ASTUTO
COMO AS SERPENTES E
SIMPLES COMO AS POMBAS
Uma das maneiras para
expressar o que se pensa são os provérbios. Sobre dinheiro costuma-se dizer: “Tempo
é dinheiro”; “Dinheiro não traz felicidade”; “O dinheiro fala todas as línguas”;
“Os governos são eficientes quando se trata de arrecadar impostos do povo”;
Estes e muitos outros são a expressão do valor que uma pessoa dá aquilo que é
ou aquilo que tem ou julga ter e dar importância.
As leituras deste domingo trazem como pano de
fundo a reflexão sobre a maneira como uma pessoa pode fazer do dinheiro e do
poder. Amós é profeta no Reino de Judá, num tempo em que a exploração de uns
sobre outros era vergonhosa. Neste contexto suas palavras são uma dura crítica
àqueles que se beneficiam do trabalho alheio acumulando sempre mais e deixando
multidões vítimas do descaso e da miséria. Sua denuncia é firme e avisa: Deus não está do lado de
quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a
injustiça não passam em branco aos olhos de Deus.
No Evangelho Jesus mostra como uma pessoa deve usar
os bens passageiros para garantir bens duradouros. Contando a parábola do
administrador infiel e fazendo um elogio à sua atitude, está mais do que claro
que Jesus não compactua com a desonestidade, mas com a esperteza.
A recomendação de Jesus não é para ser desonesto,
pelo contrário, para ser esperto. E usar da inteligência para praticar o bem.
Jesus deixa claro que se preocupar unicamente com o dinheiro não é o caminho
mais seguro para conquistar
valores duradouros.
Na sociedade contemporânea preocupada em comprar
mais, consumir mais, acumular mais, não falta quem viva por causa do dinheiro e
para isso trabalha 12 a 15 horas por dia; deixe em segundo plano a família e os
amigos; sacrifique sua intimidade e se exponha diante das câmeras de televisão
e na internet para ganhar alguns trocados. Não falta quem venda sua consciência
e não tenha escrúpulo de sacrificar a vida dos irmãos; há quem venda drogas e
armas que destroem vidas e dignidades; há quem seja injusto com os operários e
com as pessoas com quem estabelece relações comerciais.
Pois a Palavra de Deus pede hoje um exame de
consciência. Eu como cristão: Como é a minha relação com o dinheiro? Ser
escravo do dinheiro é uma coisa que só acontece com os outros? Na atividade
profissional o que me move é o dinheiro ou amor pelos outros? O que eu penso em relação à posse dos bens?
Não se pode ser ingênuo e pensar que o dinheiro não seja
necessário ou desprezível e imoral, antes é preciso ter os pés no chão e
analisar se a minha relação com o dinheiro não é de escravidão e obsessão.
Concluindo Jesus insiste: não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Entenda-se servir a Deus
como gastar a sua vida em favor do bem e de uma sociedade mais justa e
fraterna. É isto que São Paulo recomenda na carta a Timóteo, não olhar apenas
para o seu umbigo, mas sentir-se responsável pela coletividade e o bem estar de
todos.
O olhar de cristão pede que cada
pessoa seja capaz de agir como Deus que “Levanta do pó o indigente
e tira o pobre da miséria, para fazê-lo
sentar com os grandes”.
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