sábado, 10 de setembro de 2016

Homilia para o dia 11 de setembro de 2016 - 24º domingo comum.

ESCOLHIDO COM MISERICÓRDIA

No brasão do Papa Francisco se pode ler a frase: “Escolhido com Misericórdia”. Não sem razão o Papa tem repetido algumas vezes: “Rezem por mim que também sou pecador”. Instituiu este ano santo extraordinário da misericórdia e afirmou que esta virtude é que suporta toda a vida da Igreja. Quando se pensa em misericórdia se lembra acolhida, perdão, solidariedade, compreensão e uma porção de outras atitudes que permitem às pessoas se reerguerem dos seus sofrimentos e desilusões.
Os atletas paraolímpicos no Rio de Janeiro estão dando muitas lições do que significa superação, determinação e solidariedade e porque não dizer misericórdia. Na corrida dos 100 metros a brasileira Tassita Cruz vencia a prova quando perdeu velocidade e acabou em sexto lugar. Sentada chorando recebeu a mais importante medalha no abraço carinhoso da colombiana Marta que venceu a corrida.
Ora, o que é o pecado, senão uma perca de velocidade na direção da meta e que culmina com a desilusão, o choro, o arrependimento e o medo? Isso está bem retratado nas três leituras deste domingo.
Na primeira, o povo perdeu o entusiasmo e começou a andar por outros caminhos. Desiludidos quiseram encontrar solução para a sua dificuldade à custa das suas próprias forças. Obvio que isso não os levou a nenhum lugar. Longe de Deus o povo experimentava sofrimento ainda maior. Moisés intercede, recordando a promessa e a leitura termina dizendo: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao povo”. O resultado todo sabemos, mais tarde a comunidade de Israel chegou à terra prometida.
Hoje a Igreja também reza com o salmista fazendo sua a mesma condição de arrependimento que Davi experimentou. Em oração se diz: “Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido”.
São Paulo reconhece o seu pecado quando diz: “Eu que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia que demostra toda a grandeza do coração de Jesus”.
E Jesus no Evangelho contando as três parábolas mais uma vez ajuda a perceber como Deus “Escolhe com Misericórdia”.  Não porque ele ama mais a uns do que aos outros, mas porque Ele Ama mais! O abraço que o pai dá ao filho arrependido é a mais importante medalha que um pecador arrependido, que por força das circunstâncias perdeu velocidade e está caído em prantos no meio do caminho pode receber de Deus.
Que a Palavra e a Eucaristia com a oração comum ensinem a todos o que significa a virtude da misericórdia.  



Homilia para o dia 11 de setembro de 2016 - 24º domingo comum.

ESCOLHIDO COM MISERICÓRDIA

No brasão do Papa Francisco se pode ler a frase: “Escolhido com Misericórdia”. Não sem razão o Papa tem repetido algumas vezes: “Rezem por mim que também sou pecador”. Instituiu este ano santo extraordinário da misericórdia e afirmou que esta virtude é que suporta toda a vida da Igreja. Quando se pensa em misericórdia se lembra acolhida, perdão, solidariedade, compreensão e uma porção de outras atitudes que permitem às pessoas se reerguerem dos seus sofrimentos e desilusões.
Os atletas paraolímpicos no Rio de Janeiro estão dando muitas lições do que significa superação, determinação e solidariedade e porque não dizer misericórdia. Na corrida dos 100 metros a brasileira Tassita Cruz vencia a prova quando perdeu velocidade e acabou em sexto lugar. Sentada chorando recebeu a mais importante medalha no abraço carinhoso da colombiana Marta que venceu a corrida.
Ora, o que é o pecado, senão uma perca de velocidade na direção da meta e que culmina com a desilusão, o choro, o arrependimento e o medo? Isso está bem retratado nas três leituras deste domingo.
Na primeira, o povo perdeu o entusiasmo e começou a andar por outros caminhos. Desiludidos quiseram encontrar solução para a sua dificuldade à custa das suas próprias forças. Obvio que isso não os levou a nenhum lugar. Longe de Deus o povo experimentava sofrimento ainda maior. Moisés intercede, recordando a promessa e a leitura termina dizendo: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao povo”. O resultado todo sabemos, mais tarde a comunidade de Israel chegou à terra prometida.
Hoje a Igreja também reza com o salmista fazendo sua a mesma condição de arrependimento que Davi experimentou. Em oração se diz: “Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido”.
São Paulo reconhece o seu pecado quando diz: “Eu que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia que demostra toda a grandeza do coração de Jesus”.
E Jesus no Evangelho contando as três parábolas mais uma vez ajuda a perceber como Deus “Escolhe com Misericórdia”.  Não porque ele ama mais a uns do que aos outros, mas porque Ele Ama mais! O abraço que o pai dá ao filho arrependido é a mais importante medalha que um pecador arrependido, que por força das circunstâncias perdeu velocidade e está caído em prantos no meio do caminho pode receber de Deus.
Que a Palavra e a Eucaristia com a oração comum ensinem a todos o que significa a virtude da misericórdia.  



sexta-feira, 2 de setembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 04 DE SETEMBRO DE 2016 - 23º DOMINGO COMUM

CONDIÇÕES PARA O DISCIPULADO

A proximidade das eleições municipais no país, coloca todos os cidadãos entre a cruz e a espada. E não raro se ouve a expressão: “A gente vota no menos pior”.  Neste tempo desfilam nos meios de comunicação, e em toda sorte de propaganda política candidatos cujo objetivo é ganhar a confiança dos eleitores, arrebanhar multidões e instalar um projeto de poder e de governo. Nesta seara surgem muitas promessas, discursos extraordinários, soluções quase mágicas e discursos demagógicos.

