terça-feira, 10 de dezembro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 26 DE JANEIRO DE 2025 - 3º DOMINGO COMUM - ANO C

 

SOMOS UM POVO PEREGRINOS DE ESPERANÇA

 

Neste terceiro domingo do Tempo Comum, somos mais uma vez convidados a nos aprofundar na Palavra de Deus que nos apresenta um forte chamado à esperança e à ação. As leituras de hoje nos oferecem um panorama sobre a importância da escuta da Palavra, a necessidade de unidade no Corpo de Cristo e a vocação que temos como peregrinos de esperança.

Iniciando com a leitura de Neemias (Ne 8,2-4a.5-6.8-10), encontramos o povo de Israel reunido para ouvir a lei de Deus. É um momento de renovação e redescoberta da identidade, onde a Palavra é lida e explicada, levando o povo a chorar, mas também a se alegrar, pois a palavra de Deus é viva e ativa. Neemias diz: "A alegria do Senhor é a nossa força." Isso nos mostra que, quando nos voltamos para Deus e sua Palavra, encontramos a verdadeira fonte de esperança e renovação.

O Salmo 18 (19) nos lembra que as leis do Senhor são perfeitas e alegres. Em um mundo cheio de incertezas, é fundamental que busquemos na Palavra de Deus orientação e sabedoria. A escuta atenta da Palavra e a nossa disposição em vivê-la são elementos cruciais para que possamos ser verdadeiros peregrinos de esperança, levando a luz de Cristo a todos ao nosso redor.

Na epístola de Paulo aos Coríntios (1Cor 12,12-30), vemos a imagem poderosa do Corpo de Cristo. Paulo explica que, assim como o corpo é um, embora tenha muitas partes, assim também somos nós como Igreja. Cada um de nós é parte desse corpo, e todos têm uma função única no plano de Deus. Em um mundo que muitas vezes promove a divisão, somos chamados a viver em união, reconhecendo e valorizando a diversidade de dons que Deus nos deu. É na unidade que encontramos força e esperança para enfrentar os desafios que surgem em nosso caminho.

 

O Evangelho de Lucas (Lc 1,1-4; 4,14-21), apresenta Jesus, que lê nas sinagogas e anuncia a boa nova. Ele se apresenta como o cumprimento das promessas de Deus, trazendo libertação e cura. A sua mensagem é radicalmente inclusiva, e isso nos convida a refletir: como estamos nós como comunidade cristã acolhendo os que nos rodeiam? Como podemos nos tornar instrumentos de esperança para aqueles que estão à margem, para os que sofrem?

Hoje, ao refletirmos sobre a Palavra, somos chamados a nos perguntar: **Como podemos, em nossa vida cotidiana, ser peregrinos de esperança?** Isso pode ser feito através do nosso compromisso com a justiça, da promoção da paz e da solidariedade com os marginalizados.

Que, neste domingo, possamos nos dispor a ouvir a Palavra de Deus com um coração aberto, a viver em unidade como Igreja e a ser sinais de esperança em nosso mundo. Que a alegria do Senhor nos fortaleça e que cada um de nós, em sua particularidade, possa contribuir para a construção de um mundo mais justo e fraterno.

Que Deus nos abençoe e nos guie em nossa jornada como peregrinos de esperança. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 19 DE JANEIRO DE 2025 - SEGUNDO DOMINGO COMUM - ANO C

 

EM DEUS, ESPERANÇA E RENOVAÇÃO

 

Neste segundo domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre a beleza e a abundância das promessas de Deus, tal como expressas nos textos que a liturgia nos apresenta. A leitura do profeta Isaías (Is 62,1-5) traz uma mensagem de esperança e renovação. O profeta nos fala de um tempo em que Deus se alegrará em seu povo, e isso é descrito através de uma relação íntima e amorosa: Deus promete que o seu povo será chamado com um novo nome e que a alegria será abundante. Assim como um noivo se alegra com sua noiva, Deus se alegra com seu povo. Esta é uma promessa atual, que nos lembra a dignidade e o valor que Deus confere a cada um de nós.

O Salmo 95 (96) nos convida a cantar ao Senhor um cântico novo, celebrando a sua majestade e a sua criação. Ao olharmos ao nosso redor, somos chamados a reconhecer a beleza do mundo natural que nos cerca. A criação é um presente de Deus e um reflexo de seu amor por nós. Entretanto, como podemos cantar esse cântico novo se não cuidamos da Terra que Ele nos confiou? O que temos feito para proteger e preservar o meio ambiente, que é um dom de Deus?

Ao refletirmos sobre essas leituras, vemos que a conexão com a Ecologia Integral torna-se cada vez mais relevante. A Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco nos lembra que a crise ambiental é, antes de tudo, uma crise de relações – com Deus, entre nós e com a criação. Precisamos urgentemente transformar nossa relação com a Terra em uma prática que respeite e valorize a vida que nos rodeia. Devemos ser bons administradores dos recursos naturais, promovendo a justiça ambiental e buscando maneiras sustentáveis de viver.

Na segunda leitura, da primeira Coríntios (1Cor 12,4-11), Paulo nos ensina sobre a diversidade dos dons no Espírito. Ele nos lembra que cada um de nós tem um papel a desempenhar na construção do Reino de Deus. Essa diversidade é um reflexo da criatividade de Deus em sua criação. Assim, quando cuidamos do meio ambiente e promovemos a justiça, estamos exercendo os dons que nos foram dados, contribuindo para o bem comum.

Finalmente, no Evangelho de João (Jo 2,1-11), temos o milagre das bodas de Caná, onde Jesus transforma água em vinho. Este primeiro sinal de sua vida pública não é apenas um milagre, mas também uma revelação da abundância do Reino de Deus. O que mais nos toca nesta passagem é que Jesus atende à necessidade de uma festa, trazendo alegria onde havia escassez. Isso nos convida a refletir sobre como podemos trazer essa abundância para o mundo hoje. Assim como Jesus participou da alegria daquela festa, somos convidados a ser portadores de alegria e esperança em um planeta que muitas vezes parece cansado e sobrecarregado.

Hoje, eu os convido a se perguntarem: Como podemos ser parte dessa transformação? Como podemos agir para que a alegria e a abundância criadas por Deus sejam acessíveis a todos, especialmente àqueles que mais precisam? E como podemos garantir que essa alegria não venha à custa da nossa Terra, mas em harmonia com ela?

Que neste domingo, possamos renovar nosso compromisso de cuidar da criação, de ser instrumentos da paz e da alegria, e de ser testemunhas do amor de Deus em ação. Que possamos, verdadeiramente, cantar ao Senhor um cântico novo, unindo nossa voz à canção da Terra, promovendo a Ecologia Integral e vivendo em harmonia com toda a criação.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 12 DE JANEIRO DE 2025 - BATISMO DO SENHOR - ANO C

 

FILHO AMADO: ESCOLHIDO E SERVIDOR

 

Neste domingo, celebramos o Batismo de Jesus, um evento fundamental que inicia sua missão pública e nos convida a refletir sobre o nosso próprio chamado. A liturgia de hoje nos apresenta textos ricos e profundos que nos ajudam a entender a importância desse momento e o que ele representa em nossas vidas.

No profeta Isaías (Is 42,1-4.6-7), encontramos a descrição do Servidor do Senhor, aquele que é escolhido, amado e preenchido com o Espírito. Deus nos lembra que ele é a luz para as nações, uma fonte de esperança e libertação. Este versículo ressoa fortemente no contexto do nosso Ano Santo, onde somos chamados a ser peregrinos de esperança. Assim como Jesus, ao ser batizado, se coloca no caminho da solidariedade e do serviço, também somos convidados a nos movimentar nessa direção, trazendo luz e esperança a um mundo que muitas vezes se vê envolto em escuridão.

