sábado, 27 de julho de 2013

TODO AQUELE QUE PEDE, RECEBE...


O Brasil assiste atônito as surpreendentes manifestações de carinho, acolhida e humildade que vão sendo preconizadas pelo Papa Francisco no Rio de Janeiro.  O carisma do Papa que veio do fim do mundo está contagiando a todos. Suas atitudes são fundamentais para ajudar perceber o jeito de Deus. Longe de fazer acusações e usar da sua popularidade para fazer valer sua autoridade, o Papa continua chamando  a Igreja e a sociedade inteira para entrar num processo de conversão e de perdão. Neste Sentido o que se vê nesta semana tem total sintonia com a Palavra de Deus proclamada nas celebrações deste domingo.
No livro do Gênesis, o longo diálogo entre Abraão e Deus, ajuda  perceber como o Pai valoriza os seus filhos e aqueles que se esforçam para agir como tal. Em ordem decrescente Abraão pede que a misericórdia de Deus alcance a todos e ao final da conversa seus pedidos se confirmam: “Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar só mais uma vez: e se houvesse apenas dez?' E Deus respondeu:
'Por causa dos dez, não a destruiria”.
São Paulo confirma que o perdão de Deus foi garantido e estendido a todos na pessoa de Jesus Cristo: “Ora, vós estáveis mortos por causa dos vossos pecados, e vossos corpos não tinham  recebido a circuncisão, até que Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados”.
E Jesus no Evangelho ensina a rezar e agir. Ele não só faz como os outros mestres, mas mostra que a oração precisa vir acompanhada de gestos concretos e confirma que não há ninguém capaz de recusar uma boa ação diante de uma grande necessidade: “Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação”. E conclui com a parábola cuja mensagem central pode ser entendida nas seguintes palavras: “Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”.
Por isso mesmo a Igreja reunida em oração no Dia do Senhor reza com o Salmo: “Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, porque fizestes muito mais que prometestes; naquele dia em que gritei, vós me escutastes e aumentastes o vigor da minha alma”.

Diante disso ganham ainda mais forças as palavras e os gestos do Papa Francisco conclamando a valorizar as pessoas e a vida desde o lugar onde cada um está vivendo. Que a oração da Igreja, o testemunho de tantos e a Palavra de Deus encontrem eco na vida de cada pessoa e da sociedade como um todo fazendo perceber o amor revelado e vivido por Jesus Cristo nosso único Salvador.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

