sábado, 26 de julho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 27 DE JULHO DE 2014

O BARATO, CUSTA CARO...

Com muito frequência se usa a expressão: “O Barato sai caro”. Normalmente utilizada quando se entra em algum negócio meio confuso e de resultado duvidoso. Nestes casos a pessoa que realiza precisa decidir entre uma e outra atitude, um ou outro negócio ou bem que vai adquirir ou vender. A última das possibilidades neste caso é admitir que todo negócio tem uma margem de risco e que não há alternativa que não seja a de “correr o risco”.

Pois a Palavra de Deus deste domingo tem exatamente a intenção de provocar os ouvintes para “correr o risco”.  O autor do livro dos Reis, fala sobre Salomão no início do seu reinado. Jovem ainda, Ele bem sabia os desafios que se apresentavam – os riscos – ao ocupar o trono de Davi seu pai. Recebendo a visita de Deus e a possibilidade de por ordem na casa de modo a facilitar o seu governo. Tentado pela mais extraordinária proposta: “pede-me o que quiser”, Salomão corre o risco e afirma: Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”. O resultado desse pedido não poderia ser outro. Salomão terminou o seu governo como um dos mais sábios governantes que Israel havia tido em toda a sua história.

São Paulo faz afirma aos Romanos: “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus”. Dizendo isso deixa claro que “correr o risco” de amar a Deus não é um negócio para qualquer aventureiro, pelo contrário, é uma opção acertada e cujo resultado é previsível: Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos”.

As últimas parábolas de Jesus, contadas por Mateus, são o cerne do que se pode dizer: “Correr o risco”. São três narrativas em que o comprador escolhe entre coisas  boas que ele possuía para comprar outras ainda melhores: Um Campo, Uma pérola preciosa e peixes. E Jesus conclui afirmando: Quem realmente for bom, será comparado a isso tudo e no final dos tempos terá o privilégio de se tornar discípulo do Reino sendo considerado justo diante de todos.

Aplicadas à vida cotidiana é perfeitamente possível afirmar que o mundo bom que Deus quer e que todos sonham é uma parceria que acontece com a contribuição e sabedoria de Deus e de todos. Ninguém e nada ficará excluído do projeto de Deus desde que seja capaz de “correr o risco” confiando naquele que pode mostrar qual a melhor decisão a ser tomada em cada tempo. Por isso mesmo ganha ainda mais sentido as palavras rezadas no Salmo: É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata”.

domingo, 13 de julho de 2014

COPA AMADA, BRASIL!




Sediar o “maior espetáculo da terra” é uma oportunidade ímpar e que o Brasil soube muito bem aproveitar. A realização da copa do mundo da FIFA 2014, no Brasil fez com que o país e o seu povo fossem vistos por “quase meio mundo”, cerca de 3 bilhões de pessoas ficaram durante 31 dias com os olhos e o coração voltados para as  “terras tupiniquins”.
Descentralizar a copa do mundo em doze cidades sede foi uma alternativa sábia e que permitiu  ao país ser conhecido do Oiapoque ao Chuí. Inclusive para os brasileiros esta foi uma oportunidade para desviar o foco do chamado “eixo Rio – São Paulo – Minas”
As avaliações de especialistas internacionais confirmaram o que se previa desde o início: “O Brasil faria a Copa das copas”.  Isso se  deve a investimentos em infraestrutura e de muito trabalho, tarefa que foi assumida por todos os cidadãos.
A copa do mundo mostrou um país de gente trabalhadora, ordeira, acolhedora, responsável e mais uma dezena de adjetivos que se poderia atribuir ao país e ao seu povo.  Passados os dias da Copa pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que a Copa deixou um legado cultural extraordinário, com ensinamentos para outros 60 ou mais anos.
O final melancólico e o medíocre quarto lugar conquistado pela Seleção Canarinho também servem de lição e de onde  se podem tirar muitas lições para um país que precisa continuar se construindo como “casa de todos”.
Seria inútil buscar respostas para a maior derrota da história da seleção, nem muito menos criar mitos que possam ajudar a entender o fracasso da derradeira eliminatória. A esta altura não faltam palpiteiros de plantão apresentando respostas e propondo modelos para os próximos passos da seleção.
Não resta dúvida que algo precisa mudar, e com certeza logo, se o país quer realmente conquistar o Hexa numa das próximas copas.  Porém, neste momento, sem hexa e com sete gols a tiracolo é necessário tirar  outras lições mais necessárias e urgentes.
Na linguagem popular, diz-se que sete é conta de mentiroso, porém, neste caso, ele é a mais pura verdade. Prefiro analisar o número sete, desde a exegese bíblica para quem o número sete representa infinitas situações e possibilidades.
A marca de 7 gols foi a maior derrota imposta à seleção canarinho em cem anos de história. Todavia, colocando os sete gols no lugar que eles devem estar é importante lembrar que em cem anos o Brasil experimentou outras derrotas e tantas vitórias que podem ser interpretadas sob a ótica do número sete:
1)             De 1914 até a presente data o Brasil passou por duas ditaduras, a saber: “Estado Novo  de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar”;
2)             Em 100 anos, sete presidentes pertencentes às forças armadas chegaram a Presidência da República sem terem sido eleitos pelo voto dos cidadãos;
3)             No mesmo período quatro presidentes foram depostos e por três vezes a Presidência da República  ficou vaga;
4)             Em 100 anos o Brasil trocou sete vezes sua moeda, sempre corroída pela inflação;
5)             Em 100 anos o Brasil teve sete modelos de previdência e seguridade social, alguns deles limitando também o direito à assistência médica e acesso à saúde pública;
6)             No mesmo período o País teve sete constituições totalmente novas ou pelo menos reescritas em grande parte;
7)             Em 100 anos o Brasil passou por sete leis reguladoras da educação no país.

