sexta-feira, 10 de maio de 2013

DOMINGO DA ASCENÇÃO DO SENHOR



O SENHOR SUBIU AO TOQUE DA TROMBETA

É frequente que ao entrar em nossas igrejas encontremos cartazes e frases com motivações das mais diversas, isso também acontece nas escolas, nas instituições, no comércio, nos espaços públicos e assim por diante. São frases que comunicam a intuição e a razão de ser daquele ambiente para a pessoa que ali vai entrando. Um texto sugestivo que se vê com frequência diz mais ou menos assim: “Aqui se entra para amar a Deus, daqui se sai para amar aos irmãos”. Este pensamento se aplica integralmente ao texto da liturgia da Palavra proclamada neste domingo nas assembleias reunidas para a Eucaristia.

No texto dos Atos dos Apóstolos Jesus responde ao questionamento dos discípulos com uma frase que em muito se aproxima desta já mencionada acima. Foi proclamada na leitura a frase: “O Espírito Santo virá e lhes dará forças para serem minhas testemunhas até os confins da terra”, dito de outro modo se modo compreender que não bastava ficar perto de Jesus como estavam os discípulos, se fazia necessário ir para os confins do mundo, isto é, ir ao encontro dos irmãos. 

Já na carta que São Paulo escreve aos Efésios faz um pedido: “O Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu  chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos” tal pedido pode ser simplificado com as palavras: Que o Espírito Santo de Deus ajude a todos compreender qual a sua missão no mundo.
E finalmente no texto do Evangelho Jesus recomenda aos discípulos que permaneçam naquele lugar até receber o Espírito Santo: “permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto”.
Todas estas exortações são aplicáveis a cada cristão nestes novos tempos, não basta festejar e reconhecer que Jesus Cristo voltou para junto do Pai, não basta declarar que se ama aquele que Deus enviou para salvar a humanidade é importante que cresça em cada pessoa a “capacidade de amar as pessoas e nelas ver a face de Deus”. Ou seja é necessário colocar o coração em Deus, e associar-se aos irmãos a fim de que o Coração de Deus se faça presente em todos os lugares e em todos os tempos.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

VIDA NOVA...


SEGUNDO DA PÁSCOA - 2013

A liturgia do segundo domingo da páscoa chama a atenção para a renovação daquilo a comunidade experimentou com as celebrações do tríduo pascal. Vida nova, mundo novo que se realiza na medida em que Jesus é reconhecido.
Não se pode cultivar ilusões e fingir acreditar que a ressurreição de Jesus botou um fim em todas as provações e dificuldades.  É claro que este conceito é uma Utopia e que nenhuma manifestação espetacular iria aniquilar os sofrimentos e provações.
O texto do evangelho mostra o reconhecimento de Jesus pelos discípulos, a missão que lhes é confiada e as dificuldades próprias da sua condição. Estavam reunidos com medo dos judeus, alguns já não tinham o mesmo entusiasmo pela causa e pelas palavras e promessas que Jesus lhes havia feito.
Outrora os sinais realizados por Jesus e por aqueles que nele acreditaram modificaram a vida e o pensamento de muita gente como se viu na primeira leitura deste domingo “Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres”. Por isso mesmo todos são convidados a rezar o salmo: “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom!  Eterna é a sua misericórdia!”
É neste contexto que Jesus envia os discípulos e  reprende Tomé por sua incredulidade. As palavras e os sinais realizados por Jesus naquela ocasião são aplicáveis a todos e cada  pessoa nestes novos tempos.  Ele se dá a conhecer exatamente como é. Mostra suas mãos e o lado que mostram  a realidade dos sofrimentos que não desaparecerão com sua ressurreição. Do mesmo modo as dificuldades do tempo presente não cessarão,  porém  isso não é sinônimo de acreditar que a páscoa não se realiza, pelo contrário é exatamente  a capacidade de encarar estas dificuldades que dará sentido a missão.
Celebrar a páscoa, de domingo a domingo implica dar  sabor aos desafios que a vida impõe, tocar em frente, olhar com fé sem perder a esperança que a ressurreição de Jesus continua acontecendo no cotidiano da história.

sexta-feira, 29 de março de 2013

DOMINGO DA PÁSCOA



 RESSURREIÇÃO DO SENHOR

“Por sua morte a morte viu o fim, no sangue derramado a vida renasceu. Seu pé Ferido nova estrada abriu e neste homem o homem enfim se descobriu.”

