sábado, 8 de outubro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 09 DE OUTUBRO DE 2016

                 CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO

Se tem uma coisa bonita que os pais, os professores, e as pessoas em geral gostam de fazer é ensinar as crianças a serem agradecidas. Seja em casa, seja na escola costuma-se usar a expressão: “palavra mágica” no relacionamento com as pessoas. Assim as crianças aprendem desde cedo a dizer: “Muito obrigado, por favor, com licença”.  Obviamente que não fazem isso gratuitamente, mas aprendem a reconhecer aquilo que no decorrer dos dias faz parte das relações humanas de boa convivência.

É sobre gratuidade, relações de boa convivência, ação de graças que fala a Palavra de Deus proclamada neste domingo. O livro dos Reis apresenta o encontro de um estrangeiro pagão com o profeta Eliseu. Gratuitamente o profeta mostra a ação de Deus em favor de Naamã, o qual não deixa de ser grato e reconhece a graça e a misericórdia de Deus em seu favor.

Paulo, continua sua carta ao amigo Timóteo, e faz uma recomendação simples diante de tudo o que estava acontecendo naqueles dias: “Lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os mortos. Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.

A narrativa do Evangelho que apresenta os dez leprosos, mais uma vez supera a simples prática da lei, e sugere a caridade, a ação de graças, a “palavra mágica”. Jesus lhes indicou o caminho da cura e apresentou também o cumprimento da lei. Mas muito mais do que ser cumpridor de normas e regras espera-se de cada pessoa a generosidade e a gratuidade. Somente um estrangeiro entendeu isso e voltou dando glórias a Deus.

As três leituras servem para cada cristão e para a Igreja inteira: Deus e sua graça são dons gratuitos, generosos e misericordiosos. O dia a dia de cada pessoa está repleto de pequenas curas e bênçãos. Pede-se apenas que seja capaz de reconhecer isso e a fazer exatamente o que se ensina às crianças: “usar as palavras mágicas” como se reza no salmo deste domingo: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios. O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel”.

Rezar juntos na liturgia de cada domingo é um aprendizado que se faz pela oração, como se reza na oração eucarística da cada missa: “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo poderoso, por Cristo Senhor nosso”.


Que a oração de todos ajude cada pessoa a realizar em sua vida a tarefa de “ser membros e discípulos de Cristo Caminho, Verdade e Vida”.  

HOMILIA PARA O DIA 09 DE OUTUBRO DE 2016

                 CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO

Se tem uma coisa bonita que os pais, os professores, e as pessoas em geral gostam de fazer é ensinar as crianças a serem agradecidas. Seja em casa, seja na escola costuma-se usar a expressão: “palavra mágica” no relacionamento com as pessoas. Assim as crianças aprendem desde cedo a dizer: “Muito obrigado, por favor, com licença”.  Obviamente que não fazem isso gratuitamente, mas aprendem a reconhecer aquilo que no decorrer dos dias faz parte das relações humanas de boa convivência.

É sobre gratuidade, relações de boa convivência, ação de graças que fala a Palavra de Deus proclamada neste domingo. O livro dos Reis apresenta o encontro de um estrangeiro pagão com o profeta Eliseu. Gratuitamente o profeta mostra a ação de Deus em favor de Naamã, o qual não deixa de ser grato e reconhece a graça e a misericórdia de Deus em seu favor.

Paulo, continua sua carta ao amigo Timóteo, e faz uma recomendação simples diante de tudo o que estava acontecendo naqueles dias: “Lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os mortos. Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.

A narrativa do Evangelho que apresenta os dez leprosos, mais uma vez supera a simples prática da lei, e sugere a caridade, a ação de graças, a “palavra mágica”. Jesus lhes indicou o caminho da cura e apresentou também o cumprimento da lei. Mas muito mais do que ser cumpridor de normas e regras espera-se de cada pessoa a generosidade e a gratuidade. Somente um estrangeiro entendeu isso e voltou dando glórias a Deus.

As três leituras servem para cada cristão e para a Igreja inteira: Deus e sua graça são dons gratuitos, generosos e misericordiosos. O dia a dia de cada pessoa está repleto de pequenas curas e bênçãos. Pede-se apenas que seja capaz de reconhecer isso e a fazer exatamente o que se ensina às crianças: “usar as palavras mágicas” como se reza no salmo deste domingo: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios. O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel”.

Rezar juntos na liturgia de cada domingo é um aprendizado que se faz pela oração, como se reza na oração eucarística da cada missa: “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo poderoso, por Cristo Senhor nosso”.


Que a oração de todos ajude cada pessoa a realizar em sua vida a tarefa de “ser membros e discípulos de Cristo Caminho, Verdade e Vida”.  

sábado, 1 de outubro de 2016

Homilia para o dia 02 de outubro de 2016.