AMIZADE E FILOSOFIA


A indústria da cultura patrocinada pelo meios de comunicação social, encarregou-se de transformar datas já consagradas no imaginário popular como em ocasiões para valorizar o ser humano, sua história e suas relações em oportunidades de negócio, de lucro e e de consumo. Como se isso não fosse ainda suficiente para satisfazer a sua ânsia de ganhar, e desfrutar das boas e reais intenções de tantos que muitas vezes não conseguem fazer um juízo crítico daquilo que veem e ouvem, acabaram de criar o dia do homem. Por um lapso que causa estranheza, passou despercibido ao leão do consumo o dia do amigo, esta é uma das poucas datas ainda não infectadas pelo comercio, não obstante ter sua origem muito anterior ao fenômeno que se denomina indústria da cultura.
É verdade também que a cultura brasileira ainda não incorporou este momento como uma oportunidade para valorizar a pessoa daquele que se escolhe como confidente e muitas vezes conselheiro.
Aproveitando o vinte de julho e as considerações feitas pelo autor citado, nas fontes de referência, este artigo tem por objetivo ajudar a perceber as dimensões que a virtude da amizade alcança no pensamento dos filósofos de todos os tempos. A brevidade que o texto exige impede uma abordagem de maior consistência, razão pela qual se fara apenas breves considerações sobre cada um dos tópicos.
Embora nem sempre compreendida e vivida como tal a amizade pode ser entendida como a forma mais alta do amor e a base de todos os amores. Assim se lê na Sagrada Escritura no livro dos Provérbios: "Um amigo fiel é uma grande proteção: quem o encontrou descobriu um tesouro", e o mesmo livro ainda diz: "tenha muitos amigos, mas apenas para um deles abra seu coração",  ou seja, que apenas um seja seu confidente, aquele a quem você pode chorar suas lágrimas e em cujos ombros pode depositar suas cruzes.
Praticamente não há um filosofo na historia que tenha esquecido de falar sobre esta virtude de tamanha importância para a sobrevivência da espécie, como dirá mais tarde Martin Luther King: "Ou nos damos as mãos ou morremos todos como idiotas".
Para o filosofo Montagne construir laço de amizade com alguém implica compreender que a sociedade na qual seus cidadãos vivem como amigos é uma sociedade quase perfeita. Do ponto de vista das relações sociais a amizade torna possível alcançar os preceitos de igualdade e reciprocidade.
Pode-se servir da amizade como uma critica aos valores modernos, entre eles, como já se mencionou, a "cultura mercadoria" patrocinada pelo desejo de consumo. Segundo a visão do filósofo Frederic Nietzshe a amizade é superior a todos os demais sentimentos, afirma ele: "a Antiguidade viveu a amizade até o máximo e com energia a encarou de forma exaustiva, e a levou quase consigo para a sepultura".
Foi Plutarco quem tratou da amizade sob um ponto de vista muito atual, isto é, encarar como a possibilidade de levar vantagem. Na obra "como tirar proveito de seus amigos e da maneira de distinguir o bajulador do amigo," Plutarco reconhece o valor da franqueza como remédio contra todas as ciladas e afirma que a sinceridade sem rodeios é a maneira para conquistar a verdade. 

20 de julho  - Dia do Amigo
REFERENCIA

OLIVEIRA, Jelson. Sabedoria Pratica, Curitiba, Champagnat, 2012, p. 59 - 95.

sábado, 13 de julho de 2013

VÁ VOCÊ, E SEJA PRÓXIMO DO SEU IRMÃO!

15º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1ª Leitura - Deuteronômio 30,10-14; Salmo - 68,14.17.30-31.33-34.36ab.37 (R.cf.33);
 2ª Leitura - Colossences 1,15-20; Evangelho - Lucas 10,25-37.



Tudo o que tem acontecido no Brasil nos últimos dias foram situações únicas e que trazem inúmeras lições. Passada a Copa das Confederações o mundo agora continua voltado para a primeira visita do Papa Francisco ao país e a realização da Jornada Mundial da Juventude. De maneira um pouco fantasiosa se pode aplicar estes eventos à passagem de Jesus por Jerusalém e suas cidades vizinhas. Por onde Jesus passava se voltavam os olhares de todos.
Naquele tempo como agora, não faltam quem queira fazer provocações, tirar proveito, causar constrangimento, tentar colocar à prova as pessoas envolvidas nestas situações. Apesar disso o Papa Francisco anunciou que vai andar no Rio de Janeiro em carro aberto, abrindo mão do Papa Móvel blindado Ele quer estar mais próximo das pessoas.
Claro está que a realização destes eventos é  uma oportunidade para que cada pessoa se pergunte: O que devo fazer para ganhar o Reino de Deus. Perguntar e responder a si mesmo, tomar atitudes é o que o evangelho deste domingo sugere.
A pergunta que o entendido em leis fez para Jesus e a resposta que d’Ele recebeu é útil para cada pessoa e particularmente para cada cristão destes tempos: Não basta conhecer a lei, não basta praticas os mandamentos, não basta cumprir as leis da Igreja. É preciso agir. E Jesus dá ao seu interlocutor uma resposta que se aplica a todos: “Diante das necessidades e sofrimentos, seja Você também o próximo daquele que passa necessidades”.
Neste mundão de Deus as necessidades humanas são muitas, desde aqueles básicas como a falta de comer e vestir, até os cuidados nas relações com as pessoas, o cuidado com a saúde, com a educação e por aí a fora: “Vá Você e faça a mesma coisa”.
Como se percebe na primeira leitura do Livro do Deuteronômio. Na hora dos grandes sofrimentos, aí esta a oportunidade para procurar Deus. A Palavra ouvida também responde: “Nem está do outro lado do mar  para que possas alegar 'Quem atravessará o mar por nós para apanhá-lo? Quem no-lo ensinará para que o possamos cumprir? Ao contrário, esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir”.
E São Paulo, escreve aos Colocesses pra quem ele diz: “Jesus Cristo é a imagem de Deus que outrora estava invisível, ele é o primeiro de toda a criação, ele entregou sua vida para melhorar a vida de todos.