Ao contrário dos políticos no evangelho de hoje Jesus se apresenta não como um demagogo que faz promessas fáceis com o objetivo de conquistar a simpatia das pessoas para instalar o projeto do Reino. Ele faz um convite radical que não consiste em colocar panos quentes.  A proposta para quem quer fazer parte do Reino anunciado por Jesus implica em três renúncias:  à própria família, à própria vida e aos bens. Jesus começa falando em odiar a família. O verbo odiar no evangelho significa colocar em segundo plano, não porque a família não seja importante, mas porque a o Reino precisa ser entendido como preferencial na ordem de importância. A segunda renuncia exige superar os interesses egoístas, ou seja, aqueles em que as próprias necessidades estejam em primeiro lugar. Isso significa fazer de sua vida um dom a serviço dos irmãos. A terceira renuncia diz respeito aos bens. Jesus tem consciência da necessidade de bens, mas ao mesmo tempo reconhece que quando a posse de bens se torna valor absoluto este interesse escraviza as pessoas e as leva a viver somente em função deles esquecendo-se das pessoas e do verdadeiro sentido da vida. Neste sentido fica clara a diferença entre as promessas de Jesus e as que se ouve neste tempo de eleição. Jesus apresenta renuncias e sacrifícios os outros facilidades e benefícios aos montes.
Ora, para fazer a escolha certa e ter a coragem de renunciar algumas coisas boas em função de outras é necessária sabedoria que o autor da primeira leitura de hoje afirma que é um dom de Deus. Dom, que somente a pessoa que se deixa conduzir por ele será capaz de cruzar as expectativas sem ficar confuso diante de tantas escolhas.  Para os cristãos o critério para julgar a viabilidade de alguma proposta é o evangelho e a oração.
A reunião dos cristãos na assembleia de cada domingo é uma forma de pedir e de se colocar diante da sabedoria de Deus como se reza no salmo: Ensinai-nos a contar os nossos dias, para chegarmos à sabedoria do coração. Voltai, Senhor! Até quando… Tende piedade dos vossos servos. Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade, para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias. Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus. Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos”.



domingo, 28 de agosto de 2016

HOMILIA PARA O DIA 28 DE AGOSTO - SEGUNDA OPÇÃO

AGIR COM SIMPLICIDADE


Na última sexta feira teve início oficialmente a propaganda eleitoral que culminará na eleição de prefeitos e vereadores no dia 02 de outubro próximo. Não é necessário muito censo crítico para perceber como desde o início os candidatos se apresentam como pessoas humildes. Na prática se trata de uma disputa marcada pela competição e pelos primeiros lugares e cuja arma é apresentar-se melhor e muito superior aos demais.
No livro do Eclesiástico o autor aconselha a humildade como condição para ser agradável a Deus e a todos, para ter êxito e ser feliz. As palavras são uma espécie de conselho passado de pai para filho. Não se trata de uma condição de pessoas com pouca preparação intelectual ou econômica, o autor tem certeza que a humildade é um valor no qual se esconde o segredo da felicidade. Cultivar esta virtude significa colocar-se com simplicidade no seu lugar e fazer render os talentos que recebeu. A humildade não permite que as qualidades subam à cabeça e tornem as pessoas soberbas desprezando aqueles que tem outros dons e valores.
No Evangelho Jesus está no caminho para Jerusalém. E hoje trata de duas questões muito importantes: A humildade e a gratuidade. Era comum aos fariseus oferecer banquetes aos participantes do culto na sinagoga. Estas refeições se tornavam oportunidades para continuar as discussões que tinham sido iniciadas no templo. Naturalmente os convidados eram pessoas que detinham um certo status intelectual e econômico e Jesus percebe como se dá a escolha pelos lugares de honra. Diante disto Ele aproveita para falar sobre as duas condições importantes em relação ao Reino de Deus. O Reino é também um banquete, porém este não marcado pelo jogo de interesses, e do jeitinho de levar em vantagem em tudo, como se dá com muita tranquilidade no ambiente político e algumas vezes também nas comunidades cristãs.  
A lição da Palavra de Deus neste domingo contraria a lógica competitiva e agressiva da sociedade contemporânea que costuma valorizar as pessoas pelo seu êxito, pelo eu triunfo, por sua capacidade de ser o melhor em tudo.
Reunida aqui, para louvar o Senhor, a Igreja e cada um convidado a compreender e colocar seus dons a serviço sem procurar lugares de honra, reconhecimento e busca pelos primeiros lugares.

sábado, 27 de agosto de 2016

HOMILIA PARA O DIA 28 DE AGOSTO DE 2016 - 22º DOMINGO COMUM - ANO C

COM CARINHO PREPARASTES UMA MESA PARA OS POBRES

Na última sexta feira teve início oficialmente a propaganda eleitoral que culminará na eleição de prefeitos e vereadores no dia 02 de outubro próximo. Não é necessário muito censo crítico para perceber como desde o início os candidatos se apresentam como pessoas muito além do normal. Alguns cujos nomes nunca se tinham ouvido agora desfilam no rádio e na televisão, nas ruas e praças apresentando-se como pessoas simples e que vivem no meio do povo, preocupadas com o bem-estar de todos, e com a solução dos problemas que até agora nem se davam conta que existiam. Esta realidade permite uma sintonia muito fina com a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo.
No evangelho, Jesus aparece na continuação de sua viagem para Jerusalém. Participando de um jantar com muita gente importante percebe a atitude dos convidados e faz a observação sobre os comportamentos dos presentes: Escolher os primeiros lugares e fazer de conta que tudo está certo e resolvido. Jesus dá um conselho ao dono da casa: Quando oferecer um banquete não convidar aqueles que lhe podem retribuir, mas exatamente aqueles que necessitam ser promovidos para sair da situação de constrangimento em que se encontram.
A proposta de Jesus é uma inversão das práticas da sociedade do seu tempo: Definitivamente, todas as pessoas merecem uma vida mais digna onde aconteça de fato a justiça e a qualidade de vida estejam ao alcance de todos. Jesus insiste numa nova organização da sociedade na qual se compreenda o sentido da gratuidade e não dos interesses que eram vigentes entre os que dirigiam a sociedade no seu tempo.
O Livro do Eclesiástico insiste na compreensão de que a grandeza de uma pessoa não reside na capacidade de oferecer soluções milagrosas para os problemas de cada dia, mas no comprometimento com a promoção de todas as pessoas a fim de que diminua o fosso entre os que governam e os que são governados.
A carta aos Hebreus reitera o convite para a comunhão plena de todos entre todos e afirmar: “Busquem a paz com santidade”, sem esses valores não será possível ver o rosto e a presença de Deus no mundo que ensina e ajuda assumir atitudes que promovam a vida e o bem-estar de todos.
Neste sentido a Igreja também recorda neste domingo os catequistas, rezando com a multidão destes voluntários, cada pessoa é também convidada a dar sua parte por meio de atitudes permanentes de atenção, de escuta e de promoção das pessoas como se reza na oração da missa: “Ó Deus, fonte de todo bem, alimente em nós o que é bom e nos ajude a cuidar daquilo que de vós recebemos”.
Mais do que promessas mágicas e soluções milagrosas cada pessoa e obviamente os pretendentes a cargos políticos são convidados a inverter a lógica que o tempo das eleições oferece: Não somente prometer ações fantásticas, mas agir de modo que a sociedade inteira seja fundamentada em outros princípios e valores.



