sábado, 28 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 29 DE JANEIRO DE 2017

BUSQUEM O SENHOR, HUMILDES DA TERRA

Dentre as muitas interpretações sobre as constantes denúncias de corrupção e desmandos políticos que assombram a vida dos brasileiros, uma delas sustenta que esta não é uma prática nova, nem tampouco exclusiva do Brasil na atualidade. Essa vertente afirma que o problema sempre existiu, e que apenas não eram divulgados, que a liberdade de imprensa e as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação são instrumentos facilitadores para tornar público tudo o que agora acontece. Independente desta explicação ser verdadeira, nem de longe ser a única para explicar o problema que é evidente para todos, há que se convir que o ser humano tem dentro de si uma inclinação para o mal e para o pecado, para o desejo de levar vantagem e assim por diante.
A primeira leitura deste domingo é mais uma profecia realizada cerca de 600 anos antes do nascimento de Jesus. Naqueles anos o profeta falava para um povo que era explorado por mandatários corruptos, por políticos opressores e que faziam jogo de interesses para se manter no poder e que para garantir tudo isso não tinham escrúpulos de colocar em risco o futuro da sociedade. Nota-se que entre a leitura e a situação brasileira atual há uma sintonia muito fina e fatos que se assemelham. Para este povo o profeta anuncia: Buscai o Senhor, humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos; praticai a justiça, procurai a humildade; eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará”.
Para um povo também sofrido e desiludido São Paulo escreve na segunda leitura: “Considerai vós mesmos, irmãos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte”.
E reafirmando a predisposição de Deus Jesus aponta um caminho que implica na participação pessoal de cada um e de todos os que desejam uma sociedade diferente daquela que estão vivendo. Jesus chama de “felizes”, não aqueles que esperam de braços cruzados a ação de Deus, mas aqueles que reconhecem a vontade de Deus e trabalham para que ela se realize. Assim são felizes: “os que tem fome e sede de justiça, os pobres em espírito, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os que perseveram”.
Uma vez mais fica claro que os problemas que afetam e que diminuem a dignidade humana não é vontade de Deus, nem tampouco que ele virá resolver a seu modo, pelo contrário: O Senhor é fiel para sempre, O Senhor abre os  olhos aos cegos o Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo. Ele ampara a viúva e o órfão mas confunde os caminhos dos maus”.
Reunida para louvar o Senhor, a comunidade de fé pede com insistência: “Renovados pelo sacramento que celebramos, nós vos pedimos ó Deus que este alimento faça progredir na verdadeira fé”.

sábado, 21 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 22 DE JANEIRO DE 2017

O SENHOR É PROTEÇÃO E VIDA...

Alguns fatos permitem perceber como também nestes dias o povo vive mergulhado nas trevas e espera que brilhe uma luz para apontar caminhos. Apenas para ilustrar merece citar a posse do presidente Trump nos Estados Unidos com o seu discurso da América Grande atribuindo a Deus a responsabilidade pela segurança daquele povo e do mundo; A economia no Brasil continua se arrastando e as autoridades econômicas anunciam para março a injeção de dinheiro com a autorização para saques das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; A queda da avião que vitimou o ministro Teori Zavaski e outras cinco pessoas, são todas situações que permitem “n” explicações e poucas repostas.
Diante destes fatos parece haver uma relação muito forte entre a atualidade e a profecia de Isaias: “O povo anda nas trevas”, e para iluminar esta situação nada parece mais oportuno do que as palavras de Jesus no Evangelho: “Convertam-se porque o Reino dos céus está próximo”.
Na primeira leitura, que foi também proclamada no tempo de advento passado, o profeta  convoca seus conterrâneos a não se desiludir nem se amedrontar diante da escuridão, ele tem certeza que “para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita”. Obviamente que isto não vem de graça, sem participação e esforço pessoal e coletivo.
É confiando nesta verdade e fazendo a sua parte que o povo de outrora cantou o salmo, como se faz na liturgia deste domingo: “O Senhor é minha luz e salvação. O Senhor é a proteção da minha vida”.
Ora quem busca proteção no Senhor, precisa compreender o convite que Paulo faz na carta aos Coríntios: “Sejam concordes uns com os outros, não admitam divisões entre vocês, sejam bem unidos no pensar e no falar”.
As palavras de Paulo são como que uma sustentação para a construção de um caminho onde as sombras da morte não tenham a última palavra. Caminho que foi bem traçado por Jesus e que Mateus descreve com estas palavras: “Jesus andava por toda a região pregando a boa notícia do Reino e curando todas as enfermidades” para que sua ação tivesse maior abrangência e efeito duradouro não fez nada sozinho.
Enquanto caminhava foi chamando pessoas e formando uma equipe de trabalho, de convivência e de ação. O critério de Jesus foi muito simples e direto: “Sigam-me e eu farei de vocês pescadores de homens.”
Neste sentido também às pessoas do mundo moderno, que vivem situações de “escuridão e trevas” representados por momentos de incertezas e angústias, carregados de medo e de preocupação com os fatos que estão ocorrendo e com pouca perspectiva sobre o que poderá vir a acontecer. A hora parece oportuna para pedir as luzes do Espírito Santo e se deixar guiar pela verdade do Evangelho, sem pestanejar dar-se a mãos e buscar coletivamente respostas novas para situações desafiadoras.
Cabe o convite de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus: “Não desanimem nunca, mesmo que venham ventos contrários”.

