sexta-feira, 12 de setembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 21 DE SETEMBRO DE 2025

NÃO SE PODE SERVIR A DOIS SENHORES

O profeta ergue a voz contra balanças desonestas e artimanhas que esmagam os pequenos. A Palavra denuncia a tentativa de transformar tudo em mercadorias, até o tempo sagrado e a dignidade humana. Diante disso, nosso coração está convidado a um exame: onde estão nossas medidas, nossas prioridades, nossos afetos? Peregrinos de esperança, não acumulamos injustiça no alforje; carregamos a justiça como bússola e a misericórdia como provisão diária.

No Evangelho, um administrador astuto desperta a pergunta sobre a verdadeira riqueza. Jesus não louva a fraude, mas a esperança de quem percebe o tempo oportuno e age com decisão. Se somos fiéis no pouco, aprendendo a administrar o muito que Deus nos confia: relações, dons, criação, comunidades. Em sinodalidade, discernimos juntos o que fazer com os bens do Reino, para que nenhum irmão fique à margem do caminho.

Entre denúncia e discernimento, nasce uma conversão concreta: reorientar o uso do poder, do dinheiro e da influência para o serviço. A esperança do Reino é uma caridade criativa, capaz de abrir portas, reduzir dívidas impagáveis, curar feridas antigas. Caminhar assim é escolher o Senhor e não as riquezas; é transformar recursos em pontes e não em muros. A esperança se torna visível quando a justiça se torna prática cotidiana.

Ser peregrinos de esperança é aceitar que o caminho se faz com outros, no passo do mais frágil. Sinodalidade não é estratégia, é estilo: escutar, dialogar, reconciliar, repartir. Quando o povo de Deus caminha junto, a astúcia do Evangelho se torna sabedoria comunitária, a profecia de Amós ganha carne nas decisões comuns que protegem os pequenos e honram o tempo de Deus.

Ao final, fica a escolha: a quem serviremos no trajeto? Se deixamos que a Palavra afine nossas balanças e que o Espírito conduza nossos passos, a estrada se ilumina. Como comunidade em marcha, administramos com fidelidade o que recebemos, denunciamos o que desumaniza e geramos sinais do Reino. E assim, passo a passo, a esperança deixa de ser slogan e se torna companhia fiel de peregrinos que caminham em sinodalidade.

  

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