NÃO FECHEM SEUS CORAÇÕES


“O coração tem razões que a razão desconhece”, esta frase é atribuída a  Blaise Pascal, Filósofo Frances do século XVII. Mas na atualidade se usa muitas expressões que valorizam o coração e o colocam como que no centro de toda vida. Quando se está triste costuma-se dizer: “estou com o coração apertado”; quando se quer dizer que uma pessoa convence com as palavras se diz   que “fala com o coração”.  São Camilo de Lelis, recomendou aos seus padres que trabalhassem com o coração e entre os camilianos se usa a frase: “Mais coração nas mãos irmãos”. Maria quando se encontrou com Isabel cantou: “Minha engrandece o Senhor e meu coração se alegra em Deus meu Salvador”. Madre Paulina, com todo o seu trabalho e as provações que a vida lhe reservou é venerada com o título de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus.
O Evangelho proclamado neste domingo encerra os discursos de Jesus durante sua caminhada para Jerusalém com os encontros e desencontros que ele teve durante o caminho, por sua vez a primeira leitura é um texto pronunciado pelo profeta cerca de 600 anos antes de Cristo. O sofrimento era a marca registrada das comunidades daquele tempo. E o profeta faz um convite para que as pessoas não se deixem vencer pela cor do medo e da tragédia. Diante das iniquidades e maldades o profeta conclui sua fala afirmando: “O justo viverá pela fé”.
A mesma recomendação faz São Paulo na carta a Timóteo. A carta deve ter sido escrita nos anos 60 depois de Cristo, ocasião em que o imperador Nero perseguia violentamente os cristãos, Paulo recomenda: “reaviva o dom de Deus que está em Você. Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor. Guarda a fé que recebeste”.
E Jesus fala aos discípulos que lhe pedem para aumentar a fé. Ao contrário do que muito se prega na atualidade, Jesus não diz que a fé vai resolver todas as coisas e acabar com todos os problemas. Se vocês tiverem fé como um grão de mostarda, fariam coisas maravilhosas, mas não se preocupem com as coisas maravilhosas, antes se preocupem em não perder a fé.
Então ter fé, não é passe de mágica para a solução dos problemas e adversidades da vida, mas uma maneira de ver os problemas com outros olhos. Sem fé nossa existência seria desesperadora.

Nestes novos tempos, mais do que nunca é necessário que tenhamos um cristianismo carregado de alegria, que não tenha medo de estar sempre em “estado de missão” como afirmou o Papa Francisco. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 19 DE SETEMBRO DE 2016.

ASTUTO COMO AS SERPENTES E

SIMPLES COMO AS POMBAS

Uma das maneiras para expressar o que se pensa são os provérbios. Sobre dinheiro costuma-se dizer: “Tempo é dinheiro”; “Dinheiro não traz felicidade”; “O dinheiro fala todas as línguas”; “Os governos são eficientes quando se trata de arrecadar impostos do povo”; Estes e muitos outros são a expressão do valor que uma pessoa dá aquilo que é ou aquilo que tem ou julga ter e dar importância.
As  leituras deste domingo trazem como pano de fundo a reflexão sobre a maneira como uma pessoa pode fazer do dinheiro e do poder. Amós é profeta no Reino de Judá, num tempo em que a exploração de uns sobre outros era vergonhosa. Neste contexto suas palavras são uma dura crítica àqueles que se beneficiam do trabalho alheio acumulando sempre mais e deixando multidões vítimas do descaso e da miséria. Sua denuncia é firme e avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em branco aos olhos de Deus.
No Evangelho Jesus mostra como uma pessoa deve usar os bens passageiros para garantir bens duradouros. Contando a parábola do administrador infiel e fazendo um elogio à sua atitude, está mais do que claro que Jesus não compactua com a desonestidade, mas com a esperteza.
A recomendação de Jesus não é para ser desonesto, pelo contrário, para ser esperto. E usar da inteligência para praticar o bem. Jesus deixa claro que se preocupar unicamente com o dinheiro não é o caminho mais seguro para conquistar valores duradouros.  
Na sociedade contemporânea preocupada em comprar mais, consumir mais, acumular mais, não falta quem viva por causa do dinheiro e para isso trabalha 12 a 15 horas por dia; deixe em segundo plano a família e os amigos; sacrifique sua intimidade e se exponha diante das câmeras de televisão e na internet para ganhar alguns trocados. Não falta quem venda sua consciência e não tenha escrúpulo de sacrificar a vida dos irmãos; há quem venda drogas e armas que destroem vidas e dignidades; há quem seja injusto com os operários e com as pessoas com quem estabelece relações comerciais.
Pois a Palavra de Deus pede hoje um exame de consciência. Eu como cristão: Como é a minha relação com o dinheiro? Ser escravo do dinheiro é uma coisa que só acontece com os outros? Na atividade profissional o que me move é o dinheiro ou amor pelos outros? O que  eu penso em relação à posse dos bens?
Não se pode ser ingênuo e pensar que o dinheiro não seja necessário ou desprezível e imoral, antes é preciso ter os pés no chão e analisar se a minha relação com o dinheiro não é de escravidão e obsessão.
Concluindo Jesus insiste: não se pode servir a  Deus e ao dinheiro. Entenda-se servir a Deus como gastar a sua vida em favor do bem e de uma sociedade mais justa e fraterna. É isto que São Paulo recomenda na carta a Timóteo, não olhar apenas para o seu umbigo, mas sentir-se responsável pela coletividade e o bem estar de todos.

O olhar de cristão pede que cada pessoa seja capaz de agir como Deus que “Levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, para  fazê-lo sentar com os grandes”.

HOMILIA PARA O DIA 19 DE SETEMBRO DE 2016.

