quinta-feira, 10 de abril de 2025

HOMILIA PARA O DIA 04 DE ABRIL DE 2025 - 3º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 Meus irmãos e irmãs, a paz de Cristo esteja convosco!

Neste terceiro domingo da Páscoa, as leituras nos convidam a refletir sobre o testemunho e a missão que nos são confiados, especialmente através da figura de Pedro, um dos pilares da nossa fé. Em Atos dos Apóstolos (At 5,27b-32.40b-41), testemunhamos a coragem de Pedro diante das autoridades religiosas. Ele e os apóstolos são interrogados e reprimidos por pregarem sobre Jesus, mas não se intimidam. Pedro afirma: “É necessário obedecer a Deus antes que aos homens.” Esse simples, mas poderoso testemunho nos ensina que a nossa fidelidade a Cristo deve sempre prevalecer, mesmo diante de dificuldades.

Pedro não apenas fala de sua fé, mas vive-a em sua totalidade. Como testemunha da ressurreição, ele se tornou uma voz firme em um tempo de incertezas. Ele sabia que o impacto de sua mensagem não se limitava a suas palavras, mas se estendia a todo ato de sua vida. Esse testemunho ressoava não só em sua pregação, mas também em sua disposição para sofrer. A Escritura nos lembra que eles saíram do Sinédrio “alegres por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus”. Como isso nos inspira? Estamos prontos para enfrentar adversidades por nossa fé?

Passando para o Evangelho de João (Jo 21,1-19), encontramos uma cena impactante em que Jesus aparece novamente a Pedro e os outros discípulos à beira do mar de Tiberíades. Esta aparição é fundamental, pois não apenas oferece conforto e paz, mas também reafirma a missão de Pedro. Ao perguntar a Pedro “Você me ama?”, Jesus o comissiona a pastorear suas ovelhas. Aqui, vemos a restauração de Pedro após sua negação. O amor de Jesus é incondicional, transcendendo nossos erros e fraquezas.

A pergunta “Você me ama?” nos toca profundamente. Qual é a nossa resposta a essa pergunta? O amor autêntico a Cristo nos impede de sermos indiferentes diante das necessidades do nosso próximo. Assim como Pedro foi chamado a alimentar as ovelhas, somos convocados a cuidar uns dos outros, a ser luz no mundo e a testemunhar a esperança da ressurreição.

Enquanto contemplamos esses textos, somos desafiados a viver um testemunho cristão firme em nosso cotidiano. Nos momentos de dificuldade, que possamos lembrar das palavras de Pedro em Atos: devemos obedecer a Deus antes que aos homens. E, assim como Pedro, que possamos sentir a renovação em nosso coração, sabendo que somos chamados a amar e a servir.

Neste domingo, que cada um de nós possa renovar sua fé e compromisso com Jesus. Que nossa vida seja um testemunho vibrante da presença do Ressuscitado em nosso meio. Ao sairmos hoje, que possamos levar esta mensagem de esperança, coragem e amor a todos ao nosso redor, lembrando sempre que, em Cristo, somos chamados a ser pescadores de homens.

Que Deus nos abençoe e nos guie em nossa missão. Amém.

terça-feira, 8 de abril de 2025

HOMILIA PARA O DIA 27 DE ABRIL DE 2025 - 2º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

Ó MORTE, ONDE ESTÁ TUA VITÓRIA!

Neste 2º Domingo da Páscoa, continuamos a celebrar a gloriosa ressurreição de nosso Senhor Jesus, a vitória definitiva sobre a morte. A liturgia nos convida a refletir sobre o valor da comunidade que nasceu da sua ação criadora e vivificadora. É essa comunidade a qual Jesus acompanha, fortalecendo-a nas crises e desafios que enfrentamos diariamente.

No evangelho de João, encontramos os apóstolos reunidos em um ambiente de medo e incerteza. As portas estavam trancadas, mas Jesus entrou, não apenas para acalmar seus corações, mas para lhes oferecer a Sua paz. E esse mesmo Jesus ressuscitado continua no meio de nós, em nossa comunidade, garantindo que cada um de nós tenha acesso à Sua presença.

Hoje, somos chamados a entender que a vida nova que recebemos de Jesus se revela na união e no amor fraterno entre nós. A primeira leitura, que descreve a vida da comunidade cristã em Jerusalém, nos mostra um grupo que se destaca pela solidariedade, pelo cuidado com os mais fracos e pela capacidade de fazer o bem. O que testemunhamos ali deveria se refletir em nossa vida! A vida nova que brota da ressurreição não pode ser contida; ela se manifesta em gestos concretos, em ações que falam mais alto que palavras.

Importante também é a visão de João na segunda leitura. Ele nos apresenta o “filho do homem”, que é a chave de toda a história, o princípio e o fim. É em Jesus que encontramos a certeza de que não estamos sozinhos em nossa caminhada. Assim como Ele derrotou a morte, também somos capacitados a vencer as inúmeras dificuldades que a vida nos impõe.

