quarta-feira, 9 de outubro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 02 DE NOVEMBRO DE 2024 - DIA DE FINADOS - ANO B

 

MUITO ALÉM DA SAUDADE, 

CELEBRAMOS A ESPERANÇA

 

Hoje, celebramos o Dia de Finados, uma data marcada pela saudade e pela lembrança dos nossos entes queridos que já partiram. Entre as tantas belezas da natureza humana, talvez uma das mais profundas seja essa capacidade de lembrar, de manter viva a memória daqueles com quem convivemos. E, em nossa língua, temos uma palavra única para expressar essa emoção: saudade. Ela expressa não apenas a ausência física, mas o desejo de reencontro, o carinho que permanece.

A saudade, no entanto, no contexto da nossa fé cristã, vai além da lembrança do passado. Como as leituras de hoje nos mostram, ela também aponta para o futuro. No livro de Jó (19,1.23-27a), encontramos a expressão de uma pessoa que, em meio à dor e ao sofrimento, mantém viva a esperança. Jó clama por um redentor e, em meio à sua tribulação, profetiza a sua confiança na ressurreição: "Eu sei que o meu redentor está vivo e, por fim, se levantará sobre a terra". Essa certeza de Jó ecoa no coração de cada cristão. Sabemos que a morte não é o fim, mas o início de uma transformação, como rezamos na liturgia: "Para os que creem em Cristo, a vida não é tirada, mas transformada."

O Salmo 23 também nos convida a essa esperança, lembrando-nos que somos peregrinos. "Quem subirá ao monte do Senhor?" Só aqueles de mãos limpas e coração puro. Vivemos na expectativa de encontrar a face de Deus, de nos unirmos a Ele em sua glória. E é essa expectativa que nos mantém vigilantes, como nos exorta o Evangelho de Lucas (12,35-40), quando Jesus nos pede para estarmos sempre prontos, de lâmpadas acesas, esperando a chegada do Senhor. Ele virá, e nosso encontro será de vida plena.

Na segunda leitura, São Paulo, escrevendo aos Coríntios (1Cor 15,20-28), nos recorda da centralidade da ressurreição em nossa fé. Jesus Cristo ressuscitou, e por meio dele, todos seremos vivificados. Essa é a nossa esperança e a razão pela qual, hoje, rezamos pelos nossos entes queridos. Não rezamos apenas por saudade, mas com a certeza de que eles já estão inseridos nesse mistério de vida nova, de vida eterna.

Assim, queridos irmãos e irmãs, ao celebrarmos este dia de Finados, lembremo-nos de que a nossa saudade é cheia de esperança. Não é uma saudade de desesperança, mas de confiança em Deus, que nos prepara para a vida eterna. Como diz a oração eucarística: "Para os que creem no Cristo, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeita essa morada terrena, nos é dada uma eterna mansão no céu."

Que esta seja a nossa fé, a fé da Igreja, que nos sustenta hoje e nos faz caminhar em comunhão com nossos queridos falecidos, sempre na esperança de um dia nos reencontrarmos na vida eterna. Amém.

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