SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
9ª GERÊNCIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
ESCOLA DE EDUCAÇÃO
BÁSICA PROFESSORA ADELINA RÉGIS
FEIRA DO CONHECIMENTO 2013
CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA
PROFESSOR: ELCIO ALBERTON
1 – JUSTIFICATIVAS
O mundo vive um momento
denominado “Mudança de época” que enfraquece e altera muitos paradigmas que
sustentam a visão de mundo defendida até o presente momento. Dentre as
exigências da mudança de época uma delas se denomina “sustentabilidade” e não
apenas do ponto de vista das coisas e dos bens de consumo ou bens produzidos
pela natureza denominados bens de consumo finito. Mas se trata de uma nova
compreensão de todo o existir e humano e mais do que nunca é necessário
compreender e defender que um outro mundo é possível, um mundo no qual seja
menos difícil de amar e nas palavras do Luther King: “Ou nos damos as mãos ou
morremos todos como idiotas”.
Nosso mundo rico em tecnologia faz surgir novos
interesses para a educação, enquanto também se espera que as escolas se tornem
vanguarda nas sociedades de conhecimento. Primeiramente, a tecnologia pode
fornecer os instrumentos necessários para a melhoria do processo ensino e
aprendizagem, abrindo novas oportunidades e avenidas... Segundo a educação tem
um papel de preparar os estudantes para
a vida adulta, e, consequentemente, deve fornecer aos estudantes as habilidades
necessárias para se unirem a uma sociedade onde as competências ligadas à
tecnologia estão se tornando cada vez mais indispensáveis. O desenvolvimento
destas competências, que são parte do conjunto bastante conhecido como
Competências do Século 21, está cada vez mais se tornando uma parte integral
dos objetivos da educação obrigatória. Finalmente, numa economia de
conhecimento dirigido pela tecnologia, pessoas que não adquirem e não se
apropriam destas competências podem sofrer de uma nova forma de separação
digital que pode afetar a capacidade de se integrarem plenamente à economia e à
sociedade do conhecimento (OCDE, 2010,
p. 13).
2 – OBJETIVOS
Facilitar a aproximação das
pessoas às novas tecnologias de comunicação e informação apresentando-as como
recurso pedagógico importante, inclusive sob o ponto de vista da
sustentabilidade.
Divulgar o trabalho realizado
na escola de Educação Básica Profª Adelina Régis – Videira, nas disciplinas de
Filosofia e Sociologia e que se enquadra no quesito criatividade pedagógica.
Estimular professores e alunos
o uso dos recursos tecnológicos disponíveis nas escolas e acessíveis aos alunos
em todos os lugares como forma de ampliar o acesso ao conhecimento mais do que
às informações.
3 – ESTRATÉGIAS
Usando o blog do professor,
disponibilizar os conteúdos que são estudados durante o ano letivo. Em
substituição ao tradicional quadro de giz e mesmo o quadro branco, ou outros
recursos produtores de resíduos os recursos tecnológicos atendem à necessidade
de acesso aos conteúdos ao mesmo tempo em que as “janelas” dos recursos
tecnológicos vão sendo abertas pelos alunos para finalidades formativas além de
recreativas e de comunicação.
Criação de uma página no
Facebook para cada turma e para cada disciplina onde os alunos realizam as
atividades de fixação de conteúdo e de assimilação dos objetivos.
4 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Diante do impacto desta mudança
de época, as tradicionais maneiras de compreender o mundo e a maneira de “bem
viver”, já não são aceitas pelas novas gerações. A sociedade contemporânea
trouxe consigo uma fragmentação e deu lugar a uma diversidade de novas visões
do mundo e da vida. As mudanças atingem a economia, a política, as ciências as
artes, a religião e a educação.
