sexta-feira, 13 de abril de 2018

HOMILIA PARA O DIA 15 DE ABRIL DE 2018


RECONCILIADOS E EM PAZ COM TODOS

Enxergar o pecado, os erros, os sofrimentos, as dificuldades e tudo o que se constitui problema para as pessoas e para a sociedade é uma das coisas mais fáceis e mais habituais nas comunidades, nas famílias, nas instituições e na própria Igreja. Entre os cristãos é muito frequente enxergar o cisco no olho do outro, e pior que isso, como diz o Papa Francisco: “Me dói muito comprovar como nas comunidades cristãs se cria oportunidade para o ódio, divisão calúnia, difamação, fofoca, ciúme e até perseguições”
A Palavra de Deus neste domingo é um convite a fazer sério exame de consciência sobre as atitudes pessoais e comunitárias naquilo que se refere a dar testemunho de Jesus e da fé que se acredita. O texto dos Atos do Apóstolos responsabiliza a comunidade inteira, mesmo aqueles que nem conheceram Jesus, mas deixa claro que o pecado de alguns acaba sendo “pecado de todos” na medida em que traz consequências para muitos ao longo do tempo. Mas o mesmo texto é contundente ao dizer: “E agora, meus irmãos, eu sei que vós agistes por ignorância, assim como vossos chefes. Deus, porém, cumpriu desse modo o que havia anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer. Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que vossos pecados sejam perdoados”. Isso significa que Deus está disposto a recuperar a dignidade perdida e as consequências do pecado desde que os erros passados tenham servido de lição para aqueles que não participaram do pecado de outrora e que estejam dispostos a construir uma nova forma de viver e fazer as coisas.
E João afirma na segunda leitura: “Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”.
O Evangelho narra o reencontro dos discípulos de Emaús com o grupo dos onze. Não se trata de uma crise de fanatismo e loucura, mas de um estilo de vida que a ressurreição de Jesus inspira em todos eles. Acreditar na ressurreição de Jesus implica em compreender que apesar da experiência do pecado e da tristeza que se está sujeito diariamente, o perdão e a graça de Deus são forças poderosas que não deixam sucumbir aqueles que acreditam.
Em resumo, acreditar na graça de Deus e na ressurreição de Jesus implica ser responsável e ser construtor de esperança para que o mundo e as relações entre as pessoas sejam pautadas pela alegre surpresa do bem em lugar de ver erros e pecados alheios, colaborar para que eles sejam evitados e que as pessoas experimentem a reconciliação que se dá pela cooperação e pela solidariedade entre todos.

quinta-feira, 5 de abril de 2018


SOLIDARIEDADE E RESPEITO COM AQUELES QUE ESTÃO EM DIFICULDADE

Nestes dias Itajaí é a sede da maior competição esportiva no mar. Velejadores de diversas partes do mundo fazem sua escala e período de reabastecimento para depois continuar sua viagem. Nesta etapa alguns são vitoriosos, noutra etapa podem ser outros. Todos chegam contando suas façanhas positivas e seus desafios, para nenhum deles o outro competidor deixa de ser importante e a quem se possa dispensar solidariedade e ajuda e estímulo.
Pois é uma lição semelhante que se pode tirar da Palavra de Deus neste domingo. Na certeza da ressurreição de Jesus as primeiras comunidades não se iludiram com o sucesso da vitória. Pelo contrário trouxeram sempre presente os desafios que enfrentaram para garantir o resultado que provaram com a ressurreição e a nova vida que Jesus garantiu a todos. Isso não significa que não tivessem a percepção que o futuro continuaria a ser desafiador para as comunidades que se formavam inspiradas nos acontecimentos daquele primeiro dia da semana.
Na leitura dos Apóstolos eles estão bem conscientes da sua missão e da exigência do seu testemunho para que muitos acreditem naquilo que querem anunciar. As pessoas passaram a estimar as comunidades que se formavam não por causa de suas doutrinas, mas por causa da fraternidade e da seriedade na administração daquilo que pertencia a todos.
Na segunda leitura João convida todos a se desafiar na realização do bem e na superação de todas as violências e perigos que o mundo oferece. Acreditar em Jesus e na sua vitória implica na capacidade de envidar todos os esforços para ser também vencedor de tudo aquilo que estraga e diminui a fraternidade e a cooperação humanas.
Os relatos das aparições de Jesus não se limitam a narrativas de fatos ocorridos num passado distante, mas fazem a comunidade reviver a memória do seu Senhor. Jesus ressuscitado não é o vitorioso e livre das dores da morte e da cruz. Mostrando as mãos e o lado fica evidente que sua vitória não está separada do seu sacrifício. O Evangelho ensina que não se pode separar a euforia pascal do calvário da sexta feira da paixão.
Como os discípulos que reconheceram Jesus, também os cristãos da atualidade são desafiados a dar de forma gratuita e generosa o testemunho de quem viu Jesus. Os Tomes da atualidade são os excluídos de nossas comunidades e que não reconhecem naqueles que estão dentro das igrejas e dos grupos de oração um testemunho que seja fidedigno. Chagados, sofredores, violentados, excluídos os Tomés contemporâneos esperam dos cristãos a atitude de quem é Sal da Terra e Luz do Mundo.


quinta-feira, 22 de março de 2018

HOMILIA PARA O DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR


DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR
BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR

Que a violência existe na sociedade e é muito mais presente do que se imagina é um fato inegável. Que muitas vezes os meios de comunicação são os principais responsáveis pelo aumento ou manutenção de situações de violência também é fácil de perceber. A maneira como a imprensa e as redes sociais fazem chegar ao conhecimento das pessoas as notícias, os fatos e os boatos é uma violência escancarada. Muitos relatos ganham contornos dramáticos que não são entendidos apenas como uma narrativa, mas como um evento que se repete por meio da informação.
Os dois evangelhos deste domingo “são relatos inegavelmente fundamentado em acontecimentos concretos, não é uma simples reportagem jornalística da condenação à morte de um inocente; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a apresentar Jesus como o Filho de Deus que aceita cumprir o projeto do Pai, mesmo quando esse projeto passa por um destino de cruz”.
A fala de Isaias, foi desde muito cedo entendida pelos cristãos como se o profeta estivesse falando sobre Jesus, o mesmo que a carta aos filipenses descreve como uma pessoa que soube muito bem colocar-se no seu lugar.
O ensinamento da Palavra de Deus para este domingo de Ramos e da Paixão do Senhor pode ser resumido em poucas palavras: colocar a vida a serviço das pessoas pode parecer um caminho para fracassados. Entretanto, está mais do que claro que para que acreditar em Deus e na sua Palavra é uma condição que “garante a todos que o caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, conduz à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena”. Os cristãos são desafiados a serem Palavra Viva de Deus capaz de chegar ao coração de todos.

quinta-feira, 1 de março de 2018

HOMILIA PARA O DIA 04 DE MARÇO DE 2018


O VERDADEIRO LUGAR PARA CULTUAR AO PAI

Uma das preocupações na liturgia da Igreja reside no cuidado com o espaço sagrado. São muitas as normas e rubricas litúrgicas sobre o cuidado com o templo e os demais espaços e objetos reservados para o culto. Ao mesmo tempo a Igreja nunca descuidou do primeiro e mais extraordinário espaço da morada e do encontro entre Deus Pai e o mundo. Trata-se do templo que é a própria pessoa humana. O cuidado que a criatura humana merece está descrito desde o início da criação quando Deus pede que seja reservado um dia para o descanso, como ele mesmo fez. Já no tempo de Jesus encontramos mais explicitamente no evangelho da Samaritana, quando ela pergunta sobre o local onde se deve adorar a Deus. A resposta de Jesus é precisa: “os verdadeiros adoradores fazem em espírito e verdade”. No texto de hoje ele se irrita com as autoridades do Jerusalém que transformaram o Templo num lugar de exploração da pessoa e da dignidade das pessoas.
No livro do Êxodo não precisa maior clareza: Eu sou o Senhor teu Deus que te salvou de muitas armadilhas e enrascadas, portanto faça você a mesma coisa com o seu semelhante, pois  “Vocês são todos irmãos”.
São Paulo é categórico com a afirmação: “nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, esse Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus”. Esse é o verdadeiro Templo por quem damos glórias a Deus.
Claro está que o mais santo e melhor templo onde mora e no qual pode-se encontrar  Deus é a pessoa humana, como se vê a explicação do evangelho: “Jesus estava falando do Templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele”.
Nesta quaresma vamos pedir que o Senhor livre a todos do perigo de se transformar em mercadores do templo, em pessoas que utilizam os outros para levar vantagem, promover o lucro e diminuir a qualidade de vida das pessoas.
Que as comunidades sejam espaço onde todos se sintam irmãos acolhidos e que as lideranças saibam escutar todos os sofrimentos, afinal de contas ser leigo na Igreja é ser Sal da terra e luz do mundo.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 25 DE FEVEREIRO DE 2018

CARREGAR A CRUZ DOS NOSSOS TEMPOS

A onda de violência e ataques que foram noticiados nesta semana em algumas cidades catarinenses são abomináveis e inaceitáveis. Mas não se pode negar, ou fechar os olhos para as formas de violência menos escancarada e não menos perigosa que está presente em todos os lugares. Dentre as muitas formas de violência nem sempre percebidas, uma delas aparece travestida na política partidária de interesses mesquinhos e eleitoreiros de muitos parlamentares nos diversos níveis da administração. As reformas na estrutura do governo que beneficiam o lucro, o mercado, o dinheiro e não as pessoas são tanto ou mais perigosas que aquelas noticiadas e divulgadas em larga escala pelos meios de comunicação social.
Esta situação coloca nos lábios de todos o que se reza no salmo deste domingo: “É demais o sofrimento em minha vida! É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos”. Mais do que nunca é preciso reconhecer o que São Paulo escreve aos Romanos: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”, uma vez que acreditamos:Jesus Cristo, que morreu,
mais ainda, que ressuscitou, e está, à direita de Deus, intercedendo por nós”.
Estas afirmações do salmo e da leitura ajudam a compreender o que os discípulos tiveram dificuldade quando, na montanha, lhes foi dado conhecer a glória de Jesus que antes, porém, passaria pela cruz e pelo sofrimento. A explicação que Jesus dá para o episódio da transfiguração precisa ser compreendida na atualidade como sendo missão de todos carregar a cruz dos nossos dos nossos tempos: “Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer 'ressuscitar dos mortos”.
Vivenciar a transfiguração de Jesus nos dias de hoje é um desafio para não permanecer na montanha das falsas seguranças, pelo contrário, é um convite para superar toda forma de violência que desfigura as pessoas fazendo-as vítimas do pecado e da violência sutil que paira a nossa porta e nos faz cegos diante da realidade.
Seria mais cômodo repetir as palavras de Pedro: “É bom ficarmos aqui...” porém, carregar a cruz dos nossos tempos implica não compactuar diante da violência que se institucionaliza e que impede de construir uma sociedade fraterna.