ASTUTO COMO AS SERPENTES E

SIMPLES COMO AS POMBAS

Uma das maneiras para expressar o que se pensa são os provérbios. Sobre dinheiro costuma-se dizer: “Tempo é dinheiro”; “Dinheiro não traz felicidade”; “O dinheiro fala todas as línguas”; “Os governos são eficientes quando se trata de arrecadar impostos do povo”; Estes e muitos outros são a expressão do valor que uma pessoa dá aquilo que é ou aquilo que tem ou julga ter e dar importância.
As  leituras deste domingo trazem como pano de fundo a reflexão sobre a maneira como uma pessoa pode fazer do dinheiro e do poder. Amós é profeta no Reino de Judá, num tempo em que a exploração de uns sobre outros era vergonhosa. Neste contexto suas palavras são uma dura crítica àqueles que se beneficiam do trabalho alheio acumulando sempre mais e deixando multidões vítimas do descaso e da miséria. Sua denuncia é firme e avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em branco aos olhos de Deus.
No Evangelho Jesus mostra como uma pessoa deve usar os bens passageiros para garantir bens duradouros. Contando a parábola do administrador infiel e fazendo um elogio à sua atitude, está mais do que claro que Jesus não compactua com a desonestidade, mas com a esperteza.
A recomendação de Jesus não é para ser desonesto, pelo contrário, para ser esperto. E usar da inteligência para praticar o bem. Jesus deixa claro que se preocupar unicamente com o dinheiro não é o caminho mais seguro para conquistar valores duradouros.  
Na sociedade contemporânea preocupada em comprar mais, consumir mais, acumular mais, não falta quem viva por causa do dinheiro e para isso trabalha 12 a 15 horas por dia; deixe em segundo plano a família e os amigos; sacrifique sua intimidade e se exponha diante das câmeras de televisão e na internet para ganhar alguns trocados. Não falta quem venda sua consciência e não tenha escrúpulo de sacrificar a vida dos irmãos; há quem venda drogas e armas que destroem vidas e dignidades; há quem seja injusto com os operários e com as pessoas com quem estabelece relações comerciais.
Pois a Palavra de Deus pede hoje um exame de consciência. Eu como cristão: Como é a minha relação com o dinheiro? Ser escravo do dinheiro é uma coisa que só acontece com os outros? Na atividade profissional o que me move é o dinheiro ou amor pelos outros? O que  eu penso em relação à posse dos bens?
Não se pode ser ingênuo e pensar que o dinheiro não seja necessário ou desprezível e imoral, antes é preciso ter os pés no chão e analisar se a minha relação com o dinheiro não é de escravidão e obsessão.
Concluindo Jesus insiste: não se pode servir a  Deus e ao dinheiro. Entenda-se servir a Deus como gastar a sua vida em favor do bem e de uma sociedade mais justa e fraterna. É isto que São Paulo recomenda na carta a Timóteo, não olhar apenas para o seu umbigo, mas sentir-se responsável pela coletividade e o bem estar de todos.

O olhar de cristão pede que cada pessoa seja capaz de agir como Deus que “Levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, para  fazê-lo sentar com os grandes”.

sábado, 10 de setembro de 2016

Homilia para o dia 11 de setembro de 2016 - 24º domingo comum.

ESCOLHIDO COM MISERICÓRDIA

No brasão do Papa Francisco se pode ler a frase: “Escolhido com Misericórdia”. Não sem razão o Papa tem repetido algumas vezes: “Rezem por mim que também sou pecador”. Instituiu este ano santo extraordinário da misericórdia e afirmou que esta virtude é que suporta toda a vida da Igreja. Quando se pensa em misericórdia se lembra acolhida, perdão, solidariedade, compreensão e uma porção de outras atitudes que permitem às pessoas se reerguerem dos seus sofrimentos e desilusões.
Os atletas paraolímpicos no Rio de Janeiro estão dando muitas lições do que significa superação, determinação e solidariedade e porque não dizer misericórdia. Na corrida dos 100 metros a brasileira Tassita Cruz vencia a prova quando perdeu velocidade e acabou em sexto lugar. Sentada chorando recebeu a mais importante medalha no abraço carinhoso da colombiana Marta que venceu a corrida.
Ora, o que é o pecado, senão uma perca de velocidade na direção da meta e que culmina com a desilusão, o choro, o arrependimento e o medo? Isso está bem retratado nas três leituras deste domingo.
Na primeira, o povo perdeu o entusiasmo e começou a andar por outros caminhos. Desiludidos quiseram encontrar solução para a sua dificuldade à custa das suas próprias forças. Obvio que isso não os levou a nenhum lugar. Longe de Deus o povo experimentava sofrimento ainda maior. Moisés intercede, recordando a promessa e a leitura termina dizendo: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao povo”. O resultado todo sabemos, mais tarde a comunidade de Israel chegou à terra prometida.
Hoje a Igreja também reza com o salmista fazendo sua a mesma condição de arrependimento que Davi experimentou. Em oração se diz: “Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido”.
São Paulo reconhece o seu pecado quando diz: “Eu que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia que demostra toda a grandeza do coração de Jesus”.
E Jesus no Evangelho contando as três parábolas mais uma vez ajuda a perceber como Deus “Escolhe com Misericórdia”.  Não porque ele ama mais a uns do que aos outros, mas porque Ele Ama mais! O abraço que o pai dá ao filho arrependido é a mais importante medalha que um pecador arrependido, que por força das circunstâncias perdeu velocidade e está caído em prantos no meio do caminho pode receber de Deus.
Que a Palavra e a Eucaristia com a oração comum ensinem a todos o que significa a virtude da misericórdia.  



Homilia para o dia 11 de setembro de 2016 - 24º domingo comum.