O Salmo 28 (29), que acompanhou nossa liturgia, nos recorda o poder da voz de Deus que ressoa sobre as águas. Essa imagem fala da força e da transformação que a água pode trazer, mas também da renovação e do reforço da aliança entre Deus e seu povo. Não somos apenas convidados a escutar a voz de Deus, mas a nos tornar instrumentos de sua voz neste mundo. É nossa missão, como peregrinos, ser portadores de esperança e renovação para aqueles que nos rodeiam.

Nos Atos dos Apóstolos (At 10,34-38), vemos como a mensagem de Jesus é para todos, quebrando barreiras e ultrapassando divisões. Pedro nos ensina que “em toda parte, quem respeita o Senhor e pratica a justiça é aceito por ele.” Em nosso caminho como peregrinos, devemos ser agentes de inclusão e justiça, reconhecendo que cada pessoa é amada por Deus e merece dignidade e respeito. A esperança que cultivamos deve ser um reflexo dessa aceitação e amor universal.

No Evangelho de Lucas (Lc 3,15-16.21-22), testemunhamos Jesus sendo batizado por João, um ato simbólico de identificação com a humanidade e com a nossa fragilidade. Quando o céu se abre e o Espírito desce sobre ele, ouvimos a voz do Pai que declara: “Este é o meu Filho querido, em quem eu coloquei a minha confiança.” Assim como Jesus recebe essa confirmação de seu valor e propósito, nós também somos convidados a reconhecer nosso valor diante de Deus e a buscar nosso propósito como peregrinos de esperança.

Neste caminho, devemos perguntarmo-nos: como podemos ser luz para as nações? Como podemos trazer esperança aos desanimados e desencorajados? Que ações pequenas ou grandes podemos tomar e que sejam sinais de esperança em nossa comunidade?

Que, neste domingo do Batismo de Jesus, possamos renovar nosso compromisso de ser testemunhas da luz de Cristo, de agir com justiça e amor. Que possamos nos inspirar no exemplo de nosso Senhor e acreditar que, juntos, como peregrinos de esperança, seremos capazes de fazer a diferença no mundo ao nosso redor.

Que a graça do Senhor nos acompanhe em nossa jornada. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 05 DE JANEIRO DE 2025 - EPIFANIA DO SENHOR - ANO C

 

 

LUZ DO SENHOR QUE VEM SOBRE A TERRA!

 

Hoje celebramos a Epifania do Senhor, um momento iluminador em que a manifestação de Jesus como Luz do Mundo é revelada a todos os povos, simbolizada pela visita dos Magos. Este evento não é apenas uma história antiga, mas um convite à transformação e à consciência, particularmente na nossa relação com o mundo ao nosso redor e com a criação que Deus nos confiou.

O profeta Isaías nos convida, a levantar os olhos e ver a luz que brilha sobre nós. Essa luz não é apenas para nós, mas para todos. Ela nos faz refletir sobre como estamos respondendo ao chamado divino de ser luz no mundo, especialmente em tempos de crise climática e social. Quando os Magos seguiram a estrela, eles mostraram a importância de reconhecer os sinais que Deus nos dá e de agir de acordo com eles. Será que estamos atentos aos sinais da própria terra que clama por nosso cuidado e respeito?

Neste contexto, o Salmo 71, nos fala da justiça e do cuidado pelos necessitados, nos lembra que a verdadeira realeza de Cristo está em seu compromisso com os mais pobres e vulneráveis. A Ecologia Integral, proposta pelo Papa Francisco no documento Laudato Si, nos ensina que nossa missão é ampliar a visão de justiça para incluir não apenas as relações humanas, mas também a relação com toda a criação, reconhecendo que a degradante exploração ambiental tem um impacto desproporcional sobre os pobres.

Por sua vez, a Carta aos Efésios (Ef 3,2-3a.5-6) destaca que esse mistério que foi revelado aos gentios é a união de todos como membros da mesma família. A inclusão é fundamental! A Ecologia Integral nos convida a ver a natureza como parte dessa família humana, de modo a criar uma sociedade onde todos, humanos e não-humanos, têm seu valor e proteção assegurados. Podemos agir como "Magos" em nossa sociedade, reconhecendo que a união e o respeito por todos os seres são essenciais para a construção de um mundo mais justo.

Finalmente, o Evangelho de Mateus (Mt 2,1-12) nos apresenta a visita dos Magos. Esses sábios, ao reconhecerem Jesus, nos mostram como podemos buscar a verdade e a luz, mesmo em meio a um mundo que muitas vezes parece estar nas trevas. Eles não apenas trouxeram presentes a Jesus; trouxeram também a sabedoria de um olhar diferente sobre o mundo. Assim como os Magos foram guiados por uma estrela, somos chamados a ser guiados por nossas convicções e por um amor profundo à criação de Deus.

Neste dia da Epifania, perguntemo-nos: como podemos ser instrumentos dessa luz que brilha no escuro? Como podemos viver de forma que reflita a justiça de Deus, não apenas nas nossas relações humanas, mas também na forma como cuidamos da Terra? Que possamos nos inspirar nos Magos, nos comprometendo a buscar e promover a Ecologia Integral, cuidando do nosso planeta e dos nossos irmãos e irmãs com amor e respeito.

Que a luz de Cristo nos guie em nossos caminhos. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2025 - SANTA MÃE DE DEUS - DIA MUNDIAL DA PAZ - ANO NOVO - ANO C

 

PEREGRINOS DA ESPERANÇA POR UM ANO DE PAZ

 

 

Neste primeiro dia do ano, celebramos com alegria a Solenidade de Maria, Mãe de Deus, e iniciamos um novo ciclo que se apresenta diante de nós. Ao caminharmos para este novo ano, somos convidados a peregrinar na esperança, buscando um caminho de paz para todos, para nossas famílias e o mundo.

 

A primeira leitura, do livro dos Números (Nm 6,22-27), nos oferece uma benção que resume a essência do desejo de Deus para com o seu povo. O Senhor diz a Moisés: “Fala a Arão e a seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel.” Essa bênção nos lembra que Deus é um pai que cuida, que protege e que com sua luz ilumina nossas vidas. Ao iniciar o ano, somos convidados a receber e a transmitir essa bênção. É um chamado para que levemos a luz divina aonde quer que formos e que, assim, sejamos instrumentos da paz e da esperança.

O Salmo 66 (67) complementa essa mensagem, exclamando: “Que Deus nos conceda a sua graça e a sua bênção!” Essa invocação é um convite para refletir o amor de Deus em nossas ações, em nossos encontros e relações. A paz que tanto desejamos não é apenas um anseio, mas uma missão que se realiza na vivência da gratuidade e da bondade. Como peregrinos da esperança, devemos levar essa luz e essa bênção, não apenas para nós, mas para todas as nações.

Na Carta aos Gálatas (Gl 4,4-7), São Paulo nos lembra que, no devido tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de uma mulher, para que recebêssemos a adoção de filhos. Este é um convite poderoso e transformador: somos feitos filhos e filhas de Deus, e essa nova identidade nos capacita a olhar o mundo com esperança. Ao reconhecermos que somos amados e acolhidos por Deus, somos impulsionados a viver em paz e a semear paz ao nosso redor. Esse novo ano é, portanto, uma oportunidade de renovar nossas promessas de ser portadores dessa paz em todas as circunstâncias da vida.