Para adquirir esta força os cristãos se reúnem em assembleia de oração, ouvem a Palavra e partilham a Eucaristia. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 15 DE JANEIRO DE 2017 - 2º DOMINGO COMUM ANO "a"

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS

Que a pessoa humana reconhece sua limitação e finitude  é um fato inegável. Muito difícil  encontrar alguém, por mais incrédulo que seja que não admita os mistérios da vida, que não tenha medo da morte e não faça referência a um “ser superior”,  ou algo que o valha. Os cristãos creem no Deus da Vida e tem confiança que a morte não é a última realidade. Por causa dessa certeza, os cristãos estão habituados a saudar uns aos outros com a frase: “O Senhor esteja com Vocês”, ou ainda “Fique com Deus” e outras tantas expressões que indicam a fé e a esperança numa vida melhor e mais digna para todos.
As leituras deste domingo apontam para a certeza que Deus, na pessoa de Jesus Cristo manifestado ao mundo, Salva e dá coragem. O profeta Isaías, na primeira leitura anuncia ao povo de Israel a possibilidade para ser Luz das nações e sinal da presença de Deus no mundo. A mesma coisa afirma São Paulo na carta aos Coríntios “vocês foram chamados a ser santos, junto com todos que em qualquer lugar acreditam em Jesus Cristo”.
João batista soube muito bem cumprir esse papel e anunciou com a vida e a palavra em quem e porque acreditava em mundo diferente a partir da pessoa de Jesus, por isso afirma com autoridade: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo... ele passou à minha frente porque existia antes de mim... ele vai batizar vocês com o Espírito Santo”.
Como ensinamento da Palavra de Deus neste domingo cada pessoa, mas sobretudo,  os cristãos são chamados a ser uma esperança para o mundo. Jesus foi a realização de um sonho alimentado por gerações, aqueles que o conheceram confirmaram que na sua pessoa se realizou um tempo novo. Inspirados por sua palavra e testemunho muitos consumiram suas vidas na construção de um mundo melhor e mais humano.

Também os cristãos do terceiro milênio são chamados a fazer de sua existência um serviço para uma  vida mais digna para todos, por isso se reza na missa: “Escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz”. 

sábado, 7 de janeiro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 08 DE JANEIRO DE 2017

EM JESUS NOS FOI REVELADA A GRAÇA QUE
DEUS CONCEDEU PARA A HUMANIDADE

Para o Brasil inteiro, o ano de 2016 terminou sem deixar saudade. A crise política, econômica, moral somada à onda de corrupção que assola o País, merece ser deixada para trás. Enquanto o noticiário está de férias, parece que estas coisas realmente deixaram de acontecer. Entretanto o ano se inicia com a trágica situação dos presídios e os massacres que ocorreram nos primeiros dias do ano em Manaus e em Roraima. Os mandatários estão preocupados com o que chamam de “barril de pólvora da violência”.
Por outro lado, ainda estamos celebrando e vivendo o clima de natal e as festividades garantem a reunião das famílias e atitudes de ação de graças. Como entender e celebrar estes dois lados da mesma moeda?
A Palavra de Deus deste domingo da Manifestação do Senhor também chamado de domingo de Reis ajuda a compreender e colocar a realidade sob a ótica daquele que pode libertar da morte, ou como diz São Paulo na segunda leitura: “daquele que revelou a graça e o conhecimento do mistério de Deus para a humanidade”.
A fala do profeta Isaías na primeira leitura garante: “Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti. Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe om tuas filhas, carregadas nos braços”. Esta profecia que foi pronunciada por ocasião da volta do exílio da Babilônia foi uma palavra de conforto para um povo sofrido e sem esperanças. Durante quase setecentos anos a comunidade de Israel esperou pela realização da promessa, que se concretizou com o nascimento de Jesus.
O relato do encontro do menino Jesus pelos Magos em Belém é a confirmação de que o projeto de Deus ultrapassa toda dor e todo sofrimento. O menino nascido em Belém que é, chamado pelos magos de “rei dos judeus, que acaba de nascer” provocou uma reviravolta no conceito de autoridade para todo o povo de Israel.
Eis que também para a humanidade neste ano de 2017, acreditar e procurar reconhecer Jesus cuja luz brilha no meio das trevas é uma maneira de ganhar a coragem dos magos e seguir “por outro caminho” longe da violência. Os Magos ensinam que apesar de todos os males e sofrimentos que rondam a sociedade, sempre existirá uma alternativa capaz de garantir forças para construir um mundo mais fraterno, mas humano e mais justo.
Que a celebração da Eucaristia, a força da Palavra e a reunião de irmãos em oração ajudem a todos compreender a lógica de Deus que não anda pelos mesmos caminhos dos corruptos dos nossos dias.


sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2017

QUE DEUS NOS DÊ SUA GRAÇA E SUA BENÇÃO

As felicitações para o ano novo são repletas de desejos e conselhos para alcançar a felicidade e a realização de todas as necessidades para uma melhor qualidade de vida. Tudo isso é verdadeiro e necessário e faz bem para todos receber as felicitações e desejos para o ano novo. Porém a Palavra de Deus que se lê na liturgia deste primeiro do ano, apesar da sua antiguidade e repetitividade continua sendo o mais extraordinário desejo e a maior necessidade para o ano novo.
Na primeira leitura se lê: O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto
e te dê a paz”.
Alguns preferem chamar Deus com tantos outros nomes, neste momento não é o mais importante, mas é certo que acreditar e pedir a sua bênção e presença em todos os dias do ano novo é a forma mais adequada para felicitar e comemorar a entrada do novo ano.
Neste sentido também a Igreja que se reúne em assembleia reza: Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, e o respeitem os confins de toda a terra”.
E São Paulo afirma: “Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá - ó Pai! 7Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus”.
O filho que nos fez herdeiros de todas as promessas de Deus é aquele que os pastores reconheceram no menino de Belém e que voltaram glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido.
É por causa desta verdade que as felicitações de ano novo ganham sempre um novo sentido e que neste ano o Papa Francisco manifesta na mensagem de paz enviada ao mundo: “Peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. Responder à violência com a violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de recursos são destinadas a fins militares e subtraídas às exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra.  O próprio Jesus viveu em tempos de violência. Ensinou que o verdadeiro campo de batalha, onde se defrontam a violência e a paz, é o coração humano: «Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos. Hoje, ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência. Se a origem donde brota a violência é o coração humano, então é fundamental começar por percorrer a estrada da não-violência dentro da família. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz.”





terça-feira, 27 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA A MISSA DOS MOTORISTAS - IGREJA MATRIZ SÃO JOAQUIM - VERÊ PARANÁ - 28 DEZEMBRO 2016

SE O SENHOR NÃO ESTIVESSE AO NOSSO LADO...

Alan Ruschel, um dos sobreviventes da Chapecoense, em sua primeira manifestação pública depois do acidente fez a seguinte declaração: Os planos de Deus são maiores que os meus, tão grande que eu não posso imaginar.  Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus. Deus, obrigado pela misericórdia deste milagre, o Senhor é maravilhoso”.
A manifestação deste jogador não é diferente do dia a dia dos motoristas e de tantos outros profissionais da estrada. Não são poucas vezes que os desafios da estrada são maiores que as próprias forças, entretanto é também verdade que a força da fé supera as provações e permite continuar na luta.
São Paulo, na segunda carta aos Coríntios, relata as próprias dificuldades nas suas viagens missionárias, no capítulo 11, versículos 26 a 29 se lê: “Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não estou mentindo”.
A liturgia da Igreja para o dia de hoje celebra a festa dos Santos Inocentes, fazendo memória das crianças assassinadas pelo rei Herodes, quando perseguia Jesus reconhecido como o “recém-nascido Reis dos Judeus”.
Na primeira leitura da carta de João está escrito: “A mensagem que ouvimos de Jesus Cristo e lhes anunciamos é esta: Deus é luz e nele não existe trevas”. Dito de uma outra forma, para quem reconhece Deus, nenhum sofrimento, nenhuma provação, nenhuma dificuldade será maior do que todos os desafios que o mundo oferece.
É por isso que nós rezamos no salmo da liturgia de hoje: “O nosso auxílio está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra”
Para quem confia no Senhor, a falta de consolo e a dor daqueles que partem não é maior do que a coragem de “José que levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito”.