sábado, 20 de agosto de 2016

APARECEU NO CÉU UM GRANDE SINAL

Logo mais, as 20h00 acontecerá a cerimônia de encerramento das Olímpiadas do Rio de Janeiro. A participação feminina em diversas esferas da sociedade contemporânea foi acontecendo ao longo do tempo à custa de muita garra, determinação e superação de preconceitos. A edição do Rio de Janeiro se encerra sendo conhecido como a “Olímpiada das Mulheres”, elas mostraram ao mundo aquilo de que são capazes na história da humanidade e na construção de uma sociedade mais igualitária e humana.
É uma mera coincidência que liturgia deste domingo celebre a Assunção de Maria ao céu, cuja história e contribuição para a história e para a salvação da humanidade, pode-se dizer que precedeu toda a luta por um mundo mais justo e muito melhor.
O Evangelho narra o encontro de Maria com a prima Isabel. As duas proclamam as maravilhas que Deus realiza no meio do mundo e fica mais do que claro que isto se realiza com a contribuição feminina.  As duas revelam como Deus agiu na pessoa de João Batista e de Jesus. O Primeiro intitulado como o maior de todos os profetas e Jesus como o messias esperado. Isabel proclama que Deus fez Maria a bendita entre todas, a vitoriosa, aquela que o anjo havia declarado Cheia de Graça. E Maria reafirma: “O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam”.
O livro do Apocalipse apresenta uma mulher como símbolo da vitória da vida sobre as forças da morte: apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”.   Na batalha contra o dragão que representa todas as forças da morte a Mulher dá à luz um Filho que foi elevado para junto de Deus e a mulher que foi salva das forças da morte ouve a voz forte dizendo: "Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo". 
Por sua vez Paulo, na segunda leitura, garante que Jesus Cristo, o filho de Maria, é o vencedor da morte e de todos os sinais que a acompanham.
Nota-se em todas as situações exatamente o que as mulheres acabam de mostrar nas olímpiadas: “As atletas conseguiram driblar todos os preconceitos e provar capacidade em diversas modalidades esportivas até mesmo naquelas que se dizem exclusivas para os homens”.  Não sem razão o Papa Francisco acaba de constituir uma comissão para ampliar a participação feminina na vida da Igreja.
Claro que nisto tudo a figura de Maria serve de exemplo e inspiração para que tudo isso continue acontecendo. Rezemos pedindo que a Mãe de Jesus seja para sempre companheira nesta jornada.


sábado, 13 de agosto de 2016

SÓ  VOS, SENHOR, SOIS SALVAÇÃO E AUXÍLIO

Uma das grandes dificuldades do ser humano é aceitar as mudanças. Sair da zona de conforto. Fazer de um modo diferente aquilo que está habituado a realizar. Não raro, continuar praticando as mesmas coisas vai se mostrando como um caminho sem volta para a própria autodestruição. E isso se vê com pessoas que sofrem, por exemplo, do alcoolismo, da droga, do cigarro, e assim por diante. Frequentemente esse caminho também é percorrido por empresas e instituições que vão perdendo credibilidade, mercado e clientes. Entretanto sair daquela prática habitual parece ser impossível.
Pois este é o ponto forte que a Palavra de Deus neste domingo apresenta para a meditação. A Palavra é um convite a coragem de abandonar as seguranças e aquilo que sempre foi feito, do modo como sempre foi feito e arriscar-se a metas mais ousadas. Para isso algumas pessoas servem de inspiração no conjunto das três leituras.

O profeta Jeremias é modelo daqueles dispostos a dar a sua vida para que a Palavra de Deus fosse ouvida no mundo. Ele percebeu como o Reino de Judá estava decaindo e diante desta realidade não duvidou que deveria convidar o povo e os governantes para uma mudança de rumo. Isso não foi aceito, o resultado não poderia ser outro: os amigos do rei decidem dar um fim em Jeremias e o jogam no fundo de um poço, a fim de que morra afundando-se na lama. Por sorte aparece um estrangeiro que pede a salvação do profeta e o retira daquele lugar imundo.

A carta aos Hebreus, que é a segunda leitura, apresentou nos últimos domingos uma relação de pessoas que venceram por causa da sua fé e deixaram uma história de vencedores apesar das dificuldades que encontraram. No texto de hoje reafirma: “Rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé.”.  A figura de Jesus e do cristão autêntico pode ser comparado a um atleta de olímpiadas, empenhar-se de maneira decidida e vontade de vencer, para que isso seja possível será necessário deixar de lado algumas das práticas que já estavam enraizadas no seu cotidiano.

