sábado, 31 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JUNHO DE 2014

IDE SEM MEDO JOGAR A FAVOR DA VIDA

Todos os idiomas têm algumas expressões que só tem sentido na sua própria língua, Isso significa, são palavras que não tem tradução e não se encaixam em nenhum outro discurso. Em português uma das palavras que só pode ser bem compreendida é “saudade”. Os brasileiros falam de saudade lembrando alguma pessoa querida que partisse para nunca mais voltar, falam de saudade para se referir a alguém que está longe, falam de saudade para lembrar-se de uma situação vivida em determinado momento da vida, falam de saudade vendo alguma fotografia antiga e assim por diante.

As leituras deste domingo fazem atualizar este sentimento de saudade. No texto dos Atos dos Apóstolos os discípulos ficam olhando para o céu, como que cultivando a saudade de alguém que fisicamente não verão mais. Na carta aos Efésios o autor convida a comunidade para acalmar a saudade das pessoas recordando os ensinamentos que haviam recebido daqueles que lhes anunciaram o evangelho de Jesus Cristo. No texto do Evangelho os discípulos se encontram no monte que Jesus havia indicado. Curtem a saudade dos momentos que tinham estado juntos.

As três leituras  apontam para alternativas que minimizem a saudade e ajudem perceber que cada um pode fazer alguma coisa para que a vida continue fluindo cada vez melhor. Assim no texto da primeira leitura os discípulos veem  e ouvem “dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: 'Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”. Por estas palavras são como que empurrados para o trabalho e para o mundo a fim de contar que a saudade não tem a última palavra.

Na carta aos Efésios, Paulo faz um pedido para que as pessoas percebam o que Deus pode realizar em seu favor: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz”.  E o texto se conclui com uma certeza: “Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa  mencionar não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal”.

Já as palavras de Jesus no evangelho empurram os discípulos para a missão lhes assegurando que não terão tempo para cultivar saudade desnecessária: “ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e  ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias,
até ao fim do mundo”.

É isto o que o Papa Francisco pede para a Igreja e para cada cristão dos tempos modernos: “Eu quero que a Igreja vá para as ruas, eu quero que nós nos defendamos de toda acomodação, imobilidade”. Em vésperas de Copa do mundo é importante que se tenha claro: A hora é de jogar a favor da vida. Não se pode perder tempo com saudade desnecessária.


Que a oração da Igreja ajude a compreender e a viver a Palavra de Deus sugerida para este domingo. 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 25 DE MAIO DE 2014

CONTEM, PARA TODOS  O BEM QUE O SENHOR FEZ...

Faz parte do dia a dia dos cristãos poder afirmar situações nas quais pode provar o amor de Deus tornado concreto em suas vidas. Seja por conta de uma doença, de algum outro sofrimento físico, por ocasião de algum negócio ou situação de desconforto com pessoas se quer bem, no trabalho ou na família. E nestas ocasiões irrompe do mais profundo do ser humano uma prece de ação de graças que pode ser comparada com o salmo que se reza na liturgia deste domingo: “Bendito seja o Senhor Deus que me escutou, não rejeitou minha oração e meu clamor, nem afastou longe de mim o seu amor”!

A oração deste salmo tem sua origem na ação de  graças a Deus por ocasião da libertação da escravidão dos filhos de Israel que se concretizou na passagem do mar vermelho. Na liturgia deste domingo ele aparece fazendo compreender a ação de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos, que deu força e coragem aos discípulos para anunciar esta verdade e despertar a fé em muita gente por todas as partes do mundo conhecido outrora.

Assim é o texto dos Atos dos Apóstolos proclamado neste domingo: “Felipe desceu a uma cidade da Samaria e anunciou-lhes o Cristo. As multidões seguiam com atenção as coisas que Felipe  dizia. E todos unânimes o escutavam, pois viam os milagres que ele fazia. Era grande a alegria naquela cidade”.

Naturalmente que decisões sérias como a conversão que as pessoas vinham fazendo, ao ouvir os ensinamentos dos apóstolos, criavam situações de medo e conflito entre aqueles que estavam acostumados a outro estilo de vida. Pedro na segunda leitura faz um convite e um pedido aos convertidos: “Caríssimos: Santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir”. Ele faz esta convocação a partir de uma certeza: Cristo morreu e ressuscitou, Ele é o exemplo para ser seguido.

No texto do Evangelho Jesus faz ver aos discípulos que lhes é pedido uma escolha firme e coerente: “Se me amam, observem os meus mandamentos” Esta regra de ouro não deixará ninguém no abandono, no medo, e na insegurança. Aquele que assim proceder reconhecerá que de Jesus mesmo virá o defensor, isso é, o Espírito Santo. Aquele que será força na caminhada e luz em toda a estrada.

A mesma certeza que alimentou os discípulos é que conforma e sustenta as comunidades do terceiro milênio. Estes continuam acreditando que o Espírito vem em favor de suas fragilidades e fraquezas. Neste sentido a Igreja reunida em oração continua pedindo e agradecendo a força do Espírito Santo que garante a continuidade da missão e da vida nova que Jesus trouxe com sua vida e sua Palavra.

Que esta seja também a certeza dos cristãos reunidos em cada domingo na prece e na solidariedade.





sexta-feira, 16 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 18 DE MAIO DE 2014

NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM

É bastante frequente que as pessoas se recordem de conversas e situações ocorridas que no momento tenham passado despercebido. Ou é uma palavra, ou um fato, ou um conselho, enfim  são inúmeras as oportunidades que a mente é capaz de recuperar alguma lição para a qual não se tenha dado a importância que devia.