ESCOLHIDO COM MISERICÓRDIA

No brasão do Papa Francisco se pode ler a frase: “Escolhido com Misericórdia”. Não sem razão o Papa tem repetido algumas vezes: “Rezem por mim que também sou pecador”. Instituiu este ano santo extraordinário da misericórdia e afirmou que esta virtude é que suporta toda a vida da Igreja. Quando se pensa em misericórdia se lembra acolhida, perdão, solidariedade, compreensão e uma porção de outras atitudes que permitem às pessoas se reerguerem dos seus sofrimentos e desilusões.
Os atletas paraolímpicos no Rio de Janeiro estão dando muitas lições do que significa superação, determinação e solidariedade e porque não dizer misericórdia. Na corrida dos 100 metros a brasileira Tassita Cruz vencia a prova quando perdeu velocidade e acabou em sexto lugar. Sentada chorando recebeu a mais importante medalha no abraço carinhoso da colombiana Marta que venceu a corrida.
Ora, o que é o pecado, senão uma perca de velocidade na direção da meta e que culmina com a desilusão, o choro, o arrependimento e o medo? Isso está bem retratado nas três leituras deste domingo.
Na primeira, o povo perdeu o entusiasmo e começou a andar por outros caminhos. Desiludidos quiseram encontrar solução para a sua dificuldade à custa das suas próprias forças. Obvio que isso não os levou a nenhum lugar. Longe de Deus o povo experimentava sofrimento ainda maior. Moisés intercede, recordando a promessa e a leitura termina dizendo: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao povo”. O resultado todo sabemos, mais tarde a comunidade de Israel chegou à terra prometida.
Hoje a Igreja também reza com o salmista fazendo sua a mesma condição de arrependimento que Davi experimentou. Em oração se diz: “Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido”.
São Paulo reconhece o seu pecado quando diz: “Eu que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia que demostra toda a grandeza do coração de Jesus”.
E Jesus no Evangelho contando as três parábolas mais uma vez ajuda a perceber como Deus “Escolhe com Misericórdia”.  Não porque ele ama mais a uns do que aos outros, mas porque Ele Ama mais! O abraço que o pai dá ao filho arrependido é a mais importante medalha que um pecador arrependido, que por força das circunstâncias perdeu velocidade e está caído em prantos no meio do caminho pode receber de Deus.
Que a Palavra e a Eucaristia com a oração comum ensinem a todos o que significa a virtude da misericórdia.  



Homilia para o dia 11 de setembro de 2016 - 24º domingo comum.

ESCOLHIDO COM MISERICÓRDIA

No brasão do Papa Francisco se pode ler a frase: “Escolhido com Misericórdia”. Não sem razão o Papa tem repetido algumas vezes: “Rezem por mim que também sou pecador”. Instituiu este ano santo extraordinário da misericórdia e afirmou que esta virtude é que suporta toda a vida da Igreja. Quando se pensa em misericórdia se lembra acolhida, perdão, solidariedade, compreensão e uma porção de outras atitudes que permitem às pessoas se reerguerem dos seus sofrimentos e desilusões.
Os atletas paraolímpicos no Rio de Janeiro estão dando muitas lições do que significa superação, determinação e solidariedade e porque não dizer misericórdia. Na corrida dos 100 metros a brasileira Tassita Cruz vencia a prova quando perdeu velocidade e acabou em sexto lugar. Sentada chorando recebeu a mais importante medalha no abraço carinhoso da colombiana Marta que venceu a corrida.
Ora, o que é o pecado, senão uma perca de velocidade na direção da meta e que culmina com a desilusão, o choro, o arrependimento e o medo? Isso está bem retratado nas três leituras deste domingo.
Na primeira, o povo perdeu o entusiasmo e começou a andar por outros caminhos. Desiludidos quiseram encontrar solução para a sua dificuldade à custa das suas próprias forças. Obvio que isso não os levou a nenhum lugar. Longe de Deus o povo experimentava sofrimento ainda maior. Moisés intercede, recordando a promessa e a leitura termina dizendo: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao povo”. O resultado todo sabemos, mais tarde a comunidade de Israel chegou à terra prometida.
Hoje a Igreja também reza com o salmista fazendo sua a mesma condição de arrependimento que Davi experimentou. Em oração se diz: “Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido”.
São Paulo reconhece o seu pecado quando diz: “Eu que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia que demostra toda a grandeza do coração de Jesus”.
E Jesus no Evangelho contando as três parábolas mais uma vez ajuda a perceber como Deus “Escolhe com Misericórdia”.  Não porque ele ama mais a uns do que aos outros, mas porque Ele Ama mais! O abraço que o pai dá ao filho arrependido é a mais importante medalha que um pecador arrependido, que por força das circunstâncias perdeu velocidade e está caído em prantos no meio do caminho pode receber de Deus.
Que a Palavra e a Eucaristia com a oração comum ensinem a todos o que significa a virtude da misericórdia.  



sexta-feira, 2 de setembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 04 DE SETEMBRO DE 2016 - 23º DOMINGO COMUM

CONDIÇÕES PARA O DISCIPULADO

A proximidade das eleições municipais no país, coloca todos os cidadãos entre a cruz e a espada. E não raro se ouve a expressão: “A gente vota no menos pior”.  Neste tempo desfilam nos meios de comunicação, e em toda sorte de propaganda política candidatos cujo objetivo é ganhar a confiança dos eleitores, arrebanhar multidões e instalar um projeto de poder e de governo. Nesta seara surgem muitas promessas, discursos extraordinários, soluções quase mágicas e discursos demagógicos.

Ao contrário dos políticos no evangelho de hoje Jesus se apresenta não como um demagogo que faz promessas fáceis com o objetivo de conquistar a simpatia das pessoas para instalar o projeto do Reino. Ele faz um convite radical que não consiste em colocar panos quentes.  A proposta para quem quer fazer parte do Reino anunciado por Jesus implica em três renúncias:  à própria família, à própria vida e aos bens. Jesus começa falando em odiar a família. O verbo odiar no evangelho significa colocar em segundo plano, não porque a família não seja importante, mas porque a o Reino precisa ser entendido como preferencial na ordem de importância. A segunda renuncia exige superar os interesses egoístas, ou seja, aqueles em que as próprias necessidades estejam em primeiro lugar. Isso significa fazer de sua vida um dom a serviço dos irmãos. A terceira renuncia diz respeito aos bens. Jesus tem consciência da necessidade de bens, mas ao mesmo tempo reconhece que quando a posse de bens se torna valor absoluto este interesse escraviza as pessoas e as leva a viver somente em função deles esquecendo-se das pessoas e do verdadeiro sentido da vida. Neste sentido fica clara a diferença entre as promessas de Jesus e as que se ouve neste tempo de eleição. Jesus apresenta renuncias e sacrifícios os outros facilidades e benefícios aos montes.
Ora, para fazer a escolha certa e ter a coragem de renunciar algumas coisas boas em função de outras é necessária sabedoria que o autor da primeira leitura de hoje afirma que é um dom de Deus. Dom, que somente a pessoa que se deixa conduzir por ele será capaz de cruzar as expectativas sem ficar confuso diante de tantas escolhas.  Para os cristãos o critério para julgar a viabilidade de alguma proposta é o evangelho e a oração.
A reunião dos cristãos na assembleia de cada domingo é uma forma de pedir e de se colocar diante da sabedoria de Deus como se reza no salmo: Ensinai-nos a contar os nossos dias, para chegarmos à sabedoria do coração. Voltai, Senhor! Até quando… Tende piedade dos vossos servos. Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade, para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias. Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus. Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos”.