O texto deste hino litúrgico entoado pelas comunidades neste domingo da páscoa proclama o cerne da fé na ressurreição de Jesus e no mundo novo que começou com este fato. Não sem razão o salmo da liturgia proclama: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, exultemos e nele nos alegremos”.
O dia do Senhor que faz memória do extraordinário fato realizado por Deus Pai com Jesus é celebrado em todos os tempos como o início da nova criação. Tanto o texto do evangelho de João, que se proclama nas missas do domingo pela manhã, quanto o texto de Lucas previsto para a missa da noite, ambos não contam propriamente o fato da ressurreição, mas a experiência de um encontro e isto muda a vida das pessoas e das comunidades.
A mesma condição vivida pelos amigos de Jesus precisa ser experimentada pelas pessoas no século XXI. Não se trata de um dia cronológico para realizar diferentes atividades daquelas do cotidiano, trata-se de um momento para celebrar a descoberta do ser humano que se faz humano. Reunir-se para celebrar a ressureição implica deixar transparecer no cotidiano da história a experiência da comunhão feita com a pessoa de Jesus de Nazaré. Na ressureição de Jesus se concretiza a profecia do velho Simeão quando o menino foi apresentado no templo: “Sol da justiça que nos veio visitar”.

SÁBADO SANTO - VIGÍLIA PASCAL –



 CELEBRAÇÃO DA RESSURREIÇÃO

O guia litúrgico da CNBB fala sobre a celebração da vigília com as seguintes palavras: “Por se tratar de uma celebração longa a tendência é simplificá-la. Sugerimos não omitir os textos da escritura, reduza-se, por exemplo, o tempo da homília”.  Neste sentido deu-nos um bom exemplo o Papa Francisco o qual, conforme noticiado, fez uma homilia de 13 minutos no domingo de Ramos.

O texto da proclamação da páscoa que se reza na celebração do sábado santo permite descrever esta festa como uma “noite mil vezes feliz”, ou como dizia Santo Agostinho: “Mãe de Todas as Vigílias”, não uma noite de espera, mas a própria festa.
A comunidade reunida celebra esta noite num cenário muito parecido com aquele vivido pelos discípulos de Jesus. Isto é, desolação e sofrimento. A campanha da fraternidade apontou para isso dizendo que os laços comunitários e sociais se fragilizaram, a dignidade da vida e a própria vida é ameaçada, os jovens se deparam com a fragilidade das instituições, mas ao mesmo tempo reconhece que esta parcela da população não desiste diante das dificuldades e vai abrindo caminhos. O que faz a juventude em muito se assemelha às mulheres de Jerusalém cujo episódio se lê na celebração da noite da páscoa: vão bem cedo ao sepulcro e recebem o indicativo: “Porque procuram entre os mortos aquele que está vivo”.
No conjunto as leituras, os salmos e as orações desta noite conduzem os participantes ao cerne do mistério da criação e da redenção. Narrando a obra criadora de Deus o livro do Gênesis faz perceber com clareza a mão de Deus que está no início de tudo. O texto do Êxodo confirma a presença de Deus diante de todas as provações e desafio que a humanidade experimenta e o profeta convida a estabelecer uma nova forma de relacionamento entre as pessoas e com o mundo.
São Paulo que já havia feito a experiência do encontro com Jesus tem certeza e fortalece a esperança de todos dizendo que em Cristo todos se renovam, morre o que é já não tem mais sentido para fazer renascer algo totalmente novo, uma nova criatura: “Banhados em Cristo somos nascidos de novo, as coisas antigas já se passaram”.
As palavras que Jesus dirige às mulheres de Jerusalém são adequadas para cada pessoa nestes novos tempos: “Não procurar entre os mortos aquele que está vivo, ir ao encontro do mundo e proclamar: o Senhor ressuscitou e ter convicção que vivendo como ele também todos ressuscitarão”. Os sofrimentos pelos quais passou Jesus e pelos quais passa a humanidade são necessários para quem quer experimentar a páscoa da Salvação.

quinta-feira, 28 de março de 2013

SEXTA FEIRA SANTA



CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR

As mudanças que ocorrem no mundo e que afetam tudo e todos são de algum modo também sinais de violência. Os jovens, junto com as crianças são quase sempre os mais atingidos por essa situação e muitas vezes lhes é apresentada a possibilidade de uma felicidade momentânea  sem dimensão de futuro e muitas vezes sem esperança. Por outro lado as mesmas mudanças e sofrimentos desafiam a revitalizar os valores e a reedificar as dimensões fundamentais da existência.
É neste contexto que a Igreja faz memória dos sofrimentos de Cristo e convida a comunidade que se reúne em oração a fazer o mesmo. Memória do sofrimento de Cristo não para fazer chorar as dores do redentor, mas para perceber como Ele de modo voluntário e decidido abraçou tudo isso para transformar em vida e vitória.
Reconhecer o gesto redentor de Jesus é também reconhecer que a páscoa de Jesus pode se realizar no meio do mundo tornando os sofrimentos do tempo presente como verdadeiros eventos nos quais o mistério da páscoa também se realiza.
Como disse o Papa Bento XVI  “A cruz é uma expressão do louco amor de Deus para o mundo e que se abandona não para mostrar sofrimento e por meio dele fazer o mundo sofrer, mas livrar o ser humano do medo da morte e fazê-lo receptivo à redenção que se deu pela Cruz”.