O evangelho sugerido para este domingo traz presente uma dessas circunstâncias. Os discípulos, depois da páscoa,  estão reunidos sem a presença de Jesus. E cada um começa fazer memória do que o mestre havia falado e das lições que tiveram oportunidade de aprender e que não tinham ainda se dado conta.O texto em que Jesus se declara o Caminho a Verdade e a Vida é um deles.

Cada um dos envolvidos recorda como foi a conversa com Jesus e como se sentiram diante das afirmações que Ele fazia. Tomando consciência dos fatos eles renovam a fé e a esperança e recuperam a frase de Jesus: “Não fique preocupado o coração de Vocês, acreditem em Deus e acreditem também em mim...” e confirmam com a vida o que Jesus lhes havia dito: “Quem acredita em mim, fara as obras que eu faço e até maiores”.

Esta verdade está manifestada no texto da primeira leitura dos Atos dos Apóstolos. O número dos que aceitavam a palavra de Jesus e acreditavam no testemunho dos seus seguidores não parava de crescer. No domingo passado o texto falou em três mil pessoas num único dia. Na leitura de hoje o número é tão grande que os discípulos pedem ajuda para a comunidade a fim de escolher pessoas de boa reputação para ajudá-los nas tarefas com os convertidos e necessitados.

No texto está escrito: Irmãos, é melhor que escolham entre vocês sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos do cuidado com as viúvas e os outros necessitados”.

Já na Carta de Pedro, que é o texto da segunda leitura, o autor afirma que se trata de uma responsabilidade de todos os que aceitam a Palavra de Jesus exercer a missão de santificar o mundo.  Por isso mesmo ainda hoje todos rezam com o salmista: “Reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça”.


Também os cristãos do terceiro milênio participam da vida nova prometida por Jesus e nessa condição são convidados a transformar a sociedade em um lugar cada vez melhor para ser viver construindo relações éticas e fraternas. A oração de todos na Igreja é uma ajuda extraordinária e solidária de todos para com todos. 

sábado, 10 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 11 DE MAIO DE 2014

EU SOU O BOM PASTOR...

Dentre os fatos que ganharam as páginas do noticiário em diversas partes do país, um deles fez referência à Videira. Trata-se das crianças que foram espancadas pelo pai. O fato dispensa comentários para se concluir que o agressor, de longe, pode ser chamado de pastor, isso é, de uma pessoa a quem se pode confiar o cuidado de algo ou alguém.
Neste contexto a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo faz um convite a todos e a cada um em particular para pautar a sua vida pelo cuidado, pelo carinho, pela docilidade, pela capacidade de ser guardião da vida e da dignidade da vida. 
Assim também se pode ver a figura das mães como pessoas comprometidas com a vida plena e abundante para todos os que estão sob seus cuidados. Reunidos em assembleia de oração reza-se uns pelos outros a fim que o exemplo de Jesus seja seguido na forma de serviço para o bem e o cuidado de todos para com todos.
As ações dos apóstolos, descritas na primeira leitura confirmam que eles haviam compreendido muito bem o significado de se declarar cristãos. Deixaram-se renovar pela ação do Espírito Santo e suas ações eram de tal modo cativantes que a comunidade dos seguidores de Jesus teve um crescimento rápido  e extraordinário em pouquíssimo tempo.
Desta maneira, não há porque duvidar da oração que a Igreja faz com o Salmo da liturgia deste domingo. É possível compreender bem que mesmo em meio as maiores dificuldades e provações, Deus é o pastor e nada faltará àqueles que nele confiam.
É o mesmo apóstolo Pedro, quem na segunda leitura faz um hino a Cristo, reconhecendo sua coragem e determinação em levar o projeto de Deus até as últimas consequências. Sua coragem e determinação confirmaram o título de pastor e guarda do seu rebanho.
Ele mesmo, Jesus, já havia declarado no Evangelho que suas ações estavam voltadas para o cuidado e proteção da vida dos que ouvissem a sua voz. Ele desafia os outros pregadores e demais autoridades do seu tempo a provar com ações que realmente eram capazes de defender e proteger os que se confiavam ao seus cuidados.
Numa dupla comparação Jesus usa a expressão “porta”  e “pastor” para fortalecer a segurança em todos os que lhe seguiam. Reconhecê-lo nesta condição era a maneira de ouvir a voz de Deus e de estar seguro em suas mãos.
O convite da liturgia desta semana se constitui numa proposta para aqueles que de algum modo exercem qualquer responsabilidade, seja familiar, social, pastoral, educacional, onde quer que seja:  Ser testemunha de Jesus, e viver como ele é facilitar e promover a qualidade de vida para todos os que de algum modo estão sob sua responsabilidade.
Pode-se traduzir numa palavra bem simples: “Ter um coração de mãe”. 

sábado, 19 de abril de 2014

DOMINGO DA PÁSCOA - 2014

POR UMA VIDA MAIS BRILHANTE...