Por tanto, para quem reconhece Jesus como Salvador, tudo fica muito fácil: “Vá você e faça a mesma coisa que Jesus fez, isto é, seja próximo de todo aquele que necessita”. 

domingo, 7 de julho de 2013

EIS QUE A PAZ VAI ACONTECER...


Leituras do domingo: Isaias 66, 10-14; Salmo 65; Gálatas 6,14-18; Lucas 10,1-12. 17-20.

As manchetes de grandes e pequenos meios de comunicação, pelo mundo todo, e particularmente no Brasil, mostraram com abundância as manifestações que tomaram conta de ruas e praças em inúmeras cidades brasileiras.  Com motivos justos, com razões que  nem sempre foram compreendidas, com exageros e em diversos casos com vandalismo. Tudo isso mostra que o país vive  situação diferente  daquela que existiu a bem pouco tempo. Não é raro encontrar pessoas que experimentaram  no seu cotidiano a repressão dos tempos da ditadura, os altos índices de inflação,  o elevado número de desempregados, a saúde toda custeada pelos usuários, as escolas sucateadas e assim por diante. Eis que vivemos num outro tempo, ainda falta muito e as manifestações mostraram que é possível o país ser melhor e que basta mudar a vontade de alguns.
Ora, é isto exatamente o que se pode ver nas leituras deste domingo. Muito tempo antes de Cristo, o povo de Israel havia experimentado o exílio da Babilônia, lá provaram as durezas da vida e toda sorte de sofrimento. Voltando à sua pátria precisaram reconstruir tudo e, sobretudo, reconstruir a esperança. Na primeira leitura o profeta se encarrega de anunciar que Deus estará com eles: “Alegrai-vos com Jerusalém e exultai com ela todos vós que a amais;... 'Eis que farei correr para ela a paz como um rio... Como uma mãe que acaricia o filho,.. A mão do Senhor se manifestará em favor de seus servos”. Naturalmente que nada disso acontece sem a participação das pessoas que estão envolvidas e retomando suas casas, sua terra, sua vida e seus direitos.
São Paulo escrevendo aos Gálatas, como ouvimos na segunda leitura reafirma: “Trago em meu corpo as marcas de Jesus”. Ora, quais são estas marcas? O sofrimento, a perseguição, a crucificação e a morte. Mas são também as marcas da ressurreição e da vida nova e para todos os que compreenderem o que significa: “paz e misericórdia”.
Foi essa paz que Jesus mandou anunciar quando enviou os setenta e dois à sua frente: “Em qualquer casa em que entrarem, digam primeiro: `A paz esteja nesta casa! E o Reino de Deus está próximo”. O anúncio feito pelos discípulos provoca o surgimento de um novo tempo que foi inaugurado por Deus na pessoa de Jesus, mas que foi ao mesmo tempo compreendido pelas pessoas e pelas comunidades por onde passaram os enviados do Senhor.
Ontem como hoje, cada cristão precisa se sentir comprometido: “Por esta paz que a juventude tanto quer  Pela alegria que as crianças tem às mãos; Pelos que firmam na justiça os próprios pés.  Pelo suor dos que mais lutam pelo pão; Pelos que sabem enxergar um pouco além, E assim repartem a esperança com razão”. E por isso mesmo, como a igreja faz a cada domingo: “render graças ao Pai que tudo vê e assim lhes pede para abrir o coração”.