O Evangelho de Lucas (Lc 2,16-21) nos apresenta Maria e José, que após o nascimento de Jesus se tornam os primeiros a acolher a Boa Nova. Os pastores se apressam a encontrar o menino, e dando nome a Jesus, estão dando início a uma história de salvação que envolve a todos. Celebrando a Mãe de Deus neste dia, somos lembrados da força feminina e do amor que Maria expressa em sua maternidade. Ela é a primeira a ser peregrina da esperança, e nos convida a segui-la nesse caminho.

Neste novo ano que se inicia, deixemo-nos inspirar no exemplo de Maria. Escutemos a voz que nos chama a fazer a diferença em nosso mundo. O testemunho de paz não é apenas um desejo, mas um compromisso que requer de nós coragem e dedicação. Em cada ato de solidariedade, em cada gesto de amor, estamos contribuindo para um mundo mais justo e mais pacífico.

Queridos irmãos e irmãs, ao entrarmos neste novo ano, vamos nos comprometer a sermos verdadeiros peregrinos da esperança. Que possamos ser mensageiros da bênção de Deus, levando paz e amor a todos com quem cruzamos em nossa jornada. Ao olharmos para frente, que nossas vidas sejam um reflexo da luz e da esperança que encontramos em Cristo Jesus.

Que Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, interceda por nós e nos guie neste ano que se inicia, fazendo com que todos possamos viver em verdadeira paz e harmonia.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 29 DE DEZEMBRO DE 2024 - DOMINGO DASAGRADA FAMÍLIA - ANO C

 

FAMÍLIA: BELEZA E PROFUNDIDADE DO AMOR

 

Hoje, celebramos a Festa da Sagrada Família, um dia que nos convida a contemplar a beleza e a profundidade do amor. Reunidos como comunidade, somos lembrados de que, assim como a Sagrada Família de Nazaré, também somos peregrinos em busca de esperança e significado em nossa jornada.

As leituras de hoje nos oferecem orientações valiosas sobre o papel da família na vivência da fé e na construção de um mundo mais justo e amoroso. No livro do Eclesiástico (3,3-7.14-17), somos apresentados à importância da família como um espaço privilegiado de aprendizagem, respeito e amor. “Quem honra seu pai, tem longos dias de vida.” As relações familiares, alicerçadas no respeito mútuo, são fundamentais para cultivar a esperança. Vivemos em um mundo que muitas vezes está repleto de conflitos e divisões, mas a família é chamada a ser um porto seguro, onde cada um pode se sentir amado e acolhido.

Na Carta aos Colossenses (3,12-21), encontramos uma linda exortação para que as famílias vivam em harmonia, permeadas por compaixão, bondade, humildade e paciência. Ao nos lembrarmos de que somos todos participantes de uma única família –somos desafiados a ser portadores desse amor por onde quer que caminhemos. Como peregrinos de esperança, temos a responsabilidade de levar essa mensagem de amor e solidariedade além das paredes de nossa casa. É um convite a vivermos os valores do Reino de Deus, onde a união e a paz são fundamentais.

O Evangelho segundo Lucas (2,41-52) nos apresenta um belo retrato da Sagrada Família em ação. José, Maria e Jesus vão a Jerusalém para a festa da Páscoa, e é nesse contexto que encontramos Jesus dialogando com os doutores da Lei. Esta passagem nos mostra que, mesmo em meio às peregrinações da vida, é fundamental dedicar um tempo para o diálogo e a busca do conhecimento. A Sagrada Família também enfrentou desafios e incertezas, mas manteve sempre o foco no amor de Deus e na missão que lhes foi confiada. Da mesma forma, somos convidados a buscar a presença de Deus em nossa própria jornada, mesmo quando nos sentimos perdidos ou desorientados.

Ser peregrinos de esperança é reconhecer que, como a Sagrada Família, estamos em constante movimento em direção à plenitude da vida que Deus nos propõe. Isso nos pede que sejamos resilientes diante das dificuldades, que cultivemos a paciência e que busquemos sempre o diálogo, tal como encontramos em Jesus, que dialogou e aprendeu em meio às suas experiências.

Hoje, todos somos convidados a refletir sobre nossas próprias famílias. Como podemos trazer a esperança para as relações que vivemos? Que ações concretas podemos tomar para honrar e fortalecer nossos laços familiares? Que possamos nos lembrar de que cada um de nós é chamado a ser um portador da luz de Cristo em nossas relações, promovendo a paz e o amor que o Senhor nos ensina.

Que a Sagrada Família nos inspire e nos guie nessa caminhada, aprendendo uns com os outros na construção de um lar e de uma comunidade onde todos se sintam amados e acolhidos. E, como peregrinos de esperança, levemos essa mensagem de amor e fé ao mundo, em cada passo de nossa jornada.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2024 - NATAL DO SENHOR - ANO C -

 

NATAL: TAPEÇARIA DE ESPERANÇA E DE LUZ

 

Na celebração do Natal, refletimos sobre a beleza e a importância do nascimento de nosso Salvador, Jesus Cristo. As leituras de hoje nos oferecem uma rica tapeçaria de esperança, e de luz e a realização das promessas de Deus.

Em Isaías 52,7-10, somos convidados a nos alegrar com a proclamação da boa nova. “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz!” A vinda de Jesus é o cumprimento da promessa de Deus que não se distancia de sua criação, mas que se faz presente entre nós. Ele é a paz que tantos buscam em um mundo repleto de conflitos e incertezas. Neste Natal, somos chamados a sermos mensageiros da paz em nossas vidas, em nossas comunidades e em nossos lares.

Na carta aos Hebreus (1,1-6), encontramos a profunda revelação de que Deus falou através dos profetas, mas agora fala de maneira suprema por meio de Seu Filho. Aqui percebemos um aspecto fundamental da sinodalidade: a escuta e a resposta ao chamado divino. Assim como Deus se faz ouvir constantemente, também nós somos convidados a ouvir uns aos outros, a dialogar em comunidade, buscando a vontade de Deus em nossas vidas. A sinodalidade nos ensina que ser igreja é caminhar juntos, em comunhão, nos fortalecendo mutuamente na fé e no amor.

O Evangelho de João (1,1-18) nos ilumina com a verdade que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Este mistério do Natal é a própria encarnação do amor de Deus. A luz que brilha nas trevas é a luz que nos chama a não apenas receber, mas também a refletir. Em um mundo que muitas vezes parece sombrio, somos convidados a ser luz, a deixar que a presença de Cristo em nós ilumine o caminho para os outros.

 

Ao refletirmos sobre estas leituras, é importante também lembrar do Documento Final do Sínodo sobre Sinodalidade, que nos recorda a importância de construir uma Igreja em saída, uma Igreja que não tenha medo de se encontrar com o outro, que seja inclusiva e acolhedora. Assim como o nascimento de Cristo trouxe um novo tempo, somos chamados a ser agentes de renovação em nossas comunidades de fé, a escutar as vozes que clamam por atenção e participação.

Nesse dia de Natal, que possamos acolher Jesus em nossos corações, renovando nosso compromisso de nos tornarmos mensageiros da paz, da luz e do amor. Que nossas vidas sejam um reflexo da simplicidade e da grandeza do mistério da encarnação. Que a alegria do Natal nos inspire a caminhar juntos, na sinodalidade, construindo uma Igreja mais fraterna e inclusiva, sempre com os olhos voltados para Aquele que é a nossa verdadeira luz.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 22 DE DEZEMBRO DE 2024- QUARTO DOMINGO DO ADVENTO - ANO C

 

COM MARIA, PEREGRINOS DA ESPERANÇA!

