NÃO SE
PODE SERVIR A DOIS SENHORES
O profeta ergue a voz contra
balanças desonestas e artimanhas que esmagam os pequenos. A Palavra denuncia a
tentativa de transformar tudo em mercadorias, até o tempo sagrado e a dignidade
humana. Diante disso, nosso coração está convidado a um exame: onde estão
nossas medidas, nossas prioridades, nossos afetos? Peregrinos de esperança, não
acumulamos injustiça no alforje; carregamos a justiça como bússola e a
misericórdia como provisão diária.
No Evangelho, um administrador astuto desperta a pergunta sobre
a verdadeira riqueza. Jesus não louva a fraude, mas a esperança de quem percebe
o tempo oportuno e age com decisão. Se somos fiéis no pouco, aprendendo a
administrar o muito que Deus nos confia: relações, dons, criação, comunidades.
Em sinodalidade, discernimos juntos o que fazer com os bens do Reino, para que
nenhum irmão fique à margem do caminho.
Entre denúncia e discernimento, nasce uma conversão concreta:
reorientar o uso do poder, do dinheiro e da influência para o serviço. A
esperança do Reino é uma caridade criativa, capaz de abrir portas, reduzir
dívidas impagáveis, curar feridas antigas. Caminhar assim é escolher o Senhor e
não as riquezas; é transformar recursos em pontes e não em muros. A esperança
se torna visível quando a justiça se torna prática cotidiana.
Ser peregrinos de esperança é aceitar que o caminho se faz com
outros, no passo do mais frágil. Sinodalidade não é estratégia, é estilo:
escutar, dialogar, reconciliar, repartir. Quando o povo de Deus caminha junto,
a astúcia do Evangelho se torna sabedoria comunitária, a profecia de Amós ganha
carne nas decisões comuns que protegem os pequenos e honram o tempo de Deus.
Ao final, fica a escolha: a quem
serviremos no trajeto? Se deixamos que a Palavra afine nossas balanças e que o
Espírito conduza nossos passos, a estrada se ilumina. Como comunidade em
marcha, administramos com fidelidade o que recebemos, denunciamos o que
desumaniza e geramos sinais do Reino. E assim, passo a passo, a esperança deixa
de ser slogan e se torna companhia fiel de peregrinos que caminham em sinodalidade.
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