Que a oração da assembleia reunida ajude o Brasil e os brasileiros “colher os frutos da salvação e não cessar de elevar a Deus os seus louvores”. 

sábado, 29 de junho de 2013

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO



Depois das manifestações de rua que ocorreram nas últimas semanas, como resultado dos jogos da seleção na Copa das Confederações, os institutos de pesquisa estão tendo muito trabalho para fazer os levantamentos  de popularidade. São os políticos, os jogadores, o treinador, a equipe técnica da seleção, os organizadores das manifestações. Todo mundo está querendo saber como anda seu nível de aceitação entre a população em geral. Nos últimos tempos esta prática tem sido muito frequente e para quase tudo se faz pesquisa de opinião.
Na Palavra de Deus proclamada neste domingo foram relatadas a história de vida de três pessoas. São Pedro, São Paulo e Jesus Cristo. Nos atos dos apóstolos se tem a descrição da prisão a que Pedro foi submetido e o modo extraordinário como Deus veio em seu socorro e por meio dos anjos o libertou deixando a todos maravilhados com a ação divina. Na carta que Paulo escreve a Timóteo tem uma espécie de testamento – “Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé. Agora só me resta a cora da justiça que o Senhor me dará naquele dia”. Paulo está convencido de chegar ao fim da vida com a consciência tranquila de quem cumpriu a missão e afirma ainda “A coroa da justiça será dada não somente a mim, mas a todos aqueles que esperam com amor a manifestação gloriosa de Deus”.
O texto do evangelho é a versão de Mateus do mesmo trecho que se proclamou no último domingo segundo Lucas. Aqui, de novo, Jesus faz uma pesquisa de opinião. “O que é que as pessoas pensam a meu respeito?” E percebendo a reação de todos reafirma sua absoluta convicção que tudo vem de Deus e que ele tudo dirige e governa: “Feliz és tu Simão filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus” e na sequencia dá uma espécie de apelido que se torna depois o nome próprio do discípulo: “Tu serás chamado Pedra, rocha firme”.
Não é sem razão que a Igreja convida a celebrar neste final de semana, de modo solene, os dois apóstolos que são chamados “colunas da Igreja”.  Uma coisa é certa, nenhuma instituição no mundo tem uma vida tão longa como a Igreja. Tendo sido iniciada pela experiência das comunidades apostólicas, foi se desenvolvendo ao longo do tempo e é hoje o que se pode conhecer, admirar, criticar, respeitar e obviamente amar.
Entretanto, afirmar que a Igreja é a mais antiga das instituições não significa dizer que ela não tenha pecados, limites, erros, e assim por diante. Recordando os apóstolos Pedro e Paulo a oração deste domingo se volta para a figura do Papa, para quem se pede o dom do discernimento para bem escolher o caminho mais adequado para a Igreja em cada tempo.
Com a eleição do papa Francisco, alguns estudiosos estão afirmando que a Igreja vive uma “nova primavera”, isto é um tempo de “florescimento” o que parece se confirmar nos gestos, atitudes e palavras do papa. Em menos de um mês o mundo pode ver pelo menos três situações extraordinárias. Em maio, falando para estudantes, o Papa respondeu por que não vive nos palácios do Vaticano dizendo: “Trata-se de uma questão de personalidade, não é  nem de riqueza ou de pobreza”, disse ele,  “eu preciso viver perto das pessoas”.  Noutro pronunciamento foi exigente com os padres e as paróquias que fazem do serviço pastoral uma barreira quase impossível de ser transposta e na ocasião disse: “Quem se aproxima da Igreja deve encontrar as portas abertas e não uma alfândega pastoral”.  E nesta semana nomeou uma comissão para investigar outros erros cometidos com os bens da Igreja. Por meio de seus assessores informou que o Vaticano vai colaborar com todas as investigações. Claro que estás situações se apresentam como feridas da Igreja, ao lado de tantas outras, mas exatamente porque o Papa ama a Igreja tem a coragem de tomar estas atitudes.