É em relação a estes temas que cada cristão é convidado a oração, a penitência, ao jejum e a abstinência.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 18 DE FEVEREIRO DE 2018

ABRE O OLHO...


Estamos nos primeiros dias de mais uma quaresma, período de preparação recheado de alegria para quem quer ir caminhando ao encontro da Páscoa de Jesus que pode ser a páscoa de Todos. Há 54 anos a Igreja no Brasil valoriza o tempo da quaresma apontando alguma situação que exige conversão de toda a sociedade para que um determinado pecado deixe de existir ou, pelo menos, diminua nas suas proporções e consequências. Neste ano o Convite da Campanha da Fraternidade vai na direção da superação da violência e faz isso por uma razão muito simples: “Vocês são todos irmãos”.
Quando a Igreja aponta a violência como um problema não foge da violência escancarada pelos meios de comunicação social e pelos programas policiais veiculados, sobre tudo pela TV aberta. A Igreja fala de uma violência sutil e não menos danosa do que aquela que é objeto de notícia. Pense na violência praticada nas redes sociais disseminando o preconceito, a intolerância, o ódio de classe, de gênero, de política e até religiosa.
O Papa Francisco na mensagem que enviou ao mundo para a abertura da quaresma escreveu: Gostaria que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando a todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar juntos e, juntamente conosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos”.
Não é outro convite que a Palavra de Deus enfoca neste domingo. A aliança de Deus com seu povo não é outra coisa senão o desejo de ver que a vida será preservada para sempre sobre a face da terra, para que isso aconteça a palavra de Jesus é categórica: O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho! ” Pelo batismo os cristãos entram de novo na arca na expectativa de serem salvos e terem um encontro pessoal com Deus.

Que esta quaresma seja para cada pessoa a oportunidade que Francisco sugere na sua mensagem: Oportunidade para derreter o gelo que paralisa os corações. 

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 04 DE FEVEREIRO DE 2018 - 5º DO TEMPO COMUM - ANO B

É PRECISO CORAGEM PARA IR ALÉM

O Stress da vida moderna, as decepções e desilusões tão comuns no cotidiano das pessoas, muito frequentemente é causa de depressão e não raro de suicídio e perca do sentido da vida. Para muitas pessoas falta vibração e entusiasmo diante dos problemas e desafios do cotidiano. É quase este o sentimento que Jó manifesta da primeira leitura quando afirma: “Não é acaso uma luta a vida de uma pessoa? Seus dias não são como dias de um mercenário? Meus dias correm mais rápido que a lançadeira de uma máquina de tear e se consomem sem esperança”. Todo o livro de Jó é uma busca de respostas para o sofrimento e para reconhecer a presença de Deus nas situações adversas. Só no final do livro de Jó ele chega a conclusão: “Deus não está na causa do sofrimento, mas ao lado de quem sofre”.
Paulo conta de uma maneira poética como foi o seu encontro com a pessoa de Jesus e deixa bem claro como ele se apaixonou pelo projeto que tinha por objetivo libertar todas as pessoas, e para isso ele também afirma a liberdade da sua escolha: “Assim livre em relação a todos, em me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Fiz me tudo para com todos a fim de ganhar alguns a qualquer custo”.
Jesus, presente na casa de Pedro e em outras casas também usa da sua liberdade para garantir que outras pessoas também sejam libertas, tenham sua dignidade recuperada e sejam reconhecidas como gente para a comunidade que antes as mantinham afastadas e excluídas. Ele também não se conforma com o sucesso alcançado com algumas pessoas e apenas em alguns lugares. Diante da indagação de Pedro: “Todos estão te procurando”. Jesus não tem dificuldade de responder com o desafio: “Vamos para outros lugares e aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi par isso que eu vim”.

Ser seguidor de Jesus nos tempos modernos é ir ao encontro das pessoas que se encontram desiludidas, decepcionadas, deprimidas, excluídas, marginalizadas. Acolher a todos e integrá-los na comunidade é tarefa de cada pessoa que tem oportunidade de repetir a atitude de São Paulo: “Fiz-me tudo para com todos”. É isso que se reza no final da missa deste domingo: “Fazei-nos viver de tal modo unidos a Cristo, que tenhamos a alegria de produzir muitos frutos para a salvação do mundo”. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 28 DE JANEIRO DE 2018 - ANO B

ENSINAR COM O CORAÇÃO

O desconsolo do povo brasileiro com as autoridades constituídas nos últimos tempos, resultado do mau exemplo e do contratestemunho que dão no exercício das atividades de governo tem levado o Brasil inteiro a se sentir traído, envergonhado e até com repulsa daqueles que exercem todo tipo de responsabilidade pública. Situação semelhante vivia o povo de Israel e desde muito tempo esperava pela ação de Deus que modificasse sua condição sofrida e humilhada.
No livro do Deuteronômio Moisés anuncia o desejo de Deus de enviar um profeta que fale a partir do coração de Deus, ou seja, não alguém que fale palavras vazias e leis inócuas. Essa afirmação vai se concretizar muito tempo depois na pessoa e no ensinamento de Jesus.
São Paulo, aos coríntios, dá continuidade ao ensinamento do último domingo e faz um pedido claro e objetivo: É importante ocupar nossa vida e tudo o que se faz em coisas que valham a pena. Nada de ficar se preocupando e perdendo tempo com miudezas e coisas pequenas. O Reino de Deus e o sentido da vida vão muito além do que as realidades terrestres que são passageiras e só ganham importância quando realizadas na perspectiva de eternidade.
Jesus confirma exatamente o que o Moisés havia dito lá no Antigo Testamento. Ele fala com o coração e por isso tem sua autoridade reconhecida em grau muito superior do que os ensinamentos dos fariseus e entendidos em leis da sua época.
A palavra de Jesus vence todas as forças que diminuem e estragam a vida das pessoas e a sua dignidade. A ação de Jesus liberta e aponta para um tipo de combate que não se limita a leis e normas. Neste sentido os bispos do Brasil apontam o caminho da Igreja dedicando um ano especial ao serviço dos leigos na Igreja e no mundo. A Igreja com todos os seus membros são chamados a ser “Sal da terra e luz do mundo”, em outras palavras a ensinar com o coração.
A oração que se faz depois da comunhão reforça esse pedido: “Que o alimento recebido ajude todos a progredir na verdadeira fé”. Que os cristãos aprendam pela oração e pela palavra não se deixar enganar pelos discursos bonitos e não percam a indignação diante daqueles que governam e ensinam sem autoridade.


quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JANEIRO DE 2018 - 3º DO TEMPO COMUM

É IMPORTANTE FRUTIFICAR EM BOAS OBRAS...

Se tem uma coisa que deixa a todos intrigados é a falta de paixão, de garra, de entusiasmo pelas causas e pela própria vida. É comum ficar incomodado quando uma pessoa, grupo, organização ou sociedade não vibra por alguma causa e não persegue algum ideal.
É sobre garra, paixão, determinação que tratam as leituras da Palavra de Deus para este domingo.  O texto de Jonas, apresenta um grupo de estrangeiros que viviam em proximidade com os israelitas recém voltados do exílio. Deus, por meio do profeta, faz um apelo aos ninivitas para uma mudança de vida. A cidade entende o apelo e sem pestanejar decide tomar uma atitude da qual ninguém ficou excluído: “Os ninivitas, creram na mensagem de Jonas e proclamaram um Jejum e todos vestiram-se de sacos do maior ao menor...” A contrapartida não poderia ser outra: “Deus perdoou a todos”.
São Paulo faz um apelo aos coríntios. Não fiquem apegados às coisas deste mundo. Tudo isso passará. Em resumo: Tomem uma atitude, vivam com garra, com paixão, com determinação cada momento e cada situação.
Por sua vez o Evangelho apresenta Jesus pregando nas vizinhanças do mar da Galileia. E não faz um discurso qualquer e vazio de sentido para aquele povo. “Completou-se o tempo, o reino de Deus está próximo... Acreditem no Evangelho”. E sua pregação se completa com o chamado dos primeiros discípulos os quais não fazem nenhuma resistência para tomar a decisão: “No mesmo instante deixaram as redes e o seguiram”. Isto é, nenhum deles fez corpo mole em relação as propostas que Jesus lhes apresentava.
As três leituras são uma oportunidade para fazer as comunidades cristãs da atualidade se perguntar em que medida as ações que são realizadas servem para fazer os demais se converterem e acreditarem na boa nova? Em que medida se faz acolhimento e se garante a perseverança dos que chegam e daqueles que já estão nas comunidades?

Que a Eucaristia, a Palavra e a oração de todos reforce a certeza de que o Reino de Deus presente no mundo precisa ser mostrado com maior clareza pelo testemunho de todos os que se declaram crentes no mesmo Pai e criador de todas as coisas. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 14 DE JANEIRO DE 2018 - 2º DO TEMPO COMUM

SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

Não é raro quando uma pessoa não sabe discernir ou tomar decisões sobre sua vida que se use a expressão: “fulano parece uma barata tonta”. O Filósofo Sêneca falou sobre esse assunto com o provérbio: “Para o barco que não sabe o porto onde quer atracar, qualquer vento é favorável”.  Pois é sobre decisão e capacidade para dar rumo na vida que tratam as leituras deste domingo.
Samuel, jovem ainda, é chamado por Deus e tem dificuldade de reconhecer a voz e o chamado que lhe é feito. Depois de algumas alternativas, ouve o conselho que lhe é dado com a força da experiência. “Então disse Eli a Samuel: “Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: ‘Senhor, fala, que teu servo escuta!.  E Samuel voltou ao seu lugar para dormir. O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: “Samuel! Samuel!” E ele respondeu: “Fala, que teu servo escuta”.
São Paulo é taxativo alertando os coríntios: “Porventura ignorais que vossos corpos são membros de Cristo? Quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito. De fato, fostes comprados, e por preço muito alto. Então, glorificai a Deus com o vosso corpo”.
Os discípulos de João Batista, reconhecendo Jesus, pelo testemunho do seu mestre, não se contentam e vê-lo, querem saber mais sobre ele. “Mestre onde moras?” E Jesus os desafia a mudar seu referencial: “venham e vejam”.
Sem medo de errar, pode ser aplicada a Palavra de Deus deste domingo a todas as pessoas de boa vontade. Não se trata simplesmente de fazer uma aceitação romântica da pessoa de Jesus. Chamá-lo de mestre consiste em ir ver onde ele mora. Ele não se esconde, pelo contrário, se faz conhecer no meio das pessoas e nas necessidades de todos.
Ser cristão é uma exigência que pode se traduzir na expressão do Evangelho: “Ser sal da terra e luz do mundo”. A prática daqueles que aceitam Jesus precisa ser uma vida de comprometimento com todas as causas que promovem e dignificam as pessoas e todos os lugares e em todas as relações.

Rezar e ouvir a Palavra, partilhar a Eucaristia e se comprometer praticando a caridade e a solidariedade com todos. 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JANEIRO DE 2018 - ANO B

PROCURO MEU IRMÃO...