No Evangelho Jesus usa da simbologia do fogo e afirma que sua missão é de trazê-lo à terra. Ele está falando aos discípulos enquanto caminha para Jerusalém, aonde sabe que irá enfrentar as autoridades do templo que lhe condenarão a morte. Apesar desta certeza ele afirma sem medo que desejaria que tudo já tivesse acontecido. Ele tem certeza que sua Palavra e sua vida irão desestabilizar muitos costumes já arraigados na sociedade de Israel, apesar disso, assim como Jeremias, Jesus também não se intimida e garante que por causa destas mudanças haverá também muita divisão, até mesmo dentro das famílias.


A pergunta que pode ser para cada cristão é a seguinte: o fogo purificador e transformador que Jesus trouxe já transformou a minha vida? Já tive a coragem de renunciar muitas das minhas verdades abrindo-me ao novo e ao diferente. A Palavra de Deus é um convite para repetir com o salmista deste domingo: Socorrei-me, ó Senhor, vinde logo em meu auxílio! 

sábado, 6 de agosto de 2016

HOMILIA PARA O DIA 07 DE AGOSTO DE 2016

VENHA SENHOR, SOBRE NÓS, A VOSSA GRAÇA

Quem pode assistir ontem a noite a abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro, certamente se convenceu que o Brasil é um país de gente capaz para muito mais do que tudo o denigre a nossa imagem e maltrata o nosso povo. Por outro lado, para que o evento fosse possível foram necessários nove meses de preparação intensa, determinação, coragem, desprendimento e um aparato de segurança que envolveu 85 mil profissionais da área. Este fato permite fazer uma relação muito direta com as leituras que se proclama na liturgia deste domingo.
O livro da sabedoria, na primeira leitura começa assim: “A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem firmes. Ela foi esperada por teu povo
como salvação para os justos”.
E são estes que proclamam como se faz no salmo deste domingo: No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos”.
Todos os profissionais envolvidos nas olímpiadas podem encontrar sua inspiração na pessoa de Abraão de quem a carta aos Hebreus fala: “Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia”.
Na sequência, nada mais claro do que o convite que Jesus faz no evangelho: “'Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino”. Porém é claro que simultâneo a não ter medo é preciso também agir com a prudência que ele mesmo indica em cada uma das três parábolas que compõe o evangelho de hoje: “Fiquem de prontidão e com os rins cingidos; Felizes aqueles que o Senhor encontrar vigilantes; A quem muito foi dado muito será pedido”.
Eis que a Palavra de Deus ensina a todos neste domingo a ter determinação, coragem, firmeza, desprendimento; o que aliás não faltou aos profissionais envolvidos nas Olimpíadas; de modo que cada um possa dar a sua contribuição na construção de uma sociedade preocupada em oferecer e acumular tesouros onde “o ladrão não rouba a traça não rói e o cupim não destrói”.

Que a oração, a Palavra e a Eucaristia ajudem a todos. 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Homilia para o dia 24 de julho de 2016

PERDOA-NOS COMO NÓS TAMBÉM PERDOAMOS

A Igreja e o coração das pessoas estão repletos de santos de sua devoção. Cada um guarda aquele que se apresenta como o mais próximo nas suas necessidades. Santo Agostinho, que foi um grande pecador antes de se converter, disse: "É mais fácil Deus esquecer a sua ira do que esquecer a misericórdia”.

É de misericórdia que fala a primeira leitura e o evangelho deste domingo. De uma forma até poética Abraão vai dialogando com Deus sobre a possibilidade do perdão. O pecado das cidades de Sodoma e Gomorra tinha se tornado tão evidente que já não era mais possível não perceber. E Deus estava decidido tomar uma atitude. Mas Abraão faz o meio de campo e como se diria numa linguagem bem mineira “foi comendo pela beirada”, ou “fez trabalho de formiguinha” e acabou por ganhar o coração de Deus.

Esta vitória merece o canto entoado pelo salmista: “Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, porque ouvistes as palavras dos meus lábios! Perante os vossos anjos vou cantar-vos e ante o vosso templo vou prostrar-me. Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, porque fizestes muito mais que prometestes; naquele dia em que gritei, vós me escutastes e aumentastes o vigor da minha alma”. 

Esse mesmo Deus é aquele que São Paulo anuncia aos colossenses: “Ora, vós estáveis mortos por causa dos vossos pecados, até que Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados”.

É ele que Jesus ensina chamar de Pai e recomenda: “pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá”.


Obviamente que a contra partida é também esperada de cada pessoa que se declara filho do mesmo Pai. Reunidos na assembleia de oração os cristãos estabelecem uma “roda de conversa” que precisa terminar numa ação concreta: “perdoa-nos como nós também perdoamos”

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Homilia para o dia 09 de julho de 2016

MISERICORDIOSOS COMO O PAI

Esta semana entrou em vigor no Brasil a lei que obriga andar com a luz baixa também durante o dia. Ainda nesta semana o presidente em exercício retirou a urgência na tramitação de um projeto que prevê a criminalização da corrupção. Estes dois fatos fizeram parte das manchetes de jornais, das rodas de conversa, das manifestações a favor e contrárias aos dois casos. De uma coisa é certa: O Brasil já tem muitas leis, falta mesmo levar a sério o que está previsto e legislado.
Na comunidade de Jesus também não faltavam regras, leis, normas, proibições e etc. Ao longo de toda a formação do povo de Israel foram sendo estabelecidas regras sobre regras, algumas muito severas e pouco produtivas.
Na primeira leitura deste domingo, Moisés propõe ao seu povo uma única regra: Ouve a voz do Senhor teu Deus. Converte-te para o Senhor teu Deus
com todo o teu coração e com toda a tua alma”.
De Moisés até Jesus as coisas mudaram muito em Israel.
No Evangelho é um entendido em leis que tenta colocar Jesus em saia justa lhe fazendo uma pergunta: “que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Jesus não foge da resposta, nem tampouco atende o desejo do mestre da lei. Antes, devolve-lhe a pergunta: O que está escrito na Lei de Moisés”.
O mestre se faz de pouco entendedor e reformula a pergunta: “quem é o meu próximo” E agora Jesus faz a comparação com o homem que precisa ser ajudado e desafia o interlocutor “Vá Você e faça a mesma coisa”.
Jesus, a quem São Paulo na segunda leitura chama de “Imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” continua desafiando cada pessoa nestes tempos com uma palavra muito simples: “Ser próximo significa ser capaz de agir com misericórdia para com o outro”.
Então, muito mais do que conhecer as leis, o momento é de colocar em prática o jeito de ser de Deus e fazer o que se reza na missa: “Dai a todos os que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno deste nome...”