Celebrar o domingo da páscoa é reafirmar a crença em condições melhores para a vida de todos. O imaginário popular e também sob o ponto de vista do comércio os sinais utilizados para a páscoa estão repletos de sentido simbólico que apontam para a abundância da vida.
São João Crisóstomo, que vive por volta dos anos 300 depois de Cristo, afirmou: “Reparo que a nossa assembleia é hoje mais brilhante que de costume e que a Igreja de Deus está jubilosa por causa dos seus filhos”.
De fato este é um sentimento que toma conta de todos neste solene domingo da ressurreição por isso em coro a Igreja reunida proclama o salmo 117 e reza: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”.  Esta proclamação é resultado de quem acredita com a mesma confiança com a qual eram animados os primeiros discípulos:  “E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém”.
Sem medo cada um, na alegria do seu batismo procura conformar a sua vida com a Palavra que acredita e com a fé que proclama de acordo com o convite que fez São Paulo na carta aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus”.
Para quem acredita nenhum medo é maior do que a esperança, Maria Madalena, na manhã do domingo não teve medo e foi de madrugada quando ainda estava escuro ao túmulo de Jesus. Esta sua coragem lhe rendeu ver primeiro a maravilha que Deus tinha realizado: “Tiraram o Senhor do Sepulcro”.   Na sequência do texto proclamado neste domingo ela mesma encontra Jesus ressuscitado  e logo pode sair proclamando: “Eu vi o Senhor”.

Ontem como hoje, a ressurreição de Jesus continua sendo o fato mais extraordinário e que serve de alimento para reacender a esperança e abrir caminho para uma nova vida. À medida que se crê nas palavras do Evangelho cada pessoa é convidada a celebrar a pascoa deixando-se transformar por essa verdade, não ter medo de amar a Deus na pessoa de cada irmão e não ter medo de proclamar com a boca aquilo que se vive com o coração. 

VIGÍLIA DA PÁSCOA - 2014

EIS A LUZ DE CRISTO...

Poucas situações na vida são tão agradáveis como receber uma boa notícia. Quando tudo parece estar perdido, de repente toma-se conhecimento de que algo inesperado acontece.  A notícia de um novo emprego,  a visita de uma pessoa querida, algum dinheiro que se dava perdido, um amigo que recuperou a saúde e assim por diante.
Pois esta é a sensação dos cristãos que se reúnem na noite da vigília da Páscoa para reviver o mistério da ressurreição de Jesus.  Não sem razão os cristãos confirmam dizendo: “aquilo que era antigo passou; tudo foi renovado”.  
A liturgia do sábado santo, com a bênção do fogo, proclamação da história da salvação na liturgia da Palavra, bênção da água e Eucaristia faz brotar do mais fundo da alma a proclamação da páscoa: “Verdadeiramente é bom e justo cantar ao Pai de todo o coração, e celebrar seu Filho, Jesus Cristo, feito para nós um novo homem”.
Ao iniciar a celebração na penumbra da morte, os cristãos abençoam o fogo e proclamam que acreditar na vida nova que surge da escuridão para a verdadeira luz que nunca se apaga. Ouvindo a longa da história da salvação com as quatro leituras recorda-se toda a ação de Deus em favor daqueles que Ele ama.
Em seguida a bênção da água em cujo sinal os cristãos são lavados  e purificados dos pecados podem finalmente sentar-se à mesa para a comunhão num extraordinário gesto de perdão.
Celebrando a Páscoa do Senhor Ressuscitado a assembleia reunida proclama sua alegria tendo presente todas as vezes que foi capaz de dar a volta por cima vencendo a pobreza, a mágoa, a cobiça, o desejo de vingança, a falta de coragem para lutar. Ao mesmo tempo proclama a certeza que em Cristo Ressuscitado confirmam o seu empenho para que se construa no meio do mundo lugares onde a justiça e a paz triunfem, onde o bem aconteça sempre,  onde o equilíbrio ecológico seja respeitado.
Nesta noite santa os cristãos rezam numa única voz reacendendo a esperança, e como as mulheres de Jerusalém são desafiados  a não guardar essa alegria só para isso: “Não tenham medo. Vão anunciar aos meu irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”.

Reunidos na mesma fé as comunidades que celebram a vitória de Jesus sobre a morte são fortalecidos para anunciar e fazer acontecer um mundo novo onde todas as coisas tenham um novo começo e um novo fim. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

SEXTA FEIRA DA PAIXÃO - 2014

O JUSTO E SANTO FARÁ JUSTIÇA PARA TODOS


A Sexta feira da paixão faz memória daquele dia no qual “o noivo nos foi tirado”. Celebrar a morte de Jesus de modo solene não é uma valorização da morte e da dor.  Com a celebração da paixão a Igreja convida os seguidores a recordar o nascimento dela mesma. Do lado aberto de Cristo nasce a Igreja e os sacramentos na Igreja.
Ao mesmo tempo é um convite para que todo cristão tenha a determinação de não silenciar ou se acovardar diante dos sofrimentos alheios. Celebrar o Cristo que morre por todos é uma proposta para esperar o dia feliz da vinda gloriosa do Senhor, onde  não haverá mais sofrimento, nem dor e nem morte acontecerá mais.
As três leituras proclamadas na celebração desta sexta feira da paixão recordam as promessas de Deus que se realizam plenamente na pessoa de Jesus que denunciou todas as formas de diminuição da dignidade da vida.
Jesus mostra sua confiança irrestrita em Deus seu Pai, abraça o sofrimento e confirma sua decisão com as palavras: “Tudo está consumado”.
Morrendo, Jesus prova que não há maior amor do que dar a vida pelos que ama. A cruz de Cristo enterra nossos pecados e aponta para a luz no horizonte, ensina a viver com misericórdia e estender a mão a todos os necessitados e sofredores.
O beijo da cruz que se constitui como parte da celebração é uma maneira utilizada pelos cristãos para afirmar que estão dispostos a carregar a cruz para que o mundo tenha vida.
Todos são convidados, depois de rezar por todos,  a aproximar-se do trono da graça afim de se assemelhar a Jesus.