Neste domingo, somos chamados a olhar para nossa comunidade e reconhecer que, se queremos “ver” e “tocar” Jesus ressuscitado, é aqui, no meio de nós, que isso acontece. Nossa vivência, nossa união, nosso apoio mútuo são o testemunho vivo da presença de Cristo entre nós. Que as nossas ações nos tornem um sinal visível da esperança e da vida que recebemos Dele.

Convido todos a refletir: como podemos ser agentes dessa comunidade que acolhe e transforma? Como podemos, em nosso dia a dia, ser porta-vozes da paz e do amor que Jesus nos oferece?

Neste tempo de Páscoa, que nossos corações se encham da alegria e da força que vem da ressurreição. Que possamos viver a nova aliança e ser um verdadeiro testemunho da vida nova que Jesus nos oferece, sozinhos e em comunidade.

Feliz Páscoa! Que a luz de Cristo ressuscitado permaneça em nossos corações, guiando-nos sempre na construção de um mundo melhor.

Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 20 DE ABRIL DE 2025 - DOMINGO DE PÁSCOA - ANO C

 

CAMINHAR JUNTOS À LUZ DO EVANGELHO

Hoje, celebramos a alegria da Páscoa, o dia da ressurreição do Senhor! É uma data que renova nossas esperanças, um convite divino para caminharmos juntos como peregrinos de esperança. Somos chamados a refletir sobre o significado da ressurreição, à luz do evangelho segundo João que ouvimos na liturgia da Palavra.

No relato, Maria Madalena vai ao sepulcro ao amanhecer, e ao encontrar a pedra removida, sua primeira reação é de desespero e confusão. Ela corre para contar aos discípulos, e isso nos mostra que, em momentos de incerteza, é natural sentir medo e angústia. No entanto, ao longo da narrativa, surgem elementos que nos convidam a superar essa angústia: a descoberta do túmulo vazio e a revelação de que Jesus havia ressuscitado.

Quando Maria encontra o túmulo vazio, é um sinal de que algo novo está surgindo. A ressurreição não é apenas a vitória de Cristo sobre a morte, mas também é um convite à transformação e à renovação de nossas vidas. Jesus não está mais entre os mortos, Ele vive! E essa verdade é fundamental para a nossa caminhada como irmãos e irmãs na fé.

Assim como Maria Madalena, todos nós somos convidados a olhar para as nossas vidas e perceber que, mesmo em meio aos túmulos que nos cercam — sejam eles medos, incertezas ou situações desanimadoras — a luz da ressurreição está presente. O que parecia fim, na verdade é um novo começo.

No evangelho, lemos que os discípulos, ao ouvirem Maria, correm ao sepulcro. E aqui, também encontramos mais um ensinamento: a ressurreição é um convite para caminharmos juntos. Não estamos sozinhos nesta jornada; somos chamados a ser comunidade, a apoiar uns aos outros na busca pela esperança e pela fé. É juntos que encontramos a força para superar os desafios e as dificuldades da vida.

Quando Pedro e o outro discípulo chegaram ao sepulcro, eles encontraram os lençóis, mas também foram confrontados com a realidade da fé. O texto diz que "ele viu e acreditou". Esta é uma pista valiosa que nos convida a olhar além da superfície, a mergulhar na profundidade do que significa acreditar na ressurreição. Fé não é apenas saber que Jesus ressuscitou; é permitir que essa verdade transforme nossas vidas e nos impulsione a viver com esperança.

Neste Domingo de Páscoa, que possamos acolher o convite da ressurreição. Que nossa fé nos faça peregrinos de esperança, caminhando juntos na luz de Cristo ressuscitado. Olhemos para o mundo com olhos de renovação e confiar que, assim como o Senhor venceu a morte, também nós podemos vencer nossas tribulações.

Ao celebrarmos a Páscoa, que a alegria da ressurreição nos inspire a ser portadores da esperança. Vamos nos unir como comunidade, como irmãos e irmãs, e levar essa mensagem de amor e vida a todos ao nosso redor.

Feliz Páscoa! Que a luz de Cristo renasça em nossos corações, hoje e sempre.

Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 19 DE ABRIL DE 2025 - SÁBADO SANTO - ANO C

 

SÁBADO SANTO: DIA DA 

CONTEMPLAÇÃO E DA ESPERANÇA

Com a celebração da vigília pascal colocamos um ponto final no silêncio da espera e nos abrimos para a alegria da esperança. Hoje, somos chamados a refletir sobre a transição entre a dor e a ressurreição, entre a morte e a vida plena que Cristo nos oferece. Este dia se destaca como o ponto alto do nosso caminhar na condição de "caminheiros de esperança".

O apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos (Rm 6,3-11), nos recorda que, através do batismo, somos sepultados com Cristo e, ressurgire­mos com Ele para uma nova vida. Essa passagem é um verdadeiro convite à transformação. Ao darmos as costas para o pecado e nos voltarmos para Deus, somos chamados a viver em novidade de vida, como pessoas que experimentam diariamente a redenção.