 

Neste quarto domingo do Advento, celebramos a proximidade do Natal, um tempo de espera e de preparação, mas também um tempo de esperança renovada. As leituras de hoje nos convidam a aprofundar o significado da promessa da encarnação de Cristo e a maneira como podemos vivê-la em nossas vidas.

Na primeira leitura, o profeta Miquéias, nos apresenta a mensagem que ressoa em muitos corações: "Tu, Belém pequena cidade de Judá, de ti sairá aquele que será o governante em Israel." Esta profecia nos lembra que, mesmo em sua fragilidade e insignificância, Belém se tornará o berço do Salvador. É uma linda confirmação de que Deus não se importa com a grandeza aparente, mas com a disposição do coração. Em um mundo que valoriza tanto os grandes feitos e os heróis, somos chamados a reconhecer que a esperança pode brotar dos lugares mais humildes e das situações mais inesperadas.

Na segunda leitura, da Carta aos Hebreus, encontramos uma afirmação poderosa: "Por isso, ao entrar no mundo, Cristo diz: 'Sacrifícios e ofertas não quiseste, mas um corpo me formaste'." Aqui, o autor nos lembra que o verdadeiro sacrifício é a entrega total de si mesmo a Deus. Jesus, ao assumir a nossa humanidade, traz à tona a ideia do peregrino por excelência, aquele que caminha entre nós, que se faz próximo da nossa realidade. Ele é o sinal absoluto da esperança que se encarna em meio à fragilidade da condição humana.

No Evangelho de Lucas, temos a visita de Maria a sua prima Isabel. Maria, com seu coração cheio de esperança e fé, reconhece o chamado de Deus em sua vida e vai apressadamente ajudar Isabel. É uma bela imagem de como a verdadeira esperança nos leva à ação. Isso é ser peregrino da esperança: reconhecer a presença de Deus em nossas vidas e levá-la aos outros. Quando Maria chega à casa de Isabel, a criança em seu ventre salta de alegria. É como se o próprio Cristo, já em gestação, trouxesse uma nova esperança àquela casa.

A caminhada de Maria até a casa de Isabel é um símbolo da nossa própria peregrinação. Ela nos ensina que a verdadeira esperança nos leva a caminhar com prontidão, mesmo diante das incertezas, porque confiamos que Deus está conosco. Como Maria, somos chamados a ser portadores de Cristo para os outros, especialmente para aqueles que mais necessitam de consolo e esperança

Neste Advento, somos convidados a nos tornar peregrinos da esperança. Assim como Maria, somos convidados a nos colocar a disposição, a acolher a presença de Deus e fazer dela uma realidade, não só em nossas vidas, mas também na vida dos que nos cercam. Somos chamados a ir ao encontro dos que estão em necessidade, a compartilhar nossa fé e a transmitir alegria, porque a esperança não é apenas um sentimento, mas uma ação concreta.

Assim, como Maria, sejamos capazes de levar Cristo ao mundo. Nossa fé deve se traduzir em ações concretas de amor e solidariedade. Que nossa espiritualidade do Advento nos transforme em mensageiros da paz e da esperança, refletindo a luz de Cristo em nossos lares, comunidades e no mundo.

Nossa jornada é muitas vezes repleta de dificuldades e incertezas, mas assim como Belém, nossa própria vida pode parecer pequena diante das grandes expectativas e desafios do mundo. No entanto, é exatamente nesse espaço de fragilidade que Deus vem ao nosso encontro, transformando o insignificante em algo extraordinário.

Neste último domingo do Advento, renovemos nosso compromisso de peregrinos da esperança. Que ao nos aproximarmos do Natal, nossos corações se abram para acolher a paz e a alegria que vêm com a vinda de Cristo. Que a nossa fé nos impulsione a viver em serviço, como Maria, sempre prontos a levar uma palavra de amor e esperança a todos ao nosso redor.

Que o Senhor nos abençoe e nos conduza neste caminho de preparação para o Natal e para o Ano Santo que encontremos em Jesus e nas pessoas a razão da nossa esperança.

 

Amém.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 15 DE DEZEMBRO DE 2024 - 3º DOMINGO DO ADVENTO - ANO C

 

ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR!

Queridos irmãos e irmãs, neste 3º Domingo do Advento, conhecido como o "Domingo da Alegria", a liturgia nos convida a renovar nossa esperança e a nos alegrar, pois a vinda do Senhor está próxima. As leituras de hoje nos conduzem a refletir sobre o que significa preparar o caminho para o Senhor e como podemos nos dispor para acolhê-lo em nossas vidas.

A primeira leitura, do profeta Sofonias (Sf 3,14-18a), nos apresenta um convite à alegria. O profeta anuncia que Deus está no meio do seu povo, pronto para libertá-lo e trazer a salvação. O Senhor se alegra conosco e renova a nossa vida com o seu amor. Essa promessa é fonte de esperança, mesmo em meio às dificuldades que enfrentamos. Essa alegria não é superficial, mas enraizada na confiança de que Deus está agindo em nossa história.

No Evangelho de Lucas (Lc 3,10-18), vemos o povo se aproximar de João Batista com uma pergunta crucial: "E nós, que devemos fazer?" Esse questionamento nos move a olhar para nossa própria vida e identificar as mudanças necessárias para preparar o caminho do Senhor. João nos oferece três respostas que continuam profundamente atuais.

Primeiro, ele nos chama a sair do egoísmo e aprender a partilhar. Quando perguntado pelo povo o que fazer, João responde: "Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem, e quem tiver comida, faça o mesmo." A partilha é o primeiro passo para nos abrirmos ao outro e reconhecermos as necessidades dos nossos irmãos. Em um mundo marcado pelo individualismo, João nos lembra que o verdadeiro caminho do cristão é o da generosidade.

O segundo aspecto que o Evangelho nos propõe é a justiça. João Batista adverte os cobradores de impostos e os soldados sobre a necessidade de abandonar a exploração e a imoralidade. Ele diz: "Não cobreis mais do que foi estabelecido" e "Não tomeis à força dinheiro de ninguém". Essas palavras nos desafiam a viver de maneira honesta e justa em todas as nossas relações, sem buscar vantagem própria à custa do próximo.

O terceiro ponto é a renúncia à violência e à prepotência. João instrui os soldados a não usarem sua autoridade para oprimir ou explorar os outros. Respeitar a dignidade dos nossos irmãos é fundamental para preparar o caminho do Senhor. Somos chamados a tratar todos com respeito, especialmente aqueles que muitas vezes são marginalizados ou vulneráveis.

A grande questão que o Evangelho nos apresenta é a transformação pessoal. Não basta esperar passivamente pela vinda do Senhor; é necessário operar uma mudança interior, movida pelo Espírito de Deus. São Paulo, na segunda leitura (Fl 4,4-7), nos exorta a nos alegrarmos sempre no Senhor, a vivermos sem ansiedade e a confiarmos na paz que vem de Deus. Essa paz só é possível quando vivemos de acordo com o Evangelho, quando permitimos que o Espírito nos transforme.

Queridos irmãos, o Advento é um tempo de expectativa, mas também de ação. A pergunta "E nós, que devemos fazer?" ecoa em nossos corações hoje, nos convidando a uma conversão profunda. Partilhar, ser justos e respeitar o próximo são caminhos concretos para acolher o Senhor que vem. Ele quer entrar em nossas vidas, transformar nossos corações e nos conduzir à verdadeira alegria e paz.

