com as palavras do Profeta Jeremias: “Antes de formar você no ventre de sua mãe eu o conheci: antes que você fosse dado à luz eu o consagrei para fazer de você profeta das nações” (Jeremias 4,1). 
A segunda pergunta, não menos importante que a primeira, quase sempre trata de como eu me sento na condição de padre. Também esta respondo com uma palavra da escritura: “Anunciar o Evangelho não é um título de glória para mim; pelo contrário, é uma necessidade que me foi imposta. Ai  de mim se eu não anunciar o Evangelho”. (1Corpintios 9, 16);
Partilhando com Você este momento da minha vida, recomendo-me às suas orações na certeza de que todos compreendemos que “Graça divina é começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca” (Dom Helder Câmara).


Aproveito para convidá-lo a celebrar comigo em ação de graças os vinte e cinco anos de Ministério:
31/10/2015 – 18h00 Na Igreja Matriz Imaculada Conceição de Videira – SC
01/11/2015 – 09h00 Igreja Matriz de Ipomeia – SC
07/11/2015 – 18h00 Igreja Matriz Rio das Antas – SC
14/11/2015 – 18h00 Igreja Matriz Arroio Trinta – SC
15/11/2015 – 08h30 – Igreja Matriz Arroio Trinta - SC
21/11/2015 – 16h00 Na Associação de Moradores do Bairro Santa Tereza – Videira – SC
26/12/2015 – 20h00 – Igreja Matriz São Joaquim de Verê – PR
08/01/2016 – 18h15 – Matriz Basílica de Aparecida – SP
09/01/2016 -   09h00 – Santuário Nacional de Aparecida – SP
17/01/2016 - 10h00 – Capela São Miguel – Planalto  - Verê - PR






HOMILIA PARA O DIA DE FINADOS 2015

DAI-LHES, SENHOR O REPOUSO ETERNO...

Leituras: Jó 19, 1. 23-27ª; Salmo 26 (27);
Romanos, 5, 5 – 11; João 6, 37 -40.

Dentre as muitas frases e palavras sobre o sentimento de perca que as pessoas são obrigadas a experimentar ao longo da vida, uma delas diz mais ou menos assim: “Pelos olhos escorrem, aquilo que o coração já não consegue guardar... a eterna saudade!”.
É este um dos sentimentos que mais fácil se pode perceber no dia de finados. Diante do jazigo das pessoas que se ama é inevitável deixar “doer o coração”, e dentre as ações possíveis para diminuir a dor e conformar a saudade as sepulturas são decoradas com flores, frases e lágrimas.
Porém, há um consolo extraordinário que o cristianismo garante para aqueles que acreditam: “Onde está ó morte a tua vitória?”. Diante do mistério que envolve a relação entre a vida e a morte a Palavra de Deus facilita às pessoas compreenderem que a vida é um dom de Deus para ser cuidado e partilhado.
Na liturgia dos fieis defuntos quando se ouve a leitura de Jó: “Queria que as minhas palavras fossem gravadas em uma pedra: Eu sei que o meu redentor vive e que o verei face a face” se confirma a certeza que vive em todos os que acreditam: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações” como diz São Paulo na carta aos Romanos.
Vivenciar esta verdade que permite enxugar as lágrimas é um privilégio daqueles que confiam na palavra de Jesus: “Todos os que o Pai me confia virão a mim, e quando vierem, eu não os afastarei”.

Visitando o túmulo dos falecidos, derramam-se lágrimas, ao mesmo tempo que se acende a luz da esperança conforme se reza no salmo: “Senhor é minha luz e salvação, sua bondade eu hei de ver na terra dos viventes”. 

HOMILIA PARA O DIA DE TODOS OS SANTOS

APAIXONADOS POR DEUS E PELO SEU REINO


Quando se vê uma pessoa que realiza suas tarefas e cumpre suas responsabilidades com competência e dedicação costuma-se dizer que tal pessoa é um apaixonado por aquilo que faz. Assim se tem pais e mães apaixonados, professores apaixonados, médicos apaixonados, varredor de rua apaixonado, motorista apaixonado e assim por diante.
Na liturgia deste domingo a Igreja celebra a solenidade de todos os santos. Existem muitos critérios para se declarar que alguém seja santo, alguns passam pelo crivo de estudos científicos muito apurados, outros pela realização de milagres, mas a maioria dos santos vem do coração das pessoas. E neste último caso quase sempre a condição fundamental para que as pessoas atribuam para alguém este título diz respeito à paixão que marca o dia a dia daquele que é considerado Santo.
As leituras bíblicas que se proclamam no dia de todos os santos ajudam melhor perceber o que é preciso fazer para ser Santo e consequentemente estar perto de Deus. O livro do Apocalipse fala de cento e quarenta e quatro mil, este número sendo a multiplicação de 12 x 12 x 1000, indica a perfeição, a totalidade daqueles que se tornaram santos, em seguida afirma que os santo são uma multidão que não se pode contar. Porém o mais importante na leitura é que a multidão que não se pode contar são aqueles que reconhecem e proclamam: A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro".  Os santos não temem afirmar que: O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre. Amém".
Todavia, a mais autêntica forma de proclamar a grandeza de Deus não é por meio das palavras, mas com a vida. E isto Jesus mostra no Evangelho quando descreve as condições para herdar o Reino de Deus: Pobreza de espírito, mansidão, fome e sede de justiça, misericórdia, pureza de coração e gente de paz.
A prática destas virtudes, garante a todos um dos maiores presentes que alguém pode receber e que consiste no reconhecimento da filiação. São João afirma: Vede que grande presente de amor o Pai nos deu:  de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! 