O que está fazendo Francisco é um convite a viver com transparência e com consciência para que o mundo seja melhor a cada dia. Por isso mesmo, merece a mesma pergunta que fez  Jesus: “Quem dizem as pessoas que eu sou?” e pode-se proclamar “Francisco, hoje nos confirmas na fé e por isso te acolhemos com amor, no abraço do Redentor”.  

sábado, 22 de junho de 2013

PARA VOCÊS QUEM SOU EU?


Leituras: Zacarias 12, 10-11;13,1: Salmo 62(63)
Gálatas 3,26-29; Lucas 9, 18-24

Esta semana o mundo assistiu as mobilizações que tomaram conta das ruas e praças de muitas cidades brasileiras.  Motivações distintas e participação muito diversificada fizeram parte de todos os eventos e que mereceram inúmeras interpretações. Ontem, no pronunciamento à nação a Presidenta Dilma anunciou que vai receber e conversar com os líderes que organizaram a manifestação pacífica. Mas quem são mesmo as pessoas que estiveram à frente deste extraordinário manifesto nacional? A complexidade do evento, as dimensões que tomou e a proporção das reinvindicações torna  quase impossível identificar, entretanto é certo que o ponto central de tudo  reside na construção de uma sociedade mais justa e que faça do Brasil um lugar melhor pra se viver.

Pois bem, imagine-se a população de Jerusalém e de todo o Israel no tempo de Jesus. De repente, do meio do nada surgem multidões querendo satisfazer um sem número de necessidades e resolver outros tantos problemas. Não resta dúvida que o medo e as preocupações tomam conta de todos em toda parte perguntando-se pela origem de tudo o que estava acontecendo. Neste contexto o líder, próximo dos seus seguidores, faz uma sondagem antes de se dar a conhecer, esclarece quem ele é e porque veio.

O texto do evangelho proclamado neste domingo começa exatamente com a pergunta feita por Jesus e cuja  resposta não é fácil de expressar: Quem diz o povo que eu sou?. Diante de todas as especulações pede a participação daqueles que lhe são mais próximos: “E vocês quem dizem que eu sou?”.  Uma vez dada a resposta que representava a convicção dos seus seguidores Jesus confirma a sua verdadeira identidade O Filho do Homem deve sofrer muito ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei e deve ser morto em seguida revela a condição para permanecer ao seu lado: Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida pela minha causa, esse a salvará”.

O que Jesus fala sobre si mesmo já havia sido anunciado pelo profeta Zacarias:Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim. Ao que eles feriram de morte, hão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele a dor”. Neste sentido encontra razão a súplica que se eleva no salmo: “A minh'alma tem sede de vós,  como a terra sedenta, ó meu Deus!”.

Ontem como hoje, a igreja reunida, como uma assembleia de irmãos, se reconhece “filhos do mesmo Pai, com sangue da mesma cor, herdeiros no mesmo céu, unidos no mesmo amor” e neste sentido cada pessoa indistintamente é chamada a “gastar a sua vida em favor de muitos”. Participar da Eucaristia a cada semana significa aceitar o compromisso de ser uma comunidade unida a serviço de uma sociedade verdadeiramente fraterna, justa e sem discriminação.

Que a oração deste domingo ajude  todos  perceber a importância do compromisso com um mundo onde Deus seja glorificado também pela qualidade de vida que desfrutam os seus filhos e filhas. 

sábado, 15 de junho de 2013

QUEM AMA NÃO MORRE...

