RECONCILIADOS
E EM PAZ COM TODOS
Enxergar
o pecado, os erros, os sofrimentos, as dificuldades e tudo o que se constitui
problema para as pessoas e para a sociedade é uma das coisas mais fáceis e mais
habituais nas comunidades, nas famílias, nas instituições e na própria Igreja.
Entre os cristãos é muito frequente enxergar o cisco no olho do outro, e pior
que isso, como diz o Papa Francisco: “Me dói muito comprovar como nas
comunidades cristãs se cria oportunidade para o ódio, divisão calúnia,
difamação, fofoca, ciúme e até perseguições”
A
Palavra de Deus neste domingo é um convite a fazer sério exame de consciência
sobre as atitudes pessoais e comunitárias naquilo que se refere a dar
testemunho de Jesus e da fé que se acredita. O texto dos Atos do Apóstolos
responsabiliza a comunidade inteira, mesmo aqueles que nem conheceram Jesus,
mas deixa claro que o pecado de alguns acaba sendo “pecado de todos” na medida
em que traz consequências para muitos ao longo do tempo. Mas o mesmo texto é
contundente ao dizer: “E agora, meus irmãos, eu sei que vós agistes por ignorância, assim
como vossos chefes. Deus, porém, cumpriu desse modo o que havia
anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer. Arrependei-vos,
portanto, e convertei-vos, para que vossos pecados sejam perdoados”.
Isso significa que Deus está disposto a recuperar a dignidade perdida e as
consequências do pecado desde que os erros passados tenham servido de lição
para aqueles que não participaram do pecado de outrora e que estejam dispostos
a construir uma nova forma de viver e fazer as coisas.
E João
afirma na segunda leitura: “Meus filhinhos, escrevo isto para que
não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus
Cristo, o Justo. Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é
plenamente realizado”.
O Evangelho
narra o reencontro dos discípulos de Emaús com o grupo dos onze. Não se trata
de uma crise de fanatismo e loucura, mas de um estilo de vida que a
ressurreição de Jesus inspira em todos eles. Acreditar na ressurreição de Jesus
implica em compreender que apesar da experiência do pecado e da tristeza que se
está sujeito diariamente, o perdão e a graça de Deus são forças poderosas que
não deixam sucumbir aqueles que acreditam.
Em resumo,
acreditar na graça de Deus e na ressurreição de Jesus implica ser responsável e
ser construtor de esperança para que o mundo e as relações entre as pessoas
sejam pautadas pela alegre surpresa do bem em lugar de ver erros e pecados
alheios, colaborar para que eles sejam evitados e que as pessoas experimentem a
reconciliação que se dá pela cooperação e pela solidariedade entre todos.