Que a oração comum encha todos e cada um de coragem e compaixão para reconhecer o próximo que precisa de ajuda, mais do que do próximo que precisa de leis, regras e normas. 

sábado, 2 de julho de 2016

IGUAIS EM DIGNIDADE


Diversos fatos ajudam melhor entender a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo em que a Igreja recorda São Pedro e São Paulo. Uma das situações diz respeito a intolerância religiosa e ao martírio de muitos, sobretudo, no oriente médio. Sobre a situação daqueles que são mortos por intolerância religiosa perseguidos por grupos extremistas o Papa Francisco chama “Martírio com luvas Brancas”.

No Brasil, diante da crise ética e política que o país está enfrentando também é possível perceber como a incapacidade para aceitar as diferenças tem levado pessoas e grupos a intolerância e incapacidade para o diálogo. Sobre isso o secretário geral da CNBB afirmou em recente entrevista: “Aceitar quem pensa diferente, nos leva a uma maturação maior. Sem isso nós não cresceremos, não teremos um Brasil melhor"

O País está vivendo e se preparando para o maior evento esportivo do mundo, com a realização das olímpiadas no Rio de Janeiro. A passagem da tocha olímpica em diversas cidades e regiões, momento no qual milhares de pessoas se mobilizam e correm para ver o símbolo do evento, leva a compreender "Que temos um compromisso com o mundo, com tantas delegações, de proporcionarmos boas olimpíadas"

No tempo de Pedro e Paulo situações desta natureza também existiam. A história conta como Pedro e Paulo foram torturados e martirizados exatamente porque pensavam diferentes e com seu modo de vida testemunhavam outra forma de ver e compreender o mundo e as pessoas. Na segunda leitura Paulo, diante da eminência da sua execução compara a sua vida como uma maratona: “Combati o bom combate terminei a minha corrida, guardei a fé, só me resta a coroa da Justiça que o Senhor me dará, não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa”. 

A missão que Jesus confiou a Pedro, se estende a cada pessoa e a todas as comunidades cristãs: Construir uma Igreja firme e forte, capaz de dialogar com diferente, acolher e perdoar com misericórdia e caridade. 

Eis que as comunidades se reúnem para celebrar a misericórdia de Deus e pedem que o Espírito Santo ajude a todos a viver de maneira que o ensinamento dos apóstolos, a fração do pão, o amor dos primeiros cristãos, faça de todos um só coração e uma só alma.


Que cada cristão seja no seu ambiente de trabalho e de vida um exemplo de coragem, de compreensão e diálogo superando medos e preconceitos. 

quinta-feira, 23 de junho de 2016

JESUS TOMOU A FIRME DECISÃO!

Tomar decisões na vida costuma ser uma das maiores dores de cabeça que uma pessoa enfrenta na vida. Sobre decisões e oportunidades, costuma-se usar um provérbio popular que diz mais ou menos assim: “A oportunidade é como um cavalo encilhado que só passa uma vez na vida”.  E se isto é verdadeiro há que se aprender a tomar decisões e ter a coragem de assumir as consequências das escolhas que se faz. Já quando uma pessoa desiste de algum projeto se diz que “pendurou a chuteira” ou que “jogou a toalha.

No livro dos Reis, cujo texto é proclamado neste domingo, o profeta Elias faz um gesto inusitado para provocar uma tomada de decisão do jovem Eliseu. Sentindo-se enviado por Deus o profeta percebe que é hora de “pendurar a chuteira” e sai à procura de um seu sucessor. O convite para ocupar o seu lugar não é feito com nenhum discurso nem pratica de convencimento. Vendo o jovem Eliseu, que não é um sujeito incapaz para nada, pelo contrário, está arando a terra com 12 juntas de bois, o profeta lhe oferece o manto, isto é, lhe oferece uma outra oportunidade, a qual Eliseu não tem medo de aceitar. Não só aceita seguir, como oferece os bois em sacrifício como sinal da sua adesão e da sua coragem para encarar um novo modelo de vida.

Aos Gálatas, São Paulo vai repetir o que já vem falando em outras ocasiões: O centro de toda a vida é a pessoa de Jesus Cristo, com sua morte e ressurreição. E hoje Paulo afirma: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”, portanto deixem-se conduzir pelo Espírito de Cristo.

E qual é o Espírito de Cristo senão aquele que ele mesmo dá a conhecer no Evangelho: “Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém”.  Neste caminho não faltam dificuldades, provações e provocações, mas Jesus faz exatamente o que disse a Pedro no domingo passado: “quem quiser ganhar a sua vida vai perde-la, mas quem perder a sua vida por causa do Evangelho, este a salvará”.  Hoje ele faz um diálogo com outras pessoas e as interpela dizendo “o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”, e exatamente por isso nada lhe prende, nem mesmo uma moradia estável.

Também os cristãos destes tempos vivem a mesma condição de Eliseu, da comunidade de são Paulo e dos seguidores de Jesus. Trata-se de compreender quais são os verdadeiros laços que prendem e que libertam e quando é hora de tomar decisões, como quem “põe a mão no arado e não olha para traz”.