Por estas razões a Igreja reza com o Salmo: “É assim a geração dos que procuram o Senhor”.  Neste sentido é que todos e cada pessoa é convidada a ser santo. Não como uma tarefa quase impossível, mas sendo capaz de viver os desafio de cada dia, abraçando as suas responsabilidades e tarefas com paixão de modo que em qualquer lugar e não importando qual a sua profissão todos tem possibilidade para ser santos e, como diz a primeira leitura, poder sentar-se diante do trono e do Cordeiro.

sábado, 24 de outubro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 24 DE OUTUBRO DE 2015

CORAGEM, VAMOS EM FRENTE...

Por diversas regiões catarinenses e no vizinho Rio Grande do Sul as chuvas, ventos e granizos tem provocado medo, e causado inúmeros prejuízos. Nossos velhos, com a sabedoria prática que lhes era particular chamavam esse tempo de “Enchente de São Miguel”. Os modernos recursos tecnológicos, tais como radares e estudos meteorológicos atribuem este fenômeno ao “El  ninho” Independente do nome que se dê e de quem seja o responsável por esta situação, o fato é que populações inteiras vivem em situação de sofrimento. Tenha-se presente, que estas reviravoltas no tempo se repetem ano após ano, seja por conta de “São Miguel”, seja por conta do “El Ninho”, frequentemente ouve-se o grito de centenas de pessoas pedindo por ajuda e socorro.

Exatamente sobre o grito de sofrimento e de abandono o profeta Isaias fala na primeira leitura, quando aponta a ação libertadora de Deus: “Salva, Senhor, teu povo, Eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces”.

A mesma situação se repete com o Cego de Jericó. Ele não conhece Jesus, nem sabe direito qual o título ou nome que deve dar. Mas grita com insistência. Seu clamor incomoda os que estão próximos e caminham com o Messias. Muitos querem fazê-lo calar, porém Jesus reconhece a voz do sofrimento chama o cego para junto dele estabelece uma conversa e soluciona o problema: “O que queres que eu te faça?' O cego respondeu: 'Mestre, que eu veja!' Jesus disse: 'Vai, a tua fé te curou'. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho”.

Jesus que ouve o clamor dos sofridos é aquele que a Carta aos Hebreus chama de “Sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro”.
Ora o que a Palavra de Deus tem de ensinamento para cada pessoa e para as comunidades deste tempo, que vivem, ano após ano as mesmas provações e os mesmos sofrimentos? Todos e cada pessoa é convocada a olhar para frente, não apenas a apresentar medidas e soluções paliativas que diminuam o sofrimento momentâneo daqueles que estão sujeitos a toda forma de desgraça e calamidade.

Todos e cada um é convida a defender e colaborar para que as situações que provocam dor, morte e tristeza sejam de uma vez por todas eliminadas, não apenas socorridas nas necessidade imediatas.
Claro está que a primeira ação de todos é a oração, mas o seguimento e a atenção à Palavra de Deus pede de todos muito mais que isso. Nada de ficar mantendo as pessoas sentadas à beira do caminho gritando por socorro, é importante ajudar os necessitados garantindo-os condições para que se levantem e caminhem ao encontro do Senhor de modo que se possa repetir com o Salmo: Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes!”.


A ação que se espera de todos, cristãos e não cristãos, autoridades, comunidades e flagelados é que os problemas estruturais responsáveis pelas catástrofes que se repetem seja resolvidos, de modo que nem a “enchente de São Miguel”, nem o “El Ninho” continuem provocando sofrimentos e deixando centenas de pessoas à beira do caminho semelhantes ao Cego Bartimeu. 

sábado, 17 de outubro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 18 DE OUTUBRO DE 2015

PESSOAS APAIXONADAS

Uma das expressões muito usadas atualmente nos negócios, nas empresas, no serviço público, nas escolas, diz mais ou menos assim: “Precisamos de pessoas apaixonadas”. Mas que significado tem esta frase para cada uma das situações. O sentido desta expressão, costuma ser descrito da seguinte maneira:
apaixonado, é alguém capaz de trabalhar com comprometimento total, e dar o melhor de si pelos objetivos da organização. Um colaborador apaixonado é aquele cujos olhos brilham quando a empresa tem sucesso e enfurece-se quando ela perde mercado. Neste caso, sente como se fosse uma ofensa pessoal, então empenha-se inteiramente e não mede esforços para reverter a situação. O apaixonado sofre com o sofrimento da amada e se alegra com seu sucesso, por isso não tolera quedas de rentabilidade e vibra com o lucro crescente”.

Pois bem. É de pessoas apaixonadas que a Palavra de Deus fala neste domingo e convida os ouvintes a seguir seus exemplos. O profeta Isaias escreve na primeira leitura sobre o sofrimento de uma pessoa que vive em uma sociedade injusta e que por causa desta situação também ele se sente vítima e faz tudo para se libertar e libertar os demais. No final do texto é possível perceber que o seu sofrimento não foi em vão, pelo contrário, produziu muito fruto. Mesmo que fosse preciso enfrentar a morte, como um apaixonado, o servo sofredor faz resplandecer o rosto de Deus que não quer o sofrimento pelo sofrimento, pelo contrário interpreta como uma condição necessária para dar maior visibilidade à vitória e a vida. A última frase da primeira leitura é esclarecedora para todos: “Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas”.

Na mesma condição a carta aos Hebreus descreve a pessoa de Jesus Cristo afirmando que ele foi solidário com todos, compadeceu-se da fraqueza, fazendo-se igual a todos, porém vitorioso, porque não se deixou vencer pelo pecado. Não é sem razão que se proclama no Salmo: “Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria”. 