Vamos parar um momento para refletir: assim como Cristo passou pela morte, nós também enfrentamos muitos desafios e provações em nossa jornada. E é nesse momento de alívio e desânimo que somos convidados a recordar que a ressurreição sempre vem após a dor. Às vezes, podemos sentir que estamos em um sábado de silêncio da nossa própria vida, esperando por algo novo, por uma promessa, por uma luz que ilumine as nossas trevas.

O Salmo 117 (118), que rezamos hoje, ecoa a alegria e gratidão pela bondade e fidelidade de Deus: “Dai graças ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua misericórdia dura para sempre.” Afirmamos nossa confiança na promessa de que o Senhor está conosco em todos os momentos, mesmo nos mais escuros e difíceis. Ele é a rocha firme, nosso refugio. Neste Sábado Santo, esta mensagem de esperança ressoa intensamente, pois ela nos lembra que a luz da ressurreição está à porta.

Neste silêncio do Sábado, somos convidados a cultivar a esperança. Assim como a semente plantada no solo escuro aguarda a chuva para brotar, estamos nesse espaço de preparação antes do grande dia da Páscoa. É tempo de contemplação, de unir nossos sofrimentos aos de Cristo e confiar que, assim como Ele venceu a morte, também nós seremos levantados de nossas próprias sombras.

Este sábado, irmãos e irmãs, é um convite à espera ativa. Não estamos mergulhados num lamento sem fim, mas numa esperança viva. Esperamos a ressurreição, que não é apenas um evento no calendário, mas uma promessa que permeia nossas vidas. Ao passar por esta hora de silêncio, permita que o seu coração seja tocado pela certeza de que, mesmo no desespero, a vida está prestes a surgir.

Ao nos prepararmos para a grande celebração da Páscoa, que possamos, de coração aberto, permitir que o Espírito nos renove. Que este Sábado Santo seja um dia de transformação, um ponto de encontro com a esperança que nunca decepciona.

Por fim, ao olharmos para a cruz e refletirmos sobre a morte de Cristo, que possamos também nos animar com a certeza de que a vida e a luz sempre seguirão a escuridão. Que o Senhor da vida e da ressurreição renove em nós a fé e a esperança, fazendo de nós verdadeiros agentes de amor e luz neste mundo tão necessitado.

Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 18 DE ABRIL DE 2025 - SEXTA FEIRA DA PAIXÃO - ANO C

 

A Paixão Redentora de Cristo

A sexta-feira nos convida a exercitar nossa experiência de caminheiros de esperança refletindo sobre a Paixão redentora de Cristo. Mergulhados no mistério da cruz procuremos entender as consequências desse ato de amor que Jesus nos ofereceu.

Na Salmo que rezamos na liturgia da paixão, vemos um clamor de dor e confiança. O salmista clama: "Nas tuas mãos entrego o meu espírito." Esta expressão de entrega é exatamente o que vemos em Cristo durante sua crucificação. Ele, também, no momento da maior dor e sofrimento, expressa uma total confiança no Pai. Esse sentimento é um convite a todos nós: em meio ao sofrimento, podemos e devemos entregar nossas vidas nas mãos de Deus. Ele é sempre o nosso refúgio, mesmo nos momentos mais sombrios.

Na Carta aos Hebreus, é ressaltada a humanidade de Jesus. Quando lemos que Ele "também, nos dias da sua vida terrestre, ofereceu orações e súplicas, com forte clamor e lágrimas, a quem podia livrá-lo da morte", somos lembrados de que Cristo, enquanto estava entre nós, vivenciou a dor e a angústia. Isso nos mostra que Deus não é um distante espectador de nossas tribulações; Ele se fez gente e experimentou as mesmas dores que nós.

Jesus não veio para eliminar o sofrimento, mas para transformá-lo. A Sua Paixão é a resposta de Deus ao sofrimento humano. Ele, que é o Filho, se fez servo e passou pelo abismo da dor, nos mostrando que, através da cruz, encontramos a verdadeira redenção. Ele não apenas suporta o sofrimento, mas o oferece, e através dele, nos ensina que a dor pode ser um caminho para a transformação interior.

A Paixão Redentora de Cristo não é apenas um evento histórico, mas um convite a cada um de nós a nos unirmos a Ele em nossos próprios sofrimentos. Quando enfrentamos dificuldades, podemos olhar para a cruz e encontrar esperança. Cristo transforma nossas dores em um ato de amor, e através da Sua entrega, nos dá a chance de vivermos uma vida plena e livre.

Neste momento, somos chamados a contemplar o que significa ser redimido por esse amor. Através da Sua Paixão, a morte e a ressurreição de Cristo não apenas nos oferecem perdão, mas também a oportunidade de viver em plenitude, de sermos agentes de paz e reconciliação neste mundo tão necessitado.

Por isso, ao olharmos para a cruz hoje, não somos apenas testemunhas do sofrimento, mas também da esperança e da vida que se renova. A Paixão de Cristo é a prova do amor de Deus por nós e um convite a vivermos esse amor em nossas relações diárias, a sermos luz na vida dos outros.