Sem sombra de dúvida a manifestação que fazemos no dia de hoje como ação de graças pelos trabalhos do ano é a melhor maneira de reconhecer o que disse o jogador: “Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus” 

sábado, 24 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA A NOITE DO NATAL 2016

SALVOS POR SUA MISERICÓRDIA

Todos os grandes acontecimentos da história humana exigem longa preparação e envolvem pessoas e instituições. O mundo contemporâneo e o mercado do negócio prepara os eventos com campanhas publicitárias que envolvem também muito dinheiro. Algumas vezes até os cristãos se deixam contaminar por esse sentimento e a festa do Natal em lugar de ser uma oportunidade para a solidariedade, o perdão e a confraternização se resumem na troca de presentes e no comércio de interesses.
A Palavra de Deus que se proclama na missa da noite do Natal aponta para outra direção e nesta perspectiva celebrar o nascimento de Jesus é uma ocasião para reconhecer a Misericórdia de Deus que vem ao encontro da pessoa humana para lhe garantir a salvação.
O profeta falou ao povo num tempo em que o sofrimento e a dominação estrangeira era a marca mais forte em Israel. E no meio desta situação Isaias garante: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem os frutos” e continua o profeta: “um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”.
Também a Igreja hoje compreende a profecia e canta o Salmo: Anunciai dia a dia a sua salvação, publicai entre as nações a sua glória, em todos os povos as suas maravilhas. Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém, exultem os campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores das florestas”.
São Paulo confirma na carta a Tito: “Caríssimo: Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens”.
O menino que nasceu em Belém e cuja presença é celebrada em cada Natal é a realização de tudo o eu havia sido anunciado. Por isso mesmo a assembleia reunida em oração na noite de Natal renova a proclamação feita pelos anjos aos pastores: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido”.
Celebrar o Natal implica compreender e ajudar cada pessoa também compreender que o amor de Deus que se preocupa com todos e que a felicidade de todos. A salvação de Deus não se manifesta nos grandes eventos da história, mas na simplicidade das coisas de cada dia.

Que Maria ensine a todos reconhecer o verbo que se fez carne e que veio habitar entre nós por meio de quem também a humanidade reconhece Deus que vem  e que o profeta já havia chamado de Príncipe da Paz!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 18 DE DEZEMBRO DE 2016 - 4º DO ADVENTO

EM JESUS DEUS SALVOU A TODOS

Alan Ruschel, um dos sobreviventes da Chapecoense, em sua primeira manifestação pública fez a seguinte declaração: Os planos de Deus são maiores que os meus, tão grande que eu não posso imaginar.  Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus. Deus, obrigado pela misericórdia deste milagre, o Senhor é maravilhoso”.

Na mensagem que o Papa enviou por ocasião da morte do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Francisco o qualificou de “pastor que no seu ministério eclesial se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo a todos apontando a estrada da verdade na caridade e do serviço à comunidade em permanente atenção pelos mais desfavorecidos”.

Ora, o Senhor Maravilhoso, que o jogador reconhece e a quem atribui o milagre da vida é o mesmo que Dom Paulo testemunhou ao longo da sua vida, é o mesmo que os profetas anunciaram e que Maria recebeu com amor de Mãe e que São Paulo apresenta aos Romanos na carta que se lê na liturgia deste domingo: “Jesus Cristo, Nosso Senhor. É por Ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé...” e conclui: “A vós todos, amados de Deus e santos por vocação, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo”.

Dois mil anos depois, diante de tantas manifestações que reconhecem a presença de Deus no mundo, os cristãos se reúnem para celebrar o mistério daquele que se fez humano e que “nos alimenta com o pão do céu e garante para toda pessoa humana a salvação e a paz”.

Celebrando na comunidade reunida cada pessoa é sempre convidada a estreitar os laços de comunhão com Deus por meio da comunhão com todos especialmente com aqueles que mais sofrem. Neste sentido ganha ainda mais sentido as palavras do jogador quando afirma: Seguimos na luta e honraremos aqueles que foram morar com Deus”. Ou as Palavras do Papa a respeito do Cardeal Arns: “Se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo, em permanente atenção pelos mais desfavorecidos”. 