Onde as pessoas se compartam como apaixonadas pela causa não tem lugar para favoritismos e vantagens pessoais, sobretudo, quando estas acabam prejudicando alguém. Esta verdade fica evidente nas palavras do Evangelho. Os filhos de Zebedeu ainda não tinham percebido o significado da missão da Jesus e porque estavam seguindo seus passos. Eles ainda esperavam algum favor particular: “Mestre Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”.

A resposta de Jesus aos dois discípulos se enquadra na expressão que popularmente se diz: “deu nos dedos”. Eles estavam dispostos a tudo para conseguir este quebra galho para os seus interesses. E Jesus não só lhes diz que não atenderá o seu pedido, como dá uma orientação precisa sobre o que deve fazer aquele que é um apaixonado pela causa: “Vocês não sabem o que estão pedindo. Vocês sabem que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vocês, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja aquele que serve; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.

Em resumo, o que Jesus diz para os filhos de Zebedeu, serve também para cada pessoa em nosso tempo. A palavra de Jesus é um desafio a não repetir os mesmos esquemas que se vê por aí. O tal do “jeitinho brasileiro”. Antes é preciso sim ser capaz de fazer a mesma coisa que o “Filho do Homem” que veio para servir, cujo significado na linguagem moderna: “A lei fundamental para todos é ser um apaixonado por aquilo que acredita”.

Neste contexto a Igreja coloca como reflexão para o dia de hoje a intenção missionária. Todo batizado precisa ser antes de tudo um apaixonado pela causa do evangelho de modo que a mensagem de vida, de liberdade, de valorização da pessoa chegue para todos em todos os lugares. Um apaixonado é alguém capaz de dar o melhor de si por aquilo que acredita.
Que a oração e a Eucaristia ajudem a todos e a cada um!


sábado, 10 de outubro de 2015

HOMILIA PARA O DIA DE NOSSA APARECIDA - 2015

PALAVRA DE MÃE...

Os recursos tecnológicos, as redes sociais, a comunicação virtual permitem propagar com uma velocidade incrível informações, mensagens, pensamentos, compartilhar ideias e assim por diante. Acessando a Internet e digitando a expressão: “Palavra de Mãe” é possível se perder na infinidade de páginas que se abrirão para pesquisa e navegação.
Ora, é Palavra de Mãe o que se houve da Sagrada Escritura neste dia que o Brasil inteiro se volta para N. Sra. Aparecida. A primeira leitura  apresenta a Rainha Ester que vai diante do Rei num tempo em que muitos injustamente haviam sido condenados à morte. E Ester suplica pelo seu povo: “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! E a vida do meu povo - eis o meu desejo!”. O livro do apocalipse apresenta a figura de uma mulher grávida ameaçada por um dragão. A coragem e a determinação da mulher, garantem que ela dá à luz um filho e este é salvo e levado para junto de Deus. No Evangelho, Maria circula entre os convidados de um casamento. Ela não é simplesmente mais uma convidada para a festa, caminhando com Jesus faz o papel de mediação entre Ele e as necessidades do povo.
Sua palavra é decisiva e uma das mais significativas que saíram da boca de Maria com uma atualidade impressionante: “Façam tudo o que Ele lhes disser”.  Em resumo isso é Palavra de Mãe!
Pois bem, a Mãe de Jesus, nestes dois mil anos de história, recebeu inúmeros títulos. Em cada tempo, e em cada lugar N. Sra. Senhora é sempre Mãe de Jesus não importa com qual nome venha a ser reconhecida.
No Brasil é a Mãe Aparecida! “Sua imagem desperta a fé em todo o mundo, desde o mais importante dos homens ao vagabundo” Em 1717, quando a imagem foi pescada no rio Paraíba, os pescadores estavam obrigados a garantir grande quantidade de peixes para alimentar um sanguinário conde de Portugal que estava no Brasil para supervisionar o pagamento dos impostos ao rei português. Este sujeito humilhou, maltratou e matou muita gente. Depois que a imagem de Maria foi pescada não se tem nenhuma certeza que o Conde Dom Pedro de Almeida tenha participado de algum baquete na Vila de Guaratinguetá onde estava prevista sua chegada naqueles dias.
Desde aquela época até os dias de Hoje, Maria continua sendo a intercessora infalível, o escudo seguro para muita gente que vai e que vem, e que encontra na “pequenina imagem de Aparecida” conforto segurança, esperança e vida nova.

“Virgem Mãe Aparecida, estendei o vosso olhar, sobre o chão de nossa vida, sobre nós e nosso lar. Virgem Mãe Aparecida nossa vida e nossa luz dai-nos sempre nesta vida paz e amor do Bom Jesus”. 

HOMILIA PARA O DIA 11 DE OUTUBRO DE 2015

SACIA-NOS Ó SENHOR COM VOSSO AMOR!

