quinta-feira, 30 de março de 2023

HOMILIA PARA O DIA 02 DE ABRIL DE 2023 - DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR - ANO A

 NA CRUZ A VITÓRIA DA VIDA

A aparente contradição entre os dois textos do Evangelho que são proclamados nesse Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, é apenas mais uma oportunidade para perceber como Jesus foi reconhecido por uma grande parcela da população e traído por quem tinha o poder de decidir e determinar o destino da cidade e das pessoas.

Na celebração do Domingo de Ramos está diante de nós um Deus que confirma sua missão de partilhar da nossa condição humana e do meio de todos os sofrimentos e provocações estimular a todos a deixar morrer tudo o que não condiz com a qualidade e a dignidade da vida.

O cumprimento da profecia de Isaias: “Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta". Não é outra forma de entender se não que ele é o Servo Sofredor descrito na primeira leitura: “Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado”. Desde muito cedo os cristãos reconheceram que em Jesus se cumpria tudo o que havia sido dito pelos profetas e que nele todos seriam restabelecidos e aproximados de Deus e dos seus projetos. Em Jesus somos convidados a fazer de nossa vida um serviço radical em favor de todos. Não temos o direito de permanecer indiferentes diante do sofrimento dos que estão próximos de nós.

São Paulo escreve aos filipenses que é uma comunidade quase perfeita, e por isso mesmo ele sugere aos destinatários da carta que tomem como modelo a pessoa de Jesus: “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome”. Essa insistência de Paulo serve para cada um de nós. Deixar nossa arrogância e autossuficiência são as condições indispensáveis para alcançar a plena realização para nossas vidas.

As aclamações que todos fazem a Jesus enquanto entra na cidade de Jerusalém: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor”, se misturam com as condenações que o levam a morte na cruz. Jesus não se deixa elevar pela efusiva saudação do Domingo de Ramos, como também não se deixa abater pela condição de crucificado. O relato da paixão e morte é apenas a antecipação da alegria que vamos experimentar no domingo da páscoa e que nós rezamos com o salmista:

Anunciarei o vosso nome a meus irmãos *
e no meio da assembleia hei de louvar-vos!

Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,

glorificai-o, descendentes de Jacó, *
e respeitai-o, toda a raça de Israel!

 





Um comentário:

  1. Quando o povo de Israel, e os povos vizinhos representados pelos "reis magos", esperavam que Jesus os viesse libertar do domínio de Roma, sentiram-se traídos pela narrativa religiosa em que o profeta se refugiaria para não assumir o seu papel político: "a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César"! Essa terá sido, certamente a razão por que a população reclamou a sua crucificação.

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