Que neste Domingo da Alegria, possamos renovar nossa confiança no Senhor que está próximo. Que nosso “sim” a Ele se manifeste em gestos concretos de amor, justiça e respeito, e que, com o coração aberto e transformado, possamos ser portadores da alegria e da paz que só Deus pode nos dar. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 08 DE DEZEMBRO DE 2024 - SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO - ANO C

 

CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO!

Hoje celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição, um momento especial em que a Igreja nos convida a refletir sobre a resposta que damos aos desafios de Deus. A figura de Maria, escolhida para ser a mãe do Salvador, destaca-se como modelo de fé, de disponibilidade e de total entrega à vontade divina. As leituras nos ajudam a entender melhor essa entrega e a reconhecer a profundidade do "sim" de Maria.

Na primeira leitura, do livro do Gênesis (Gn 3,9-15.20), encontramos o relato da queda de Adão e Eva. Diante do pecado original, a humanidade se vê afastada de Deus, mergulhada no orgulho e na desobediência. Adão e Eva, ao desobedecerem, escolhem seguir seus próprios planos, distanciando-se do projeto de amor que Deus tinha para eles. No entanto, mesmo em meio à queda, Deus já anuncia uma esperança: “Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela”. Essa mulher, de quem viria a descendência que venceria o mal, é Maria. Ela seria, desde sua concepção, preservada do pecado, preparando o caminho para o Salvador.

No Salmo (Sl 97,1-4), cantamos com alegria as maravilhas que Deus fez ao longo da história. Ele sempre esteve presente, conduzindo a humanidade com misericórdia e amor, preparando o terreno para o nascimento de Jesus. Maria, a “cheia de graça”, foi agraciada de forma singular para que, por meio dela, o Filho de Deus pudesse entrar no mundo e inaugurar a era de salvação.

A carta aos Efésios (Ef 1,3-6.11-12) reforça essa ideia de eleição. Paulo nos lembra que todos nós, desde antes da criação do mundo, fomos escolhidos por Deus para sermos santos e irrepreensíveis diante Dele. Maria é o exemplo perfeito dessa escolha divina. Ela foi predestinada para uma missão única: ser a mãe do Redentor. E, ao contrário de Adão e Eva, que se afastaram de Deus, Maria correspondeu com generosidade e confiança ao plano divino, vivendo plenamente sua vocação.

O Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38) nos apresenta a cena da Anunciação. O anjo Gabriel aparece a Maria com uma mensagem inesperada: Deus a escolheu para ser a mãe do Messias. A resposta de Maria ao chamado de Deus é de uma grandeza extraordinária. Ela poderia ter se deixado dominar pelo medo, pelo orgulho ou pelo desejo de manter sua vida conforme seus próprios planos. Mas, ao contrário, Maria escolheu o caminho da humildade e da confiança absoluta. Diante do anúncio do anjo, sua resposta é simples e cheia de fé: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Este “sim” de Maria é a chave da nossa celebração hoje. Enquanto Adão e Eva disseram “não” à vontade de Deus, buscando autonomia e auto-suficiência, Maria disse “sim”, entregando-se inteiramente ao projeto divino. Ela reconhece-se como "serva do Senhor", uma expressão que vai além da humildade. No Antigo Testamento, ser “servo do Senhor” é um título de honra reservado àqueles que Deus escolhe para realizar uma missão especial. Maria aceita essa escolha com uma entrega total, confiando que Deus a conduziria em cada passo.

 

A Solenidade da Imaculada Conceição nos ensina a importância de estarmos abertos e disponíveis ao plano de Deus em nossas vidas. Muitas vezes, somos tentados a seguir nossos próprios caminhos, a buscar segurança nas nossas decisões e a resistir ao chamado divino. Mas Maria nos mostra que a verdadeira plenitude está em confiar nos desígnios de Deus, mesmo quando eles parecem desafiadores ou inesperados.

Hoje, somos convidados a aprender com o exemplo de Maria. Assim como ela, também nós fomos escolhidos por Deus. Fomos chamados a sermos seus servos, a colaborar com Ele na construção do Reino de justiça e de paz. Maria é o grande exemplo de como devemos responder a esse chamado: com humildade, fé e total disponibilidade.

Que, nesta celebração, possamos renovar nosso “sim” a Deus. Que possamos, à semelhança de Maria, abrir nosso coração para acolher os planos divinos e permitir que, por meio de nós, a salvação e a vida plena cheguem ao mundo. Maria, a Imaculada, nos ensina que a obediência e a entrega a Deus são o caminho seguro para a verdadeira felicidade e para a plenitude da vida.

Que o exemplo de Maria nos inspire a viver como verdadeiros servos do Senhor, dizendo “sim” ao Seu chamado a cada dia.

HOMILIA PARA O DIA 01 DE DEZEMBRO DE 2024 - 1º DOMINGO DO ADVENTO - ANO C

 

JUSTIÇA E PAZ SE ABRAÇÃRÃO

No primeiro domingo do Advento, a Igreja nos convida a entrar num tempo de espera e preparação para a vinda de Jesus, o Messias prometido. Este tempo não é simplesmente uma preparação para o Natal, mas para acolhermos a libertação que Jesus nos traz em toda sua plenitude. As leituras de hoje nos falam de uma esperança que ultrapassa as dificuldades e desafios do presente, abrindo-nos para a promessa de um mundo novo, onde justiça e paz habitarão.

No Evangelho de Lucas (21,25-28.34-36), Jesus nos apresenta um cenário que, à primeira vista, pode parecer assustador. Ele fala de sinais no sol, na lua e nas estrelas, e de angústia entre as nações. São imagens fortes, mas que não devem ser entendidas como uma descrição literal do fim do mundo. Ao contrário, Jesus usa essa linguagem para nos alertar e nos despertar para a realidade de que Deus está agindo na história, mesmo em meio às tribulações.

Jesus nos diz: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Não é um convite ao medo, mas à esperança. Ele nos pede para estarmos atentos, vigilantes, porque a vinda do Filho do Homem está próxima. E o que significa essa vinda? É o próprio Jesus entrando em nossas vidas, trazendo o projeto de um mundo novo, onde não haverá mais escravidão, sofrimento ou injustiça.

O profeta Jeremias, na primeira leitura (Jr 33,14-16), já anunciava essa esperança: Deus cumprirá a promessa que fez ao seu povo. Ele enviará um descendente de Davi, um rei justo, que governará com justiça e fará prevalecer o direito. Essa promessa se cumpre em Jesus, o Rei que vem para libertar, não pela força das armas ou do poder político, mas pelo amor e pela misericórdia.

A segunda leitura, da Primeira Carta aos Tessalonicenses (1Ts 3,12-4,2), nos convida a uma atitude ativa diante dessa espera. Paulo nos chama a crescer no amor e a viver de maneira irrepreensível, preparando-nos para o encontro com o Senhor. Não se trata de uma espera passiva, mas de uma preparação ativa, na construção da justiça e da paz no mundo em que vivemos.

O Advento é, portanto, um tempo de expectativa e de vigilância, mas também de ação. A mensagem de Jesus é clara: Ele virá, e com Ele, o mundo velho, marcado pelo egoísmo e pela opressão, será transformado. Nascerá um novo mundo, onde experimentaremos a plenitude da vida e da alegria.

