sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 25 DE FEVEREIRO DE 2018

CARREGAR A CRUZ DOS NOSSOS TEMPOS

A onda de violência e ataques que foram noticiados nesta semana em algumas cidades catarinenses são abomináveis e inaceitáveis. Mas não se pode negar, ou fechar os olhos para as formas de violência menos escancarada e não menos perigosa que está presente em todos os lugares. Dentre as muitas formas de violência nem sempre percebidas, uma delas aparece travestida na política partidária de interesses mesquinhos e eleitoreiros de muitos parlamentares nos diversos níveis da administração. As reformas na estrutura do governo que beneficiam o lucro, o mercado, o dinheiro e não as pessoas são tanto ou mais perigosas que aquelas noticiadas e divulgadas em larga escala pelos meios de comunicação social.
Esta situação coloca nos lábios de todos o que se reza no salmo deste domingo: “É demais o sofrimento em minha vida! É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos”. Mais do que nunca é preciso reconhecer o que São Paulo escreve aos Romanos: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”, uma vez que acreditamos:Jesus Cristo, que morreu,
mais ainda, que ressuscitou, e está, à direita de Deus, intercedendo por nós”.
Estas afirmações do salmo e da leitura ajudam a compreender o que os discípulos tiveram dificuldade quando, na montanha, lhes foi dado conhecer a glória de Jesus que antes, porém, passaria pela cruz e pelo sofrimento. A explicação que Jesus dá para o episódio da transfiguração precisa ser compreendida na atualidade como sendo missão de todos carregar a cruz dos nossos dos nossos tempos: “Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer 'ressuscitar dos mortos”.
Vivenciar a transfiguração de Jesus nos dias de hoje é um desafio para não permanecer na montanha das falsas seguranças, pelo contrário, é um convite para superar toda forma de violência que desfigura as pessoas fazendo-as vítimas do pecado e da violência sutil que paira a nossa porta e nos faz cegos diante da realidade.
Seria mais cômodo repetir as palavras de Pedro: “É bom ficarmos aqui...” porém, carregar a cruz dos nossos tempos implica não compactuar diante da violência que se institucionaliza e que impede de construir uma sociedade fraterna.

É em relação a estes temas que cada cristão é convidado a oração, a penitência, ao jejum e a abstinência.

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