Uma das situações mais frequentes no dia a dia das comunidades são os chamados “pequenos furtos”; “Sequestro relâmpago”. Claro que estão evidentes também os maiores como aqueles investigados pela Polícia Federal e divulgados pela imprensa em todos os lugares.  Tudo isso permite se perguntar qual é mesmo o valor absoluto na vida das pessoas? O que significa o dinheiro, o poder, a autoridade, na vida de alguém? Diariamente pessoas são assassinadas por quantias insignificantes, está diante dos olhos de todos pessoas trapaceando para chegar ao poder e apostando tudo nesse modelo de construir e conduzir a sociedade e as instituições.
O livro da Sabedoria, de onde se tirou a primeira leitura deste domingo ajuda a perceber com clareza por onde se pode caminhar, e quais escolhas fazer quando se trata de lidar com o poder, com o dinheiro, com a fama e assim por diante: Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria. Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e diante dela, a prata, será como a lama”.
A carta aos Hebreus reafirma a superioridade da Palavra de Deus em relação a todas as ações humanas: “A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. E não há criatura que possa ocultar-se diante dela”.
Com absoluta sabedoria o salmo convida todos para uma sábia oração: “Ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria! Saciai-nos de manhã com vosso amor, e exultaremos de alegria todo o dia! Alegrai-nos pelos dias que sofremos, pelos anos que passamos na desgraça”!
O que ensinam as leituras e o que se reza no Salmo é busca do jovem que vai ao encontro de Jesus. O rapaz vivia um dilema em relação às suas escolhas. Tinha certeza da bondade e honestidade do seu coração. Diante da pergunta de Jesus sobre o respeito aos mandamentos ele não teve dificuldade em responder “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude’.
Diante desta afirmativa Jesus lhe apresenta o mais decisivo desafio, o qual implica na capacidade de fazer escolhas. Jesus lhe propõe uma nova interpretação do que se lê no livro da Sabedoria: Tudo o que é passa não traz a felicidade. É necessário ter a coragem de buscar muito mais do que isso. “Vai vende tudo o que tens e depois vem e segue-me”. Isto é, deixa tuas falsas riquezas e foca naquilo que realmente é importante. Isso Jesus também aos seus discípulos e lhes garante: “Para Deus nada é impossível”.

Ora, diante da realidade que se vê, das injustiças que continuam sendo praticadas e vivenciadas em toda parte, qual será o papel daquele que, como o jovem do Evangelho quer alcançar o Reino de Deus? A Palavra de Deus proclamada deixa claro a melhor atitude a fazer: “Ensinai-nos a contar os nossos dias e dai ao nosso coração sabedoria”. A Eucaristia celebrada e a oração feita na comunhão com a Igreja são ajuda extraordinária para reconhecer o Espírito de Deus presente no meio do mundo e na vida das pessoas. 

sábado, 3 de outubro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 04 DE OUTUBRO DE 2015

FELIZ É QUEM SABE AMAR...

A crise política e econômica que está atormentando todos os brasileiros mais uma vez mostra a fragilidade das leis e das estruturas de poder e da organização social do nosso país. Não faltam leis, normas, regras, instituições responsáveis, nem dinheiro falta. Falta seriedade na condução da coisa pública e falta responsabilidade por parte daqueles que foram escolhidos ou indicados para dar conta de determinadas funções e tarefas. Ora o que tem isso a ver com a Palavra de Deus prevista para esse domingo, quando se celebra também o dia da paz e se pede pela paz no mundo, nas famílias, com o meio ambiente e em todas as relações pessoais e sociais?
A narrativa da origem da pessoa humana, que se lê no livro do Gênesis, deixa claro o papel do homem e da mulher na história da humanidade. Os dois foram feitos um para o outro e ambos para que o mundo seja cuidado e continue sendo sempre melhor: ambos deixarão pai e mãe, isto é, o conforto e as seguranças já conquistadas para continuar construindo novas formas de relação humana entre si, com as outras pessoas, com a natureza e obviamente com o criador de todas elas.
A comunidade que se reúne para celebrar reza também com a mesma intenção: “Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos, do trabalho de tuas mãos hás de viver e tudo ira bem”. A carta aos Hebreus apresenta a pessoa de Jesus como o santificador, aquele que teve origem na primeira criatura humana, mas que a completou com o sofrimento, as provações e a própria morte.
No Evangelho, quando os fariseus provocam Jesus sobre as permissões e proibições da lei, Ele vai muito além do que isso e faz um ensinamento extraordinário que incluí o perdão, a cobiça e ambição. Superando a legislação de Moisés Jesus pede que os fariseus observem antes qual o sentido da vida da pessoa humana. Ou seja, compreendam que um nasceu para o outro e que ambos existem para construírem juntos a felicidade.
E para que as pessoas sejam felizes Ele recomenda, dar um basta na dureza de coração e na prática de relações humanas só pautadas pela lei. Antes, diz Jesus, a pessoa precisa viver o amor o aponta isso na unidade entre o homem e a mulher que se completa pela acolhida das crianças e pelo respeito da individualidade de cada pessoa humana.

Eis o que pode sobrar para os cristãos do terceiro milênio e para os cidadãos brasileiros. Acima de toda lei, de todas as instituições e de todo poder será necessário aprofundar a capacidade de amar e o respeito de todos para aquilo que pertence a todos. 

sábado, 26 de setembro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 27 DE SETEMBRO DE 2015

EVANGELHO – BOA NOVA DE TODOS PARA TODOS

Neste domingo a Igreja no Brasil comemora o dia da Bíblia. Este livro que modificou a história da humanidade, trouxe também as inovações da tecnologia. Foi o primeiro livro impresso no mundo e tornou-se popular à medida que sua publicação foi sendo traduzida para o idioma de cada povo. Esta situação tem a tudo a ver com os textos que se proclamam na liturgia deste domingo.
Por sua vez, nesta semana o mundo viu o Papa Francisco falar no Congresso dos Estados Unidos, trata-se de um fato histórico seja pelo conteúdo do discurso, seja por que foi a primeira vez na história que um Papa fala naquele ambiente.  Claro que essa realidade tem tudo a ver com a maneira como o Papa Francisco vem conduzindo a Igreja e como ele compreende o papel das pessoas e dos cristãos no mundo.
Em outra ocasião recente, o Papa falou sobre o papel dos que não professam a fé católica e disse: “Se uma pessoa faz o bem não importa qual é a sua religião”.  Esta expressão tem a ver também com as leituras proclamadas na liturgia.
Moises repreende aqueles que não aceitam a colaboração de outros no serviço que Ele mesmo desempenhava: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito”. Quase com as mesmas palavras Jesus chama a atenção daqueles que não aceitavam os diferentes: “'Não o proíbam, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor”.
O que conta é fazer o bem. Depois de dar esta advertência, Jesus faz um longo discurso sobre a prática da caridade e o que significa não fazer pecado: “Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço”.
Não praticar o bem e desrespeitar a pessoa humana é condenação feita pelo apóstolo Tiago na segunda leitura deste domingo. “O clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso. Vós vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida, cevando os vossos corações para o dia da matança”.
Estas também foram as palavras do Papa na ONU quando: “cobrou soluções imediatas para problemas como exploração sexual de menores, tráfico de drogas, terrorismo, fome no mundo e danos ao meio ambiente”.