domingo, 28 de agosto de 2016

HOMILIA PARA O DIA 28 DE AGOSTO - SEGUNDA OPÇÃO

AGIR COM SIMPLICIDADE


Na última sexta feira teve início oficialmente a propaganda eleitoral que culminará na eleição de prefeitos e vereadores no dia 02 de outubro próximo. Não é necessário muito censo crítico para perceber como desde o início os candidatos se apresentam como pessoas humildes. Na prática se trata de uma disputa marcada pela competição e pelos primeiros lugares e cuja arma é apresentar-se melhor e muito superior aos demais.
No livro do Eclesiástico o autor aconselha a humildade como condição para ser agradável a Deus e a todos, para ter êxito e ser feliz. As palavras são uma espécie de conselho passado de pai para filho. Não se trata de uma condição de pessoas com pouca preparação intelectual ou econômica, o autor tem certeza que a humildade é um valor no qual se esconde o segredo da felicidade. Cultivar esta virtude significa colocar-se com simplicidade no seu lugar e fazer render os talentos que recebeu. A humildade não permite que as qualidades subam à cabeça e tornem as pessoas soberbas desprezando aqueles que tem outros dons e valores.
No Evangelho Jesus está no caminho para Jerusalém. E hoje trata de duas questões muito importantes: A humildade e a gratuidade. Era comum aos fariseus oferecer banquetes aos participantes do culto na sinagoga. Estas refeições se tornavam oportunidades para continuar as discussões que tinham sido iniciadas no templo. Naturalmente os convidados eram pessoas que detinham um certo status intelectual e econômico e Jesus percebe como se dá a escolha pelos lugares de honra. Diante disto Ele aproveita para falar sobre as duas condições importantes em relação ao Reino de Deus. O Reino é também um banquete, porém este não marcado pelo jogo de interesses, e do jeitinho de levar em vantagem em tudo, como se dá com muita tranquilidade no ambiente político e algumas vezes também nas comunidades cristãs.  
A lição da Palavra de Deus neste domingo contraria a lógica competitiva e agressiva da sociedade contemporânea que costuma valorizar as pessoas pelo seu êxito, pelo eu triunfo, por sua capacidade de ser o melhor em tudo.
Reunida aqui, para louvar o Senhor, a Igreja e cada um convidado a compreender e colocar seus dons a serviço sem procurar lugares de honra, reconhecimento e busca pelos primeiros lugares.

sábado, 27 de agosto de 2016

HOMILIA PARA O DIA 28 DE AGOSTO DE 2016 - 22º DOMINGO COMUM - ANO C

COM CARINHO PREPARASTES UMA MESA PARA OS POBRES

Na última sexta feira teve início oficialmente a propaganda eleitoral que culminará na eleição de prefeitos e vereadores no dia 02 de outubro próximo. Não é necessário muito censo crítico para perceber como desde o início os candidatos se apresentam como pessoas muito além do normal. Alguns cujos nomes nunca se tinham ouvido agora desfilam no rádio e na televisão, nas ruas e praças apresentando-se como pessoas simples e que vivem no meio do povo, preocupadas com o bem-estar de todos, e com a solução dos problemas que até agora nem se davam conta que existiam. Esta realidade permite uma sintonia muito fina com a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo.
No evangelho, Jesus aparece na continuação de sua viagem para Jerusalém. Participando de um jantar com muita gente importante percebe a atitude dos convidados e faz a observação sobre os comportamentos dos presentes: Escolher os primeiros lugares e fazer de conta que tudo está certo e resolvido. Jesus dá um conselho ao dono da casa: Quando oferecer um banquete não convidar aqueles que lhe podem retribuir, mas exatamente aqueles que necessitam ser promovidos para sair da situação de constrangimento em que se encontram.
A proposta de Jesus é uma inversão das práticas da sociedade do seu tempo: Definitivamente, todas as pessoas merecem uma vida mais digna onde aconteça de fato a justiça e a qualidade de vida estejam ao alcance de todos. Jesus insiste numa nova organização da sociedade na qual se compreenda o sentido da gratuidade e não dos interesses que eram vigentes entre os que dirigiam a sociedade no seu tempo.
O Livro do Eclesiástico insiste na compreensão de que a grandeza de uma pessoa não reside na capacidade de oferecer soluções milagrosas para os problemas de cada dia, mas no comprometimento com a promoção de todas as pessoas a fim de que diminua o fosso entre os que governam e os que são governados.
A carta aos Hebreus reitera o convite para a comunhão plena de todos entre todos e afirmar: “Busquem a paz com santidade”, sem esses valores não será possível ver o rosto e a presença de Deus no mundo que ensina e ajuda assumir atitudes que promovam a vida e o bem-estar de todos.
Neste sentido a Igreja também recorda neste domingo os catequistas, rezando com a multidão destes voluntários, cada pessoa é também convidada a dar sua parte por meio de atitudes permanentes de atenção, de escuta e de promoção das pessoas como se reza na oração da missa: “Ó Deus, fonte de todo bem, alimente em nós o que é bom e nos ajude a cuidar daquilo que de vós recebemos”.
Mais do que promessas mágicas e soluções milagrosas cada pessoa e obviamente os pretendentes a cargos políticos são convidados a inverter a lógica que o tempo das eleições oferece: Não somente prometer ações fantásticas, mas agir de modo que a sociedade inteira seja fundamentada em outros princípios e valores.