Seguir Jesus Cristo com as causas que ele também defendeu exige a coragem e a determinação que ele mesmo ensinou. Permitam-me concluir dizendo que carregar a cruz de cada implica compreender o que disse um compositor gaúcho em uma de suas canções: “Olha, guri, lá o povo é diferente e certamente faltará o que tens aqui. Eu só te peço, não esqueças de tua gente. De vez em quando, manda uma carta, guri.  Se vais embora, por favor não te detenhas. Sigas em frente e não olhes para trás”

sábado, 18 de junho de 2016

REFLETINDO A PALAVRA NO DOMINGO 19 DE JUNHO DE 2016

TODOS SÃO UM EM CRISTO JESUS

Nesta semana o Papa Francisco abriu um congresso em Roma e no discurso inicial afirmou: “É a fé que nos impele a não cansarmos de buscar a presença de Deus nas mudanças da história”. O papa tem clareza que o mundo e as situação das pessoas no mundo vai sofrendo transformações que nem sempre são bem entendidas por todos.
Isso também acontecia com as pessoas cuja história está relatada nas páginas da Sagrada Escritura e que a comunidade cristã ouve cada vez que se reúne na assembleia de oração. Para este domingo a liturgia prevê um texto do profeta Zacarias, a continuação da carta de São Paulo aos Gálatas, e um texto do Evangelho de Lucas.
No antigo testamento o profeta faz um anúncio da ação de Deus dizendo: “Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim”. Essa promessa é um sinal da misericórdia de Deus a todos os que aí vivem independente da sua condição, sejam eles bons, perfeitos, pecadores, não importa. O que conta é que Deus está presente no meio deles, como disse o Papa, nas mudanças da História.
A mesma certeza tem São Paulo falando aos moradores da Galácia. O apóstolo afirma que na morte e ressurreição de Jesus foram sepultadas definitivamente todas as diferenças e que por conta disso cada pessoa é convidada a exercer o amor e a solidariedade de modo que Deus e sua misericórdia possam ser reconhecidos e experimentados por todos.
No evangelho, Jesus desafia os discípulos a afirmar sua fé na pessoa dele e no mistério que envolve sua missão no mundo. Ele não recusa o título de Messias de Deus, mas ao mesmo tempo aponta as consequências desta condição: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.”

Como lição para a vivência desta palavra permanece um claro convite: Nada de se apegar às próprias verdades e certezas. Nada de se considerar melhor e mais perfeito que os demais. Pelo contrário, ontem como hoje cada pessoa é chamada a continuar renunciando-se a si mesmo tomando sua cruz e seguindo. Neste contexto tem ainda mais sentido rezar o Salmo deste domingo: “Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A minh'alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja. Como terra sedenta e sem água, venho, assim, contemplar-vos no templo, para ver vossa glória e poder. Vosso amor vale mais do que a vida: e por isso meus lábios vos louvam”.  Agindo deste modo será mais fácil enxergar Deus presente no cotidiano da história e das pessoas, como recorda Francisco. 

sábado, 11 de junho de 2016

REFLETINDO A PALAVRA DE DEUS NO DIA 12 DE JUNHO DE 2016

EXULTEM DE ALEGRIA NO SENHOR...

Conta-se uma historieta que pode ser muito interessante para entender a Palavra de Deus deste domingo.  Diz a historieta que “certa mulher observava com frequência quando sua vizinha estendia os lençóis no varal e comentava com sua funcionária: Nossa veja como a vizinha estende roupas sujas no seu varal. Acho que você deve ir falar com a ela e se prontificar a ensiná-la a lavar as roupas, ou pelo menos oferecer-lhe o sabão que você usa em nossa casa, onde nossas roupas estão sempre limpinhas. Este comentário se repetiu diversas vezes, até que um certo dia a mulher com um misto de surpresa chamou a funcionária dizendo – Você ensinou nossa vizinha lavar as roupas? Veja como estão brancas e brilhantes! A bondosa servente respondeu; não senhora, eu apenas limpei os vidros de nossa janela”.
Pois, “limpar os vidros da própria janela” é o que se pode compreender da Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo: Nos versículos que antecede a primeira leitura de hoje, o profeta Natã pede uma opinião a Davi sobre a punição que deveria ser aplicada a quem faz o mal a outra pessoa. O Rei, sem dificuldade, garante que deveria ser aplicado um duro castigo. Então o profeta lhe diz; pois bem este sujeito é Você. Tens todas as facilidades e possibilidades ao seu alcance e para possuir a mulher do outro mandaste matar um dos teus colaboradores. Davi assustado reconhece seu pecado e arrependido pede perdão. Obvio que a misericórdia de Deus se realiza e o profeta conclui: “'De sua parte, o Senhor perdoou o teu pecado...”
No evangelho a situação é muito semelhante, o Fariseu, que se considerava justo, perfeito e melhor que todos os outros, convida Jesus para uma refeição em casa. Dispensa todas as gentilezas que habitualmente se fazia para um convidado ilustre. Surpreendido pela presença da “pecadora pública” faz um juízo de valor sobre a pessoa de Jesus e sobre a mulher, cujos pecados são conhecidos por todos na cidade.
Sabiamente Jesus lhe conta a história dos devedores ajudando o Fariseu compreender a misericórdia de Deus e ao mesmo tempo o seu próprio pecado.  Declarando à mulher: “Teus pecados estão perdoados” Jesus quebra os paradigmas de justiça daquela sociedade habituada a excluir e condenar. Então Jesus continua: “Sua fé lhe salvou. Vá em paz! ”.
Esta é também a lição que São Paulo dá aos Gálatas na segunda leitura: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e por mim se entregou. Eu não desprezo a graça de Deus”.
Os cristãos que se reúnem para fazer memória de Cristo e da misericórdia do Pai que ele revelou são convidados a ter as mesmas atitudes de Davi e do Fariseu do Evangelho, isto é, reconhecer o próprio pecado e rezar com o Salmista: Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor 
não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade

À guisa de conclusão se pode dizer que a Palavra de Deus convida cada pessoa a “lavar a própria janela antes de enxergar a roupa suja na casa do vizinho reconhecendo a misericórdia de Deus que limpa as janelas da sua cassa”. 

sexta-feira, 3 de junho de 2016

HOMILIA PARA O DIA 05 DE JUNHO 2016

LEVANTE-E ANDA...