HOMILIA PARA A QUINTA FEIRA SANTA - 2014

VEJAM COMO ELES SE AMAM!


Dificilmente ouve-se alguém dizer que uma pessoa ama a outra por causa das declarações de amor que se trocam mutuamente. Entretanto, muito facilmente se toma conhecimento de gestos, atitudes e hábitos que mostram o amor de uns pelos outros. E então sim estas práticas são valorizadas e até imitadas em certas ocasiões.
Pois é a partir de gestos que ao recordar a vida, paixão e morte de Jesus que os cristãos se reúnem com uma intenção clara e objetiva: traduzir para suas vidas e práticas cotidianas os mesmos sentimentos e hábitos de Jesus e daqueles que lhe seguiram.
A celebração da quinta feira santa tem dois momentos distintos que ensinam a mesma lição. No gesto do Lava-pés os cristãos são convidados a recordar a dimensão de serviço de uns para os outros. E na instituição da Eucaristia aprender repartir e se entregar para que a vida seja plena e mais digna para todos.
A leitura do Antigo Testamento recorda a ação de graças pela ação de Deus que garantiu a liberdade ao povo escravizado. E desde aquele o tempo os judeus nunca mais deixaram de fazer memória deste que foi o maior feito da história do seu povo. A leitura conta com detalhes como Deus os salvou da morte e os libertou da escravidão.
Na mesma direção estão as palavras de São Paulo aos Coríntios. No texto ele recorda o sentido novo que foi dado à Pascoa com a morte e a ressurreição de Jesus. São Paulo insiste que a memória daquilo que Jesus realizou acontece quando os cristãos fazem a experiência da partilha, ao mesmo tempo deixa claro que a falta de solidariedade e de comunhão mostram que os que celebram não aprenderam ainda as lições deixadas por Jesus.
Já a longa narrativa do Lava-pés, não faz nenhuma referência explícita à instituição da Eucaristia, nem tampouco insinua a importância da partilha. Realizado, no contexto de uma refeição, o gesto de Jesus lavar os pés dos discípulos aponta para um hábito que ele acaba recomendando a todos: “Vocês entendem o que acabei de fazer? Se eu o Mestre e Senhor lavei, os pés de vocês, também Vocês devem lavar os pés uns dos outros”.
Dois mil anos depois e noutro contexto social os que acreditam e celebram a memória do Senhor são chamados a fazer gestos de serviço e de promoção da vida de todos. Promover a vida significa ir de encontro com aquilo que o Papa Francisco recomenda: “Preocupem-se uns com os outros, animem-se e ajudem-se mutuamente”.
Que esta seja a primeira e maior lição a ser levada para a vida por todos aqueles que celebram a Quinta Feira Santa  com o Lava-pés e a instituição da Eucaristia.


sábado, 5 de abril de 2014

HOMILIA PARA O DIA 06 DE ABRIL DE 2014

NO SENHOR ESTÁ A GRAÇA E REDENÇÃO


A prática de sepultar os mortos, consolar os vivos  e chorar por aqueles que partiram é uma prática de solidariedade presente em quase todas as culturas. Nos povos latinos o sentimento de cuidado com os mortos é uma forma de manifestar o respeito e a solidariedade por quem partiu e por seus familiares. A Doutrina Católica ensina ainda que rezar com os vivos pelos mortos é uma forma fazer comunhão com todos. 
Não sem razão o Salmo que se reza neste domingo diz assim: Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz! Vossos ouvidos estejam bem atentos ao clamor da minha prece!”. Trata-se de uma prece que brota do fundo do coração para alguém que é a única esperança e pode não deixar morrer a esperança.
As outras três leituras deste domingo ajudam a compreender a vida a partir desta mesma situação: O profeta Ezequiel faz uma afirmação fantástica: Porei em vós o meu espírito para que vivais”. E São Paulo na Carta aos Romanos afirma: “O Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós”.
Estas duas afirmações são confirmadas na longa história da ressurreição de Lázaro. Desde o momento em que Jesus soube da doença do amigo. Vai ao encontro das pessoas sofredoras com pela experiência da morte. Estabelece com Marta um diálogo confortador ao mesmo tempo em que lhe facilita compreender a ação de Deus que pode se realizar para quem crê.
Diante da afirmativa dada por Marta: “Eu creio, Senhor, que tu és o Filho de Deus que deveria vir a este mundo”. Jesus faz acontecer exatamente o que era sonho e desejo de todo Judeu: “Lázaro vem para Fora” e ainda “'Desatai-o e deixai-o caminhar!”.
Ontem como hoje as situações nas quais a morte bate a nossa porta são muitas. Algumas se tratam da morte física, outras da morte espiritual e da morte em diversas circunstâncias humanas. Em todas as situações acreditar na Palavra de Deus é uma condição indispensável para reacender a esperança.
Não calar-se diante das diversas formas de morte provocadas pelo tráfico de pessoas é uma atitude de fé que pedida a cada cristão nesta quaresma. A oração da Igreja ajuda a todos ter convicção como a de Marta e agir como tal: “Eu creio Senhor”.



sábado, 22 de março de 2014

HOMILIA PARA O TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA 2014

HOJE NÃO FECHEIS O CORAÇÃO, MAS OUVI A VOZ DO SENHOR!