Estas, entre tantas outras situações merecem ser lembradas como muito mais sofridas do que a vexatória derrota para a Alemanha na Copa de 2014.
Mas há que se reconhecer que o Brasil dos brasileiros é muito maior do que tudo isso e por isso foi sempre capaz de se levantar, como diria Cecília Meireles: “Aprendi com as primaveras e me deixar cortar e a voltar sempre inteira”, este sim é o Brasil que sediou o maior espetáculo da terra em 2014.
O resultado do jogo contra a Alemanha, bem como as outras sete derrotas já mencionadas, não são nada diante da determinação e da coragem que o povo deste país já provou que é capaz.
1)        Em muito menos de 100 anos o Brasil garantiu o direito universal de voto a todos os cidadãos;
2)        Em muito menos de 100 anos o Brasil pagou a infame dívida externa e deixou de pedir “esmolas” para organismos internacionais;
3)        Em muito menos de 100 anos o Brasil praticamente eliminou o analfabetismo no país;
4)        Em pouco mais de uma dezena de anos o Brasil dobrou o número de vagas nas universidades públicas;
5)        Em muito menos que 100  anos o Brasil instituiu um Sistema Único de Saúde (SUS) que, embora não sendo perfeito, garante atendimento integral aos cidadãos e serve de modelo para diversos países do mundo;
6)        Em muito menos de 100 anos o País controlou a avalanche inflacionária, estabilizou a moeda e promoveu uma gigantesca redistribuição de renda diminuindo drasticamente os níveis alarmantes de pobreza em que viviam milhares de brasileiros;
7)        Em pouco mais de uma dezena de anos o salário mínimo recuperou o seu poder de compra em mais de 70%.
8)        Apenas estas SETE situações faz acreditar que a Copa do Mundo no Brasil se tornou uma oportunidade extraordinária para que o País mostre a sua “verdadeira cara” e mais ainda ajudou a perceber uma verdade que nunca foi dita: “Enganam-se os que imaginam possível levantar uma nação rica e poderosa sobre os ombros de um povo explorado, doente, marginalizado e triste. Uma nação só crescerá quando crescer em cada um de seus cidadãos, o conhecimento, a saúde, a alegria e a liberdade” (Discurso que seria proferido por Tancredo Neves em março de 1985, quando assumiria a presidência do Brasil).
É neste contexto que ao encerrar os jogos da Copa do Mundo da Fifa 2014 no Brasil e amargando a mais dura derrota que a seleção brasileira experimentou em toda a sua história que ganham ainda mais força as  sete condições, sugeridas por D. Odilo Pedro Scherer,  para as quais o povo brasileiro precisa continuar lutando no jogo da vida:  
1)      Vitória sobre a pobreza;
2)      Convívio social pacífico, sem discriminação ou violência e com respeito ao próximo;
3)      Superação da corrupção;
4)      Educação e saúde de qualidade ao alcance de todos;
5)      Condições dignas de moradia;
6)      Trabalho para todos;

7)      Transporte  público de qualidade.

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sábado, 12 de julho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 13 DE JULHO DE 2014

AÇÃO DE GRAÇAS, PELA BONDADE DE DEUS E FRUTO  DO TRABALHO HUMANO...

Em tempo de copa do mundo, por todo lado e quase todas as rodas de conversa tratam do assunto. Palpites sobre escalação de jogadores, resultado das partidas, jogadas ensaiadas. De qualquer modo no final da conversa o importante é o resultado. E mesmo sobre o placar final comentaristas esportivos, ex-jogadores, palpiteiros de plantão, todos apontam respostas para os erros e acertos.

Mal comparando, os textos proclamados na liturgia de hoje tem tudo a ver  com a ocasião que se está vivenciando. Em lugar de falar de jogadas bem ou mal sucedidas, os textos falam de plantio e de colheita. Em ambos os casos tratam dos resultados. Satisfatórios o não, mas que houve empenho de quem estava realizando a tarefa, isso houve.

O profeta Isaias compara a Palavra de Deus com a chuva que desce do céu. Ele tem absoluta certeza que surtirá o efeito desejado: “assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia”. Ao fazer o anúncio o profeta tem certeza que Deus sabe qual a melhor jogada e em qual momento deve fazer valer sua habilidade técnica para que a Palavra surta os efeitos esperados. Se quisesse comparar com o futebol, Deus sabe a oportunidade imperdível para fazer o gol.