Em resumo a Palavra de Deus produzirá frutos na vida das pessoas não precisamente por causa da pregação, ou de quem prega, mas produzirá frutos quando aqueles que acreditam e aqueles pregam, antes de fazer isso forem capazes de fazer o bem e de viver a caridade. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

HOMILIA PARA O DIA 20 DE SETEMBRO DE 2015

JUSTIÇA E PAZ SE ABRAÇARÃO

Na história do Brasil, e em na história de todos, é comum os altos e baixos, os bons e os maus momentos, o que as vezes se chama de “vacas gordas e vacas magras”. Em 2015 o país e a população estão passando por maus bocados e o medo começa a tomar conta sobre como será o futuro do país, do trabalho, da economia e etc. é nesta hora, que de maneira mais do que insistente é importante repetir o salmo: “Por vosso nome, salvai-me, Senhor; e dai-me a vossa justiça! Ó meu Deus, atendei minha prece e escutai as palavras que eu digo! Quero ofertar-vos o meu sacrifício de coração e com muita alegria; quero louvar, ó Senhor, vosso nome, quero cantar vosso nome que é bom”.
É nos momentos de dificuldade que mais facilmente se percebe quem está para lhe ajudar e para lhe fazer afundar de vez.  Ora, as provações que o país está experimentando permitem entender o conteúdo das palavras do livro da Sabedoria: “Os ímpios dizem: Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina. Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovemos o que vai acontecer com ele. Se, de fato, o justo é 'filho de Deus', Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos”.
As provações e as dificuldades são ocasião especial para entender as palavras de São Tiago: “Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz”.
Compreender esta verdade, viver pensando no bem de todos e na felicidade para todos não é uma dificuldade dos nossos tempos. No texto do Evangelho, Jesus está falando aos discípulos da mais dura provação que ele mesmo vai experimentar: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão”.  Enquanto Jesus falava disso o evangelho conta qual era a preocupação dos discípulos: Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior”.
E Jesus dá uma lição que pode e precisa ser aplicada para os tempos modernos e para os momentos de dificuldades que as pessoas e comunidades estão sujeitas: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!' Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.

Eis o que faz a comunidade que se reúne em oração a cada domingo. Rezar e pedir a capacidade de reconhecer a presença de Deus nas horas de dificuldade e a coragem para ser sempre aquele que serve e que acolhe. 

sábado, 5 de setembro de 2015

SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA 06 DE SETEMBRO DE 2015

ELE FAZ BEM TODAS AS COISAS...

Dentre as muitas situações que faz uma pessoa ser feliz, uma delas é sentir-se amado e acolhido no seu ambiente de trabalho, na sua comunidade, entre os familiares e etc.
As formas de manifestar o acolhimento são muito distintas em cada grupo, pessoa e situação. Não é necessário muito conhecimento da Bíblia para perceber que as narrativas tratam sempre desta realidade: Acolher e ser acolhido!
As leituras deste domingo estão também nesta direção. O profeta Isaias faz um anuncio extraordinário, que é, ao mesmo tempo, uma forma de acolhida. “Dizei às pessoas deprimidas: 'Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar'. Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos”. Longe de pensar que em outros tempos tudo era fácil e sem complicações, a leitura faz perceber a mais pura realidade da condição humana. E Deus, como sempre, presente nestas situações, anuncia pela boca do profeta sua ação acolhedora e que transforma a vida das pessoas.
São Paulo, na carta a Tiago, faz uma observação àqueles que se declaram seguidores do Evangelho de Jesus Cristo: Meus irmãos, a fé que tendes em nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas”. O conselho de Paulo, serve também para as pessoas e comunidades do terceiro milênio. Isto é, os seguidores de Jesus, em qualquer tempo e lugar são desafiados à mesma atitude de Jesus: “Fazer bem todas as coisas”.
A passagem do evangelho é mais uma das clássicas intervenções de Jesus em favor de uma pessoa que não tinha plena cidadania e que por isso estava excluída do convívio pleno com os seus conterrâneos. Jesus acolhe sem restrições o homem surdo e que falava com dificuldade. Proclama uma palavra com autoridade: “Abre-te - imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade”.
Deus em quem os cristãos acreditam reacende a esperança, mostra seu cuidado, acolhe a todos e de modo particular aos necessitados e marginalizados.  Essa é a verdadeira imagem de Deus que se reza no salmo: “O Senhor abre os olhos aos cegos o Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo É o Senhor quem protege o estrangeiro”.
Compreendendo isso, resta aos cristãos fazer tudo para que sua vida  e sua ação se assemelhe a vida e às ações daquele em quem acreditam. Como dizia Santo Agostinho: “Não basta fazer coisas boas, é preciso fazê-las bem”.
Que a Palavra e a Eucaristia partilhada hoje ajude a todos e a cada um, a melhor viver e compreender a importância de fazer “bem todas as coisas”. 

sábado, 29 de agosto de 2015

O PADRE ESTÁ DE CASTIGO...

A norma litúrgica do silêncio na missa...