O terceiro domingo da quaresma nos coloca diante de uma das realidades mais fundamentais para a sobrevivência humana:  ter ou não ter água ao seu alcance. As noticias dos últimos dias sobre a falta de água em grandes cidades e o baixo nível dos reservatórios que abastecem metrópoles brasileiras trouxe à discussão velhos problemas, tais como a falta de infraestrutura  para atender as crescentes populações nas grandes cidades. Este tema aparece fartamente nas leituras deste domingo, seja para mostrar o sofrimento humano dos envolvidos, seja para mostrar a necessidade de buscar socorro onde se pode achar.
Assim no livro do Êxodo o povo está revoltado com a falta de água provada na longa travessia do deserto. Moisés, preocupado com tudo,  não tem uma alternativa que responda aos reclames do povo.  Faz exatamente aquilo que pode ser feito também na atualidade. Busca conselho com alguém mais experiente. Neste caso com Deus. E a resposta é decisiva:  “Vai até o rochedo do monte Horeb e provoque um ferimento na pedra”.  A ação de Moisés é confirmada pela presença de Deus e de onde parecia impossível, surge água para atender as necessidades de todos.
Por isso também  os cristãos são convidados a rezar no salmo: “Não fechem os corações, ouçam antes a voz de Deus”.  A voz de Deus, São Paulo afirma  que  se fez ouvir na pessoa de Jesus Cristo  desde muito tempo, antes ainda que o mundo tivesse consciência dessa verdade.
A longa história da mulher Samaritana permite ainda melhor compreender como Jesus é verdadeiramente humano e divino. Humano que cansa e experimenta a  sede e outros sofrimentos, nesta condição procura abrigo nos recursos humanos.  Divino que oferece sua condição para modificar a atenuar os sofrimentos alheios.
Diante do poço estabelece um diálogo capaz de transformar a anônima mulher pecadora em missionária e testemunha dos sinais que Deus estava realizando.
Do mesmo modo que a mulher samaritana deixou sua vasilha junto ao poço que lhe parecia seguro, os cristãos são convidados, por meio da oração, do jejum, da esmola e da penitência deste tempo, a sair das suas certezas e procurar outros lugares  e alternativas para saciar sua sede de vida e de verdade.
A oração da Igreja reunida é uma forma de dar coragem a todos.



sábado, 15 de março de 2014

HOMILIA PARA O DIA 16 DE MARÇO DE 2014

SOBRE NÓS VENHA SENHOR, A VOSSA GRAÇA.

As noticias desta semana falando sobre guerra na Rússia, desaparecimento de avião na China, manifestações violentas em diversas cidades brasileiras,  crise política em Brasília, especulações sobre a fragilidade da economia no Brasil. São situações que preocupam a todos e dizem respeito ao nosso dia.  
Diante destes fatos é claro que vem a mente a força da nossa fé e imediatamente brota do íntimo de cada pessoa uma prece: Deus nos livre! Este sentimento aparece no salmo que se reza na missa, quando diz: “O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem,/ e que confiam esperando em seu amor,/ para da morte libertar as suas vidas/ e alimentá-los quando é tempo de penúria”.
E de sobra as três leituras na missa deste 2º domingo da quaresma, são uma força diante de situações que o povo daquele tempo também experimentou. Para Abraão, que foi convidado, recomeçar a vida em uma terra estranha, com todas as dificuldades que esta atitude exige Deus faz uma promessa: “Farei de ti um grande povo e te abençoarei; engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção”.
Para Timóteo, São Paulo, escreve: “Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade”.
E aos discípulos, atordoados com o que estavam vendo, não compreendendo o encontro de Jesus com os profetas e muito menos o assunto que conversavam, Jesus consola dizendo: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
No conjunto as três leituras são um convite próprio para as dificuldades que o mundo está vivendo, um anuncio de esperança para o tempo da quaresma e uma certeza para os cristãos do terceiro milênio: “No Senhor nós esperamos confiantes,/ porque ele é nosso auxílio e proteção!”.

Que a penitência da quaresma, o jejum, a esmola e a oração fortaleça e faça compreender a mão de Deus que acolhe, perdoa, reanima e conduz. 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 23 DE FEVEREIRO DE 2014

É NECESSÁRIO IR ALÉM

Aristóteles, sábio grego que viveu por volta do ano 500 A.C já afirmava: Nós nos transformamos naquilo que praticamos com freqüência. A perfeição, portanto, não é um ato isolado. É um hábito.”

Na atualidade é possível perceber como essa verdade se confirma com uma frequência extraordinária. Os atos de bondade e de retidão são reconhecidos diariamente e muitas pessoas são chamadas de santos.

As leituras deste domingo apontam também nesta direção: No livro do Levítico aparece um convite claro e possível para todos: “Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”.

E no salmo de resposta a assembleia é convidada a rezar reconhecendo a bondade de Deus: “O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas.”