Rezando o Salmo a comunidade faz uma oração vibrante certificando-se que é Deus mesmo quem visita o seu povo e esta presença garante que os frutos sejam abundantes: “As colinas se enfeitam de alegria, e os campos, de rebanhos; nossos vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria! Mais uma vez é como se dissesse as cidades são tomadas pelas torcidas e por todo canto ouvem-se gritos de alegria.

No Evangelho é Deus mesmo quem semeia. Nem precisa duvidar que se tratasse de boa semente. Naturalmente que todo empreendimento tem sua parcela de risco e os resultados não serão todos exatamente como esperados. É importante considerar os vários tipos de terrenos e as distintas condições de terreno e a própria preparação que cada qual recebeu. Explicando a comparação que fez, Jesus fala aos discípulos: “A vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não veem, e ouvindo, eles não escutam, nem compreendem”.

As comunidades cristãs da atualidade podem ser identificadas com os terrenos para onde é enviada a Palavra de Deus e onde é  feita a semeadura. A Igreja da atualidade pode ser comparada aos discípulos, para quem foi dado conhecer os mistérios do Reino. Todas as facilidades do tempo presente deveriam garantir que os resultados fossem satisfatórios. Nem sempre isso é possível, mas muitas vezes e fato é.

Reunidos em oração a Igreja faz ação de graças pelos frutos colhidos ao mesmo tempo em que reza pedindo ajuda quando os terrenos não correspondem ao que se espera. Pede perdão pela Palavra que não foi devidamente acolhida e cujo fruto não chega a sete. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 29 DE JUNHO DE 2014

SÃO PEDRO, PEDRA FORTE, ROCHA FIRME DO SENHOR...

É frequente, entre nós, conhecer algumas pessoas mais pelo apelido, do que pelo próprio nome. Assim a gente conhece o Sapateiro, o Pedreiro, o Carpinteiro, e etc. Outras vezes o apelido é dado a uma pessoa por causa do seu temperamento, do seu modo de se vestir, falar, andar, e assim por diante.  Uma coisa é certa, quando se pronuncia o apelido, na redondeza, todo mundo sabe de quem se está falando.

Ora, no tempo de Jesus não era muito diferente. Ele mesmo foi chamado de Galileu, de Nazareno, de Filho do Carpinteiro. E Jesus atribuiu aos seus discípulos também alguns apelidos. Simão, ele denominou Pedro, que significa Pedra. Pedro se mostrava turrão. Pra tudo tinha uma resposta na ponta da língua. Era do tipo “cabeça dura”.

No trecho do evangelho de hoje Jesus faz uma pergunta aos discípulos e Pedro não tem dificuldade em responder à queima roupa: “Tu és o messias o Filho do Deus Vivo”. Fala não somente por si, mas em nome de todos.  A firmeza da resposta faz Jesus estabelecer um diálogo e lhe confiar uma responsabilidade:  “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".

A figura de Pedro torna-se referência para aqueles que aceitam Jesus Cristo e seu ensinamento. À sombra do exemplo de Pedro os outros discípulos foram, com sua vida, testemunhando Jesus Cristo e anunciando-o por todas as partes.

Paulo, que não conheceu pessoalmente Jesus, mas que o reconheceu no caminho de Damasco, quando caiu do cavalo, vai por todo o mundo conhecido e dá seu testemunho sobre a pessoa e a palavra daquele que foi crucificado e ressuscitado. Fala de Jesus como loucura para alguns  e escândalo para outros. Para ele mesmo Jesus é o que lhe dá forças a quem ele chama de Justo juiz e garante: O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste”.

O mesmo Jesus, que confiou a Pedro o poder de ligar e desligar é o que enviou o anjo pra libertá-lo de Herodes e de toda forma de perseguição.

Neste sentido a Igreja reza em comunhão com todos e oferece ação de graças pelo mesmo testemunho que é dado por tantos homens e mulheres ao longo da história. De modo muito particular neste domingo a Igreja reza com o Papa e pede por ele a fim de que seja fiel testemunha de tudo o que Jesus fez e ensinou e conduza a Igreja seguindo o ensinamento dos apóstolos Pedro e Paulo.


E eis que o Papa que veio do fim do mundo, vem dando lições de um jeito de ser Igreja mais parecida com o modo de ser de Jesus. Suas afirmações dão conta disso: “quem se aproxima da Igreja precisa encontrar as portas abertas e não fiscais de  uma alfândega da fé”.  Também por isso todos são convidados a rezar a fim de que as posições de Francisco sejam compreendidas por todos e enraizadas no amor e na caridade.

sábado, 14 de junho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 15 DE JUNHO DE 2014

Ó TRINDADE, VOS LOUVAMOS...