A solenidade da Manifestação do Senhor, encerra as festividades natalinas e o tempo litúrgico do Natal. Os magos que saíram a procura do verdadeiro Astro, procuravam alguém que lhes fosse semelhante e que pudesse lhes ajudar a encontrar caminhos para as muitas dificuldades que a sociedade daquele tempo exigia de todos os que ocupavam tarefas de direção e responsabilidade.
Encontrar Jesus, continua sendo um desafio para a sociedade contemporânea, reconhecer o verdadeiro Astro que ilumina todas as pessoas, todos os caminhos e todas as decisões não é uma tarefa fácil na sociedade atual marcada por muitos e grandes desafios no que diz respeito à valorização e humanização das relações pessoais e sociais.
O profeta Isaias fala da luz que deverá brilhar para todos e pede aos seus conterrâneos que reconheçam seus irmãos e seus filhos que chegam de todas as partes e cada um deles é uma réstea da luz de Deus que se levanta e brilha para todos.
São Paulo, como é comum nas suas cartas, faz um esclarecimento aos efésios procurando ajuda-los ver que todas as pessoas, independente da sua condição, procedência e origem são igualmente participantes e herdeiros de todas as promessas e de todas as vantagens que o Cristo garantiu com a doação de sua vida.
No evangelho, cada pessoa vê Jesus de acordo com a sua condição na relação com os outros. Assim os magos procuram um menino, que eles chamam de rei e identificam como o Astro de todos os povos, luz que brilha para mostrar o caminho a todos que desejam reconhece-la. Já Herodes se sente ameaçado porque o novo rei pode ser alguém mais justo e humano em todas as suas decisões. E para Deus o menino não é outra coisa senão a atitude de tornar-se pequeno e esconder sua condição divina na natureza humana.
Mais do que em outros tempos é importante também que os cristãos e todas as pessoas de boa vontade enxerguem os sinais dos tempos e cultivem o comprometimento com a construção de uma sociedade justa e solidária.
As pessoas que procuram seu irmão na atualidade são desafiadas e serem “Sal da Terra e Luz do mundo” de maneira que aconteça também na atualidade o que se reza no salmo deste domingo: “Nos seus dias a justiça florirá e grande paz, até que a luz perca o brilho”. Ninguém deixara de elevar o louvor àquele que libertará o sofredor que suplica e todos aqueles que muitas vezes são anônimos excluídos das benesses que a sociedade contemporânea privilegia e coloca ao alcance de poucos.

A Eucaristia, a oração e a Palavra são a nova estrela que conduz a todos para o encontro com o irmão e com Jesus. 

sábado, 30 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA A FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA - 31/12/2017

FAZER O BEM SEM OLHAR A QUEM...

Não parece difícil de compreender como a sociedade é excludente e cultiva atitudes que nada ajudam na construção de um mundo mais acolhedor e humanizado. Com facilidade é possível ver em muitos lugares depósitos de “sucatas”. São móveis, automóveis, bens duráveis que foram considerados inservíveis e deixados à margem das estradas, nos depósitos a céu aberto, jogados às margens de rios. Todos eles, obviamente, nada trazem de benefício para a sociedade. E embora se tenha consciência desta realidade a prática do descarte continuar sendo uma constante em todos os lugares.
A Igreja celebra neste primeiro domingo depois do natal a festa da Sagrada Família neste contexto a Palavra de Deus e o ensinamento da Igreja são preciosa ajuda para perceber como muitas vezes tratamos as pessoas com a mesma dureza e frieza como se faz com os bens jogados nos depósitos como se fossem inservíveis.
O livro do Eclesiástico é claro no seu ensinamento: “Deus honra o pai nos filhos... por isso, ...Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida, a caridade feita a teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação”.
São Paulo pede aos colossenses: “revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais. Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem”
A atitude de acolhimento relatada no evangelho, tanto pela pessoa de Simeão, quanto da profetiza Ana são gestos indispensáveis para quem quer compreender o valor da vida e respeitar as pessoas na condição em que elas se encontram.
O Papa Francisco, em seu documento Alegria do Amor faz um apelo e pede que todos indistintamente tenham a prática da acolhida e do respeito. O Papa afirma: “Mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas em algum sofrimento, é importante acolher e mostrar que o ideal pleno é aquele em que Deus mesmo enxugará todas as lágrimas e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto nem dor...”
O desafio para todos na celebração da Sagrada Família é reconhecer que nas relações humanas não pode ter lugar e oportunidade para o descarte e que ninguém, independente da condição em que se encontra deva ser considerada inservível e desprezada.

Que o Evangelho nos converta e nos mostre o verdadeiro caminho. 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA DE NATAL 2017 - ANO B

A PALAVRA TEM ROSTO

O Papa Bento XVI definiu a expressão: “A Palavra se fez carnê e habitou entre nós” dizendo que a Palavra se tornou tão pequena a ponto de caber numa manjedoura. E na manjedoura a Palavra ganhou um rosto, pelo qual todos podem conhecer a Deus.
O mistério de conhecer o rosto de Deus é o resumo das três leituras da celebração do Natal. Como diz o poema de Fernando Pessoa: “Ele é a eterna criança, o Deus que faltava”.
Dois mil anos depois como pode ser revelado o rosto de Deus se não por meio das atitudes de cada pessoa com quem se convive e se partilha a vida. O rosto de Deus se manifesta de novo cada vez que se procura ter sensibilidade humana; cada vez que no seu trabalho e nas suas relações a pessoa prolonga a atitude misericordiosa de Deus.
Deus continua se fazer presente nas manjedouras do mundo quando no mais simples dos trabalhos e na mais difícil das tarefas há um empenho em promover a vida e diminuir o sofrimento das pessoas.
Quando uma pessoa não se deixa iludir por promessas e pela soberba de ocupar um lugar de destaque, ou uma posição importante nas relações sociais. A Palavra de Deus continua se tornando o rosto de Deus e faz eco no mundo quando não se deixa desperdiçar nenhuma oportunidade para fazer o bem.