Mas é preciso estarmos atentos. O Senhor nos chama a reconhecer os seus sinais e a responder ao seu apelo. E quais são esses sinais hoje? São as oportunidades diárias de construir um mundo mais justo, mais fraterno, mais próximo do Reino de Deus. Cada gesto de amor, de solidariedade, de compaixão, é uma forma de acolher Jesus que vem.

Neste primeiro domingo do Advento, a liturgia nos convida a levantar a cabeça, a renovar nossa esperança e a nos comprometer com a construção do Reino de Deus, um reino de justiça, paz e liberdade. Que, durante este tempo de preparação, possamos abrir nosso coração para acolher Jesus, o Rei que vem, e colaborar com Ele na edificação de um mundo novo, onde a vida em plenitude será realidade para todos.

HOMILIA PARA O DIA 24 DE NOVEMBRO DE 2024 - SOLENIDADE DE CRISTO REI - ANO B

 

BENDITO AQUELE QUE VEM VINDO!

Neste último domingo do ano litúrgico, celebramos a Solenidade de Cristo Rei, uma oportunidade para refletirmos sobre a realeza de Jesus. A Palavra de Deus que nos é proposta neste dia convida-nos a reconhecer essa realeza, mas também a entender que o reinado de Cristo é muito diferente dos reinados terrenos.

No livro de Daniel (7,13-14), encontramos uma visão majestosa: o Filho do Homem, que vem sobre as nuvens do céu, é apresentado diante de Deus e recebe poder, glória e realeza. Seu domínio é eterno, e seu reino não terá fim. Esse texto nos mostra que a realeza de Cristo não é passageira ou limitada, como as dos reis humanos; é um reinado eterno, fundado na justiça e na verdade.

O Salmo 92(93) confirma essa realidade ao exaltar a majestade e a firmeza do reinado de Deus. "Deus é Rei", proclama o salmista, e o Seu trono é sólido e inabalável. Isso nos recorda que o poder de Deus não é baseado na força ou na opressão, mas na sua autoridade divina, que é eterna e verdadeira.

Na segunda leitura, do Apocalipse (1,5-8), vemos Cristo como "o soberano dos reis da terra", mas também como aquele que nos ama e nos libertou dos nossos pecados pelo seu sangue. Este é o Rei que reina através do sacrifício e do amor. Não um rei que exige servidão, mas que se oferece em serviço, entregando sua vida para a redenção de todos. Ele é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todas as coisas. Seu reino é um reino de verdade, justiça e vida plena.

O Evangelho de João (18,33b-37) nos coloca diante de uma cena dramática: Jesus diante de Pôncio Pilatos, o governador romano. Pilatos, representante do poder político, questiona Jesus sobre sua realeza. E, surpreendentemente, Jesus não nega ser rei. No entanto, Ele explica que o seu reino "não é deste mundo". Sua realeza não se baseia em força militar ou política, mas em algo muito maior: Jesus veio para dar testemunho da verdade.

A lógica do reino de Jesus é completamente diferente da dos reinos terrenos. Ele não busca poder, riqueza ou status. Seu reinado é fundamentado no amor, no serviço e na entrega total de si mesmo. Enquanto os reis deste mundo governam pela autoridade, muitas vezes pela violência, Jesus governa pelo amor e pela misericórdia. Sua coroa é de espinhos, e seu trono é a cruz.

A missão real de Jesus, como Ele mesmo diz, é dar "testemunho da verdade". E que verdade é essa? A verdade do amor incondicional de Deus por cada um de nós. A verdade de que, em Cristo, somos chamados a viver não para nós mesmos, mas para os outros, servindo, perdoando e partilhando.

Portanto, neste domingo de Cristo Rei, somos convidados a refletir sobre o que significa para nós ter Jesus como nosso Rei. Estamos dispostos a seguir sua lógica, a lógica do amor e do serviço? Estamos prontos para assumir o compromisso de construir o seu Reino, que começa aqui, no nosso dia a dia, mas que se estende para a eternidade?

Celebrar a realeza de Cristo é reconhecer que Ele deve ser o centro de nossas vidas. É entender que sua soberania não é imposta, mas oferecida como uma proposta de vida plena. E nós, como seus discípulos, somos chamados a testemunhar essa verdade com a nossa vida, seguindo o exemplo do nosso Rei, que deu tudo de si por amor a nós.

Neste domingo, renovemos o nosso compromisso de seguir Cristo, o Rei do universo, que reina não com poder humano, mas com o poder transformador do amor. Que Ele reine em nossos corações e em nossas vidas, conduzindo-nos à verdade e à vida eterna.

HOMILIA PARA O DIA 17 DE NOVEMBRO DE 2024 - 33º DOMINGO COMUM - ANO B

 

EM JESUS TODOS SERÃO REUNIDOS

NO ACONCHEGO DO PAI

 

A liturgia deste 33º Domingo do Tempo Comum nos convida a refletir sobre a esperança, uma esperança que nasce da confiança em Deus, o Senhor da história, que tem para nós um projeto de vida eterna. As leituras de hoje nos recordam que, apesar das dificuldades e das adversidades do presente, há uma promessa de vida nova e plena.

Na primeira leitura, do livro de Daniel (12,1-3), encontramos uma profecia que fala sobre tempos difíceis, onde haverá grande angústia, mas aqueles que permanecerem fiéis serão salvos. Este texto apresenta a imagem da ressurreição dos mortos, um tema que nos aponta para o final dos tempos e para a certeza de que a justiça de Deus triunfará. Os justos brilharão como estrelas, e aqueles que permanecem fiéis ao Senhor receberão a vida eterna.

O Salmo 15 (16) reforça essa confiança em Deus. Ele é a nossa herança, a nossa segurança. O salmista expressa uma fé inabalável, dizendo: "Tenho sempre o Senhor diante de mim; com ele a meu lado, não vacilarei". Essa certeza nos dá coragem para enfrentar as dificuldades do presente, sabendo que a nossa alegria verdadeira está em Deus, que não nos deixará conhecer a corrupção.

A carta aos Hebreus (10,11-14.18) nos fala do sacrifício definitivo de Cristo. Enquanto os sacerdotes antigos faziam sacrifícios repetidos sem poder remover os pecados, Cristo, com um único sacrifício, perdoou todos os nossos pecados e nos abriu as portas da vida eterna. Ele é o nosso Sumo Sacerdote que, de uma vez por todas, nos reconcilia com Deus e nos oferece a plenitude da vida.

O Evangelho de Marcos (13,24-32) nos apresenta um cenário apocalíptico, onde o sol se escurecerá, as estrelas cairão do céu e os poderes celestes serão abalados. Mas, longe de ser um anúncio de terror, é uma mensagem de esperança. Jesus nos lembra que, mesmo diante de grandes tribulações, devemos manter a confiança, pois Ele virá com poder e glória para reunir seus eleitos. Este mundo marcado pelo egoísmo, sofrimento e injustiça dará lugar a um novo mundo de vida e felicidade plenas.

A mensagem central deste domingo é clara: somos convidados a não ceder ao desespero, mas a confiar na promessa de Jesus. O caminho para o Reino de Deus é, muitas vezes, marcado por sofrimento e perseguição, mas Jesus nos garante que a escuridão do mundo presente será transformada na luz de uma nova aurora, um mundo de salvação e libertação.

Assim, o quadro pintado pelas leituras não é para nos amedrontar, mas para abrir nossos corações à esperança. Jesus virá, e com Ele o mundo será renovado. Este é o convite que a liturgia de hoje nos faz: confiar em Deus, que nos conduz da noite do sofrimento para a luz da vida eterna. O nosso futuro está nas mãos do Senhor, e Ele nos promete uma vida plena, de alegria e paz sem fim.