Contemplemos o mistério da Paixão com um coração aberto, prontos a receber e a viver a redenção que Cristo nos oferece. Assim como Ele, levar nossas cruzes e, por meio delas, tornarmo-nos portadores de esperança e amor para aqueles que nos cercam.

Amém.

 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

HOMILIA PARA O DIA 17 DE ABRIL - QUINTA FEIRA SANTA 2025

 

SERVIÇO, ENTREGA E CUIDADO

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje nos reunimos para celebrar a Quinta-feira Santa, o dia que marca o início do Tríduo Pascal e que nos convida a refletir sobre o serviço, a entrega e o cuidado que Jesus teve com seus discípulos e, por extensão, com toda a criação.

Na primeira leitura, do livro do Êxodo, o relato trata da instituição da Páscoa. O Senhor ordena que o povo se lembre do ato salvador que os libertou da escravidão no Egito. As instruções para a celebração da Páscoa demonstram a importância do cuidado e da atenção aos detalhes, pois cada etapa comemorativa é um gesto de amor e respeito pela história e pela vida do povo de Deus.

Ao celebrarmos a Páscoa, somos lembrados de que o verdadeiro sentido desta festividade vai além de um evento histórico. A Páscoa é um chamado ao serviço, à memória de que somos parte de um plano maior de libertação. Assim como aqueles que comeram o cordeiro pascal estavam se preparando para uma nova vida, nós também somos convidados a viver com o mesmo espírito de entrega e serviço em nossas vidas diárias.

Na segunda leitura, na carta aos Coríntios, São Paulo nos recorda a instituição da Eucaristia: “Este é o meu corpo que é dado por vocês; este é o meu sangue que é derramado por vocês.” Aqui, Jesus não apenas institui um sacramento, mas, mais importante ainda, nos chama a experimentar e a viver a doação. A Eucaristia é a expressão máxima do amor de Cristo, um convite à comunhão, mas também um desafio à prática do serviço. Ao partilhar o pão e o vinho, somos convocados a sermos servidores uns dos outros.

Por fim, no Evangelho de João, encontramos uma das cenas mais significativas do serviço cristão: Jesus, o Mestre e Senhor, lavando os pés dos discípulos. Este gesto, muitas vezes considerado um ato de humildade, é, na verdade, uma revolução do entendimento sobre liderança e poder. Ao lavar os pés, Jesus ensina que o verdadeiro líder é aquele que serve. Ele nos desafia a adotar a atitude de humildade e cuidado, não só com aqueles que amamos, mas com todos ao nosso redor.

Hoje, somos chamados a refletir: como temos vivido essa dimensão do serviço? Como podemos ser mais atentos aos que nos cercam? O cuidado com as pessoas e com a obra criada por Deus é um reflexo do amor divino entre nós. Cada ato de bondade, cada gesto de apoio e cada palavra de conforto são formas de manifestar a presença de Cristo em nossas vidas.

Que nesta Quinta-feira Santa, possamos renovar nosso compromisso de servir. Que possamos olhar à nossa volta e alimentar os que têm fome, acolher os que estão sozinhos e cuidar da criação que nos foi confiada. Ao imitarmos o exemplo de Cristo, tornamo-nos verdadeiramente seus discípulos.

Peçamos ao Senhor que nos faça instrumentos de paz e amor, sempre prontos a lavar os pés uns dos outros, lembrando que, em cada ato de serviço, estamos servindo a Ele.

Amém!

 

HOMILIA PARA O DIA 13 DE ABRIL - DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR - ANO C

 JESUS CRISTO MODELO DE AMOR E DE ENTREGA

Queridos irmãos e irmãs,

Ano após ano repetimos o memorial da entrada solene de Jesus em Jerusalém. Ao mesmo tempo entramos na Semana Santa, um convite para refletis sobre o amor e a entrega de Jesus Cristo, nosso Senhor. Ao celebrarmos o memorial da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, somos chamados a contemplar não apenas a aclamação do povo, mas também a realidade que se aproxima: a paixão, a morte e a ressurreição.

1. Servindo com Humildade (Isaías 50,4-7)

O profeta Isaías nos apresenta um servo sofredor, cuja missão é trazer palavras de ânimo e esperança. Ele é descrito como alguém que não se recusa a carregar o fardo da dor e da injustiça. Ao ler essas palavras, percebemos que Jesus encarna essa profecia. Ele, que é o Filho de Deus, assume uma posição de humilhação e serviço. Ele não se esquiva das provações, mas as enfrenta de cabeça erguida.

“Eu não me recusei a ser humilhado”, diz o profeta. Essa é uma mensagem central que ressoa em nossa vida de fé: seguir a Cristo implica em um caminho de humildade e entrega. O verdadeiro poder de Cristo se revela na fragilidade da cruz. Precisamos nos perguntar: como vivemos esse mesmo chamado de servir ao próximo em nossas vidas?