sábado, 20 de agosto de 2016

APARECEU NO CÉU UM GRANDE SINAL

Logo mais, as 20h00 acontecerá a cerimônia de encerramento das Olímpiadas do Rio de Janeiro. A participação feminina em diversas esferas da sociedade contemporânea foi acontecendo ao longo do tempo à custa de muita garra, determinação e superação de preconceitos. A edição do Rio de Janeiro se encerra sendo conhecido como a “Olímpiada das Mulheres”, elas mostraram ao mundo aquilo de que são capazes na história da humanidade e na construção de uma sociedade mais igualitária e humana.
É uma mera coincidência que liturgia deste domingo celebre a Assunção de Maria ao céu, cuja história e contribuição para a história e para a salvação da humanidade, pode-se dizer que precedeu toda a luta por um mundo mais justo e muito melhor.
O Evangelho narra o encontro de Maria com a prima Isabel. As duas proclamam as maravilhas que Deus realiza no meio do mundo e fica mais do que claro que isto se realiza com a contribuição feminina.  As duas revelam como Deus agiu na pessoa de João Batista e de Jesus. O Primeiro intitulado como o maior de todos os profetas e Jesus como o messias esperado. Isabel proclama que Deus fez Maria a bendita entre todas, a vitoriosa, aquela que o anjo havia declarado Cheia de Graça. E Maria reafirma: “O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam”.
O livro do Apocalipse apresenta uma mulher como símbolo da vitória da vida sobre as forças da morte: apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”.   Na batalha contra o dragão que representa todas as forças da morte a Mulher dá à luz um Filho que foi elevado para junto de Deus e a mulher que foi salva das forças da morte ouve a voz forte dizendo: "Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo". 
Por sua vez Paulo, na segunda leitura, garante que Jesus Cristo, o filho de Maria, é o vencedor da morte e de todos os sinais que a acompanham.
Nota-se em todas as situações exatamente o que as mulheres acabam de mostrar nas olímpiadas: “As atletas conseguiram driblar todos os preconceitos e provar capacidade em diversas modalidades esportivas até mesmo naquelas que se dizem exclusivas para os homens”.  Não sem razão o Papa Francisco acaba de constituir uma comissão para ampliar a participação feminina na vida da Igreja.
Claro que nisto tudo a figura de Maria serve de exemplo e inspiração para que tudo isso continue acontecendo. Rezemos pedindo que a Mãe de Jesus seja para sempre companheira nesta jornada.


sábado, 13 de agosto de 2016

SÓ  VOS, SENHOR, SOIS SALVAÇÃO E AUXÍLIO

Uma das grandes dificuldades do ser humano é aceitar as mudanças. Sair da zona de conforto. Fazer de um modo diferente aquilo que está habituado a realizar. Não raro, continuar praticando as mesmas coisas vai se mostrando como um caminho sem volta para a própria autodestruição. E isso se vê com pessoas que sofrem, por exemplo, do alcoolismo, da droga, do cigarro, e assim por diante. Frequentemente esse caminho também é percorrido por empresas e instituições que vão perdendo credibilidade, mercado e clientes. Entretanto sair daquela prática habitual parece ser impossível.
Pois este é o ponto forte que a Palavra de Deus neste domingo apresenta para a meditação. A Palavra é um convite a coragem de abandonar as seguranças e aquilo que sempre foi feito, do modo como sempre foi feito e arriscar-se a metas mais ousadas. Para isso algumas pessoas servem de inspiração no conjunto das três leituras.

O profeta Jeremias é modelo daqueles dispostos a dar a sua vida para que a Palavra de Deus fosse ouvida no mundo. Ele percebeu como o Reino de Judá estava decaindo e diante desta realidade não duvidou que deveria convidar o povo e os governantes para uma mudança de rumo. Isso não foi aceito, o resultado não poderia ser outro: os amigos do rei decidem dar um fim em Jeremias e o jogam no fundo de um poço, a fim de que morra afundando-se na lama. Por sorte aparece um estrangeiro que pede a salvação do profeta e o retira daquele lugar imundo.

A carta aos Hebreus, que é a segunda leitura, apresentou nos últimos domingos uma relação de pessoas que venceram por causa da sua fé e deixaram uma história de vencedores apesar das dificuldades que encontraram. No texto de hoje reafirma: “Rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé.”.  A figura de Jesus e do cristão autêntico pode ser comparado a um atleta de olímpiadas, empenhar-se de maneira decidida e vontade de vencer, para que isso seja possível será necessário deixar de lado algumas das práticas que já estavam enraizadas no seu cotidiano.

No Evangelho Jesus usa da simbologia do fogo e afirma que sua missão é de trazê-lo à terra. Ele está falando aos discípulos enquanto caminha para Jerusalém, aonde sabe que irá enfrentar as autoridades do templo que lhe condenarão a morte. Apesar desta certeza ele afirma sem medo que desejaria que tudo já tivesse acontecido. Ele tem certeza que sua Palavra e sua vida irão desestabilizar muitos costumes já arraigados na sociedade de Israel, apesar disso, assim como Jeremias, Jesus também não se intimida e garante que por causa destas mudanças haverá também muita divisão, até mesmo dentro das famílias.