A este processo denomina-se: metamórphosis
que significa mudança na forma e
na estrutura. Neste sentido, tem-se como negativo que o papel dos pais e
da escola são substituídos pelos MCS que Impõe uma
cultura homogênea denominada “cultura
midiática”. Por outro lado, é positivo a:
Valorização da pessoa, o Reconhecimento da diversidade cultural, o
avanço tecnológico e a expansão das relações. A cultura midiática pode ser
compreendida como um processo
comunicacional que se realiza por meio dos chamados Meios de Comunicação de
Massa (Mass Media), jornais, revistas, rádio, televisão,
internet, instrumentos utilizados para comunicar, ao mesmo tempo, uma mensagem
a um número maior de pessoas. O acesso
às Novas Tecnologias de Comunicação e
informação (NTCI) proporcionou:
Ø Comunicação instantânea;
Ø Esses MCS, sobretudo a internet, criou uma
aldeia global que oferecem muitas oportunidades;
Ø Novo modelo de agente de comunicação baseado
na interatividade que dominam a tecnologia, sobretudo os jovens;
As redes sociais permitem a conexão ao mundo
ou grupos de interesses e se constituem:
ü Um fenômeno que atinge grande parte das
pessoas, especialmente os jovens;
ü Em viver e
respirar nas novas ambiências midiáticas;
ü Numa interpelação fundamental. Comunicar tornou-se “vida;
ü Na construção de relações por esses meios;
ü Em perigo na medida em que a conectividade
constante privilegia esse tipo de
relação em detrimento da presencial;
ü Mudança de poder nas relações humanas,
tendendo à horizontalidade;
ü Provocação de mudanças na sociedade:
família, escola, trabalho;
ü Em uma visão mais planetária;
ü Maior abertura ao mundo e à solidariedade;
ü Abertura às problemáticas globais;
ü Rapidez em rastrear informações e compartilhá-las, como formação de grupos de
mobilização;
Essa cultura midiática é um fenômeno juvenil que facilita a formação da
subjetividade poso que:
§
Os
seres humanos não nascem prontos, criam-se e se recriam de acordo com o que experiência;
§
As
subjetividades são em grande parte, produtos do contexto em que a pessoa vive;
§
O
comportamento dos jovens seguirá padrões existentes na sociedade;
Neste sentido a escola precisa se perguntar:
§ O que temos oferecido aos jovens a fim de
que sua subjetividade seja constituída de modo sadio, aberto e que valorizem a
vida?
Não se pode esquecer que os jovens formam uma teia imensa e complexa de
interatividade e relações na qual a comunicação em tempo real prioriza uma linguagem
mais simplificada, veloz e direta.
Esta é uma revolução que pode ser equiparada ao surgimento da escrita,
nos anos 700 a.C. quando os fenícios substituíram a linguagem simbólica pela
linguagem fonética. À época os filósofos, entre eles Sócrates, acreditaram que
se tratava do começo do fim de toda a
possibilidade de pensar. A linguagem oral, a necessidade de aprender de cor,
passava pelo processo do registro, antes impensável.
Outra situação importante a ser observada consiste em perceber que
nossa juventude vive no meio de desigualdades gritantes:
Ø De renda;
Ø Ocupação nos
espaços urbanos;
Ø De escolaridade;
Ø De trabalho e
gênero;
Ø De desestruturação
das relações familiares;
Ø De violência;
Mesmo nas famílias mais tradicionais e mesmo no meio oeste
catarinense está evidente a exclusão
digital e a violência em rede que se manifesta na:
§ Desigualdade em relação à possibilidade de
conexão;
§ Maioria da juventude brasileira
frequenta Lan Houses;
§ No fato de que todo cidadão tem direito às
redes sociais;
§ Políticas públicas que devem garantir acesso igual para todos
§ Oportunidades para criminosos;
§ Difusão de ideologias;
Porém a educação precisa reconhecer na Cultura
Midiática:
Ø Os benefícios dos meios de comunicação
atuais e utilizá-los com discernimento;
Ø Perceber os
perigos que o uso descuidado das tecnologias digitais pode provocar;
Ø Cuidar para que os relacionamentos virtuais
não prejudiquem os encontros pessoais, nem sirvam para alienar e para isolar as
pessoas.
Neste contexto a
educação é desafiada a formar educadores, capazes e abertos para o diálogo
entre tecnologia e educação. Adotando os recursos tecnológicos e as redes
sociais como opção de sustentabilidade o professor das disciplinas de filosofia
e sociologia quer estimular o uso ético e responsável das redes sociais como
recurso pedagógico e para isso utiliza e apresenta as seguintes sugestões:
As novas
tecnologias são espaços preciosos para o momento de vivências solidárias por
meio delas quer-se formar para a solidariedade despertando nos indivíduos o senso crítico. Procura-se formar para a
compreensão do outro como ser em condições de igualdade na diferença tendo presente também a dimensão da fé enquanto o ser humano como imagem e semelhança do “totalmente
outro”.