Em tempo de copa, o mundo está todo conectado. Os interesses são muito comuns os olhares se voltam para a telinha e os comentários em qualquer roda de amigos giram em torno do futebol.
Sobre tudo o que se fala em relação ao futebol, há que ficar claro uma coisa: Para se dar bem na partida os jogadores precisam cultivar e demonstrar em campo e fora de campo espírito de equipe. Alguns chegam a dizer que os jogadores formam uma família.
Espírito de equipe tem um sentido muito parecido com espírito de comunhão.  Está muito próximo de unidade, tem tudo a ver com solidariedade e assim por diante.
É sobre comunhão que tratam as leituras de hoje é em torno deste cerne que gira a festa da Santíssima Trindade que a igreja celebra neste domingo.
Moisés, na primeira leitura faz um apelo para que Deus não se esqueça  e que garanta a comunhão dele com seu povo: “Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua”.
E São Paulo na segunda leitura, como em outros textos, faz um pedido e mostra o resultado de quem vive do jeito que ele recomenda. No texto de hoje São Paulo diz: “Alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco”.
E o texto do Evangelho também não deixa dúvidas: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito”.
A Palavra de Deus é clara quanto às intenções e prática de Deus. Trata-se de uma comunidade formada por três pessoas e que vive em perfeita comunhão. O Sentido da unidade e a responsabilidade de cada um para o bem todos garante que a vontade de ambos também aconteça.
Diante de tão claras informações não é preciso muito esforço para compreender que aquilo que se pensa necessário para o futebol é igualmente necessário para o dia a dia de todas as pessoas.
Deus no seu mistério de comunhão ensina e pede que o mundo seja capaz de fazer o mesmo. A Igreja convida para a oração comunitária, reunida a cada domingo a Igreja reza com todos e por todos para que a comunhão aconteça de modo cada vez mais pleno.



sábado, 7 de junho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 08 DE JUNHO DE 2014

RECEBAM O ESPÍRITO SANTO...

O pouco tempo que nos separa da abertura da copa do mundo e a expectativa em relação ao desempenho da seleção da brasileira na competição, bem como o comportamento dos brasileiros em relação a tudo o que vai acontecer nestes dias é objeto de especulações pelo mundo inteiro.  A chegada das delegações, a recepção às autoridades e torcedores, enfim tudo cria um “que” de mistério uma mistura de medo e de esperança.

Esta sensação pode ser descrita e comparada com o sentimento que se lê em relação aos discípulos e seguidores de Jesus e da sua Palavra depois da sua morte e ressurreição. Acreditando na Palavra do mestre eles tinham certeza que algo de muito bom e extraordinário iria acontecer. Mas ao mesmo tempo estavam tomados de medo e insegurança.

50 dias depois da Páscoa a Igreja convida a fazer memória do Pentecostes. Trata-se de atualizar o dom enviado por Deus que recorda todos os favores e benefícios que o povo de Israel havia experimentado ao longo da história. Nas palavras de Jesus trata-se de reconhecer o advogado, o defensor, o Espírito da Verdade que o Pai envia em seu nome.

No Evangelho Jesus confirma a ação do Espírito Santo na pessoa dos apóstolos e lhes garante eficácia na sua missão. Isto é, pela graça que recebem os apóstolos terão uma tarefa muito especial: “A quem perdoarem os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Dito em outras palavras: tudo o que fizerem de bom, justo e agradável, será entendido como obra e graça do Espirito Santo.

E Jesus envia os discípulos com a mesma autoridade que o Pai lhe enviou. Esta situação confirma o que se reza no salmo deste domingo: Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras Encheu-se a terra com as vossas criaturas”.

A alegria que tomou conta dos seguidores de Jesus quando se reconheceram cheios do Espírito Santo, pode ser comparada, de modo infinitamente menor, com a conquista do título mundial que de algum modo todo brasileiro sonha alcançar ao final da copa.

Naturalmente que a Palavra de Deus posta para este dia, pede  e favorece muito mais que isso. É de se esperar que os cristãos deste milênio compreendam-se como sinal da presença de Jesus Cristo no mundo. Assim se reza no dia do Batismo: “Você foi ungido para ser no mundo sinal de Jesus Cristo, sacerdote, profeta e pastor, sendo para todos o bom perfume de Jesus”.

sábado, 31 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JUNHO DE 2014

IDE SEM MEDO JOGAR A FAVOR DA VIDA

Todos os idiomas têm algumas expressões que só tem sentido na sua própria língua, Isso significa, são palavras que não tem tradução e não se encaixam em nenhum outro discurso. Em português uma das palavras que só pode ser bem compreendida é “saudade”. Os brasileiros falam de saudade lembrando alguma pessoa querida que partisse para nunca mais voltar, falam de saudade para se referir a alguém que está longe, falam de saudade para lembrar-se de uma situação vivida em determinado momento da vida, falam de saudade vendo alguma fotografia antiga e assim por diante.

As leituras deste domingo fazem atualizar este sentimento de saudade. No texto dos Atos dos Apóstolos os discípulos ficam olhando para o céu, como que cultivando a saudade de alguém que fisicamente não verão mais. Na carta aos Efésios o autor convida a comunidade para acalmar a saudade das pessoas recordando os ensinamentos que haviam recebido daqueles que lhes anunciaram o evangelho de Jesus Cristo. No texto do Evangelho os discípulos se encontram no monte que Jesus havia indicado. Curtem a saudade dos momentos que tinham estado juntos.