2. A Exaltação de Cristo (Filipenses 2,6-11)

Na carta aos Filipenses, São Paulo nos lembra que Jesus não se apegou a sua divindade e se fez gente. Ele tornou-se obediente até a morte, e, por isso, Deus o exaltou. Por causa dessa atitude “Todo joelho se dobrará”, diz a passagem, apontando que toda a criação reconhecerá a soberania de Cristo. É na cruz que Ele é verdadeiramente glorificado.

Esta exaltação não é apenas para Jesus, mas um convite para todos nós. Ao tomarmos a nossa cruz diariamente, nos unimos a Cristo em sua humilhação, mas também em sua glória. O convite é para reconhecer que, através da nossa dor e sacrifício, a graça de Deus se manifesta. Respeitemos e acolhamos esse mistério em nossas vidas: a cruz é o caminho para a verdadeira exaltação.

3. A Paixão de Cristo (Lucas 23,1-49)

No Evangelho de Lucas, lemos o longo relato da entrega de Jesus nas mãos dos homens, sua condenação e sua crucifixão. A narrativa revela um contraste entre a aclamação de “Hosana” na entrada triunfal em Jerusalém e as palavras de condenação diante de Poncio Pilatos. Cada um de nós está chamado a confrontar nossas próprias palavras e ações. Naqueles gritos de “crucifica-o”, vemos um reflexo das divisões e tensões de nossa sociedade.

Jesus, ao longo de sua paixão, exemplifica o amor incondicional, perguntando ao Pai: “perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.” Esta é uma lição fundamental para todos nós. O perdão é a chave para a verdadeira liberdade. Em nosso mundo cheio de animosidade e divisão, somos chamados a ser agentes de reconciliação. Assim como Jesus, que se entregou completamente, somos convidados a perdoar e amar, mesmo diante das adversidades.

Conclusão

Irmãos e irmãs, neste Domingo de Ramos, ao levantarmos nossos ramos, que possamos simbolizar a disposição de acolher não apenas a glória, mas também a cruz de Cristo. Que nossas vidas sejam um reflexo do amor e do serviço que Jesus nos ensinou. Que possamos entrar nesta Semana Santa com o coração aberto, prontos para ouvir e viver a mensagem da Paixão.

Peçamos a intercessão de Maria, nossa Mãe, para que, junto dela, possamos perseverar na fé, seguir os passos do Filho e nos tornarmos, também nós, servos do amor.

Amém!

 

terça-feira, 4 de março de 2025

HOMILIA PARA O DIA 06 DE ABRIL DE 2025 - QUINTO DOMINGO DA QUARESMA - ANO C

 

QUARESMA - CHAMADOS À CONVERSÃO

E À ECOLOGIA INTEGRAL

 

Queridos irmãos e irmãs,

 

Durante o tempo da Quaresma, somos convidados a refletir sobre as leituras que nos são apresentadas: Isaías 43,16-21; Filipenses 3,8-14; e João 8,1-11. Cada uma delas nos oferece um convite à conversão, à penitência e à renovação, tanto em nossa vida espiritual quanto em nossa relação com o mundo.

Na leitura de Isaías, o Senhor nos faz um chamado: "Eis que faço uma coisa nova; agora brota, não a percebeis?" (Isaías 43,19). Este versículo nos convida a abrir os olhos e o coração para as novas possibilidades que Deus está realizando em nossas vidas. Se olharmos à nossa volta, veremos que a criação clama por atenção. Neste tempo quaresmal, somos chamados a reconhecer as injustiças que assolam a natureza e a fortalecer nossa relação com o ambiente. Assim como Deus faz novas todas as coisas, nós também somos desafiados a cuidar da Terra, um presente que nos foi dado. A ecologia integral se torna uma prática de fé, onde a conversão se estende não apenas ao nosso interior, mas também à maneira como interagimos com o mundo à nossa volta.

Em Filipenses, Paulo nos ensina a valorizar o que realmente importa: "Considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor" (Filipenses 3,8). Aqui, somos exortados a desapegar das coisas materiais e superficiais que nos afastam do verdadeiro propósito — o amor a Deus e ao próximo. Esse desapego é fundamental para uma vida de penitência. Na prática, isso nos leva a refletir sobre nossos próprios hábitos de consumo e a promover um estilo de vida mais sustentável, que respeite o nosso planeta e todas as suas criaturas.

Finalmente, no Evangelho de João, encontramos a passagem da mulher adúltera. Jesus, em um ato de completa misericórdia, diz: "Nem eu te condeno; vai e não peques mais" (João 8,11). Este convite ao recomeço é um eco da esperança que desejamos em nossas vidas, e também é um lembrete de que, em nossa jornada de conversão, temos a responsabilidade de mudar nossas atitudes. A frase "não peques mais" nos interpela a refletir sobre como nossas ações impactam a criação. Ao cuidarmos do meio ambiente e fazermos escolhas que respeitem a Terra, estamos respondendo ao chamado de Jesus para viver de maneira mais consciente.