Para quem está familiarizado com o cotidiano da escola, dispensa muitas explicações. É hábito bem frequente na educação infantil, embora não deixe de ser contestado, a chamada “Cadeirinha do pensamento” ou “Cantinho do pensamento”. Trata-se de um espaço físico e de tempo no qual a criança é convidada a pensar sobre seus atos. Esta prática pedagógica não é uma regra geral, nem tampouco uma lei ou norma cumprida por todos e em todos os lugares. Entretanto é conhecida por professores, pais e alunos. Se bem entendida tem seus benefícios no que se refere à educação de nossas crianças.
Começo por esta constatação para escrever sobre a “Cadeirinha do Pensamento”, reservada aos padres na celebração da missa. Há poucos dias eu estava presidindo a Eucaristia numa comunidade do interior de Videira, e dentre as crianças hiperativas, estava uma que bem conhecia a “cadeirinha do pensamento”. Logo depois da comunhão vendo o padre sentado e em silêncio, bradou em alto e bom som: “o padre está de castigo”.
Diferente das normas pedagógicas, a liturgia da Igreja prevê diversos momentos de silêncio durante a celebração da Eucaristia. Nenhum deles é pensado como “Castigo” para o padre ou a quem quer que seja. Os diversos momentos de silêncio antes que normas litúrgicas, tem uma relação antropológica, isto é, tem a ver com o cotidiano das relações pessoais.
Antes do Ato penitencial a liturgia sugere um momento de silêncio. Isto é muito mais do que uma norma litúrgica. No dia a dia das pessoas algum momento de silêncio faz bem a todos e ajuda a fazer breve análise dos erros e acertos nas estratégias e objetivos.
Na missa, quando o presidente convida: “Oremos”, a liturgia sugere um momento de silêncio. Também aqui não é uma norma litúrgica, mas oportunidade para recolher as ideias e traçar objetivos e estratégias para as ações futuras.
Entre as leituras, o evangelho e a homilia, mais uma vez a Igreja pede instantes de silêncio. No cotidiano da vida, quantas vezes a pessoa procura conselhos, palavras de ajuda, um ombro amigo e assim por diante. E frequentemente depois de ouvir o conselho silencia para depois responder: “estou pensando seriamente nas palavras que fulano me falou”.
Depois da comunhão, mas uma é sugerido pela norma litúrgica um momento de silêncio. Para muito além da norma e da regra, no cotidiano das famílias depois das refeições as pessoas se recolhem e silenciam. É comum em algumas famílias e sociedades a chamada “sesta depois do almoço”, ou seja, uma breve cochilada.
Estas poucas observações podem ajudar a compreender a importância do silêncio na missa, que muito mais do que “litúrgico ou não litúrgico” ajudam a vivenciar o mistério que se está celebrando.

Em resumo, a missa sugere vários momentos para o padre e para os fiéis, a “Cadeirinha do pensamento” e neste caso não é nenhum mal que o “padre fique de castigo” de vez em quando. 

HOMILIA PARA O DIA 30 DE AGOSTO DE 2015

QUEM TEM AS MÃOS LIMPAS E O CORAÇÃO PURO...

O Estatuto da Criança e do Adolescente, é um documento orientador dos direitos e deveres da criança em relação à sociedade, à família, à escola, ao poder público. Em vigor no Brasil, há vinte e cinco anos, continua provocando muitas discussões e interpretações sobre o que é correto e adequado no que se refere a educação das futuras gerações. Dentro deste contexto se destacou um fato curioso que se chamou a “lei da palmada”. A ideia central da lei consiste em perceber, que nem sempre os castigos físicos são os mais adequados para ensinar e corrigir. 
A Palavra de Deus proclamada neste domingo, é uma preciosa ajuda para fazer compreender que a  letra da lei não é tão importante quanto a capacidade de colocar em prática. Até porque as leis muitas vezes são mal interpretadas, nem sempre são éticas e justas e assim por diante.
O livro do Deuteronômio, cujo significado é “livro das leis”, no texto proclamado hoje não deixa dúvidas sobre o que é mais importante na vida de uma pessoa  ou de uma sociedade: Moisés falou ao povo, dizendo: 'Agora, Israel, ouve as leis e os decretos
que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais...
Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria”.
São Paulo escreve a carta a Tiago e reafirma o que não era novidade para ninguém: Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”.
E Jesus diante do legalismo dos judeus, declara com firmeza: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos'”. E reafirma: “É dentro do coração que está a verdadeira lei”.
Ora, no que se refere ao Estatuto da Criança e do Adolescente, e uma série de outras prescrições legais no Brasil. O importante não é letra da lei, mas a capacidade de cumprir de maneira que todas as pessoas sujeitas a qualquer lei, não sejam escravas das normas e prescrições, mas vivam com ética é dignidade aquilo que está escrito.
Ninguém tem dúvida que aplicar castigos físicos desumanos a quem quer que seja antes de tudo não é moral e nem tampouco legal. É claro para todos que enquanto alguns ganham salários exorbitantes, outros tem salário de fome, não é moral nem tampouco legal, no entanto esta é uma realidade entre nós.
Precisa alguma regra clara contra a corrupção ou será necessário um pouco de “vergonha na cara” para que esta prática seja banida do nosso meio desde as relações cotidianas que estabelecemos em casa, na escola, na sociedade e assim por diante.

Não sem razão, a Igreja hoje nos faz rezar com o salmo: Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo,  Habitará? É aquele que caminha sem pecado e pratica a justiça fielmente; que pensa a verdade no seu íntimo  e não solta em calúnias sua língua”.

sábado, 22 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 23 DE AGOSTO DE 2015

SÓ TU TENS PALAVRAS DE VIDA ETERNA...