As três leituras  apontam para alternativas que minimizem a saudade e ajudem perceber que cada um pode fazer alguma coisa para que a vida continue fluindo cada vez melhor. Assim no texto da primeira leitura os discípulos veem  e ouvem “dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: 'Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”. Por estas palavras são como que empurrados para o trabalho e para o mundo a fim de contar que a saudade não tem a última palavra.

Na carta aos Efésios, Paulo faz um pedido para que as pessoas percebam o que Deus pode realizar em seu favor: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz”.  E o texto se conclui com uma certeza: “Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa  mencionar não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal”.

Já as palavras de Jesus no evangelho empurram os discípulos para a missão lhes assegurando que não terão tempo para cultivar saudade desnecessária: “ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e  ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias,
até ao fim do mundo”.

É isto o que o Papa Francisco pede para a Igreja e para cada cristão dos tempos modernos: “Eu quero que a Igreja vá para as ruas, eu quero que nós nos defendamos de toda acomodação, imobilidade”. Em vésperas de Copa do mundo é importante que se tenha claro: A hora é de jogar a favor da vida. Não se pode perder tempo com saudade desnecessária.


Que a oração da Igreja ajude a compreender e a viver a Palavra de Deus sugerida para este domingo. 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 25 DE MAIO DE 2014

CONTEM, PARA TODOS  O BEM QUE O SENHOR FEZ...

Faz parte do dia a dia dos cristãos poder afirmar situações nas quais pode provar o amor de Deus tornado concreto em suas vidas. Seja por conta de uma doença, de algum outro sofrimento físico, por ocasião de algum negócio ou situação de desconforto com pessoas se quer bem, no trabalho ou na família. E nestas ocasiões irrompe do mais profundo do ser humano uma prece de ação de graças que pode ser comparada com o salmo que se reza na liturgia deste domingo: “Bendito seja o Senhor Deus que me escutou, não rejeitou minha oração e meu clamor, nem afastou longe de mim o seu amor”!

A oração deste salmo tem sua origem na ação de  graças a Deus por ocasião da libertação da escravidão dos filhos de Israel que se concretizou na passagem do mar vermelho. Na liturgia deste domingo ele aparece fazendo compreender a ação de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos, que deu força e coragem aos discípulos para anunciar esta verdade e despertar a fé em muita gente por todas as partes do mundo conhecido outrora.

Assim é o texto dos Atos dos Apóstolos proclamado neste domingo: “Felipe desceu a uma cidade da Samaria e anunciou-lhes o Cristo. As multidões seguiam com atenção as coisas que Felipe  dizia. E todos unânimes o escutavam, pois viam os milagres que ele fazia. Era grande a alegria naquela cidade”.

Naturalmente que decisões sérias como a conversão que as pessoas vinham fazendo, ao ouvir os ensinamentos dos apóstolos, criavam situações de medo e conflito entre aqueles que estavam acostumados a outro estilo de vida. Pedro na segunda leitura faz um convite e um pedido aos convertidos: “Caríssimos: Santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir”. Ele faz esta convocação a partir de uma certeza: Cristo morreu e ressuscitou, Ele é o exemplo para ser seguido.

No texto do Evangelho Jesus faz ver aos discípulos que lhes é pedido uma escolha firme e coerente: “Se me amam, observem os meus mandamentos” Esta regra de ouro não deixará ninguém no abandono, no medo, e na insegurança. Aquele que assim proceder reconhecerá que de Jesus mesmo virá o defensor, isso é, o Espírito Santo. Aquele que será força na caminhada e luz em toda a estrada.

A mesma certeza que alimentou os discípulos é que conforma e sustenta as comunidades do terceiro milênio. Estes continuam acreditando que o Espírito vem em favor de suas fragilidades e fraquezas. Neste sentido a Igreja reunida em oração continua pedindo e agradecendo a força do Espírito Santo que garante a continuidade da missão e da vida nova que Jesus trouxe com sua vida e sua Palavra.

Que esta seja também a certeza dos cristãos reunidos em cada domingo na prece e na solidariedade.





sexta-feira, 16 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 18 DE MAIO DE 2014

NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM

É bastante frequente que as pessoas se recordem de conversas e situações ocorridas que no momento tenham passado despercebido. Ou é uma palavra, ou um fato, ou um conselho, enfim  são inúmeras as oportunidades que a mente é capaz de recuperar alguma lição para a qual não se tenha dado a importância que devia.

O evangelho sugerido para este domingo traz presente uma dessas circunstâncias. Os discípulos, depois da páscoa,  estão reunidos sem a presença de Jesus. E cada um começa fazer memória do que o mestre havia falado e das lições que tiveram oportunidade de aprender e que não tinham ainda se dado conta.O texto em que Jesus se declara o Caminho a Verdade e a Vida é um deles.

Cada um dos envolvidos recorda como foi a conversa com Jesus e como se sentiram diante das afirmações que Ele fazia. Tomando consciência dos fatos eles renovam a fé e a esperança e recuperam a frase de Jesus: “Não fique preocupado o coração de Vocês, acreditem em Deus e acreditem também em mim...” e confirmam com a vida o que Jesus lhes havia dito: “Quem acredita em mim, fara as obras que eu faço e até maiores”.