Que Maria a Mãe da misericórdia ajude também cada pessoa neste natal a mostrar Cristo ao mundo como um presente do Pai para todos e que alivia a dor e os sofrimentos a que todos estão sujeitos.


sábado, 10 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 11 DE DEZEMBRO DE 2016

FORTALEÇAM SUA VIDA NA ESPERANÇA

Três situações ajudam a compreender a Palavra de Deus deste terceiro domingo do advento. Uma delas está na comparação que São Tiago faz na segunda leitura de hoje: “Vejam o agricultor que espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera”. Não precisa muitas palavras para compreender que o agricultor vive, ano após ano, sempre da Esperança.

A segunda situação é perceber como apesar de onda de corrupção que vem sendo denunciada no país inteiro, com tudo o que se tenta fazer para evitar que isso aconteça, frequentemente se vê que alguns corruptos vão sendo presos e condenados. Nos últimos 13 anos cerca de seis mil servidores públicos federais, envolvidos em corrupção foram expulsos do serviço público e condenados a ressarcir aos cofres públicos os prejuízos que causaram.

O avanço da medicina e os recursos tecnológicos disponíveis permite que uma mãe grávida se prepare emocionalmente de modo mais tranquilo e seguro para o nascimento do seu bebê. Os exames pré-natal, a realização da ultrassonografia e outros tantos recursos vão garantindo a mãe a alegre expectativa para o nascimento da criança. 

Todas estas situações, são geradoras de esperança, tendo sempre presente que cada uma delas é sempre de expectativa e curiosidade.

É assim que o Profeta Isaías, escreve ao povo de Israel que vivia numa profunda crise, enquanto voltava do exílio. A palavra do Profeta conforta os desiludidos e sofredores: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: 'Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é ele que vem para vos salvar”.

Na mesma proporção o salmista canta: “O Senhor é fiel para sempre, Ele ampara a viúva e o órfão, mas confunde os caminhos dos maus”.

E Jesus conforta os amigos de João, que já estava na prisão, depois de haver denunciado muitos políticos corruptos do seu tempo. Questionado se Ele era o Messias, Jesus não responde com grandes discursos, mostra os fatos: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim”.

Em resumo, a esperança do Cristão é o próprio Jesus, cuja vinda é certa, por isso o advento é um convite a rezar com devoção e firmeza: “Concedei Senhor que nos preparemos com fervor para o Natal do Vosso Filho”.


Certamente a preparação do Natal pede de cada pessoa a mesma atitude de Jesus: ser solidário e agir sempre para diminuir o sofrimento das pessoas, sobretudo daqueles com quem se compartilha o dia a dia da casa, do trabalho, da igreja e da sociedade. 

sábado, 3 de dezembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 04 DE DEZEMBRO DE 2016 - 2º DO ADVENTO ANO A

A ESPERANÇA NUNCA MORRE


Os fatos ocorridos nesta semana que culminaram com a morte de 76 pessoas num acidente aéreo, os protestos ocorridos em Brasília com a votação da PEC 241 no Senado Federal, da lei anticorrupção na Câmara dos Deputados, da decisão do Supremo Tribunal Federal declarando que o aborto antes dos três meses não é crime, de algum modo dizem respeito a todos. É claro que nenhum destes fatos pode ser visto como bom e positivo, apesar disso eles ajudam a reacender a esperança.

O Bispo de Chapecó, na mensagem que dirigiu ao mundo por ocasião do funeral coletivo na Arena Condá, começou com estas palavras: “A reunião de hoje tem o objetivo de celebrar a vitória da Esperança” e citou o profeta Isaías, no mesmo texto que se lê na liturgia deste domingo: “Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor encontra ele seu prazer”. Esta afirmação foi feita ao povo de Israel 700 anos antes do nascimento de Jesus, quando o povo sofria terrivelmente sob o domínio de um governo injusto causando todas as formas de dor e de morte.

Isaías conforta os desassistidos com palavras de esperança: “a partir da raiz surgirá o rebento de uma flor”, na mesma intensidade a igreja reunida neste segundo domingo do advento proclama com o Salmo: “Nos seus dias a justiça florirá”.

São Paulo escreve aos Romanos, o que pode ser aplicado também nestes tempos: “Tudo o que outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, para que, pela nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme esperança. O Deus que dá constância e conforto vos dê a graça da harmonia e concórdia, uns com os outros, como ensina Cristo Jesus”.

E Mateus apresenta a pessoa de João Batista e o seu anuncio da chegada daqueles que vinha sendo prometido por muitas gerações. A chegada do messias pede uma mudança de vida e João Batista não tem medo de desafiar a todos para um novo estilo de vida: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo. Produzi frutos que provem a vossa conversão. Eu vos batizo com água para a conversão”.