Uma das grandes reclamações que todos fazem na atualidade diz respeito a burocracia, ao exagero de regras e normas. Parece que a palavra de uma pessoa não tem valor algum. Em todas as repartições e para todos os negócios são necessários documentos e mais documentos, registros, provas, testemunhas, e por aí afora. Esta situação incomoda parece que ninguém mais é responsável por nada nem mesmo por sua palavra.
É sobre a força e importância da palavra que as leituras na liturgia de hoje fazem um convite e sugerem algumas atitudes. No Antigo Testamento Josué fala ao povo e propõe uma aliança a partir da experiência de vida que seus antepassados tinham realizado. Diz ele: “Façam um escolha, eu e minha família serviremos ao Deus dos nossos pais”.  E o povo respondeu com firmeza: “Nós também, longe de nós fazer outra escolha”, isso é, nem pensar em deixar de cumprir uma promessa ou uma palavra dada. Como quem diz, nossa consciência e a memória que temos em relação a tudo o que aconteceu já é o suficiente para levar a sério o que cremos e sabemos sobre a verdade e sobre o Deus de nossos pais.
São Paulo, escreve aos efésios e usa uma situação bem conhecida e que faz parte do dia a dia de todos. “Maridos, amem suas mulheres, mulheres respeitem os seus maridos”.  Faz um longo discurso sobre quais atitudes precisa ter o marido e a mulher para que a felicidade aconteça para ambos. Não são necessárias muitas coisas, levar a sério ações simples que fazem parte do cotidiano de uma família. O resto acontece com pouco esforço.
O evangelho é a continuação da ação e da palavra de Jesus que havia ajudado muitas pessoas. Apesar disso alguns acham que Jesus é exigente demais. Ele reafirma que é o Filho de Deus e que as palavras que saem de sua boca são duras, mas verdadeiras. Desafia os discípulos a tomar uma atitude: “Vocês também quem ir embora”  isso é, querem ouvir outra Palavra. E Pedro responde, como sempre, em nome de todos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
Eis o convite que faz a Palavra de Deus deste domingo: levar a sério e aceitar até as últimas consequências a Palavra dada. Ou seja, para quem leva a vida a sério, não são necessárias muitas justificativas, basta assumir a consequência das suas escolhas.

Arcar com as consequências das próprias Palavras é um desafio que, muitas vezes, precisa contar com a ajuda de outras pessoas. É neste sentido que ganha ainda mais importância a oração na Igreja. Rezar com todos e por todos, a fim de reconhecer o que se reza no salmo: “O Senhor pousa seus olhos sobre os justos, e seu ouvido está atento ao seu chamado”. 

sábado, 15 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 16 DE AGOSTO DE 2015 - ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

O POVO TE CHAMA DE NOSSA SENHORA...

Uma das atitudes mais frequentes no nosso dia a dia consiste em imitar as pessoas cuja vida consideramos como exemplo a ser seguido. Deste modo, os filhos imitam os pais, os alunos imitam os professores, os adolescentes curtem seus ídolos. Muitos adultos costumam espelhar-se em pessoas bem sucedidas que lhe sirvam de referência.
Outra atitude bem frequente é a de procurar ajuda em situações de necessidade, ou de aperto como se diz popularmente. Neste caso é comum procurar as pessoas por quem se tem admiração e que são de fácil acesso, estas também são modelo de vida para ser seguido.
A história da Igreja está repleta de pessoas colocadas como modelos a ser imitados e que muitas vezes são também uma espécie de advogado em diversas necessidades. Dentre as pessoas que a história apresenta está Maria a Mãe de Jesus.
Neste domingo recorda-se a sua figura sob o título de Nossa Senhora Assunta ao Céu. Isso significa dizer: A Igreja acredita que Maria foi elevada ao céu e que lá, ao lado do seu filho Jesus, ouve as preces de todos os que nela confiam.
Colocar Maria nesta condição não é simplesmente uma atitude de exaltação da pessoa de Maria. É sua vida como um todo que a faz merecer os títulos e louvores que ao longo do tempo a Igreja foi lhe dando. O fato de ser a mãe de Jesus, já seria mais do que o suficiente, porém outros fatos no início da Igreja fizeram de Maria uma pessoa querida por todos.
A primeira leitura deste domingo conta a história de uma mulher perseguida, corajosa, forte e vencedora. Desde o início os cristãos acreditaram que este texto fazia referência ao modo como a Mãe de Jesus enfrentou as dificuldades junto com o Filho. A leitura afirma que para a mulher Deus havia preparado um lugar onde o dragão não chegaria, quanto ao filho tinha sido levado para junto de Deus e do seu trono.
São Paulo confirma a importância da maternidade de Maria garantindo que o Cristo, nascido de Maria e que ressuscitou dos mortos, garantiu para o mundo o perdão que a humanidade tinha perdido com o pecado de Adão.
O evangelho não deixa mais dúvidas. Maria é uma pessoa a quem todos os que passam por provações e dificuldades podem recorrer. Ela mesma toma a iniciativa de visitar a prima Isabel. Sendo reconhecida como a Mãe do Salvador, proclama: “O Senhor olhou para a humildade da sua serva. De agora em diante todos me chamarão de feliz... sua misericórdia se estende para todos os que o amam”.

É esta a figura de Maria de tantos nomes, elevada ao céu. Mulher escolhida cujas virtudes e qualidades podem ser imitadas e a quem todos podem pedir ajuda nos momentos mais difíceis. 

sábado, 8 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 09 DE AGOSTO DE 2015

SOMOS A IGREJA DO PÃO...