Nesta semana um horário nobre da televisão brasileira começou com esta frase: “A notícia que abre a edição desta quinta-feira (2) é daquelas que dá gosto de ouvir. É uma notícia boa. E como não é todo dia que surge uma chance de contar uma história como essa, a gente até lembrou de recuperar, no fundo de algum armário, uma vinheta que não aparece há muito tempo por aqui”.

Tal como esta notícia pode ser compreendida a Palavra de Deus deste domingo. Seja na primeira leitura, seja no evangelho são contados dois fatos que se realizaram num contexto de sofrimento, de exclusão social e de sentimento de abandono. É importante entender que tanto na época do profeta, quanto no tempo de Jesus a viuvez era considerada um castigo de Deus e a mulher viúva não recebia nenhum tipo de ajuda de quem quer que fosse. Somente poderia contar com a ajuda dos filhos que lhe eram a única herança.

As duas desiludidas podem experimentar a misericórdia de Deus que age em favor daqueles que já não tem mais a quem recorrer. Elias e Jesus, em tempos e locais diferentes e por distintas maneiras garantem que Deus seja reconhecido. A viúva de Sarepta proclama: “Vejo que és um homem de Deus”. A multidão em Naim proclama: “Deus veio visitar o seu povo”.

Tal como a manchete da semana a ressurreição dos dois jovens é uma Boa Notícia.  Jesus se dá a conhecer como o enviado de Deus, sua missão pode ser resumida nas três palavras que o Papa Francisco deu aos padres nesta semana: “procurar, incluir e alegrar-se”. Claro que serve aos padres, mas serve também para todos que se reconhecem como São Paulo, seguidores do mandamento de Jesus.

Que a Eucaristia e reunião de irmãos ajude também a todos nestes tempos difíceis que rondam o nosso país: “a exemplo de Cristo ter olhos para ver as necessidades e sofrimentos de todos e faça que se realize palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos. 

sexta-feira, 27 de maio de 2016

HOMILIA PARA O 9º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 29 DE MAIO DE 2016

É NECESSÁRIO ABRIR, PORTAS E CORAÇÕES


Em 2013, quando Jorge Bergoglio foi eleito Papa, no seu primeiro discurso ao mundo, fez uma brincadeira que cativou a todos, disse ele: “Nós nos reunimos para eleger um novo Papa e parece que meus irmãos cardeais foram busca-lo quase no fim do mundo”. Depois desta declaração fez diversas outras falas sobre a necessidade de abrir portas e de acolher as pessoas que pensam diferente ou que tem professam outra fé e até nem mesmo acreditam na Igreja. Numa de suas homilias na Casa Santa Marta, onde ele mora, declarou: “É necessário não engaiolar o Espírito Santo, ele é soberano. Na Igreja precisamos de mais pessoas que exerçam o ministério de “Abrir portas”.
Abrir portas é umas das importantes lições que se pode tirar da Palavra de Deus proclamada neste 9º domingo do tempo comum. O Texto do livro dos Reis a oração de Salomão é mais do que clara: Salomão rezou no Templo, dizendo: Senhor, pode acontecer que até um estrangeiro que não pertence a teu povo, Israel, escute falar de teu grande nome, de tua mão poderosa e do poder de teu braço.
Se, por esse motivo, ele vier de uma terra distante, para rezar neste templo, Senhor, escuta então do céu onde moras e atende a todos os pedidos desse estrangeiro, para que todos os povos da terra conheçam o teu nome e o respeitem”.
Muito mais tarde, é São Paulo quem anuncia a boa notícia com uma certeza que serve também para a atualidade, isto é, nada de se preocupar em agradar a quem quer seja a não ser cumprir a vontade de Jesus Cristo. Vontade esta que foi manifestada por Ele de muitos modos e em diversas ocasiões. No texto do Evangelho de hoje, mais uma vez Jesus está abrindo portas.
Atendendo ao pedido do oficial romano, que não era judeu, nem professava a religião dos judeus Jesus mostra aos que o seguiam a importância de não discriminar ninguém, nem tampouco excluir quem quer que seja, pelo contrário declara sua admiração dizendo: “Nem mesmo em Israel encontrei alguém com tanta fé”.
Estas palavras são mais do que claras e vem de encontro com o convite do Papa Francisco: Na Igreja precisamos de mais pessoas que exerçam o ministério de - Abrir portas”.
Não sem razão a igreja inteira também canta como se faz hoje no Salmo:Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o! Pois comprovado é seu amor para conosco, para sempre ele é fiel”.
           