HOMILIA PARA O DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2024 - 32º DOMINGO COMUM - ANO B

 

O SENHOR É FIEL PARA SEMPRE

 

A liturgia de hoje nos conduz a uma reflexão profunda sobre generosidade, confiança em Deus e a verdadeira entrega do coração. A partir das leituras, podemos perceber como Deus valoriza uma doação genuína, que vai além dos ritos externos e das aparências, sendo uma entrega total a Ele e aos irmãos.

No primeiro livro dos Reis (1Rs 17,10-16), encontramos a história do profeta Elias e da viúva de Sarepta. Numa época de grande seca e fome, Elias pede a essa pobre viúva, que já não tinha praticamente nada, que lhe oferecesse pão. Sua resposta revela uma confiança e generosidade surpreendentes: mesmo com escassos recursos, ela dá tudo o que tem, e Deus, em sua providência, multiplica o alimento. O gesto dessa mulher, aparentemente insignificante aos olhos do mundo, revela uma fé imensa em Deus. Ela entrega o pouco que tem, e, em troca, Deus não a abandona.

O Evangelho de Marcos (Mc 12,38-44) nos oferece uma cena semelhante: Jesus observa as pessoas depositando suas ofertas no templo. Entre muitos ricos, destaca-se uma pobre viúva que oferece duas pequenas moedas. Esse gesto aparentemente simples e pequeno chamou a atenção de Jesus. Ele nos ensina que Deus não se impressiona com a quantidade ou com grandes manifestações externas, mas com a intenção e a generosidade do coração. O que aquela viúva ofereceu não foi uma quantia grande, mas foi tudo o que tinha. E isso é o que agrada a Deus: uma entrega completa, uma doação que brota de um coração cheio de fé e confiança.

Aqui encontramos um paralelo importante com o que o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade nos tem ensinado. O que Deus quer de nós não é apenas a participação em ritos ou a ostentação de práticas religiosas, mas uma atitude de escuta, diálogo e caminhada conjunta com Ele e com nossos irmãos. O Sínodo destaca que a verdadeira vida cristã se faz no dia a dia, nas pequenas escolhas, na disponibilidade de nos doarmos ao outro. Em resumo a Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou ritos externos mais ou menos suntuosos, mas uma atitude permanente de entrega nas suas mãos, de disponibilidade para os seus projetos, de acolhimento generoso dos seus desafios.

A carta aos Hebreus (Hb 9,24-28) nos lembra que Cristo foi o maior exemplo dessa entrega total. Ele não ofereceu a Deus sacrifícios materiais, mas a si mesmo. Sua morte na cruz foi o gesto supremo de doação, e por meio dessa entrega, Ele abriu para nós as portas da salvação. Ele se entregou por amor a nós, sem reservas.

Nós, como comunidade cristã, somos chamados a viver essa mesma lógica de doação. Muitas vezes, pensamos que nossa contribuição é pequena ou insignificante diante dos grandes problemas do mundo. No entanto, Deus não nos pede grandes quantidades ou feitos grandiosos, Ele pede a nossa totalidade, o nosso "tudo", mesmo que esse "tudo" pareça pequeno aos olhos dos outros.

O Salmo 145 que rezamos hoje nos convida a reconhecer a fidelidade de Deus e a confiar plenamente n’Ele, que “faz justiça aos oprimidos”, “dá pão aos famintos” e “ampara o órfão e a viúva”. Essa confiança no Senhor nos impulsiona a sermos generosos e a acolher os seus desafios, certos de que Ele nunca nos abandona.

Portanto, queridos irmãos e irmãs, sejamos como a viúva de Sarepta e como a viúva do Evangelho: generosos, confiantes e dispostos a entregar o nosso coração a Deus. Que o nosso serviço na comunidade seja sinodal, caminhando juntos, escutando uns aos outros e doando-nos em favor dos nossos irmãos. Porque a verdadeira grandeza não está no que possuímos, mas naquilo que somos capazes de oferecer de coração.

Que possamos viver essa generosidade no nosso dia a dia, confiando sempre na providência divina. Amém.

AÇÃO DE GRAÇAS PELOS MEUS 34 ANOS DE ORDENAÇÃO PRESBITERAL - 03/11-2024

 

34 ANOS SERVINDO

NA ALEGRIA E NA CARIDADE

Hoje, ao celebrar 34 anos de ordenação presbiteral, meu coração transborda gratidão. Refletindo sobre essa jornada, não posso deixar de lembrar da palavra de São Paulo em 1 Coríntios 9, 16-23, no texto que foi proclamado no dia da minha ordenação. O texto recorda a beleza e a responsabilidade do chamado que recebi. O apóstolo ensina que, pregar o Evangelho, não é motivo para glorias, pois é um dever que foi confiado. Assim, ao longo destes anos, procurei viver essa missão com o espírito de alegria e caridade.

Agradeço a Deus por cada oportunidade de servir, por cada encontro que me permitiu tocar vidas e ser tocado por elas. Em cada celebração, em cada aconselhamento, em cada gesto de amor, experimentei a alegria de ser um instrumento de Sua paz. Cada desafio enfrentado, cada lágrima derramada e cada sorriso partilhado foram momentos que moldaram minha vocação e aprofundaram minha fé.

Sinto que, ao longo dessa caminhada, fui chamado a servir não apenas os que já conhecem a Deus, mas também aqueles que ainda buscam a luz em meio às trevas. Isso sempre me lembrou que a caridade deve estar no centro da minha missão. Acredito que ao servir na alegria e na caridade, estou refletindo o amor de Cristo que nos une e nos transforma.

A cada dia, busco ser um testemunho da esperança que brota da fé, e sou eternamente grato por ter a oportunidade de viver essa vocação. Obrigado, Senhor, por me permitir ser parte da vida da sua Igreja e por me dar a chance de caminhar ao lado de tantas pessoas que, assim como eu, buscam a verdade e a felicidade em Ti.

Que eu continue a servir na alegria e na caridade, sempre aberto à ação do Espírito Santo, para que a minha vida e ministério sejam um reflexo do amor e da misericórdia que encontrei em Jesus Cristo. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 03 DE NOVEMBRO DE 2024 - DOMINGO DE TODOS OS SANTOS - ANO B

 

EM DEUS EXPERIMENTAMOS

A PLENITUDE DA ALEGRIA

Hoje, no Dia de Todos os Santos, a Igreja nos convida a refletir sobre o futuro glorioso que Deus reserva aos seus amigos no Reino celeste. Esse futuro não é apenas um estado de paz, mas a plenitude da alegria, onde Deus é a própria fonte de felicidade. As leituras que ouvimos hoje nos direcionam para essa realidade, especialmente o Evangelho das Bem-aventuranças (Mt 5,1-12a).

No Apocalipse (Ap 7,2-4.9-14), temos uma visão grandiosa: uma multidão incontável, de todas as nações, línguas e povos, diante do trono de Deus. Eles são aqueles que passaram pela grande tribulação e, agora, revestidos de vestes brancas, participam da alegria eterna no céu. Esses são os santos, que, em suas vidas, foram marcados pela fidelidade e pelo amor a Deus, e agora vivem em comunhão plena com Ele.