QUEM AMA NÃO MORRE!
Contar a história do filho que fugiu da guerra...
Esta e uma série de tantas historietas revelam a força do amor e como tal sentimento muda a vida das pessoas e transforma o cotidiano de suas relações. Na liturgia deste domingo se reza no salmo: Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor  não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!.
E as três leituras falam também sobre esta verdade, em todos os casos o perdão se manifesta sempre como iniciativa de Deus. Para Davi, que havia cometido uma atrocidade inexplicável  fazendo perecer um seu fiel colaborador e aproveita-se desta situação para cometer outro grave erro fazendo sua a mulher do falecido, mediante o reconhecimento do seu erro, Deus lhe garante o perdão, fazendo com que ele sinta-se responsabilizado pelo pecado que cometeu.
São Paulo, na carta aos Gálatas, afirma que acreditar em Jesus Cristo é uma condição indispensável para aquele que se sabe pecador e que necessita de nova condição de vida. Afirma categoricamente que:Eu vivo, mas não eu. É Cristo que vive em mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e por mim se entregou”.
E o longo episódio do jantar na casa do fariseu mostra a extensão do amor de Deus que se realiza na pessoa de Jesus Cristo: “A quem muito ama, muito será perdoado”. Toda a narrativa do evangelho conduz para uma certeza absoluta: Eu confessei, afinal, meu pecado e perdoastes, Senhor, minha falta”
Na celebração de cada domingo a Igreja se reúne como os convidados à mesa do fariseu, Celebrando a assembleia proclama que Deus é bendito por reuní-la no seu amor e é convidada a terminar a reunião festiva com uma certeza no coração: “Um filho que ama, não merece morrer”.
Este é um convite para refletir também em relação à prática de fazer justiça com as próprias mãos que muito facilmente a sociedade quer colocar como necessidade na prática cotidiana. Entre os temas muito atuais que se referem ao perdão e a responsabilidade está a redução da maioridade penal. Certamente sobre essa questão o Brasil precisa dar uma resposta mais adequada. Entretanto, reduzir a maioridade penal não parece ser o modo mais adequado de responder para um desafio que antes de tudo pede a prática do perdão e de uma justa reparação pelo delito ou pelo prejuízo causado a outros por quem quer que seja.

Que a oração e a palavra de Deus ensine a “Amar muito e perdoar na medida certa”.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

10º DOMINGO DO TEMPO COMUM

DEUS VISITA OS SOFREDORES

De todos os sofrimentos humanos o mais cruel e que o ser humano nunca conseguiu explicar se refere à experiência da morte. Provérbios populares, palavras de conforto, visitas de silêncio, oração de uns pelos outros, cumprimentos, flores, etc. etc. São todas iniciativas louváveis, mas que não apagam a dor de quem perde uma pessoa querida. A Igreja reunida em oração, de domingo a domingo, louva e bendiz a Deus por muitos motivos, mas também apresenta orações e súplicas pelos sofredores e pelas necessidades de todos.
A Palavra de Deus proclamada neste domingo narra de modo extraordinário a ação de Deus para com algumas pessoas que sofrem com  a experiência da morte de seus queridos. De modos diversos e em circunstâncias distintas a primeira leitura e o evangelho apresentam duas viúvas necessitadas da compaixão de Deus. Elias, na  narrativa do livro dos Reis se faz reconhecer como o enviado de Deus que garante a vida e a proteção para aqueles que nele confiam. E Jesus aproximando-se da viúva que está prestes a sepultar o filho, devolve-o vivo aos braços da mãe.
O modo como um e outro procederam são detalhes narrativos. O fato central reside no milagre da vida que ambos fazem acontecer. Tal situação faz crer naquilo que São Paulo afirma na segunda leitura: Deus veio visitar o seu povo!
Deus é Pai misericordioso, está próximo daqueles que lhe invocam, socorre os necessitados. Os cristãos e a Igreja na atualidade precisam ser cada vez mais, sinais de Deus no mundo. As tristezas e provações continuam se repetindo por toda parte. Ser sinal de Deus nestas circunstâncias implica agir como Elias e do jeito de Jesus, aproximar-se dos sofredores e prestar ajuda e atenção de modo que todos possam perceber a ação de Deus.