Queridos irmãos e irmãs, nesta Quaresma, somos chamados a uma transformação que abarca não apenas nossa vida pessoal, mas todo o nosso relacionamento com a criação. Que possamos abrir nossos corações para o novo que Deus está realizando, desapegar do que nos separa d’Ele e acolher a mensagem de misericórdia que Jesus nos traz. Que cada um de nós possa ir e “não pecar mais”, promovendo uma ecologia integral que respeite e cuide do mundo que Deus nos confiou.

Que Deus nos abençoe nesta jornada de renovação e conversão. Amém.

sábado, 1 de março de 2025

HOMILIA PARA O DIA 30 DE MARÇO DE 2025 - 4º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C

 

Quaresma:  Caminho da Conversão

Queridos irmãos e irmãs,

Estamos em um tempo especial, de renovação espiritual. Este período nos convida a um olhar atento sobre nossas vidas, nossos corações e nossa relação com Deus e com o próximo. Hoje, vamos fundamentar nossa reflexão em três passagens bíblicas Josué 5,9a.10-12; 2 Coríntios 5,17-21 e Lucas 15,1-3.11-32.

A Passagem do Deserto à Terra Prometida

Começando pelo livro de Josué, encontramos um momento crucial na história do povo de Israel. Após anos de peregrinação no deserto, finalmente eles chegam à Terra Prometida. Neste contexto, Deus diz: "Hoje tirei de vocês a vergonha do Egito." Aqui, percebemos que a Quaresma é, antes de tudo, um tempo de libertação. Assim como o povo de Israel foi chamado a deixar para trás as feridas do Egito, nós também somos convidados a deixar nossas angústias, medos e pecados que nos aprisionam.

A passagem nos lembra que ao entrar na Terra Prometida, o povo experimenta uma oportunidade unica; eles se alimentam dos frutos da nova terra. Na Quaresma, somos convidados a nos nutrir espiritualmente: a orar, a jejuar e a agir com generosidade. Desta forma, podemos experimentar não apenas uma mudança externa, mas uma verdadeira transformação interior.

A Nova Criação em Cristo

Na cara de São Paulo aos Coríntios, Ele nos apresenta um conceito fundamental: "Se alguém está em Cristo, é nova criatura." A conversão que buscamos é, essencialmente, um retorno a Cristo, que nos reconcilia com o Pai. A Quaresma é uma oportunidade de nos deixarmos transformar por Ele, de nos despirmos do que é velho e de nos revestirmos do novo.

Isso envolve também um compromisso com a reconciliação — não apenas com Deus, mas também com aqueles que nos cercam. Durante este período, somos desafiados a buscar perdão, a oferecer chances e a construir pontes em nossos relacionamentos. É importante lembrar que, ao sermos reconciliados com Deus, somos chamados a ser instrumentos dessa reconciliação no mundo.

A Parábola do Filho Pródigo: O Amor do Pai

Com a parábola do Filho Pródigo visualizamos o coração do Pai: um amor que espera, acolhe e perdoa. O filho, ao decidir voltar, é recebido com braços abertos, e essa é a essência da misericórdia de Deus. Na Quaresma, somos chamados a reorientar nossas vidas, a reconhecer que, independentemente de quantas vezes tenhamos nos afastado, o amor de Deus sempre nos espera.

O pai da parábola nos ensina que o verdadeiro arrependimento gera uma festa no céu. E o que isso significa para nós? Significa que cada passo que damos em direção a Deus é celebrado. Cada ato de conversão, cada gesto de bondade, nos aproxima ainda mais da realização do Reino.

Concluindo a Reflexão

Queridos irmãos e irmãs, à luz dessas três passagens, somos convocados a uma Quaresma de transformação. Que possamos deixar para trás o que nos pesa, que nos alimentemos com a graça de Deus e que busquemos ser novas criaturas em Cristo. Que todo nosso processo de conversão nos leve a experimentar o amor incondicional do Pai e nos torne também disseminadores deste amor no mundo.

Que possamos, ao longo desta Quaresma, abrir nossos corações para a reconciliação e para a prática da misericórdia. Afinal, como seguidores de Cristo, somos chamados a estender nossos braços e acolher todos os filhos e filhas que esperam o retorno ao lar.

Que Deus nos abençoe nessa jornada de fé e conversão. Amém.

 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 23 DE MARÇO DE 2025 - 3º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C

 

Quaresma - Tempo de Conversão e Misericórdia

Queridos irmãos e irmãs,

Neste tempo de Quaresma, somos convidados a refletir sobre a conversão e o chamado à penitência. A Palavra de Deus que ouvimos hoje nos traz ensinamentos preciosos, embasados nos textos de Êxodo 3,1-8a.13-15; 1 Coríntios 10,1-6.10-12 e Lucas 13,1-9. Neste contexto, a experiência de Moisés, os avisos de Paulo aos coríntios e a parábola da figueira nos ajudam a entender a urgência de nos voltarmos a Deus, assumindo nossa responsabilidade como cidadãos da Terra.

