NÃO LHES DEIXAREI ÓRFÃOS!
Sentir-se apoiado e amparado diante das
situações difíceis que a vida oferece com grande frequência é sempre um consolo
e uma espécie de porto seguro. Aliás costuma-se usar a expressão “Porto Seguro”
para fazer referência a situações e pessoas que em determinado momento da vida
servem de apoio e ajuda quando aparecem as complicações e dificuldades por
diferentes causas e motivos.
A Palavra de Deus proclamada na liturgia
desse domingo é uma espécie de “porto seguro” ou melhor ainda uma maneira de fazer
perceber como Deus age e está presente no cotidiano de modo discreto e
tranquilizador.
O texto do Evangelho é parte de uma
longa conversa que Jesus tem com seus discípulos na qual ele deixa claro que
chegou a hora em que eles mesmos devem alçar voo com suas próprias asas e
forças. Obvio que a comunidade dos seguidores ficou perplexa e insegura com a
afirmação de Jesus que soa como se fosse um testamento. Jesus conclui a sua
fala lhes garantindo presença e cuidado, mas agora de uma maneira diferente
daquela que os discípulos tinham experimentado: “Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me
vereis, porque eu vivo e vós vivereis. Não vos deixarei órfãos. Eu virei
a vós. Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para
que permaneça sempre convosco”
Fica claro para os discípulos que sua
vida, sua missão e a comunidade que foi constituída por Jesus se tornará a
morada de Deus no mundo e que as pessoas irão reconhecer isso mediante o
testemunho de suas vidas. Durante sua vida terrena Ele mesmo foi a segurança
que os discípulos precisavam e por suas ações se deu a conhecer como o “rosto misericordioso
do Pai” a partir de agora será o Espírito Santo quem vai cuidar dos discípulos.
Deus continuará sua presença discreta e segura no mundo de uma outra maneira.
O Espírito que o Pai enviará vai agir de
duas maneiras: uma conservando a memória e os ensinamentos de Jesus e outra
dando segurança aos discípulos na missão que estavam recebendo. Os sofrimentos
de Cristo continuam se repetindo na vida de tantas pessoas perto de nós. Muitas
vezes nos sentimos impotentes e sofremos de modo desmedido. Vemos que o mundo
se organiza muitas vezes de modo egoísta e injusto, mas é certo que o Reino de
Deus vai chegar.
A primeira leitura é a prova mais
perfeita da presença de Jesus no meio deles que realizam com suas ações e na
comunhão de uns com os outros na medida em que a comunidade dos discípulos vive
sua fé formando uma grande comunidade que caminha junto e se mostra reunida com
o Pai e com Jesus: “Naqueles dias, Felipe desceu a uma cidade da
Samaria e anunciou-lhes o Cristo. Os apóstolos, que estavam em Jerusalém, souberam
que a Samaria acolhera a Palavra de Deus, e enviaram lá Pedro e João. Chegando
ali, oraram pelos habitantes da Samaria, para que recebessem o Espírito Santo”. Os judeus tinham preconceitos em relação aos
samaritanos, considerando-os impuros, mas os discípulos mostram como a Igreja
nascente não tinha fronteiras e na alegria anunciava a boa noticia de Jesus.
Na carta de
Pedro mais uma vez fica clara a intenção do autor que consiste em reanimar a
comunidade que vivia confrontada com as hostilidades do mundo. As palavras do
apóstolo têm o objetivo claro de estimular os destinatários para mostrar o amor
de Jesus Cristo ao mundo mesmo no contexto das perseguições e dificuldades: “Caríssimos: Santificai em vossos corações o
Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a
todo aquele que vo-la pedir. Fazei-o, porém, com mansidão e respeito e com boa
consciência”.
Estas
palavras deixam claro que uma comunidade que vive a comunhão com Jesus e com
todos partilhando a mesma fé é uma comunidade que não precisa ter medo porque é
na comunhão e solidariedade que todos podem reconhecer a presença de Jesus que
se manifesta na força do Espírito Santo renovando todos e cada um. Então sim
todos podemos cantar com o salmista:
Aclamai o Senhor Deus, ó terra
inteira,
cantai salmos a seu nome glorioso!
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