Certamente estas palavras se aplicam ao cotidiano da vida e especialmente no confronto com os fatos ocorridos nesta semana. Diante de toda dor, de todo sofrimento e de toda a injustiça cada pessoa pode se perguntar: Em que medida preciso modificar o meu modo de ver e fazer as coisas para caminhar na esperança e com tranquilidade para o encontro do Senhor que vem.

É por isso que rezamos no início e no fim da missa: “Que nada nos impeça de ir ao encontro do Senhor que em; e que esta eucaristia ensine a julgar com sabedoria os valores terrenos para alcançar os bens eternos”

Em outras palavras que nada apague a esperança!




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 27 DE NOVEMBRO DE 2016

A SALVAÇÃO ESTÁ PERTO

A expressão “O Seguro morreu de velho”, é utilizada com muita propriedade para alertar as pessoas quanto é necessário estar preparado e atento para os imprevistos e improvisos da vida. Na Escola, uma das expressões mais utilizadas é: “Presta atenção no que a professora está falando”.  Nas redes sociais é muito comum encerrar uma conversa com os amigos virtuais usando o jargão: “Se cuida”.

Todas estas expressões são uma forma de entender o Advento. Este tempo que inicia um novo ano litúrgico na vida da Igreja e acende a esperança na proximidade do Natal não é outra coisa senão a garantia de que quem estiver atento a tudo o que acontece mais facilmente vai perceber a realização das promessas e de muita coisa extraordinária que passaria em branco ou diminuída pela mídia e pelo consumo próprio das festas de fim de ano.

No Evangelho deste primeiro domingo do Advento Jesus faz um alerta, que poderia ser parafraseado com a expressão: “O seguro morreu de velho”. Isto é, Jesus garante que em todos os tempos aqueles que estavam distraídos não perceberam os sinais e foram surpreendidos por acontecimentos que poderiam ter sido evitado.  Ele alerta aos seus conterrâneos, não para causar pânico, nem tampouco para apagar a esperança, pelo contrário reafirma a ideia que sua vinda é certa e que não está associada a um tempo cronológico, mas ao modo como as pessoas se relacionam no cotidiano da história. Nesta preparação para o Natal, o evangelho é um convite para cada pessoa nestes tempos: “Fiquem também vocês preparados” para o que acontece no hoje da história.

O que aconteceu no tempo de Jesus o profeta já havia predito 700 anos antes: “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos”. Porque aquele que julgará o mundo com justiça transformará também todos os sinais de morte e de dor em instrumentos de trabalho.

Eis que a Igreja inteira repete a certeza do salmista: “Que alegria, quando ouvi que me disseram: 'Vamos à casa do Senhor!' Por amor a meus irmãos e meus amigos, peço: 'A paz esteja em ti!' Pelo amor que tenho à casa do Senhor, eu te desejo todo bem”.

E não fora de propósito Paulo fala aos romanos: “Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé”.


Também para os cristãos do terceiro milênio a recomendação de Paulo e as palavras de Jesus ganham atualidade. A igreja se reúne na preparação do Natal exatamente para pedir forças para caminhar neste mundo em direção ao Reino. É por isso que se reza no início da missa: “Que caminhando com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DOMINGO DE CRISTO REI 2016

SENHOR LEMBRE-SE DE MIM...

Intrigas, fofocas, disputa de poder, busca de prestígio, culto ao ego do chefe, são ações que acompanham o dia a dia das pessoas, das famílias, das instituições e da própria Igreja. O Papa Francisco tem feito inúmeras críticas ao modo como se dá a busca e o exercício do poder na Igreja e da Igreja.  Francisco usa com frequência expressões como “sede de poder”, “deslealdade”, “jogo duplo”, “mundanidade”. Todas expressões que são contrárias ao que se quer e se pensa como “Reinado de Deus”.  Estas situações não são novas, pelo contrário, fazem parte da longa história humana na face da terra.

Na Primeira leitura deste domingo  Samuel conta o desfecho da luta de poder entre os governantes dos reinos divididos de Israel e como as tribos de Israel decidiram pedir a Davi que reinasse sobre todos cuidando de todo o povo.  Neste contexto de disputas internas o governo de Davi foi entendido como uma extensão do justo reinado de Deus. Na prática isso não se concretizou, embora fosse a intenção original do projeto. 

A comunidade dos colossenses, no tempo de Paulo, vivia também situação semelhante aquela do tempo de Israel.  Paulo  escreve fazendo algumas recomendações e afirma que para quem permanece firme na verdadeira e única doutrina pode ter certeza que Deus o livrará do “poder das trevas” e garantirá  “o Reino do seu filho muito amado”. 