O Chamado de Moisés e o Deus que Escuta

Em Êxodo, encontramos Moisés diante da sarça ardente. Deus se apresenta a Moisés não apenas como um ser distante, mas como o "Eu Sou". Esse encontro é um convite à escuta e à ação. Deus vê o sofrimento do Seu povo e decide intervir. Aqui, percebemos que a conversão começa com o reconhecimento da presença de Deus em nossas vidas e a nossa capacidade de escutá-Lo. Assim como Moisés, somos chamados a nos desapegar de nossa rotina e ouvir o clamor da criação e dos necessitados ao nosso redor.

Na Quaresma, somos convidados a refletir: temos escutado Deus em nossa vida? Estamos atentos ao sofrimento do próximo e à dor da natureza que clama por socorro? O chamado à conversão é um convite a sairmos de nosso próprio egocentrismo e a nos conectarmos com a realidade que nos cerca, especialmente em um momento em que a nossa casa comum, o planeta, enfrenta tantos desafios.

A Advertência de Paulo e o Cuidado com Nossa Fé

No trecho de 1ª Coríntios, Paulo recorda aos fiéis que as experiências do povo de Israel no deserto servem de aviso para nós. A Bíblia nos lembra que, mesmo tendo recebido tantas bênçãos, muitos caíram em tentação e se afastaram de Deus. Aqui, a conversão se torna um processo contínuo de revisão e cuidado com nossa fé. Não é suficiente termos começado bem, precisamos perseverar!

Isso nos leva a refletir sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, que nos convida a um olhar mais atento à ecologia integral. A questão de cuidar do meio ambiente é uma extensão da nossa responsabilidade cristã. O descuido pela criação é, muitas vezes, um sinal de nossa falta de conversão, mostrando que nossa relação com Deus e com a Terra ainda precisa ser renovada. Precisamos nos perguntar: como estamos contribuindo para a degradação do nosso planeta? O convite à penitência nos leva a agir de forma consciente, promovendo práticas que respeitem o meio ambiente e protejam a vida.

A Parábola da Figueira: Oportunidade de Frutificação

Finalmente, no evangelho de Lucas, a parábola da figueira é um lembrete de que Deus nos concede tempo para a conversão. O jardineiro pede ao senhor que lhe dê mais um ano para cuidar da figueira improdutiva, esperando que ela produza frutos. Assim, Deus nos oferece a oportunidade da mudança, da misericórdia e do perdão.

Quantas vezes, irmãos e irmãs, somos como essa figueira? Quantas oportunidades temos desperdiçado de frutificar e viver plenamente nossa vocação cristã? A penitência quaresmal nos urge a visitarmos nosso interior, confrontando nossas misérias e buscando a verdadeira conversão. Isso demanda ação e compromisso com o bem, não apenas pessoal, mas coletivo, incluindo o cuidado com nosso planeta e com os que mais sofrem.

Conclusão

Assim, ao vivermos esta Quaresma, que possamos ser inspirados pela escuta da voz de Deus, lembrados pela advertência de Paulo sobre a nossa responsabilidade, e motivados pela paciência do jardineiro com a figueira. Que a conversão que buscamos não seja apenas uma mudança de postura individual, mas um movimento que nos leve a agir em favor da ecologia integral, promovendo a vida em todas as suas formas.

Que Deus nos conceda a graça do perdão e da misericórdia, e que possamos ser agentes de transformação em nosso mundo. Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 16 DE MARÇO DE 2025 - 2º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C

 

QUARESMA CAMINHO DE RESTAURAÇÃO E FRATERNIDADE

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje, nos reunirmos para refletir sobre a Palavra de Deus, que ilumina nosso tempo de Quaresma: Gn 15,5-12.17-18, Fl 3,20-4,1 e Lc 9,28b-36. Cada um desses trechos bíblicos nos fala da relação íntima que temos com Deus, de nossos compromissos como cristãos e de nossa responsabilidade com a criação.

A Promessa de Deus e a Aliança com Abraão

No livro de Gênesis, encontramos Deus fazendo uma aliança com Abraão. Ele o leva para fora da tenda e pede que olhe para o céu e contemple as estrelas, prometendo que assim será sua descendência. Esta cena nos lembra que, durante a Quaresma, somos convidados a sair de nossas zonas de conforto e olhar para o alto, para o plano divino. É um momento de renovação de nossa aliança com Deus, de reavivar a esperança em nossas vidas e a consciência de que somos parte de algo muito maior.

Assim como Abraão, nós também somos chamados a acreditar nas promessas de Deus. E essa fé nos deve mover a agir em prol da fraternidade e da justiça. A Campanha da Fraternidade deste ano nos convida a refletir sobre a ecologia integral, não apenas como um tema ambiental, mas como um chamado a restaurar nossas relações — com Deus, com o próximo e com a criação. A natureza, criada por Deus, clama por nossa atenção e cuidado, e isso exige uma conversão pessoal e comunitária.