Esta verdade está manifestada no texto da primeira leitura dos Atos dos Apóstolos. O número dos que aceitavam a palavra de Jesus e acreditavam no testemunho dos seus seguidores não parava de crescer. No domingo passado o texto falou em três mil pessoas num único dia. Na leitura de hoje o número é tão grande que os discípulos pedem ajuda para a comunidade a fim de escolher pessoas de boa reputação para ajudá-los nas tarefas com os convertidos e necessitados.

No texto está escrito: Irmãos, é melhor que escolham entre vocês sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos do cuidado com as viúvas e os outros necessitados”.

Já na Carta de Pedro, que é o texto da segunda leitura, o autor afirma que se trata de uma responsabilidade de todos os que aceitam a Palavra de Jesus exercer a missão de santificar o mundo.  Por isso mesmo ainda hoje todos rezam com o salmista: “Reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça”.


Também os cristãos do terceiro milênio participam da vida nova prometida por Jesus e nessa condição são convidados a transformar a sociedade em um lugar cada vez melhor para ser viver construindo relações éticas e fraternas. A oração de todos na Igreja é uma ajuda extraordinária e solidária de todos para com todos. 

sábado, 10 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 11 DE MAIO DE 2014

EU SOU O BOM PASTOR...

Dentre os fatos que ganharam as páginas do noticiário em diversas partes do país, um deles fez referência à Videira. Trata-se das crianças que foram espancadas pelo pai. O fato dispensa comentários para se concluir que o agressor, de longe, pode ser chamado de pastor, isso é, de uma pessoa a quem se pode confiar o cuidado de algo ou alguém.
Neste contexto a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo faz um convite a todos e a cada um em particular para pautar a sua vida pelo cuidado, pelo carinho, pela docilidade, pela capacidade de ser guardião da vida e da dignidade da vida. 
Assim também se pode ver a figura das mães como pessoas comprometidas com a vida plena e abundante para todos os que estão sob seus cuidados. Reunidos em assembleia de oração reza-se uns pelos outros a fim que o exemplo de Jesus seja seguido na forma de serviço para o bem e o cuidado de todos para com todos.
As ações dos apóstolos, descritas na primeira leitura confirmam que eles haviam compreendido muito bem o significado de se declarar cristãos. Deixaram-se renovar pela ação do Espírito Santo e suas ações eram de tal modo cativantes que a comunidade dos seguidores de Jesus teve um crescimento rápido  e extraordinário em pouquíssimo tempo.
Desta maneira, não há porque duvidar da oração que a Igreja faz com o Salmo da liturgia deste domingo. É possível compreender bem que mesmo em meio as maiores dificuldades e provações, Deus é o pastor e nada faltará àqueles que nele confiam.
É o mesmo apóstolo Pedro, quem na segunda leitura faz um hino a Cristo, reconhecendo sua coragem e determinação em levar o projeto de Deus até as últimas consequências. Sua coragem e determinação confirmaram o título de pastor e guarda do seu rebanho.
Ele mesmo, Jesus, já havia declarado no Evangelho que suas ações estavam voltadas para o cuidado e proteção da vida dos que ouvissem a sua voz. Ele desafia os outros pregadores e demais autoridades do seu tempo a provar com ações que realmente eram capazes de defender e proteger os que se confiavam ao seus cuidados.
Numa dupla comparação Jesus usa a expressão “porta”  e “pastor” para fortalecer a segurança em todos os que lhe seguiam. Reconhecê-lo nesta condição era a maneira de ouvir a voz de Deus e de estar seguro em suas mãos.
O convite da liturgia desta semana se constitui numa proposta para aqueles que de algum modo exercem qualquer responsabilidade, seja familiar, social, pastoral, educacional, onde quer que seja:  Ser testemunha de Jesus, e viver como ele é facilitar e promover a qualidade de vida para todos os que de algum modo estão sob sua responsabilidade.
Pode-se traduzir numa palavra bem simples: “Ter um coração de mãe”. 

sábado, 19 de abril de 2014

DOMINGO DA PÁSCOA - 2014

POR UMA VIDA MAIS BRILHANTE...

Celebrar o domingo da páscoa é reafirmar a crença em condições melhores para a vida de todos. O imaginário popular e também sob o ponto de vista do comércio os sinais utilizados para a páscoa estão repletos de sentido simbólico que apontam para a abundância da vida.
São João Crisóstomo, que vive por volta dos anos 300 depois de Cristo, afirmou: “Reparo que a nossa assembleia é hoje mais brilhante que de costume e que a Igreja de Deus está jubilosa por causa dos seus filhos”.
De fato este é um sentimento que toma conta de todos neste solene domingo da ressurreição por isso em coro a Igreja reunida proclama o salmo 117 e reza: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”.  Esta proclamação é resultado de quem acredita com a mesma confiança com a qual eram animados os primeiros discípulos:  “E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém”.
Sem medo cada um, na alegria do seu batismo procura conformar a sua vida com a Palavra que acredita e com a fé que proclama de acordo com o convite que fez São Paulo na carta aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus”.
Para quem acredita nenhum medo é maior do que a esperança, Maria Madalena, na manhã do domingo não teve medo e foi de madrugada quando ainda estava escuro ao túmulo de Jesus. Esta sua coragem lhe rendeu ver primeiro a maravilha que Deus tinha realizado: “Tiraram o Senhor do Sepulcro”.   Na sequência do texto proclamado neste domingo ela mesma encontra Jesus ressuscitado  e logo pode sair proclamando: “Eu vi o Senhor”.

