A MINHA ALMA TEM SEDE DE DEUS
Hoje, reunidos em oração e comunidade, ouvimos as leituras que
nos convidam a refletir sobre a nossa relação com Deus e sobre como essa
relação é fundamental para a nossa vida espiritual.
Vamos começar pelo Salmo 62(63), que expressa uma profunda sede de Deus: “Ó Deus,
meu Deus, eu te procuro; a minha alma tem sede de ti”. Neste versículo, o
salmista nos mostra o desejo ardente de experimentar a presença do Senhor. Sede
e desejo são temas recorrentes na vida de fé. Na medida em que buscamos a Deus,
reconhecemos que Ele é o nosso sustento, a nossa fonte de vida. Em momentos de
deserto, de dúvidas e de provações, é essa sede que nos impulsiona a orar, a
clamar e a nos aproximar do Criador.
Na passagem do Evangelho segundo Lucas (Lc 9,18-24), Jesus faz
uma pergunta crucial aos seus discípulos: “Quem dizem as multidões que eu sou?”
E eles respondem: “João Batista, outros, Elias, e outros ainda, que um dos
profetas ressuscitou”. Mas, em seguida, Ele pergunta diretamente aos seus
discípulos: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. Essa pergunta não é apenas uma
curiosidade, mas um convite a refletirmos sobre a nossa própria fé e percepção
de quem é Jesus em nossas vidas.
Pedro, ao responder que Jesus é o Cristo de Deus, revela uma
compreensão profunda. Mas Cristo também os alerta sobre o caminho que está por
vir: Ele fala do sofrimento, da rejeição e da morte, e, mais importante, do
chamado a tomar a própria cruz. Aqui, Jesus nos ensina que a verdadeira vida
com Ele requer entrega, e que a oração é a via que nos fortalece nessa missão.
A oração é, portanto, um meio essencial de saciar nossa sede de
Deus. Quando oramos, não apenas elevamos nossas súplicas, mas também temos a
oportunidade de aprofundar nossa relação com o Senhor. É na oração que
encontramos força para enfrentar as cruzes que nos são impostas. É na oração
que recebemos a graça de discernir nossa identidade como filhos e filhas de
Deus e, ao mesmo tempo, perceber qual é o nosso papel neste mundo.
Muitas vezes, pode parecer que Deus está distante, mas Ele nunca
nos abandona. Assim como um sedento busca água, também devemos buscar a Deus
com a mesma intensidade. A nossa oração diária deve ser um diálogo sincero,
onde expressamos nossos medos, ansiedades e também nossas alegrias. É nesse
diálogo que vamos descobrindo quem somos e quem Deus é para nós.
Por que isso é tão importante? Porque, ao reconhecer Jesus como
o Cristo, aceitamos também a sua proposta de carregarmos a nossa cruz. Ele nos
ensina que não é pela força, mas pela humildade e pela entrega que
encontraremos a verdadeira vida. Assim, a oração se torna um espaço de
renovação, onde podemos reabastecer a fé e o amor que nos impulsionam a
testemunhar o Evangelho.
Neste dia, convido todos a meditar sobre o que significa ter
sede de Deus em suas vidas. Como podemos cultivar esse desejo? Como podemos fazer
da oração não apenas um momento isolado, mas uma parte constante do nosso dia a
dia? Que a nossa busca incessante por Deus nos faça mais solidários, mais
compreensivos e mais amorosos com os que nos cercam.
Que a Eucaristia de hoje nos nutra e nos fortaleça nessa
caminhada, e que, assim como o salmista, possamos sempre dizer: “A minha alma
tem sede de Ti, Senhor.” Que Jesus Cristo, nosso Senhor, continue a nos guiar e
a nos amadurecer na fé.
Amém.