Cidadãos do Céu e a Esperança da Glória

Na carta aos Filipenses, São Paulo nos lembra que nossa verdadeira cidadania está nos céus. Isso é essencial, especialmente no tempo da quaresma, quando somos convidados a refletir sobre as coisas que realmente importam. A tentação de nos concentrarmos nas necessidades materiais e neste mundo passageiro é grande. No entanto, somos chamados a viver como cidadãos do Reino de Deus, onde a fraternidade e o cuidado com a criação são princípios fundamentais.

Na prática da penitência durante a Quaresma, somos convidados a renunciar ao egoísmo e à indiferença. O jejum, a oração e a esmola não são apenas atos de disciplina, mas gestos que nos conectam mais profundamente com os outros e com o mundo ao nosso redor. Que possamos, portanto, nos abrir a esse chamado de transformação interior, que se reflete em ações generosas em relação ao meio ambiente e às pessoas.

A Transfiguração: Um Olhar para o Futuro

O evangelho de Lucas nos apresenta a Transfiguração de Jesus, um momento de revelação e de fortalecimento para os discípulos. Essa experiência nos mostra que, mesmo em meio às dificuldades da vida, é possível ter uma visão gloriosa do que Deus quer de nós. Na Quaresma, somos convidados não apenas a reconhecer nossas fraquezas, mas a ter a certeza de que a luz de Cristo pode nos transformar e guiar.

No contexto da Campanha da Fraternidade, somos levados a olhar para o futuro da Terra e da humanidade com esperança, confiando que nossas ações, por menores que sejam, podem contribuir para um mundo mais justo e sustentável. Seremos convidados a refletir sobre como a nossa vida respeita o planeta, como cuidamos da criação e como cada irmão e irmã ao nosso redor merece ser tratado com dignidade.

Conclusão

Ao final dessa celebração levemos conosco o lembrete de que a Quaresma é um tempo de conversão, de cuidadosamente considerar nosso papel no mundo e como nossos atos podem representar a luz de Cristo. Que a Campanha da Fraternidade nos inspire a ser agentes de mudança, a cuidar da criação e a promover uma fraternidade real e ativa.

Que Deus nos abençoe e nos guie em nossa caminhada espiritual e em nossa missão de amor e respeito ao próximo e à Terra. Amém.

 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 09 DE MARÇO DE 2025 - PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA 2025 -

 

A Fraternidade e a Ecologia Integral

Queridos irmãos e irmãs, é com alegria que nos reunimos hoje para refletir sobre as Sagradas Escrituras e o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que nos convida a refletir sobre a Ecologia Integral.

 A primeira leitura, de Deuteronômio 26, nos lembra da importância de reconhecer as bênçãos que recebemos de Deus. O povo é instruído a levar os primeiros frutos da terra e a apresentar diante do altar. Este gesto de gratidão nos desafia a pensar como também podemos reconhecer e agradecer a Deus por todas as maravilhas da criação. A natureza, com sua beleza exuberante, é um presente divino, e precisamos cuidar dela como um verdadeiro gesto de amor a Deus e ao próximo.

 Na carta de São Paulo aos Romanos, capítulo 10, somos chamados a professar a nossa fé de modo que ela possa nos impulsionar a agir em prol do bem comum. "Se alguém invocar o nome do Senhor, será salvo." Essa invocação requer que não apenas pensemos em nós mesmos, mas que também atuemos em defesa dos que não têm voz, dos que sofrem com as consequências da degradação ambiental. O chamado à salvação é, de fato, um chamado à solidariedade e à fraternidade com toda a criação.

 No evangelho de Lucas 4, encontramos a narrativa da tentação de Jesus. Aqui, Jesus, cheio do Espírito Santo, enfrenta as tentações do maligno. Ele nos ensina que a verdadeira força está em desistir das necessidades egoístas e em nos voltarmos para a vontade do Pai. A tentação nos convida a sucumbir ao individualismo e à exploração desenfreada dos recursos naturais. Contudo, Jesus nos modela um caminho que deve ser de resistência e compromisso com a justiça e a paz, recordando que somos parte de uma grande família, a criação de Deus, que merece ser cuidada e respeitada.

 Neste contexto da campanha da fraternidade, somos convocados a um chamado de conversão. A ecologia integral não trata somente da preservação do meio ambiente, mas da construção de relações justas e fraternas em todos os níveis: social, econômica e ambiental. O olhar fraterno que temos sobre a criação deve também se estender àqueles que mais sofrem com as crises ambientais — os pobres, os marginalizados, os que dependem do ecossistema para viver.

 Como podemos, então, responder a esse chamado? Primeiro, cultivando uma atitude de gratidão e cuidado em relação ao que nos rodeia. Segundo, buscando formas de agir em solidariedade com aqueles que são impactados pela degradação ambiental, defendendo políticas que promovam a justiça social e ambiental. E por fim, vivendo uma espiritualidade que nos une à criação, entendendo que ao cuidar da Terra, estamos cuidando de nossos irmãos e irmãs.

 Que ao nos alimentarmos da Palavra de Deus, possamos nos inspirar a sermos agentes de transformação e de amor, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e atenta aos clamores da criação. Que Deus nos abençoe nessa missão! Amém.