Sempre que isso acontecer, todos poderão de novo cantar: “Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e preservastes minha vida da morte!” 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A PROPÓSITO DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

 A celebração da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo na liturgia católica é, na atualidade, uma das mais populares e que chama a atenção da sociedade e da mídia nacional com absoluto destaque. Neste contexto nunca é demais retomar a compreensão de Eucaristia e algumas das razões que deram origem e alimentam a fé católica neste que é o Mistério da Fé.
A convicção católica na presença real de Jesus nas espécies do pão do vinho e que se denomina transubstanciação, ou seja, mudança da forma sem mudança de aparência é o conceito fundamental e que disitingue a compreensão católica de todas as demais igrejas cristãs  também denominadas Igrejas Históricas. 
Fazer esta distinção não significa diminuir a importância que as demais confissões dão para o que se chama de “presença real” de Jesus na forma de pão de vinho, enquanto que a doutrina católica afirma que não se trata apenas de presença, mas de “mudança mesmo”, isto é, o pão deixa de ser pão e o vinho deixa de ser vinho e se transformam em Corpo e Sangue de Cristo.
A Solenidade de Corpus Christi insituída pela Igreja, durante a idade média, foi uma forma de afirmar sua absoluta convicção no mistério da transubstanciação. Porém esta compreensão que foi palco de não poucas e distintas intrerpretações não deveria distanciar os católicos da intuição fundamental do significado da entrega feita por Jesus.
O Evangelho de João, narra a instituição da Eucaristia, no decorrer de uma ceia na qual Jesus realiza o rito de lava pés e recomenda aos seus discípulos que “façam a mesma coisa que fez”. Tal situação aproxima a entrega de Jesus na cruz da sua convicção de que veio para servir e não para ser servido.
Um dos mais antigos relatos sobre a instituição da Eucaristia é descrito por Paulo na carta aos Coríntios 11,23-26, mas é o mesmo Paulo quem afirma nos versículos seguintes: “Quem come o corpo de Cristo indignamente come a própria condeção”. Mais tarde Santo Agostinho sugeriu uma atitude aos cristãos que participavam deste mistério, dizia ele: “Sejam aquele que vocês recebem, comunguem aquele que vocês são”. 
Na Encíclica “A Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia”, o papa João Paulo II exorta os crentes interpretando a compreesão paulina com a seguinte afirmação: “Comer o Corpo de Cristo indignamente, signfica participar da Eucaristia no contexto de indiferença para com os pobres”.
Dito isto se pode pensar no sentido e importância de celebrar a solenidade de Corpo de Cristo, enfeitando as ruas por onde o “Mistério da Fé” vai passar e nas razões que levam tantos fiéis a se dedicar com esmero na preparação dos tapetes e participar deste evento religioso de tão extraordinária popularidade na Igreja do Brasil.
Parece que muito mais do que decorar as ruas com sinais extraordinários que revelem a presença real na forma simbólica é importante recuperar o sentido da presença real de Jesus no meio do mundo que se dá sim na forma de pão e de vinho, mas que pode ser também reconhecida no cotidiano dos cristãos destes novos tempos.
A advertência feita por São João Crisóstomo pode ser bem aplicada aos nossos tempos: “Queres honrar o corpo de Cristo com vestes de seda e vasos de ouro, fazes bem. Mas não esqueças que o mesmo Jesus que disse Isto é meu Corpo, foi aquele que também disse: Tudo o que você fizer ao menor dos meus irmãos é a mim que o fazeis”, portanto disse o santo: “Vai primeiro dar de comer a quem tem fome e vestir quem está nú e depois com o que sobrar podes honrar o Corpo de Cristo, exposto no altar, usando vestes de seda e vasos de ouro”.
Como atitude de um crente de fiel, parece justo que haja dedicação na preparação dos tapetes e fervor em seguir Jesus na Eucaristia pelas praças e ruas, entretanto não poderá faltar o copromisso e a compreensão de que é preciso também “lavar os pés uns dos outros” e formar com todos o “Corpo Vivo de Cristo” como se reza na missa: “que o Espírito Santo nos una num só corpo”.