A pergunta que pode ser para cada cristão é a seguinte: o fogo purificador e transformador que Jesus trouxe já transformou a minha vida? Já tive a coragem de renunciar muitas das minhas verdades abrindo-me ao novo e ao diferente. A Palavra de Deus é um convite para repetir com o salmista deste domingo: Socorrei-me, ó Senhor, vinde logo em meu auxílio! 

sábado, 6 de agosto de 2016

HOMILIA PARA O DIA 07 DE AGOSTO DE 2016

VENHA SENHOR, SOBRE NÓS, A VOSSA GRAÇA

Quem pode assistir ontem a noite a abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro, certamente se convenceu que o Brasil é um país de gente capaz para muito mais do que tudo o denigre a nossa imagem e maltrata o nosso povo. Por outro lado, para que o evento fosse possível foram necessários nove meses de preparação intensa, determinação, coragem, desprendimento e um aparato de segurança que envolveu 85 mil profissionais da área. Este fato permite fazer uma relação muito direta com as leituras que se proclama na liturgia deste domingo.
O livro da sabedoria, na primeira leitura começa assim: “A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem firmes. Ela foi esperada por teu povo
como salvação para os justos”.
E são estes que proclamam como se faz no salmo deste domingo: No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos”.
Todos os profissionais envolvidos nas olímpiadas podem encontrar sua inspiração na pessoa de Abraão de quem a carta aos Hebreus fala: “Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia”.
Na sequência, nada mais claro do que o convite que Jesus faz no evangelho: “'Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino”. Porém é claro que simultâneo a não ter medo é preciso também agir com a prudência que ele mesmo indica em cada uma das três parábolas que compõe o evangelho de hoje: “Fiquem de prontidão e com os rins cingidos; Felizes aqueles que o Senhor encontrar vigilantes; A quem muito foi dado muito será pedido”.
Eis que a Palavra de Deus ensina a todos neste domingo a ter determinação, coragem, firmeza, desprendimento; o que aliás não faltou aos profissionais envolvidos nas Olimpíadas; de modo que cada um possa dar a sua contribuição na construção de uma sociedade preocupada em oferecer e acumular tesouros onde “o ladrão não rouba a traça não rói e o cupim não destrói”.

Que a oração, a Palavra e a Eucaristia ajudem a todos. 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Homilia para o dia 24 de julho de 2016

PERDOA-NOS COMO NÓS TAMBÉM PERDOAMOS

A Igreja e o coração das pessoas estão repletos de santos de sua devoção. Cada um guarda aquele que se apresenta como o mais próximo nas suas necessidades. Santo Agostinho, que foi um grande pecador antes de se converter, disse: "É mais fácil Deus esquecer a sua ira do que esquecer a misericórdia”.

É de misericórdia que fala a primeira leitura e o evangelho deste domingo. De uma forma até poética Abraão vai dialogando com Deus sobre a possibilidade do perdão. O pecado das cidades de Sodoma e Gomorra tinha se tornado tão evidente que já não era mais possível não perceber. E Deus estava decidido tomar uma atitude. Mas Abraão faz o meio de campo e como se diria numa linguagem bem mineira “foi comendo pela beirada”, ou “fez trabalho de formiguinha” e acabou por ganhar o coração de Deus.

Esta vitória merece o canto entoado pelo salmista: “Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, porque ouvistes as palavras dos meus lábios! Perante os vossos anjos vou cantar-vos e ante o vosso templo vou prostrar-me. Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, porque fizestes muito mais que prometestes; naquele dia em que gritei, vós me escutastes e aumentastes o vigor da minha alma”. 

Esse mesmo Deus é aquele que São Paulo anuncia aos colossenses: “Ora, vós estáveis mortos por causa dos vossos pecados, até que Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados”.

É ele que Jesus ensina chamar de Pai e recomenda: “pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá”.


Obviamente que a contra partida é também esperada de cada pessoa que se declara filho do mesmo Pai. Reunidos na assembleia de oração os cristãos estabelecem uma “roda de conversa” que precisa terminar numa ação concreta: “perdoa-nos como nós também perdoamos”

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Homilia para o dia 09 de julho de 2016

MISERICORDIOSOS COMO O PAI

Esta semana entrou em vigor no Brasil a lei que obriga andar com a luz baixa também durante o dia. Ainda nesta semana o presidente em exercício retirou a urgência na tramitação de um projeto que prevê a criminalização da corrupção. Estes dois fatos fizeram parte das manchetes de jornais, das rodas de conversa, das manifestações a favor e contrárias aos dois casos. De uma coisa é certa: O Brasil já tem muitas leis, falta mesmo levar a sério o que está previsto e legislado.
Na comunidade de Jesus também não faltavam regras, leis, normas, proibições e etc. Ao longo de toda a formação do povo de Israel foram sendo estabelecidas regras sobre regras, algumas muito severas e pouco produtivas.
Na primeira leitura deste domingo, Moisés propõe ao seu povo uma única regra: Ouve a voz do Senhor teu Deus. Converte-te para o Senhor teu Deus
com todo o teu coração e com toda a tua alma”.
De Moisés até Jesus as coisas mudaram muito em Israel.
No Evangelho é um entendido em leis que tenta colocar Jesus em saia justa lhe fazendo uma pergunta: “que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Jesus não foge da resposta, nem tampouco atende o desejo do mestre da lei. Antes, devolve-lhe a pergunta: O que está escrito na Lei de Moisés”.
O mestre se faz de pouco entendedor e reformula a pergunta: “quem é o meu próximo” E agora Jesus faz a comparação com o homem que precisa ser ajudado e desafia o interlocutor “Vá Você e faça a mesma coisa”.
Jesus, a quem São Paulo na segunda leitura chama de “Imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” continua desafiando cada pessoa nestes tempos com uma palavra muito simples: “Ser próximo significa ser capaz de agir com misericórdia para com o outro”.
Então, muito mais do que conhecer as leis, o momento é de colocar em prática o jeito de ser de Deus e fazer o que se reza na missa: “Dai a todos os que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno deste nome...”