Ontem como hoje, a ressurreição de Jesus continua sendo o fato mais extraordinário e que serve de alimento para reacender a esperança e abrir caminho para uma nova vida. À medida que se crê nas palavras do Evangelho cada pessoa é convidada a celebrar a pascoa deixando-se transformar por essa verdade, não ter medo de amar a Deus na pessoa de cada irmão e não ter medo de proclamar com a boca aquilo que se vive com o coração. 

VIGÍLIA DA PÁSCOA - 2014

EIS A LUZ DE CRISTO...

Poucas situações na vida são tão agradáveis como receber uma boa notícia. Quando tudo parece estar perdido, de repente toma-se conhecimento de que algo inesperado acontece.  A notícia de um novo emprego,  a visita de uma pessoa querida, algum dinheiro que se dava perdido, um amigo que recuperou a saúde e assim por diante.
Pois esta é a sensação dos cristãos que se reúnem na noite da vigília da Páscoa para reviver o mistério da ressurreição de Jesus.  Não sem razão os cristãos confirmam dizendo: “aquilo que era antigo passou; tudo foi renovado”.  
A liturgia do sábado santo, com a bênção do fogo, proclamação da história da salvação na liturgia da Palavra, bênção da água e Eucaristia faz brotar do mais fundo da alma a proclamação da páscoa: “Verdadeiramente é bom e justo cantar ao Pai de todo o coração, e celebrar seu Filho, Jesus Cristo, feito para nós um novo homem”.
Ao iniciar a celebração na penumbra da morte, os cristãos abençoam o fogo e proclamam que acreditar na vida nova que surge da escuridão para a verdadeira luz que nunca se apaga. Ouvindo a longa da história da salvação com as quatro leituras recorda-se toda a ação de Deus em favor daqueles que Ele ama.
Em seguida a bênção da água em cujo sinal os cristãos são lavados  e purificados dos pecados podem finalmente sentar-se à mesa para a comunhão num extraordinário gesto de perdão.
Celebrando a Páscoa do Senhor Ressuscitado a assembleia reunida proclama sua alegria tendo presente todas as vezes que foi capaz de dar a volta por cima vencendo a pobreza, a mágoa, a cobiça, o desejo de vingança, a falta de coragem para lutar. Ao mesmo tempo proclama a certeza que em Cristo Ressuscitado confirmam o seu empenho para que se construa no meio do mundo lugares onde a justiça e a paz triunfem, onde o bem aconteça sempre,  onde o equilíbrio ecológico seja respeitado.
Nesta noite santa os cristãos rezam numa única voz reacendendo a esperança, e como as mulheres de Jerusalém são desafiados  a não guardar essa alegria só para isso: “Não tenham medo. Vão anunciar aos meu irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”.

Reunidos na mesma fé as comunidades que celebram a vitória de Jesus sobre a morte são fortalecidos para anunciar e fazer acontecer um mundo novo onde todas as coisas tenham um novo começo e um novo fim. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

SEXTA FEIRA DA PAIXÃO - 2014

O JUSTO E SANTO FARÁ JUSTIÇA PARA TODOS


A Sexta feira da paixão faz memória daquele dia no qual “o noivo nos foi tirado”. Celebrar a morte de Jesus de modo solene não é uma valorização da morte e da dor.  Com a celebração da paixão a Igreja convida os seguidores a recordar o nascimento dela mesma. Do lado aberto de Cristo nasce a Igreja e os sacramentos na Igreja.
Ao mesmo tempo é um convite para que todo cristão tenha a determinação de não silenciar ou se acovardar diante dos sofrimentos alheios. Celebrar o Cristo que morre por todos é uma proposta para esperar o dia feliz da vinda gloriosa do Senhor, onde  não haverá mais sofrimento, nem dor e nem morte acontecerá mais.
As três leituras proclamadas na celebração desta sexta feira da paixão recordam as promessas de Deus que se realizam plenamente na pessoa de Jesus que denunciou todas as formas de diminuição da dignidade da vida.
Jesus mostra sua confiança irrestrita em Deus seu Pai, abraça o sofrimento e confirma sua decisão com as palavras: “Tudo está consumado”.
Morrendo, Jesus prova que não há maior amor do que dar a vida pelos que ama. A cruz de Cristo enterra nossos pecados e aponta para a luz no horizonte, ensina a viver com misericórdia e estender a mão a todos os necessitados e sofredores.
O beijo da cruz que se constitui como parte da celebração é uma maneira utilizada pelos cristãos para afirmar que estão dispostos a carregar a cruz para que o mundo tenha vida.
Todos são convidados, depois de rezar por todos,  a aproximar-se do trono da graça afim de se assemelhar a Jesus.