Ora, qual é o reino do Filho muito amado, senão aquele inaugurado por Cristo na cruz e que se reza na missa: “Reino da verdade, da justiça, do amor e da paz”. Na cruz, entre dois ladrões e rodeado por todos os que desejam o poder e disputavam os espaços focados nas mesmas situações que muitas vezes hoje também as pessoas estão envolvidas, Jesus inaugura um novo Reino que pode ser chamado Reino da “Misericórdia e da vida”. Representando a humanidade que busca um novo modo de ser e de viver o “bom ladrão” recebe a promessa de Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”. Este hoje não se refere ao tempo cronológico, mas garante a salvação definitiva que a vida, a morte e a ressurreição de Jesus garantiu para a humanidade inteira. 

Celebrar Cristo Rei é um convite para cada pessoa, mas também para a Igreja inteira e para a sociedade em geral a repensar sua existência, seus valores e sua prática cotidiana em relação às manias de grandeza, luta pelo poder, rivalidades e mágoas desnecessárias. 

Que a oração de todos alcance o coração de cada um. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 13 DE NOVEMBRO DE 2016

A SALVAÇÃO VIRÁ PARA TODOS

“Somos gente da esperança, que caminha rumo ao pai, somos povo da aliança que já sabe aonde vai. De mãos dadas a caminho, porque juntos somos mais, a plantar um novo reino de unidade amor e paz”.

Este verso de uma canção religiosa frequentemente entoada em nossas comunidades ajuda compreender a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo. No tempo do profeta Malaquias vivia muita gente boa, mas também muitos injustos e pecadores. Inconscientemente e muitas vezes até convencidos os bons não conseguiam entender porque os maus conseguiam prosperar com certa facilidade enquanto os bons tinham grande dificuldade de progredir e melhorar de vida. É claro que diante desta realidade mais facilmente o desânimo toma conta das pessoas. Neste contexto o profeta aponta para o futuro, devolvendo-lhes a coragem e a esperança: Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas”.
Esta é também a certeza que o salmista proclamou e que a Igreja reza neste domingo: Exultem na presença do Senhor, pois ele vem, vem julgar a terra inteira. Julgará o universo com justiça e as nações com equidade”.
Na mesma perspectiva São Paulo escreve aos Tessalonicenses: “Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém”. Paulo é categórico ao afirmar não se iludam com promessas de uma vida fácil, pelo contrário não deixem de trabalhar e de fazer de modo bem feito todas as coisas.
E Jesus, no evangelho, recorda diversas situações do cotidiano que podem ser motivo para desanimar e não ter coragem de lutar por um mundo melhor. Nenhum medo, nenhuma ameaça, nenhuma preocupação diz Jesus, deve ser maior do que a certeza que “Vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É  permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”.
A vida de Jesus, a história das pessoas, das famílias, da sociedade e da própria Igreja são provas que depois de cada grande provação e tempo de dificuldade sempre há um novo alvorecer que se confirma na fé e na esperança que nunca morre. Esta certeza as pessoas experimentam pela graça do Espírito Santo que mora nos corações e renova a face da terra.

A assembleia cristã reunida reafirma na oração que sua vida está nas mãos de Deus em quem continuam confiando e em quem depositam toda a esperança.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DOMINGO DE TODOS OS SANTOS

SEDE SANTOS COMO DEUS É SANTO

Basta acessar qualquer ambiente noticioso para encontrar uma infinidade de ações humanas que podem ser classificadas como devastadoras ou pelo menos destruidoras da própria vida humana e do ambiente em que se vive. É o extermínio de espécies aninais e vegetais, é o descarte de objetos e equipamentos eletroeletrônicos de forma inadequada, é a poluição do ar e das águas, são seres humanos maltratados e considerados como bem de consumo durável e objeto de lucro e prazer. Neste contexto se ouve a primeira leitura deste domingo começando com as seguintes palavras: “Não danifiquem a terra, nem o mar nem as águas”.
É verdade que o grito é dirigido aos anjos, mas a sociedade contemporânea não precisa de anjos para fazer mal, o próprio ser humano é o principal causador de todas as formas de destruição e desrespeito. A pessoa humana, muitas vezes, se identifica com a máxima: “Lobo de si mesmo” sacrificando a própria esperança como se fosse a indústria da destruição.
Mais do que nunca a humanidade precisa de santos, e da força daquele que é o Santo dos santos, isso é, o próprio Deus que salva, que acolhe e que em Jesus Cristo lava a multidão das suas criaturas no “sangue do cordeiro”. No meio da multidão, quantos também podem ser reconhecidos como santos por causa do seu comprometimento com um mundo mais justo, mais humano e melhor.
Apesar dos pecados de cada pessoa e da humanidade inteira, Deus não rejeita, nem exclui ninguém, como se lê na segunda leitura: “Desde já somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como Ele é” (1 Jo3, 2).
Um dia, é certo, todos verão a Deus tal como ele é. Isto é um acender de esperança e um conforto que permite acreditar que a humanidade ainda tem salvação e que a certeza de um tempo e de uma vida muito melhor ainda se concretizará.
O que se espera de cada pessoa em meio a esta avalanche de problemas e de incertezas e ao mesmo tempo de promessa e de aconchego da parte de Deus é um empenho para alcançar a santidade.
Para ser santo e construir uma sociedade e um planeta santo, com responsabilidade pela “Casa Comum” cada pessoa, no seu ambiente e no cotidiano de suas ações é desafiado a viver as Bem aventuranças do Evangelho.
Que o Senhor conceda a graça, a coragem e a determinação de não ser participante da destruição, antes de caminhar na esperança que o encontro definitivo com o Pai de toda a vida começa a ser construído aqui com a responsabilidade individual e coletiva pelo cuidado com todas as formas de vida.