Que a oração comum encha todos e cada um de coragem e compaixão para reconhecer o próximo que precisa de ajuda, mais do que do próximo que precisa de leis, regras e normas. 

sábado, 2 de julho de 2016

IGUAIS EM DIGNIDADE


Diversos fatos ajudam melhor entender a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo em que a Igreja recorda São Pedro e São Paulo. Uma das situações diz respeito a intolerância religiosa e ao martírio de muitos, sobretudo, no oriente médio. Sobre a situação daqueles que são mortos por intolerância religiosa perseguidos por grupos extremistas o Papa Francisco chama “Martírio com luvas Brancas”.

No Brasil, diante da crise ética e política que o país está enfrentando também é possível perceber como a incapacidade para aceitar as diferenças tem levado pessoas e grupos a intolerância e incapacidade para o diálogo. Sobre isso o secretário geral da CNBB afirmou em recente entrevista: “Aceitar quem pensa diferente, nos leva a uma maturação maior. Sem isso nós não cresceremos, não teremos um Brasil melhor"

O País está vivendo e se preparando para o maior evento esportivo do mundo, com a realização das olímpiadas no Rio de Janeiro. A passagem da tocha olímpica em diversas cidades e regiões, momento no qual milhares de pessoas se mobilizam e correm para ver o símbolo do evento, leva a compreender "Que temos um compromisso com o mundo, com tantas delegações, de proporcionarmos boas olimpíadas"

No tempo de Pedro e Paulo situações desta natureza também existiam. A história conta como Pedro e Paulo foram torturados e martirizados exatamente porque pensavam diferentes e com seu modo de vida testemunhavam outra forma de ver e compreender o mundo e as pessoas. Na segunda leitura Paulo, diante da eminência da sua execução compara a sua vida como uma maratona: “Combati o bom combate terminei a minha corrida, guardei a fé, só me resta a coroa da Justiça que o Senhor me dará, não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa”. 

A missão que Jesus confiou a Pedro, se estende a cada pessoa e a todas as comunidades cristãs: Construir uma Igreja firme e forte, capaz de dialogar com diferente, acolher e perdoar com misericórdia e caridade. 

Eis que as comunidades se reúnem para celebrar a misericórdia de Deus e pedem que o Espírito Santo ajude a todos a viver de maneira que o ensinamento dos apóstolos, a fração do pão, o amor dos primeiros cristãos, faça de todos um só coração e uma só alma.


Que cada cristão seja no seu ambiente de trabalho e de vida um exemplo de coragem, de compreensão e diálogo superando medos e preconceitos. 

quinta-feira, 23 de junho de 2016

JESUS TOMOU A FIRME DECISÃO!

Tomar decisões na vida costuma ser uma das maiores dores de cabeça que uma pessoa enfrenta na vida. Sobre decisões e oportunidades, costuma-se usar um provérbio popular que diz mais ou menos assim: “A oportunidade é como um cavalo encilhado que só passa uma vez na vida”.  E se isto é verdadeiro há que se aprender a tomar decisões e ter a coragem de assumir as consequências das escolhas que se faz. Já quando uma pessoa desiste de algum projeto se diz que “pendurou a chuteira” ou que “jogou a toalha.

No livro dos Reis, cujo texto é proclamado neste domingo, o profeta Elias faz um gesto inusitado para provocar uma tomada de decisão do jovem Eliseu. Sentindo-se enviado por Deus o profeta percebe que é hora de “pendurar a chuteira” e sai à procura de um seu sucessor. O convite para ocupar o seu lugar não é feito com nenhum discurso nem pratica de convencimento. Vendo o jovem Eliseu, que não é um sujeito incapaz para nada, pelo contrário, está arando a terra com 12 juntas de bois, o profeta lhe oferece o manto, isto é, lhe oferece uma outra oportunidade, a qual Eliseu não tem medo de aceitar. Não só aceita seguir, como oferece os bois em sacrifício como sinal da sua adesão e da sua coragem para encarar um novo modelo de vida.

Aos Gálatas, São Paulo vai repetir o que já vem falando em outras ocasiões: O centro de toda a vida é a pessoa de Jesus Cristo, com sua morte e ressurreição. E hoje Paulo afirma: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”, portanto deixem-se conduzir pelo Espírito de Cristo.

E qual é o Espírito de Cristo senão aquele que ele mesmo dá a conhecer no Evangelho: “Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém”.  Neste caminho não faltam dificuldades, provações e provocações, mas Jesus faz exatamente o que disse a Pedro no domingo passado: “quem quiser ganhar a sua vida vai perde-la, mas quem perder a sua vida por causa do Evangelho, este a salvará”.  Hoje ele faz um diálogo com outras pessoas e as interpela dizendo “o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”, e exatamente por isso nada lhe prende, nem mesmo uma moradia estável.

Também os cristãos destes tempos vivem a mesma condição de Eliseu, da comunidade de são Paulo e dos seguidores de Jesus. Trata-se de compreender quais são os verdadeiros laços que prendem e que libertam e quando é hora de tomar decisões, como quem “põe a mão no arado e não olha para traz”.


Seguir Jesus Cristo com as causas que ele também defendeu exige a coragem e a determinação que ele mesmo ensinou. Permitam-me concluir dizendo que carregar a cruz de cada implica compreender o que disse um compositor gaúcho em uma de suas canções: “Olha, guri, lá o povo é diferente e certamente faltará o que tens aqui. Eu só te peço, não esqueças de tua gente. De vez em quando, manda uma carta, guri.  Se vais embora, por favor não te detenhas. Sigas em frente e não olhes para trás”