O Natal é a oportunidade para se recordar de uma frase que foi dita por Santo Agostinho: “Não basta fazer o bem, é preciso fazer bem feito”. Vamos pedir a graça de ser todos os dias reconhecidos como manjedoura na qual as pessoas possam ver o rosto de Deus refletido em tudo o que fazemos. 

HOMILIA PARA O QUARTO DOMINGO DO ADVENTO - 24 DE DEZEMBRO DE 2017 - ANO B

FAZER-SE MORADA DE DEUS 
É O SONHO DE TODOS

Ser reconhecido por algum trabalho realizado, receber um elogio pelo cumprimento de alguma tarefa. Agradecer e ser agradecido são atitudes extraordinárias que tanto transformam a vida das pessoas como das sociedades. Antoine de Saint Exupery, autor do livro O pequeno príncipe fala sobre a responsabilidade e diz: “peço-te que vivas mais daquilo que dás do que daquilo que recebes”. E de fato esta atitude é extraordinária e faz um bem enorme quando levada a sério. Pois foi isso que Maria tão bem soube fazer, e fez isso à luz do exemplo de muitos homens e mulheres que viveram no seu tempo confiados à graça de Deus.

Confusa com a visita e saudação do anjo, ela dá uma resposta que modificou a história da humanidade: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra”. Está claro para todos que esta resposta não foi um momento apenas, mas teve implicações para o resto da vida e que ela muito bem soube administrar e renovar sua decisão de fazer sempre a vontade de Deus.

Davi, que foi um rei poderoso e muito sábio imaginava que poderia governar até o futuro de Deus sobre a terra. Decidido a construir um templo para servir de morada, recebe uma resposta que lhe causou embaraço, Deus manda o profeta lhe fazer uma recordação que o rei não tinha se dado conta: “Fui eu que te tirei do pastoreio, do meio das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel. Estive contigo em toda a parte por onde andaste, e exterminei diante de ti todos os teus inimigos, fazendo o teu nome tão célebre como o dos homens mais famosos da terra. Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado”.

São Paulo recorda aos romanos que Jesus Cristo é a grande e extraordinária maneira que Deus encontrou para ser fazer reconhecido e amado e pede que sejam capazes de uma atitude muito simples, mas decidida: Tenham fidelidade ao evangelho que receberam.

Não resta dúvida que as orientações dadas ao Rei Davi, serviram de baliza para resposta de Maria e para sua fidelidade a vida toda. Por sua vez o seu exemplo era também um indicativo paras os primeiros seguidores de Cristo e naturalmente continua sendo útil para toda a sociedade contemporânea.


Todos indistintamente são chamados a dar seu sim a Deus e a ser portadores do Cristo que se acredita, para todos e para todos os lugares. Para isso pede-se de cada um a mesma atitude que foi pedida aos romanos: Fidelidade!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 17 DE DEZEMBRO DE 2017

ALEGRIA REVESTIDA DE REALIDADE


A expectativa de chegada das férias e festas de Natal e final de ano sem sombra de dúvida são oportunidade de intensa alegria. Alegria é também o sentimento de uma mãe grávida quando se aproxima o tempo de dar a luz. É claro que nas duas situações é uma alegria misturada com apreensão e cuidado. As férias e festas de natal, se não forem bem planejadas podem comprometer o orçamento do ano inteiro. O momento do parto é sempre de apreensão e uma certa angústia que exige cuidados particulares.
É isso que se reza na liturgia deste terceiro domingo do advento: “Dai que possamos chegar as alegrias da salvação e celebrar repletos de júbilo”. Este sentimento é o que o profeta Isaias tenta incutir no seu povo que está retomando a vida depois de ter voltado para a sua pátria. “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor”.
Os longos nove meses de gestação que toda mãe experimenta são repletos de momentos extraordinários como o que aconteceu com Maria e que a fez cantar de alegria e de medo: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”.
Não sem razão São Paulo pede aos Tessalonicenses: “Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo”.
E João Batista desmonta curiosidade dos enviados das autoridades de Israel: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”.

Eis que cada pessoa e as comunidades inteiras reunindo-se para rezar, não fazem isso para fugir dos compromissos e desafios do mundo. Pelo contrário, todos rezam juntos para abastecer-se e se encher de coragem e entusiasmo para iluminar o mundo mais do que com palavras com o testemunho de serviço alegre e de amor comprometido com as pessoas e com tudo o que promove a vida com dignidade e alegria. 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2017 - 2º DO ADVENTO