HOMILIA PARA A QUINTA FEIRA SANTA - 2014

VEJAM COMO ELES SE AMAM!


Dificilmente ouve-se alguém dizer que uma pessoa ama a outra por causa das declarações de amor que se trocam mutuamente. Entretanto, muito facilmente se toma conhecimento de gestos, atitudes e hábitos que mostram o amor de uns pelos outros. E então sim estas práticas são valorizadas e até imitadas em certas ocasiões.
Pois é a partir de gestos que ao recordar a vida, paixão e morte de Jesus que os cristãos se reúnem com uma intenção clara e objetiva: traduzir para suas vidas e práticas cotidianas os mesmos sentimentos e hábitos de Jesus e daqueles que lhe seguiram.
A celebração da quinta feira santa tem dois momentos distintos que ensinam a mesma lição. No gesto do Lava-pés os cristãos são convidados a recordar a dimensão de serviço de uns para os outros. E na instituição da Eucaristia aprender repartir e se entregar para que a vida seja plena e mais digna para todos.
A leitura do Antigo Testamento recorda a ação de graças pela ação de Deus que garantiu a liberdade ao povo escravizado. E desde aquele o tempo os judeus nunca mais deixaram de fazer memória deste que foi o maior feito da história do seu povo. A leitura conta com detalhes como Deus os salvou da morte e os libertou da escravidão.
Na mesma direção estão as palavras de São Paulo aos Coríntios. No texto ele recorda o sentido novo que foi dado à Pascoa com a morte e a ressurreição de Jesus. São Paulo insiste que a memória daquilo que Jesus realizou acontece quando os cristãos fazem a experiência da partilha, ao mesmo tempo deixa claro que a falta de solidariedade e de comunhão mostram que os que celebram não aprenderam ainda as lições deixadas por Jesus.
Já a longa narrativa do Lava-pés, não faz nenhuma referência explícita à instituição da Eucaristia, nem tampouco insinua a importância da partilha. Realizado, no contexto de uma refeição, o gesto de Jesus lavar os pés dos discípulos aponta para um hábito que ele acaba recomendando a todos: “Vocês entendem o que acabei de fazer? Se eu o Mestre e Senhor lavei, os pés de vocês, também Vocês devem lavar os pés uns dos outros”.
Dois mil anos depois e noutro contexto social os que acreditam e celebram a memória do Senhor são chamados a fazer gestos de serviço e de promoção da vida de todos. Promover a vida significa ir de encontro com aquilo que o Papa Francisco recomenda: “Preocupem-se uns com os outros, animem-se e ajudem-se mutuamente”.
Que esta seja a primeira e maior lição a ser levada para a vida por todos aqueles que celebram a Quinta Feira Santa  com o Lava-pés e a instituição da Eucaristia.


sábado, 5 de abril de 2014

HOMILIA PARA O DIA 06 DE ABRIL DE 2014

NO SENHOR ESTÁ A GRAÇA E REDENÇÃO


A prática de sepultar os mortos, consolar os vivos  e chorar por aqueles que partiram é uma prática de solidariedade presente em quase todas as culturas. Nos povos latinos o sentimento de cuidado com os mortos é uma forma de manifestar o respeito e a solidariedade por quem partiu e por seus familiares. A Doutrina Católica ensina ainda que rezar com os vivos pelos mortos é uma forma fazer comunhão com todos. 
Não sem razão o Salmo que se reza neste domingo diz assim: Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz! Vossos ouvidos estejam bem atentos ao clamor da minha prece!”. Trata-se de uma prece que brota do fundo do coração para alguém que é a única esperança e pode não deixar morrer a esperança.
As outras três leituras deste domingo ajudam a compreender a vida a partir desta mesma situação: O profeta Ezequiel faz uma afirmação fantástica: Porei em vós o meu espírito para que vivais”. E São Paulo na Carta aos Romanos afirma: “O Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós”.
Estas duas afirmações são confirmadas na longa história da ressurreição de Lázaro. Desde o momento em que Jesus soube da doença do amigo. Vai ao encontro das pessoas sofredoras com pela experiência da morte. Estabelece com Marta um diálogo confortador ao mesmo tempo em que lhe facilita compreender a ação de Deus que pode se realizar para quem crê.
Diante da afirmativa dada por Marta: “Eu creio, Senhor, que tu és o Filho de Deus que deveria vir a este mundo”. Jesus faz acontecer exatamente o que era sonho e desejo de todo Judeu: “Lázaro vem para Fora” e ainda “'Desatai-o e deixai-o caminhar!”.
Ontem como hoje as situações nas quais a morte bate a nossa porta são muitas. Algumas se tratam da morte física, outras da morte espiritual e da morte em diversas circunstâncias humanas. Em todas as situações acreditar na Palavra de Deus é uma condição indispensável para reacender a esperança.
Não calar-se diante das diversas formas de morte provocadas pelo tráfico de pessoas é uma atitude de fé que pedida a cada cristão nesta quaresma. A oração da Igreja ajuda a todos ter convicção como a de Marta e agir como tal: “Eu creio Senhor”.