sexta-feira, 12 de setembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 28 DE SETEMBRO DE 2025

 

PEREGRINAR NA PARTILHA E NA COMUNHÃO

Irmãos e irmãs, bendito seja o Senhor que faz justiça aos oprimidos, dá pão aos famintos, abre os olhos aos cegos e sustenta quem vacila. O Deus do Salmo nos visita no terreiro da vida, no fogão a lenha das casas simples, e ali derrama misericórdia. Ele não esquece o pobre, não abandona a viúva, não deixa órfão sem colo. Seu reino não é distante: começa onde a mão se estende e o coração se reparte.

Recordemos, o chamado do Evangelho: havia um homem vestido de luxo e, à sua porta, um Lázaro ferido, esperando migalhas. A Palavra nos atravessa como arado em terra dura: de que vale a fartura que não vira mesa partilhada? De que vale o portão fechado quando o irmão jaz do lado de fora? O Senhor nos alerta para que não fechemos o ouvido nem neguemos afeto; hoje é o tempo favorável, hoje é o dia da conversão.

Como Igreja peregrina, sejamos sinodais: caminhemos juntos, povo e pastores, jovens e idosos, homens e mulheres, ouvindo o Espírito que fala no clamor dos pequenos. Sinodalidade é roda de conversa mediado pelo chimarrão, é conselho que acolhe a voz de quem quase nunca fala, é decisão tomada em oração e em mutirão. Onde todos têm lugar, o Corpo de Cristo floresce; onde cada dom é acolhido, o Evangelho cria raízes.

Peregrina de esperança, nossa Igreja aprende a esperar trabalhando: plantando sementes e justiça, colhendo frutos e reconciliação. A esperança se faz na panela partilhada, na visita ao enfermo, na carona ao vizinho, na catequese que escuta, no grupo que reza e ilumina. O Deus que levanta os caídos nos envia às encruzilhadas do cotidiano, para acender lamparinas em noites de desânimo e para cantar salmos quando o chão parece faltar.

Não deixemos que a tragédia do rico do Evangelho vire nosso espelho; que a nossa casa tenha porta aberta, cadeira a mais, prato que se multiplica. Que a comunidade seja hospital de porta aberta, onde a dor encontra cuidado e o pecado encontra perdão. Que a Eucaristia celebrada no altar continue na partilha do quintal, e que o “ide em paz” no final da missa seja ponte entre o céu e a estrada de terra.

Louvado seja o Senhor para sempre: Ele reina de geração em geração. Conceda-nos, Pai de espera, ser uma Igreja sinodal e peregrina, que escuta, discerne e serve. Que Maria, mulher da estrada, nos acompanhe; que São José, homem do trabalho, nos inspira; e que, sustentados pelo Espírito, reconheçamos em cada Lázaro o próprio Cristo. Amém.

 

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