CAMINHAR SEM PERDER A ESPERANÇA

Se dedicássemos um tempo para fazer uma retrospectiva dos noticiários de 2017, certamente não iríamos passar um dia se quer sem encontrar uma notícia sobre corrupção, ladroagem, instabilidade política e econômica. Neste segundo domingo do advento nos reunimos para rezar e a primeira oração que o padre faz na missa diz assim: “Nós vos pedimos que sejamos instruídos pela vossa sabedoria” e a última oração vai reforça o pedido: “Que a participação na Eucaristia nos ensine a julgar com sabedoria tudo o que existe na terra e a colocar nossas esperanças nas coisas do céu”.
Não fugir das coisas da terra e colocar a esperança nas coisas do céu é também o ensinamento da Palavra de Deus. O profeta Isaias fala para o povo às vésperas da libertação da escravidão que tinha sido submetido na Babilônia e para estes ele diz: Falai ao coração de Jerusalém Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus. Nivelem-se todos os vales, rebaixem-se todos os montes e colinas; endireite-se o que é torto e alisem-se as asperezas: Eis o vosso Deus, eis que o Senhor Deus vem. Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães”.
No salmo a liturgia repete o que o povo do Antigo Testamento fez numa mesma oração: Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei”. Pedro, na segunda leitura faz uma advertência: Uma coisa vós não podeis desconhecer, caríssimos: para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia. O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como pensam alguns, achando que demora. Ele está usando de paciência para convosco. Pois não deseja que alguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham a converter-se”. Fique claro que se trata de uma advertência no sentido da vigilância e não de uma ameaça para colocar medo e pânico nas pessoas.

No evangelho João Batista mostra um novo jeito de mostrar o que Deus está presente no mundo: Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”. A insistência da Palavra de Deus pode ser compreendida como um desafio para todos: Enxergar a presença de Deus no mundo e realizar a mudança que essa presença implica depende de cada pessoa. Obviamente que para isso é preciso uma mudança no modo de pensar e de agir. A vida vai muito além de todo o comércio e de toda as festividades que o consumismo mercantilista oferece. Que a água do batismo conforte e renove nosso coração e nosso modo de ver e viver no mundo.

sábado, 2 de dezembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 03 DE DEZEMBRO DE 2017 - 1º DO ADVENTO ANO B

SEJAMOS TESTEMUNHAS DA CARIDADE

Os dias de dezembro são tempo derradeiro para o encerramento do ano e organização de atividades e agendas para 2018 e na liturgia da Igreja é o mês dedicado à preparação do Natal e com o tempo do advento se inicia um novo ano litúrgico. Estes dois fatos permitem fazer uma relação entre diversas verdades. Ao longo do tempo não faltaram guerras, perseguições, sofrimentos, vitórias, alegrias, surpresas. No Brasil vive-se um tempo de crise moral, política e econômica que pode ser descrita como vergonhosa, ao mesmo tempo não faltam pessoas e situações que testemunham com sua vida a presença de Deus no meio do mundo. É isso que se reza na liturgia deste primeiro domingo do advento: “Acolhamos, a fé, testemunhemos na caridade, esperamos a feliz realização do seu reino”.
Na primeira leitura, o profeta Isaias fala a partir do íntimo dos seus conterrâneos. A crise experimentada pelo povo de Israel os leva a reconhecer sua fragilidade mesmo sabendo que existe um único Deus verdadeiro:  “Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações. Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! se rompesses os céus e descesses” e ao mesmo tempo afirma: “Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos”.
Na mesma intensidade a Igreja inteira reza ainda hoje com o salmista: “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes”.
Por sua vez a recomendação que São Paulo faz aos coríntios é perfeitamente aplicável a todas as pessoas na atualidade: “Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível”.
E o que significa ser irrepreensível, senão levar a sério a recomendação de Jesus: “Vigiai”. Isto significa dizer não se deixem envolver pelas artimanhas que o mundo oferece, não se deixe envolver pela corrupção e imoralidade que grassa a sociedade. Vigiai, pode ser dito em outras palavras: “Sejam sal da terra e luz do mundo”, se tiver que lutar por alguma coisa que seja “correr ao encontro do Senhor” que se faz reconhecer em cada pessoa humana em todas as relações do cotidiano.

Que a Palavra e a Eucaristia fortaleçam a oração da Igreja. 

sábado, 25 de novembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 26 DE NOVEMBRO DE 2017

REUNIDOS DIANTE DELE

Nestes dias o mundo está sensibilizado com as notícias do desaparecimento de um submarino argentino. Diversas nações colocaram seus recursos tecnológicos a disposição para ajudar nas buscas. Ao mesmo tempo não faltam observações sobre o número de desastres no mar nos últimos tempos sofridos por embarcações daqueles país o que mostra também que alguma coisa não está bem clara no que se referte ao cuidado e manutenção destes equipamentos. Situação semelhante foi experimentada pelos brasileiros, com repercussão no mundo todo, o fato ocorrido a exatamente um ano com a delegação da chapecoense. Ora, mas o que isso tem a ver com a Palavra de Deus proclamada neste domingo de Cristo Rei? Pois bem, vejamos!
No último domingo do ano litúrgico a Igreja celebra o Senhorio de Cristo Rei do Universo e no Brasil o foco desta celebração é a vocação e missão dos leigos e leigas na Igreja cuja tarefa fundamental é ser no mundo sinal de Jesus Cristo e, portanto, chamado a agir para transformar o mundo.
O convite é feito pelo profeta Ezequiel na primeira leitura, situação na qual todos são chamados a agir como Deus: “Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta deles. Vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte”.
A ação de Deus está mais do que clara na oração do Salmo: “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma”. E São Paulo conforta os coríntios com uma palavra de esperança afirmando que Cristo trouxe a salvação e a vida que todos desejam e que o ser humano tinha perdido pela fraqueza e o pecado de Adão. Aos cristãos dos tempos modernos resta uma atitude: ser semente de justiça, de partilha, de solidariedade, de cuidado e de responsabilidade com a vida das pessoas e de todas as criaturas.