sábado, 25 de maio de 2013

SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DOMINGO 26 DE MAIO DE 2013



DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Leituras: Provérbios 8,22-31; Salmo 08;
Romanos 5,1-5; João 16, 12-15

O noticiário internacional desta semana trouxe como destaque em suas páginas uma manchete mais ou menos assim: “Simpatia do Papa Francisco muda ambiente na Praça São Pedro” e no corpo da notícia fazia a citação de uma frase do Papa durante seu discurso na quarta feira: “O egoísmo nos leva para baixo e traz a tristeza. O Espírito Santo nos leva para o alto e nos presenteia com alegria” é isto que a comunidade reunida faz neste domingo da Santíssima Trindade. Benditos e reunidos no amor de Cristo pelo dom do Espírito Santo, ouvimos a Palavra de Deus nas três leituras  que nos ajuda perceber como se pode agir guiados pela sabedoria de Deus que é descrita na primeira leitura brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”.
São Paulo, escrevendo aos cristãos das primeiras comunidades lhes recorda que o “amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”  este mesmo que o Papa afirma: “Ele nos presenteia com a alegria”.
E Jesus afirma: “Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará”. Este dom liberta do medo, das tristezas, do egoísmo que  leva para baixo.
A celebração da solenidade da Santíssima Trindade faz encher os corações de todos com uma força extraordinária de comunhão e alegria fazendo todos cantar: “Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!”.
Uma vez concluída a reunião semanal dos cristãos todos são convidados a se deixar guiar pelo Espírito que dá a vida e que vem do Pai e do Filho  e que convida a cada um particular para uma verdadeira resposta de amor, em um mundo tão conturbado, num cotidiano em que as relações se rompem com muita facilidade a Palavra de Deus convida e ajuda a compreender que os  jovens, os pais, as mães, todos juntos poderão melhorar o mundo à medida que se reconhece a unidade e a comunhão que vive e resplandece na Trindade Santa.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

DOMINGO DA ASCENÇÃO DO SENHOR



O SENHOR SUBIU AO TOQUE DA TROMBETA

É frequente que ao entrar em nossas igrejas encontremos cartazes e frases com motivações das mais diversas, isso também acontece nas escolas, nas instituições, no comércio, nos espaços públicos e assim por diante. São frases que comunicam a intuição e a razão de ser daquele ambiente para a pessoa que ali vai entrando. Um texto sugestivo que se vê com frequência diz mais ou menos assim: “Aqui se entra para amar a Deus, daqui se sai para amar aos irmãos”. Este pensamento se aplica integralmente ao texto da liturgia da Palavra proclamada neste domingo nas assembleias reunidas para a Eucaristia.

No texto dos Atos dos Apóstolos Jesus responde ao questionamento dos discípulos com uma frase que em muito se aproxima desta já mencionada acima. Foi proclamada na leitura a frase: “O Espírito Santo virá e lhes dará forças para serem minhas testemunhas até os confins da terra”, dito de outro modo se modo compreender que não bastava ficar perto de Jesus como estavam os discípulos, se fazia necessário ir para os confins do mundo, isto é, ir ao encontro dos irmãos. 

Já na carta que São Paulo escreve aos Efésios faz um pedido: “O Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu  chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos” tal pedido pode ser simplificado com as palavras: Que o Espírito Santo de Deus ajude a todos compreender qual a sua missão no mundo.
E finalmente no texto do Evangelho Jesus recomenda aos discípulos que permaneçam naquele lugar até receber o Espírito Santo: “permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto”.
Todas estas exortações são aplicáveis a cada cristão nestes novos tempos, não basta festejar e reconhecer que Jesus Cristo voltou para junto do Pai, não basta declarar que se ama aquele que Deus enviou para salvar a humanidade é importante que cresça em cada pessoa a “capacidade de amar as pessoas e nelas ver a face de Deus”. Ou seja é necessário colocar o coração em Deus, e associar-se aos irmãos a fim de que o Coração de Deus se faça presente em todos os lugares e em todos os tempos.