Entretanto, a ninguém é dado o direito de julgar-se melhor, ou superior aos demais. São Paulo afirma: “Se algum de vós pensa que é sábio nas coisas deste  mundo, reconheça sua insensatez, para se tornar sábio de verdade; pois a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus”.

E no Evangelho Jesus reitera o convite fazendo uma série de observações em relação a fatos do dia fazendo perceber que a perfeição consiste em ir muito além do que cumprir as regras e normas. E conclui com um convite: “Rezem por aqueles que lhes perseguem e procurem ser perfeitos como o Pai celeste é perfeito”.

Reunidos na assembleia de oração a igreja inteira é convidada a rezar juntos para que a humanidade seja toda ela mais perfeita e se confirme como imagem e semelhança do criador. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

HOMILIA NA FESTA DA VINDIMA EM RONDINHA VIDEIRA - SC - 02/02/2014

HOMILIA

“Comare vien catar-me, vien catar-me si oh nó.
Oh tanto a far ma vegnaró”. Queste parole di una canzione del folklore italiano é giusta per questi di di festa della Vendemmia. Tutti quanti anno tanto laoro per far tutti di, ma una volta al’nno si sta insieme per tre giorni di festa. L’stessa cosa i nostri noni fazea tutti le domeniche i si catea insime per la preghiera, isieme i dizea la corona i fea canti a ala vergine e al suo figlio Gesu. La chiesa continua invitare a tutti a fare la stessa cosa: rinunir-se nel di del Signore – domenica – pregare insieme, ascoltare la Parola di Dio e miglorare la vita di tutti da per tutto.
Oggi abbiamo sentito le letura che ghe dizea: “Tornate da Dio tutti le persone che sono umili in questa cità, Tornate a Dio tutti quanti sono obdiente al Signore. Fate le cose buone e giusti”.
San Paolo nella seconda letura il ga detto: Fratelli e sorele – ricordate dove viene sapete como era la vostra vita. Sapete que i nostri vechie ano seentito la Parola de Dio e sono stato pieni di vita e di Gioia”.
E Gesu nel vagelo invita d’esse umili, misericordiosi, di avere un buon cuore, laorare nel pace, non fare confusione e ne meno dire buzie i conclude quelle che vivano cosi sarano Beati – cioè – felicce!
Noi siamo qui perche da vero abbiamo imparato tutto questo dei nostri noni e vogliamo con l’aiuto del Signore e con la preghiera dei fratelli continuare da vivere cosi.
Per questo lo ricordiamo spesso tutto quello che anno insegnate i nostri noni. Cé una canzione folclórica italiana – belìssima – che ghe dize cosi:




BISOGNA RICORDARSE DEI NOSTRI BISNONI



Faze più de cento ani,
che i taliani qua i zé rivai;
Zé rivati de bastimento,
i gà sofresto pezo que animai;
I gà trovato puro mato,
sensa querte i dormiva in tera;
I gà lutà tanto tanto,
quasi come èser ne la guera.

Bisogna recordarse de i nostri bisnoni
che grasie a lori poi noi semo qua!

De manara i taieva le piante,
per piantare formento e milio;
Quelo zera per el suo sustento,
pena rivati qua nte sto paise;
I gà piantà tanti vignai,
i gà inpienesto le bote de vin;
L' era Italiani che ghe fea veder,
la so forsa a tuto l Brasil.

Bisogna recordarse de i nostri bisnoni 
che grasie a lori poi noi semo qua! 

La domenica i ndeva a mesa,
fioi e fiole e i sui genitori; 
I gaveva tanta fede a Dio,
che zé pupà anca de tuti noi; 
Se tuta la gente del mondo,
fose stata come i nostri bisnoni,
deso el mondo el saria ben nantro,
sensa guera e meno povertà! 

Bisogna recordarse de i nostri bisnoni 
che grasie a lori poi noi semo qua! 

Quando l'era giorni de festa,
se reuniva diverse fameie;
I canteva, i giugheva a le boce,
giugar carte i pasea note intiere;
Ben contenti i giugheva a la mora,
e i beveva anca tanto vin;
Quando che ghe bateva la fame,
i magnea polenta e scodeghin.

Bisogna recordarse de i nostri bisnoni 
che grasie a lori poi noi semo qua! 

Vardé adeso, me cari frateli,
che cità e che bele colonie;
Tante strade e che grande industrie,
che i ga fato per noi ver più sorte;
Noi qua adeso gavemo de tuto, 
ascolté cosa che mi ve digo:
Recordeve de i nostri Italiani,
che adeso i è là ntel paradizo!

Bisogna recordarse de i nostri bisnoni 
che grasie a lori poi noi semo qua!

HOMILIA PARA O DIA 09 DE FEVEREIRO DE 2014.

4º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A – 2014

Dentre as matérias de destaque nos noticiários desta semana uma delas causou impacto maior na população e nos meios políticos. Um apagão deixou cerca de 6 milhões de pessoas sem energia. À parte das segundas intenções por traz das reportagens é certo que a falta de energia causa medo e prejuízos.
Pois é exatamente sobre esse tema que falam as leituras deste domingo. O profeta Isaías afirma que aquele que é capaz de ter um coração aberto, que acolhe o necessitado terá sua vida iluminada como uma luz ao meio dia.
Com a intenção de fortalecer a fé e se confirmar como luz que brilha para os justos os cristãos se reúnem todas as semanas em oração comunitária. Neste domingo em assembléia se reza: “Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez”.
E o próprio Jesus faz um convite para todos os que ouvem a sua palavra: “Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.
Na verdade, a oração e a Palavra de Deus ouvida tem um objetivo bem claro: Colocar aqueles que rezam e que ouvem em confronto com a sua prática de cada dia. É importante ter a coragem de enxergar as necessidades e os sofrimentos e não vacilar no que se refere a condição de ser  luz para o mundo e serviço à caridade e ao bem para todos.