quarta-feira, 25 de maio de 2016

A PALAVRA SE FEZ CARNÊ - CORPO E SANGUE DE CRISTO

TODOS COMERAM E FICARAM SATISFEITO

Há algum tempo em um desses programas de reportagem extraordinárias que as redes de TV veiculam com regularidade,  chamava atenção para um diálogo estabelecido entre um viajante e um comerciante de uma grande cidade neste imenso Brasil. O diálogo tem tudo a ver com o texto do Evangelho que se proclama no dia da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Dizia a reportagem que o viajante estranhou ao entrar na cidade não vendo mais crianças pedindo esmolas nos estacionamentos, jovens fazendo malabarismos nos semáforos das esquinas, pessoas vendendo água, suco, doces e etc. nas filas que se formavam ao longo da rodovia. Ao abordar o primeiro dos seus clientes o viajante perguntou: “Onde foram parar os pobres desta cidade que não os vejo em nenhuma parte?”  A resposta imediata foi: “Nós somos cristãos, estamos seguindo o evangelho e damos de comer a todos os necessitados” O homem estranhou e perguntou, “Mas quanto vocês investem para alimentar tantas pessoas durante tanto tempo?” “Nenhum centavo” respondeu o cliente e concluiu: “Nossas crianças estão na escola o dia inteiro, os jovens que faziam malabarismos nos semáforos foram contratados para o trabalho, os que vendiam `nas margens da rodovia estão cuidando dos jardins e da limpeza dos pátios das escolas e assim todos podemos viver em paz”.
A provocação do texto de Lucas desafiando os discípulos a não mandar embora ninguém com fome  é apenas mais uma que Jesus fez aos seus conterrâneos propondo dar de comer a quem tem fome e eliminar a pobreza e as diferenças sociais.
Ontem como hoje, certamente não se trata de uma atitude simples como dar esmola e comida para a solução da pobreza e das desigualdades sociais. Trata-se sim de mudanças estruturais na sociedade e para que elas aconteçam precisam do empenho de todos.
Jesus continua no Evangelho dizendo: “mandem o povo se organizar em grupos de cinquenta”. Esta frase aponta para mais uma possível ação para os tempos modernos, em lugar de dar comida, garantir organização e participação de todos naquilo que é uma necessidade e direito de todos.
São João Crisóstomo, conhecido como o santo “Boca de ouro” apelido que recebeu por causa de suas sábias palavras disse uma frase que pode ser muito bem aplicada à adoração a Eucaristia que se faz na solenidade do Corpo de Cristo, disse o santo: “Queres honrar o corpo de Cristo com vestes de seda e taças de ouro, fazes bem! Mas não esqueça que o mesmo Jesus que disse Isto é meu Corpo e Isto é meu Sangue foi o que falou: Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos foi a mim que fizestes. Portanto, vai primeiro dar de comer a quem tem e vestir quem está nu e com aquilo que sobra faça as honras a corpo de Cristo”.
Que a celebração litúrgica deste dia seja a oração da Igreja para converter os corações de todos em favor de uma vida mais humana, digna e justa para todos em todos os lugares.


sábado, 21 de maio de 2016

PALAVRA MEDITADA NO DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

UNIDADE NA CARIDADE


A turbulência econômica, política, social e moral que o Brasil está vivenciando nos últimos tempos tem inúmeras respostas e explicações. Cada cientista político, analista econômico, palpiteiro de plantão tem uma opinião para justificar os escândalos que se tornam públicos a cada dia. Tudo o que se fala tem seu fundo de verdade, mas não resta dúvida que uma coisa é absolutamente certa: Entre todos os envolvidos em tudo o que está acontecendo não aparece uma condição simples e absoluta: Deixar-se guiar pela verdade.
Os discípulos de Jesus viveram noutro contexto situações muito semelhantes. O Evangelho de deste domingo faz parte dos chamados “discursos de despedida” e Jesus lhes adverte e promete uma solução ou pelo menos uma maneira diferente de encarar o mundo e os problemas que seus seguidores ainda não compreendiam: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-lhes, mas não são capazes de compreender agora. Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele lhes conduzirá à plena verdade”.
No discurso de hoje não é primeira vez que Jesus fala da relação dele com o Pai e da caridade que os une. Nesta passagem, porém, ele reforça que o Espírito Santo veio com uma tarefa muito específica: Glorificar a comunhão e a unidade que existe entre o Pai e o Filho.
A experiência de comunhão entre as três pessoas faz entender que essa atitude pode garantir obras muito maiores do que aquelas que os discípulos viram Jesus realizar.
A comunhão da Trindade não é outra coisa senão aquilo que a primeira leitura chama de Sabedoria que está antes e acima de toda e qualquer realização, conforme diz o livro dos provérbios: “O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”
Por isso mesmo e sem medo todos rezam com o Salmo: “Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!”. Só quem se deixa guiar pelo Espírito de Deus é capaz de viver na verdade e na unidade, pode ter  certeza que nenhuma tribulação, angústia, perseguição, ou outra qualquer provação  é maior do que a graça e a esperança que não decepciona.

Como igreja reunida também os cristãos do terceiro milênio podem compreender a misericórdia de Deus revelada na Unidade da Trindade e deixando-se guiar por ela vencer todos os medos e trabalhar pela construção da fraternidade e da verdade em todos os lugares. 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS NO DIA DA ASCENÇÃO DO SENHOR

ELEVADO AOS CÉUS À VISTA DE TODOS

Em uma de suas declarações recentes o Papa Francisco disse: “Não consigo imaginar um cristão que não saiba sorrir” e concluiu: “Procuremos dar um testemunho alegre de nossa fé”. Tem ainda um antigo provérbio popular que diz assim: “Um santo triste é um triste santo”.

Estas duas expressões são suficientes para ajudar entender a última frase do Evangelho deste domingo quando fala da atitude dos discípulos depois que Jesus subiu aos céus: Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus” A esta altura dos acontecimentos os amigos de Jesus já estavam suficientemente esclarecidos sobre o que tinha acontecido e como seria a vida deles depois que Jesus não estava mais com eles.

As três leituras deste domingo apenas reforçam a certeza para todos os que creem no Cristo, e o reconhecem como Senhor e guia. A estes não é permitido ficar “Olhando para o céu” pois uma vez que compreendem a palavra de Jesus que disse: “O Consolador que lhes enviarei, também ensinará todas as coisas”. Daí é que ficam também claras as palavras da Paulo aos Efésios e que podem ser aplicadas a cada cristão da atualidade: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a  esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos”

Ser um alegre discípulo de Jesus não é a mesma coisa que ser um “bobo alegre”, mas alguém capaz de compreender que anunciar Jesus e suas propostas implica aceitar também a cruz sem deixar de assumir com alegria os desafios que a vida apresenta.


Acreditar em Jesus presente e ao mesmo tempo sentado a direita de Deus, conforme se reza no credo, implica compreender o que se reza no salmo: “Deus reina sobre todas as nações, está sentado no seu trono glorioso”.