quarta-feira, 2 de novembro de 2016

GRAÇA SOBRE GRAÇA

Vinte e seis anos depois daquela tarde chuvosa do dia três de novembro do ano 1990, ergo os olhos para o céu e proclamo como o salmista: “Senhor, tu me examinas e me conheces, sabes tudo o que eu faço e de longe conheces os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando” (Salmo 139, 1- 3).
Neste ano, mais uma vez, rendo graças a Deus pelo chamado que me fez para o ministério presbiteral. Cada dia mais tenho convicção que o dom recebido no dia do batismo se aperfeiçoa pela graça de Deus que vai se renovando sempre que abrimos nosso coração e nos colocamos com todas as nossas limitações e pecados diante daquele que nos escolheu.
Celebro com cada pessoa, que ao longo destes vinte e seis anos caminhou e caminha comigo, a graça da minha ordenação presbiteral e peço que juntos rezemos a fim de que Deus continue dando a graça da resiliência e da perseverança.
Faço minhas as palavras da Médica Costa Riquenha, Helena López de Mézerville:

É preciso partir do fato de que o sacerdote diocesano assume a sua vocação e sua decisão de formar-se para esse ministério de modo livre e voluntário, diante de um chamado pessoal interpretado a partir da fé, que o leva a dar uma resposta ao tu infinito de Deus, que lhe pede o dom de si mesmo, comprometendo toda a sua vida. Por isso essa resposta deve ser um ato livre e generoso (Mézerville, 2012, p.154).

Isso me faz recordar o lema que escolhi no dia da minha ordenação presbiteral: “Servir na alegria e na caridade”. “Apesar disso não posso negar que algumas vezes a vida presbiteral apresenta épocas de vazio existencial e experiências de falta de sentido, próprias da vulnerabilidade do ser humano” (Mézerville, 2012, p.154).
Porém é certo que guardar a intimidade com Deus e com os irmãos no sacerdócio, é condição para manter-se fiel ao chamado e a missão que Ele nos confiou e nos chama a buscar a santidade cada dia. Santidade que se encontra na realização das responsabilidades pastorais e que fazem superar o esgotamento emocional e procurar o exemplo dos padres santos que

São humildes que muitas vezes acatam as ordens dos padres não santos, os de carreira; dos santos que buscam realizar coisas e bens deste mundo onde muitos tem mais necessidades; dos padres santos que não vivem nos palacetes da Igreja; dos padres santos que vivem com fidelidade o celibato; dos padres santos que rezam e que trabalham (Andreoli, 2010, p. 321).


Em 2016 Deus me deu a graça de celebrar o dom da minha ordenação conhecendo pessoalmente e pedindo a bênção ao “Padre Santo” que há exatos 54 anos, me fez participante do sacerdócio de Cristo pelo Sacramento do Batismo. Ontem (01/11) encontrei em Curitiba o Padre Emílio Lippens, que no ano de 1962, iniciava sua vida presbiteral na Paróquia Santo Antônio em Dois Vizinhos no Paraná e me conferiu o sacramento do batismo no dia 29 de janeiro de 1963. ISSO É GRAÇA SOBRE GRAÇA!

Para completar uso o título do documento do Papa Francisco: “Louvado Sejas” pela irmã natureza. A orquídea que ganhei no dia da celebração dos meus 25 anos de ordenação me presenteia, neste 03 de novembro, com uma nova florada. Dentre todas as atividades da missão, uma delas é também “Cuidar da Casa Comum”.