A luz que brilhou para todos no dia do batismo precisa se tornar, por toda a existência, uma prática de boas obras, de vida coerente e de prática da justiça.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

DOMINGO DIA 19 DE JANEIRO DE 2014


SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM 2014

Na liturgia da Igreja o tempo denominado “comum”, longe de significar como de pouca importância, pelo contrário, implica compreender que se trata de um período no qual os cristãos assumem no seu cotidiano a missão que receberam pela graça dos sacramentos.
Por isso neste domingo se reza no salmo: “Eis que venho, Senhor, com prazer faço a vossa vontade!”.
Esta abertura para a realização do projeto de Deus no meio do mundo foi um sonho de todos os povos. O profeta Isaias já insistia com os seus conterrâneos: “Não basta seres meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra”. 

São Paulo escreve aos Coríntios dizendo: Aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos junto com todos que,  em qualquer lugar, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”.

O testemunho dado por João Batista em relação a Jesus se concretiza no sacramento que o cristão recebe e portanto dele se pede a mesma atitude de Jesus: Ser um sinal de Deus nas adversidades do mundo. Convite que se pode perceber na frase do Evangelho: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.

Dito de outra maneira. Todo cristão é ungido para ser no seu dia a dia luz para todos em todos os lugares, portador da Graça e da paz de Deus a fim de que o mundo creia e crendo viva melhor. Por isso mesmo no dia do batismo o ministro reza enquanto unge a testa do batizado com óleo perfumado: ‘Você foi ungido para ser no mundo sinal de Jesus Cristo – Sacerdote, profeta e pastor”

A oração de todos na assembleia reunida é uma força ao mesmo tempo que encorajamento para cada pessoa na sua missão cotidiana. 

DOMINGO DIA 12 DE JANEIRO DE 2014

HOMILIA PARA O DOMINGO DO BATISMO DO SENHOR 2014

Apresentar os filhos para o Sacramento do Batismo é, normalmente, um dos desejos mais urgentes que as famílias cristãs cultivam em relação à Igreja. Não poucas vezes esta atitude vem carregada de interpretações nem sempre muito claras e as vezes pouca compreensão do significado desta graça que Deus concede ao ser humano. Outras vezes as normas pastorais das Igrejas colocam dificuldades para que isso se realize.  Em relação a isso o Papa  Francisco declarou recentemente: “Somos muitas vezes controladores da fé, em vez de facilitadores”
No segundo domingo do ano, a Igreja coloca a memória do dia em Jesus se apresentou no Rio Jordão para ser batizado por João Batista. As leituras da Palavra de Deus proclamadas para esta esta ocasião ajudam melhor compreender a dimensão que o batismo tem na vida daquele que recebe.
Deste modo o profeta Isaias descreve a missão daquele que foi escolhido por Deus: Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te  tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.
Com esta certeza todos rezam com o Salmo: “Filhos de Deus, tributai ao Senhor, tributai-lhe a glória e o poder! Dai-lhe a glória devida ao seu nome; adorai-o com santo ornamento!”.
E os Atos dos Apóstolos anunciam o que fez Jesus a partir do seu batismo fazendo com isso uma ação a ser imitada por todos os que recebem a mesma herança: “Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judéia, a começar pela Galiléia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele”.
Tal condição se dá pelo reconhecimento da voz de Deus, que se pode ouvir no texto do Evangelho: “Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água. Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: 'Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado'.
A mesma condição que se reconhece para Jesus em relação ao plano de Deus Pai pode ser aplicada a todos os que recebem o sacramento do Batismo na atualidade, isto é: Ser luz das nações, fazer o bem a todos, reconhecer-se como Filho amado do Pai.

A oração da Igreja é uma ajuda indispensável para aqueles que desejam levar a sério o sacramento do Batismo. 

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

HOMILIA PARA O DOMINGO DA EPIFANIA DO SENHOR

A LUZ BRILHA PARA TODOS

É muito utilizada a expressão: “O Sol nasce para todos” e também: “todos tem um lugar ao sol”.  No cotidiano das relações estas e outras frases representam o desejo de qualidade e dignidade na vida. Uma semana depois do natal a Igreja propõe a celebração da manifestação do Senhor, na festa que é também chamada “dia de Reis” ou epifania.
A liturgia apresenta a pessoa de Jesus como o sol que brilha para todos e que tudo ilumina e por isso mesmo a oração da Igreja pede a graça de contemplá-lo face a face. As leituras são a afirmação de tudo o que Deus realizou em favor do seu povo e que se estende para todos os tempos.
O profeta Isaias fez um convite ao povo de Jerusalém que é perfeitamente aplicável aos dias de hoje: “Levanta-te e acende as luzes, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor e ao vê-la ficarás radiante, com o coração batendo forte e todos proclamando a glória do Senhor”.
São Paulo, conclama os amigos de Éfeso a reconhecer a “graça que Deus concedeu para realizar o seu plano na pessoa de Jesus Cristo”.  O Recém nascido que provocou alvoroço em todo o mundo conhecido de outrora é o Senhor a quem se reconhece como único salvador da humanidade.
Jesus, luz de todo ser que vem a este mundo  é que merece o louvor e adoração e por causa do seu reconhecimento pede também a coragem de ter a mesma atitude dos magos: “retomar a vida por outro caminho”.