E Jesus que se declara “o Filho do Homem que virá na glória” se faz reconhecer naqueles que mais necessitam de cuidado, proteção e respeito. Jesus apresenta no evangelho uma condição sem a qual é impossível participar do Reino de Deus: “Tudo o que você fizer ao menor dos meus irmãos é a mim que você fará”. 

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 19 DE NOVEMBRO DE 2017.

SERVO BOM E FIEL

 Dia mundial dos pobres.

No oeste de Santa Catarina, as famílias mais tradicionais são normalmente numerosas sendo comum usar os dedos das mãos para dizer que cada filho é diferente. E de um jeito jocoso se qualifica aquele filho que costuma causar problema e preocupação para os pais com a expressão: “Em toda casa tem um filho que serve para nada”. Esse fato pode ilustrar e ajudar a compreender a parábola do evangelho deste domingo bem como as outras duas leituras e o salmo.
O texto dos Provérbios aponta as qualidades de uma mulher, as quais podem ser resumidas numa expressão: Pessoa de coragem! Alguém que não tem medo de enfrentar as agruras que a vida oferece a fim de garantir a qualidade e a dignidade de todos os que dela se aproximam: “Mulher prudente, mulher bendita, busca a vontade de Deus qual tesouro na vida”.
São Paulo tranquiliza os Tessalonicenses insistindo que não fiquem de braços cruzados, que não alimentem uma esperança vazia, mas que que sejam esperançosos, ou seja, alguém que faça a sua parte, que lute com todas as forças para que se realize aquilo que do ponto de vista da esperança é apenas um sonho: Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios”.
Por isso mesmo a Igreja sugere a oração do salmo 127. Rezando este salmo a pessoa pode confiar que Deus está fazendo a sua parte na construção de uma sociedade justa, fraterna, humana e solidária. Mas garantir que tudo isso aconteça para todas as pessoas supõe que cada um faça produzir os seus dons e talentos: Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem”!
E nada é mais claro do que o acerto de contas do evangelho: Servo mau e preguiçoso, enquanto você ficou parado sem produzir ou fazer até o pouco que você julga possuir foi se perdendo. Dito em outras palavras, aquele que não põe seus dons e não faz produzir para uma vida melhor para todos não passa de alguém que afirma amar a Deus, mas nada faz de concreto para amar os irmãos.

É neste sentido que o Papa Francisco instituiu o “Dia mundial dos pobres” e pede que todos se sintam comprometidos com um mundo mais digno e bom para todos. A motivação do Santo Padre para este dia é objetiva: “Filhinhos, não amemos só com palavras, mas com ações e em verdade”.  Parafraseando poderia se afirmar: “Filhinhos não enterrem seus talentos”... “Filhinho não seja mais um daqueles que não serve para nada”. Que esta liturgia, a oração e a Eucaristia ensinem todos que os “pobres não são um problema: São uma maneira para acolher e viver o Evangelho”. 

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

HOMILIA PARA O DIA 12 DE NOVEMBRO DE 2017

ALEGRES E VIGILANTES

No domingo passado e neste domingo, mais de 6 milhões de jovens brasileiros experimentam momentos de tensão e expectativa com a realização do Exame Nacional do Ensino Médio. Os conteúdos, o tema da redação, o horário de fechamento dos portões, o trânsito para chegar ao local das provas. Tudo se constitui numa experiência de vigilância ao mesmo tempo de alegre expectativa. No Vaticano acontece o Simpósio Nuclear sobre o desarmamento nuclear. Sem dúvida estes fatos podem ser iluminados com a Palavra de Deus sugerida para este domingo na liturgia da Igreja.
O livro da Sabedoria revela numa linguagem emocionante a verdadeira expectativa que deve guiar as pessoas: “Meditar sobre a sabedoria é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela em breve há de viver despreocupado. Pois ela mesma sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos”.  E São Paulo convida aos tessalonicenses a se preocupar com uma única coisa: “Irmãos, não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Se Jesus morreu e ressuscitou - e esta é nossa fé - de modo semelhante Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Exortai-vos, pois, uns aos outros, com estas palavras”.
A história das virgens do Evangelho, não é outra coisa senão um convite para evitar as tensões e preocupações da última hora. Aquilo que se pede aos jovens que querem fazer o Exame Nacional do Ensino Médio, e ao mundo em relação ao desarmamento nuclear, espera-se que seja também a atitude de todas as pessoas em relação ao cuidado com a vida e com todas as situações que dizem respeito ao futuro da vida. Deixar que as lamparinas se apaguem por falta do azeite da esperança e do cuidado é um risco que todos correm quando todas as coisas parecem já estar no patamar de segurança.
Rezar numa única voz no dia do Senhor é um clamor que se eleva ao Pai pela comunhão entre todos como se reza no salmo: “Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A Minh ‘alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água! ”
Deus continua vindo ao encontro do mundo, como o noivo ao encontro da esposa, que ele não nos encontre despreparados e alheios às preocupações do cotidiano, como quem nada tem a ver com o mundo presente. Dentre as preocupações da atualidade o Papa Francisco tem apresentado sua angústia em relação ao armamento nuclear pelo mundo e pede que todos abasteçam suas lâmpadas procurando a paz e pelo uso dos bens da criação em favor do desenvolvimento e uma justa qualidade de vida para todos, indivíduos e povos, sem distinção”.
O momento exige estar com as lâmpadas acesas e não se acomodar com aquilo que já se sabe sobre o assunto, ou com as informações que a imprensa apresenta quase sempre tendenciosas e de acordo com interesses de uns ou de outros.