Tem se consciência
que recursos tecnológicos na educação: muito mais do que uso e disponibilização
deles se constituem num desafio de linguagem e que pouco ou nada trarão como
acréscimo para o processo ensino-aprendizagem o uso puro e simples das NTCI.
Na educação o
segredo do sucesso não depende de disponibilizar ou não de recursos, importa
sim não deixar passar despercebidas as ofertas que a sociedade oferece e diante
da avalanche de informações a que nossos “clientes” têm acesso o desafio
consiste em recuperar a visibilidade e a força motivadora do de todo o
processo.
Se consideradas as
profundas transformações pelas quais passa a sociedade e os avanços
tecnológicos em todos os setores, será possível perceber que também no campo da
educação se depara com o despreparo dos docentes conforme resultado da
pesquisa:
O estudo descobriu
que os professores eram geralmente cautelosos em adotar práticas colaborativas
e populares da WEB 2.0, pois muitos sentiam que poderiam mudar as estruturas
tradicionais da escola. Mais consideravelmente, muitas barreiras práticas
relativas ao acesso tecnológico, infraestrutura e banda larga continuaram a
impedir o uso da Web 2.0 mesmo nas escolas com bons recursos tecnológicos
(OCDE, 2010, p. 27).
Dito isto tem se
presente que certamente não será suficiente a profissionalização e a
competência técnica, mas a compreensão da evolução da sociedade como um todo.
Mesmo com certo domínio de muitos recursos não se consegue compreender porque
as verdades, pedagógicas, didáticas, etc. continuam fragmentadas e setorizadas.
Continua-se com uma ênfase curricular setorizada, não se alcança a dinâmica da
interdisciplinaridade. Os saberes são parciais e as escolas não fogem desta realidade.
A cultura da
tecnologia e da comunicação implica hoje muito mais do que “usar” os meios e
recursos, tais como redes sociais, pesquisas na internet e alguns exercícios
digitais estar atentos para a globalização que a informática trouxe para dentro
das escolas.
As instituições
envidaram esforços para compreender e dar acessibilidade às novas mídias, mas
ainda se está longe de entender a complexidade da metamorfose do século XXI. A
pergunta crucial a ser feita consiste em procurar uma resposta para o uso que
se faz das tecnologias no processo da
aprendizagem.
O processo de
aprendizagem e de avaliação da aprendizagem continua reduzido aos encontros
presenciais, às provas, aos trabalhos, e pior que tudo isso ao processo de
notação. As atividades educacionais que se servem dos recursos de mídia se
resumem a uma “janela” para informações, estando ainda muito longe da produção
e compartilhamento de saberes. Não
se tem noção que a virtualidade quebrou fronteiras e quem decide para onde ir é
o usuário, que se tornou um “celinauta”.
O Papa Francisco,
na sua autobiografia, que inclui longos anos de professor e gestor escolar,
escreve: “A escola pode encontrar o
difícil ponto de equilíbrio entre estar ancorada ao passado e a necessidade de
educar em um mundo transmudado imaginando o futuro em que seus alunos estarão
inseridos” Para compreender isso diz o Papa: “ E para isso é preciso partir dos
alunos para chegar a escola”. Pois, “Educar na sociedade contemporânea implica
ter bem presente duas realidades: o âmbito da segurança e a zona de risco”.
Na condição de
professor que se aventura utilizando recursos tecnológicos parece importante
parafrasear o Papa Francisco numa citação que ele aplica à Igreja, mas neste
caso aplicada à escola: “Prefiro uma escola machucada e que corre o risco de
inovar-se à uma escola fechada nas suas seguranças e práticas pedagógicas já
consagradas”.