Neste primeiro domingo de 2014 a igreja reunida reza reconhecendo o Senhor Jesus como luz verdadeira que brilha para todos e que aponta novos caminhos para os novos tempos. Que este sonho aconteça e todos se deixem guiar pela “voz do menino de Belém” que se faz ouvir no sinais dos tempos.

HOMILIA PARA O DIA DO ANO NOVO 2014

AÇÃO DE GRAÇAS NO DIA UNIVERSAL DO PAZ

A existência humana é feita de atos contínuos que vão sendo marcados por novos recomeços. Assim se recomeça anualmente o plantio e a colheita, o fim e o inicio do ano escolar, a compra e a venda de bens duráveis e de consumo, e assim por diante.
Os 365 dias do ano, organizados em semanas e meses marcam também um constante reinício na vida das pessoas. Faz parte dos desejos humanos a necessidade de estabelecer metas que se quer alcançar antes de cada nova etapa na vida.
Concluindo o ano e iniciando outro uma das metas a que se propõem a humanidade é a conquista da paz. Ano após ano este desejo adquire novas interpretações e explicações.  As nações que são vítimas de ataques terroristas prometem sistemas mais eficazes de vigilância e controle.
Aqueles que, muitas vezes, promovem a guerra anunciam tempos de paz, os desejos das pessoas e das famílias se resume na expressão; “Feliz Ano Novo”.  O Papa Francisco escreveu uma mensagem para o dia da paz, na qual ele pede que seja promovido o desenvolvimento econômico, respeitoso da dignidade de todas as pessoas e de todos os povos como novo nome da paz.
A Igreja  sugere a oração de todos para que a paz aconteça e faz isso inspirada no gesto de Maria que deu ao mundo o Salvador. Neste sentido as leituras proclamadas neste dia apontam para a realização desta elementar necessidade.
No livro dos números  o autor associa a paz à Bênção do Senhor fazendo um pedido: “O Senhor te abençoe e te guarde! Faça brilhar sobre você a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para você o seu rosto e lhe dê a paz”.
Numa só voz a assembleia reza no salmo: “Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção”, que se realiza no sinal extraordinário que foi dado ao mundo pelo nascimento de Jesus: “Quando se completou o tempo, Deus enviou o seu Filho para que ninguém mais seja escravo de nada, pelo contrário sinta-se herdeiro da graça”.
O dom maior da paz é transmitido aos pastores que reconhecem  no menino de Belém a realização da profecia e por esta razão voltam glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido.

É assim que também cada cristão é convidado a celebrar a ação de graças e o novo ano reconhecendo na pessoa de Jesus o Emanuel, Deus conosco, Príncipe da paz. Rezando e empenhando esforços para que a paz realmente aconteça com todos em todos os lugares. 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

HOMILIA PARA O DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA 2013

COMO É BOM TER FAMÍLIA...

Não são necessários grandes estudos  para compreender a importância das relações familiares.  Desde muito tempo o ser humano tem certeza que nasceu para se relacionar com o outro e que é na dinâmica relacional que ele se completa. Dito em outras palavras o ser humano nasce pronto, mas não completo, ele só se completa na relação com o outro. A relação mais elementar do ser humano é a família. A constituição brasileira de 1988 descreve a família como “a base da sociedade e afirma que esta relação merece a proteção do estado”.  Dentre os sentimentos mais nobres que o natal permite cultivar está o espírito de família, não sem razão a Igreja coloca o primeiro domingo depois do Natal a memória da Sagrada Família de Nazaré.

As orações e a Palavra de Deus escolhida para este domingo são a confirmação do que é o sentimento humano também na atualidade.  O livro do Eclesiástico fala de uma verdade que toca profundamente a realidade das relações familiares: “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros”.

Dentre os medos da sociedade moderna, um deles está totalmente relacionado com esta afirmação, isto é, onde falta o respeito e o perdão, abre-se lugar para todo tipo de pecado, de discórdia e naturalmente nenhum tesouro se acumula ali.

Numa proporção maior a Salmo faz perceber que as vivências na família precisam e podem ser estendidas na relação com Deus, por isso mesmo se reza: Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem!”.

São Paulo escreve aos Colossenses e faz um convite que precisa ser estendido às famílias contemporâneas: “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também”.

Naturalmente que ninguém precisa se iludir pensando que esta situação pode ser vivida em todas as famílias e que nenhum sofrimento, tristeza ou provação vá se abater  mesmo em quem  confia no Senhor. O relato do evangelho é um convite à coragem, no caso da família de Nazaré por conta das ameaças contra a vida  que o sistema impunha naquela ocasião.

Rezar, hoje, celebrando a Sagrada Família é um convite a viver sob o olhar de Deus, vivenciado o que sugere o livro do Eclesiástico e o que afirma São Paulo, mas, sobretudo, tendo coragem para enfrentar as ameaças pelas quais passa a família na atualidade. Não se pode esquecer que a fraternidade entre todos tem seu ninho na família e que a medida que ela aconteça vai se construindo a paz.