A condição humana e as certezas que cada pessoa tem sobre tudo o que sabe, seus conhecimentos e suas verdades é uma forma de manifestar a sua autonomia e independência. Dentre todas as mudanças que a vida exige de uma pessoa ao longo da sua existência, uma delas é a capacidade de acreditar em novas verdades e aceitar que algumas certezas que julgava intocáveis já não são mais tão certas assim. Sair a procura de novos saberes, de outros conhecimentos e mudar o modo de pensar e de agir é um desafio que anda lado a lado com toda a existência humana.
Ora, os conterrâneos de Jesus, foram desafiados a mudar suas convicções e aceitar outra verdade que não aquela que haviam recebido por tradição e que julgavam ser a única possível para todas as necessidades. De repente os filhos de Israel se veem frente a frente com uma pessoa que realiza milagres e sinais extraordinários cuja origem não são capazes de explicar e muito menos entender.
O homem, conhecido por todos, filho de um carpinteiro e cuja mãe vivia do mesmo modo que as demais mulheres da sua época, se apresenta como o “Pão descido do céu que dá vida ao mundo”, declara conhecer o Pai mais do que nenhum judeu do seu tempo, põe em descrédito os milagres realizados pelos antepassados e diz que tudo foi obra do Seu Pai e que a partir de agora a comunidade de Israel poderá alimentar-se de uma forma diferente e que não precisa ter medo da morte.
É claro que aceitar essa verdade, implica numa mudança muito grande em todos os parâmetros do povo judeu. Esse sujeito não poderia passar de um louco desvairado querendo macular a história construída por seus precursores desde a saída do Egito.
A Palavra de Deus, proclamada neste domingo, permite uma ligação tranquila com os textos dos últimos dois domingos. Em todos eles, a primeira leitura conta um fato de alguém que teve fome e que foi alimentado por Deus ou por um dos seus profetas, e que por conta deste alimento teve forças para continuar sua viagem e ação no mundo.
Já a segunda leitura apresenta a pessoa de Jesus com sua prática de vida como modelo para o bem viver das comunidades cristãs que estavam nascendo. Em todas elas São Paulo insiste no mesmo assunto: “Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou”.
E as palavras de Jesus, no evangelho, não podem ser mais claras: Mudem o seu ponto de referência. A partir de agora, diz ele, o alimento que vocês receberam e que sustentava apenas por algum tempo, deixa de ser importante. Acreditem que chegou a hora em que vocês poderão comer um alimento que dura para a vida eterna: “Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
Aceitar essa nova verdade exige dos filhos de Israel uma mudança muito grande de mentalidade e de referência e isto não parece nada fácil. É exatamente isso que as leituras recomendam aos cristãos dos novos tempos. Reconhecer a presença de Deus no meio do mundo e de modo muito diferente daquele que se está habituado a enxergar. À medida que se reconhece a ação de Deus, mudar também as relações pessoais e familiares e praticar, no seu cotidiano os conselhos dados por São Paulo: “Toda a amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de vós, como toda espécie de maldade. Sede bons uns para com os outros”.

Reunidos em oração os cristãos podem pedir com força a graça de estar sempre prontos para compreender Deus agindo no meio do mundo como se reza no salmo de resposta: O anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o amam, e os salva. Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio”.

sábado, 1 de agosto de 2015

HOMILIA PARA O DIA 02 DE AGOSTO DE 2015

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B - 2015 

ACREDITAR EM JESUS E VIVER PARA SEMPRE

Nas relações sociais, profissionais e familiares, costuma-se falar sobre pessoas e situações quer facilitam ter uma visão mais ampla dos problemas e das soluções e pessoas e situações que buscam respostas imediatas e quse sempre a curto prazo. Para esse tipo comportamento se aplicam as expressões “Fulano de tal planeja o que vai realizar, ou então, tal instituição não tem clareza da sua missão e da visão de mundo e assim por diante”.
Nestas condições é verdade que a falta de planejamento de longo prazo, muitas vezes é também responsável pela insucesso de muitos projetos e de não realização de muitos sonhos os quais permancem sempre na esperança de que algum dia aconteçam.
É sobre esta sitaução que trata a Palavra de Deus proclamada neste domingo.  Os Judeus que caminhavam no deserto rumo à terra prometida  tinham perdido a visão do seu destino final, já não compreendiam mais a importância de enfrentar alguma provação em vista do objetivo final. As preocupações deles se voltavam apenas para a imediata falta de comida. A ação de Deus em favor deles é imediata, porém a situação se resolve por alguns poucos dias.
São Paulo escreve aos Efésios e insiste com a comunidade para que tenha projetos maiores e mais amplos que a busca de soluções imediatas. Ele recomenda que se espelhem na pessoa de Jesus Cristo: “Eis pois o que eu digo e atesto no Senhor: não continueis a viver como vivem os pagãos, cuja inteligência os leva para o nada. Quanto a vós, não é assim que aprendestes Cristo, se ao menos foi bem ele que ouvistes falar, e se é ele que vos foi ensinado, em conformidade com a verdade que está em Jesus.Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”.
No Evangelho é Jesus mesmo quem chama a atenção das pessoas que procuram apenas soluções imediatas: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”.
Esta é certamente a lição mais importante que a Palavra de Deus sugere para cada pessoa e comunidade neste 18º domingo do tempo comum. Isto é, enxergar mais longe, enxergar com os olhos de Deus como se reza no salmo: “Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos, e transmitiram para nós os nossos pais, bnão haveremos de ocultar a nossos filhos, mas à nova geração nós contaremos:As grandezas do Senhor e seu poder”.
Rezar na assembleia reunida é uma forma de erguer os olhos para o horizonte e preparar caminho seguro para os pés.

Ajudar os cristãos e as comunidades perceber isso é também uma tarefa dos ministros ordenados, cuja lembrança se faz neste domingo e por quem a Igreja pede as orações de todos.