5 – À GUISA DE CONCLUSÃO
Concretamente na
Escola Adelina Régis, nas disciplinas de Filosofia e Sociologia o professor
Elcio Alberton utiliza do seguinte modo os recursos tecnológicos disponíveis:
a)
Publicação
da matéria para registro dos alunos no blog do professor;
b)
Apresentação
da matéria em Power Point, explicando cada parágrafo que os alunos
registram;
c)
Realização
de exercícios no Facebook. Cada turma tem a sua página no Face.
d)
Na
correção das atividades não é atribuída nota, mas fazendo comentários sobre a
atividade realizada;
e)
Aplicação
da avaliação de conteúdo e objetivos, com questões objetivas, e com
justificativa para a alternativa correta;
f)
Para
algumas turmas a avaliação é aplicada com uso da sala informatizada. Os alunos
acessaram o blog do professor, copiaram a prova no editor de texto, responderam
e enviaram para o email do professor;
g)
Uma vez
corrigida cada avaliação, o aluno recebe a resposta com as observações e a nota
no seu email.
h)
Projeção
de filme, conforme sugerido pela “tela
interativa” no livro texto dos alunos;
i)
Para
todos os filmes, foram elaboradas questões para a avaliação ou produção de
texto sobre o filme que foi visto.
5.1 - Dificuldades
a)
“O novo
nasce com dores de parto” – os alunos não estão acostumados encarar novidades
que exigem novos procedimentos, mais exigentes do que aqueles que estão
habituados.
b)
Embora
os alunos sejam classificados como “nativos digitais” falta-lhes o hábito no
uso dos recursos tecnológicos na aprendizagem. Em decorrência disso muitos alunos julgaram que isso não necessitaria
seriedade;
c)
Falta
do hábito de leitura e vocabulário micro reduzido. Incapacidade de
interpretação de texto.
d)
O
professor é enquadrado na categoria que
se chama “analfabeto digital” ou dito jocosamente: “Professauro”
e)
Os
recursos tecnológicos disponíveis na escola ainda são insuficientes para
algumas atividades.
5.2 – Sugestões
a)
Dotar a
escola de rede sem fio em todos os ambientes e instalar para a escola o
“ambiente Moodle” o qual poderá melhorar
a realização das atividades e exercícios com recurso das tecnologias.
b)
Produzir
textos sobre a matéria a ser estudada e disponibilizar no blog da escola ou no
ambiente ‘Moodle’.
Como pensamento final:
“Agarre seu medo do futuro e pergunte: Que posso fazer sobre isso já?
Não tem que deixar o medo controlar você”.
Este e outros textos sobre Educação e multimeios estão disponíveis no
seguinte endereço:
Se interessar, consulte a aba: “Formação Docente”
Visite também: “100 maneiras de usar o Facebook na escola”.
REFERÊNCIAS
ALBERTON, Elcio. Formação Mistagógica do Docente no Contexto da
Metamorfose Civilizatória, Dissertação de mestrado, PUCPR, 2012.
ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas. Petrópolis, Vozes, 2009.
BROWN e. & LEWIS B, & HARCLEROAD, F. Instrución Audiovisual,
México, Editorial Trillas, 1977, p. 1- 48.
CENTRO DE PESQUISAS EDUCACIONAIS E INOVAÇÃO. Inspirados pela tecnologia, norteados pela pedagogia,
Florianópolis, Governo do Estado de Santa Catarina, 2010.
CIMADON, Aristides. Ensino
e aprendizagem na universidade – um roteiro de estudo. Joaçaba, editora
UNOESC, 2008, p. 109 -115.
DIEUZEIDE, Henri. Le tecniche Audivisive nell’insegnamento.
Roma, Armando Armando Editore, 1965, p.137 – 149.
FERREIRA, Oscar Manoel de Castro. Recursos audiovisuais para o
ensino. São Paulo, Editora Pedagógica Universitária, 1975.
GOMES, Péricles Varela & MENDES, Ana Maria Coelho Pereira. Tecnologia
e inovação na educação universitária: O matice da PUCPR. Curitiba,
Champagnat, 2006.
MORAN, José Manoel. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. São
Paulo, Papirus, 2000.
PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar.
Porto Alegre, ARTME0D, 200.
RUBIN, Sergio & AMBROGETTI, Francesca. Jorge Bergoglio – Il
nuovo papa si racconta.