O Salmo 23 nos lembra que o mundo e tudo o que nele existe pertencem ao Senhor. E pergunta: “Quem subirá ao monte do Senhor?”. São aqueles de mãos limpas e coração puro, aqueles que não colocam sua confiança em coisas vãs, mas em Deus. Este é o caminho da santidade, que passa pelo desapego das coisas terrenas para alcançar os bens eternos.

Na segunda leitura (1Jo 3,1-3), São João nos recorda que somos filhos de Deus, e que, no futuro, seremos plenamente semelhantes a Ele. Essa é a nossa esperança: sermos transformados em sua glória e contemplarmos o rosto de Deus. Mas esse futuro já começa aqui, com a nossa vida de fé e compromisso com o Reino.

 

E, finalmente, o Evangelho nos apresenta as Bem-aventuranças (Mt 5,1-12a), o coração da mensagem de Jesus. As Bem-aventuranças são um convite radical a um novo jeito de viver. Jesus proclama bem-aventurados os pobres em espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça... todos aqueles que, diante das dificuldades da vida, mantêm seus corações abertos para Deus. E por que são bem-aventurados? Porque Deus está inaugurando o Reino e sua situação vai mudar radicalmente. O que antes era fragilidade e debilidade se transforma em força e alegria no Reino de Deus.

Esses santos, que celebramos hoje, foram bem-aventurados em suas vidas porque, apesar de suas provações, confiavam na promessa do Reino. E nós, em nossa fragilidade e dependência, também somos chamados a participar dessa felicidade que Deus nos oferece. O Reino de Deus já está no meio de nós, e sua plenitude será revelada no céu.

Que neste dia de Todos os Santos possamos renovar nosso desejo de seguir o caminho das Bem-aventuranças, para que um dia, juntos com essa grande multidão de santos, possamos viver na plenitude da alegria que Deus preparou para nós. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 02 DE NOVEMBRO DE 2024 - DIA DE FINADOS - ANO B

 

MUITO ALÉM DA SAUDADE, 

CELEBRAMOS A ESPERANÇA

 

Hoje, celebramos o Dia de Finados, uma data marcada pela saudade e pela lembrança dos nossos entes queridos que já partiram. Entre as tantas belezas da natureza humana, talvez uma das mais profundas seja essa capacidade de lembrar, de manter viva a memória daqueles com quem convivemos. E, em nossa língua, temos uma palavra única para expressar essa emoção: saudade. Ela expressa não apenas a ausência física, mas o desejo de reencontro, o carinho que permanece.

A saudade, no entanto, no contexto da nossa fé cristã, vai além da lembrança do passado. Como as leituras de hoje nos mostram, ela também aponta para o futuro. No livro de Jó (19,1.23-27a), encontramos a expressão de uma pessoa que, em meio à dor e ao sofrimento, mantém viva a esperança. Jó clama por um redentor e, em meio à sua tribulação, profetiza a sua confiança na ressurreição: "Eu sei que o meu redentor está vivo e, por fim, se levantará sobre a terra". Essa certeza de Jó ecoa no coração de cada cristão. Sabemos que a morte não é o fim, mas o início de uma transformação, como rezamos na liturgia: "Para os que creem em Cristo, a vida não é tirada, mas transformada."

O Salmo 23 também nos convida a essa esperança, lembrando-nos que somos peregrinos. "Quem subirá ao monte do Senhor?" Só aqueles de mãos limpas e coração puro. Vivemos na expectativa de encontrar a face de Deus, de nos unirmos a Ele em sua glória. E é essa expectativa que nos mantém vigilantes, como nos exorta o Evangelho de Lucas (12,35-40), quando Jesus nos pede para estarmos sempre prontos, de lâmpadas acesas, esperando a chegada do Senhor. Ele virá, e nosso encontro será de vida plena.

Na segunda leitura, São Paulo, escrevendo aos Coríntios (1Cor 15,20-28), nos recorda da centralidade da ressurreição em nossa fé. Jesus Cristo ressuscitou, e por meio dele, todos seremos vivificados. Essa é a nossa esperança e a razão pela qual, hoje, rezamos pelos nossos entes queridos. Não rezamos apenas por saudade, mas com a certeza de que eles já estão inseridos nesse mistério de vida nova, de vida eterna.

Assim, queridos irmãos e irmãs, ao celebrarmos este dia de Finados, lembremo-nos de que a nossa saudade é cheia de esperança. Não é uma saudade de desesperança, mas de confiança em Deus, que nos prepara para a vida eterna. Como diz a oração eucarística: "Para os que creem no Cristo, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeita essa morada terrena, nos é dada uma eterna mansão no céu."

Que esta seja a nossa fé, a fé da Igreja, que nos sustenta hoje e nos faz caminhar em comunhão com nossos queridos falecidos, sempre na esperança de um dia nos reencontrarmos na vida eterna. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 27 DE OUTUBRO DE 2024 - 30º DOMINGO COMUM - ANO B

 

VIVER PARA ALÉM DA DOR E DO SOFRIMENTO

Hoje, a Palavra de Deus nos apresenta uma mensagem clara de esperança e libertação, com base nos textos de Jeremias, Hebreus e Marcos. Deus, em sua infinita bondade, não nos deixa sozinhos no caminho, mas nos conduz pela mão, como um pai que cuida dos seus filhos.

Na primeira leitura, em Jeremias 31,7-9, vemos a promessa de um novo tempo para o povo de Israel. Deus promete trazer de volta aqueles que foram dispersos e perdidos, conduzindo-os pelas águas tranquilas. É uma imagem de redenção, de restauração para os que estavam feridos e marginalizados. Assim como Ele fez com Israel, Deus deseja fazer com cada um de nós. Ele nos chama para sair da escuridão, das nossas angústias e medos, para caminharmos com confiança rumo a uma vida plena.

Essa vida plena é também destacada na carta aos Hebreus (5,1-6), onde o autor fala do sacerdócio de Cristo. Ele não é um sacerdote distante, alheio às nossas fraquezas. Jesus é aquele que, sendo Filho de Deus, assumiu a nossa condição humana, experimentou a dor, o sofrimento e a tentação. Ele se compadece de nós e nos oferece um caminho de libertação. Somos convidados a confiar n'Ele, a nos aproximar do seu trono da graça, sabendo que Ele intercede por nós.

No Evangelho de Marcos 10,46-52, vemos a cura do cego Bartimeu. Ele era um homem que vivia à margem da sociedade, limitado pela sua cegueira. Mas ao ouvir falar de Jesus, gritou com fé: "Filho de Davi, tem piedade de mim!". Mesmo diante das críticas e do desprezo da multidão, Bartimeu insistiu, não perdeu a esperança. E Jesus, sempre atento ao clamor dos pobres e necessitados, parou e o chamou. O gesto de Bartimeu, ao jogar o manto e correr até Jesus, simboliza o desprendimento e a prontidão em aceitar o convite divino. Ele foi curado porque acreditou e se entregou.

Essa cena nos ensina que a nossa vida não tem de ser uma experiência sombria, sem horizontes e sem perspectivas; Deus dispõe-se, a cada passo, a libertar-nos da escuridão e a conduzir-nos em direção a uma vida livre e plenamente realizada. Basta que, da nossa parte, haja disponibilidade para aceitarmos os desafios e indicações de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, o que aprendemos hoje é que Deus sempre está ao nosso lado, nos guiando e nos oferecendo a luz para que possamos ver além da dor e do sofrimento. Que tenhamos a mesma fé de Bartimeu, que soube gritar por ajuda e, com o coração cheio de esperança, seguiu Jesus no caminho. Assim, nossa vida será iluminada e plena em Deus. Amém.