JESUS, REI
DOS REIS
No alto da cruz, enquanto o povo
olhava e os chefes zombavam, Jesus permanente Rei: não por coroas de ouro, mas
pela coroa de espinhos; não por tronos de marfim, mas pelo lenho da cruz.
“Salvou os outros; salve a si mesmo”, diziam, sem perceber que o verdadeiro
poder é amar até o fim. No madeiro, o Cristo abre o Reino ao bom ladrão: “Hoje
estarás comigo no Paraíso”. Ali se revela a vontade de Deus Pai: misericórdia
que perdoa, soberania que se entrega, autoridade que se faz serviço.
Assim também Santa Cecília, jovem romana, escolheu risos e
escárnios porque cantava louvores no coração ao Senhor. Não lhe faltaram zombarias
nem violências; Procuravam abafar sua fé como se apagam brasas em banho
ardente. Mas a melodia que ela elevou a Deus não se calou: transformou-se em
testemunho que atravessa séculos, coroada não de aplausos humanos, mas da palma
dos mártires. Em Cecília, a Igreja enxerga regularmente um reflexo do Rei
escarnecido: firmeza mansa, amor jubiloso, fidelidade que não negocia esperança.
Unidos à cruz de Cristo e ao cântico de Cecília, aprendendo que
a verdadeira música do Reino nasce quando a caridade vence o medo. O mundo pode
ridicularizar quem reza, quem perdoa, quem serve os pequenos; mas é nesse
humilde compasso que Deus entoa sua vitória. Onde há zombaria, respondemos com
vitória; onde há dureza, com mansidão; onde há trevas, com a luz da inspiração.
O Rei triunfa quando seus discípulos permanecerem de pé, com o coração afinado
pela Palavra e pelos sacramentos.
Por isso, no século XXI, os devotos de Santa Cecília assumem
este compromisso: cantar a fé com a vida. Que nossas casas e comunidades sejam repletos
de misericórdia; que nossas redes e ruas ressoem respeito, justiça e cuidado
com os pobres; que o domingo nos encontre aos pés do Rei, na Eucaristia, e a
semana nos veja periodicamente com alegria. Diante da zombaria, não calar;
diante da violência, não responder com igual medida; diante da indiferença,
perseverar no louvor. “Jesus, lembra-te de nós”: que este clamor faça de cada pessoa
um pequeno instrumento nas mãos do Rei do Universo. Amém.
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