sexta-feira, 18 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DOMINGO DE CRISTO REI 2016

SENHOR LEMBRE-SE DE MIM...

Intrigas, fofocas, disputa de poder, busca de prestígio, culto ao ego do chefe, são ações que acompanham o dia a dia das pessoas, das famílias, das instituições e da própria Igreja. O Papa Francisco tem feito inúmeras críticas ao modo como se dá a busca e o exercício do poder na Igreja e da Igreja.  Francisco usa com frequência expressões como “sede de poder”, “deslealdade”, “jogo duplo”, “mundanidade”. Todas expressões que são contrárias ao que se quer e se pensa como “Reinado de Deus”.  Estas situações não são novas, pelo contrário, fazem parte da longa história humana na face da terra.

Na Primeira leitura deste domingo  Samuel conta o desfecho da luta de poder entre os governantes dos reinos divididos de Israel e como as tribos de Israel decidiram pedir a Davi que reinasse sobre todos cuidando de todo o povo.  Neste contexto de disputas internas o governo de Davi foi entendido como uma extensão do justo reinado de Deus. Na prática isso não se concretizou, embora fosse a intenção original do projeto. 

A comunidade dos colossenses, no tempo de Paulo, vivia também situação semelhante aquela do tempo de Israel.  Paulo  escreve fazendo algumas recomendações e afirma que para quem permanece firme na verdadeira e única doutrina pode ter certeza que Deus o livrará do “poder das trevas” e garantirá  “o Reino do seu filho muito amado”. 

Ora, qual é o reino do Filho muito amado, senão aquele inaugurado por Cristo na cruz e que se reza na missa: “Reino da verdade, da justiça, do amor e da paz”. Na cruz, entre dois ladrões e rodeado por todos os que desejam o poder e disputavam os espaços focados nas mesmas situações que muitas vezes hoje também as pessoas estão envolvidas, Jesus inaugura um novo Reino que pode ser chamado Reino da “Misericórdia e da vida”. Representando a humanidade que busca um novo modo de ser e de viver o “bom ladrão” recebe a promessa de Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”. Este hoje não se refere ao tempo cronológico, mas garante a salvação definitiva que a vida, a morte e a ressurreição de Jesus garantiu para a humanidade inteira. 

Celebrar Cristo Rei é um convite para cada pessoa, mas também para a Igreja inteira e para a sociedade em geral a repensar sua existência, seus valores e sua prática cotidiana em relação às manias de grandeza, luta pelo poder, rivalidades e mágoas desnecessárias. 

Que a oração de todos alcance o coração de cada um. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 13 DE NOVEMBRO DE 2016

A SALVAÇÃO VIRÁ PARA TODOS

“Somos gente da esperança, que caminha rumo ao pai, somos povo da aliança que já sabe aonde vai. De mãos dadas a caminho, porque juntos somos mais, a plantar um novo reino de unidade amor e paz”.

Este verso de uma canção religiosa frequentemente entoada em nossas comunidades ajuda compreender a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo. No tempo do profeta Malaquias vivia muita gente boa, mas também muitos injustos e pecadores. Inconscientemente e muitas vezes até convencidos os bons não conseguiam entender porque os maus conseguiam prosperar com certa facilidade enquanto os bons tinham grande dificuldade de progredir e melhorar de vida. É claro que diante desta realidade mais facilmente o desânimo toma conta das pessoas. Neste contexto o profeta aponta para o futuro, devolvendo-lhes a coragem e a esperança: Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas”.
Esta é também a certeza que o salmista proclamou e que a Igreja reza neste domingo: Exultem na presença do Senhor, pois ele vem, vem julgar a terra inteira. Julgará o universo com justiça e as nações com equidade”.
Na mesma perspectiva São Paulo escreve aos Tessalonicenses: “Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém”. Paulo é categórico ao afirmar não se iludam com promessas de uma vida fácil, pelo contrário não deixem de trabalhar e de fazer de modo bem feito todas as coisas.
E Jesus, no evangelho, recorda diversas situações do cotidiano que podem ser motivo para desanimar e não ter coragem de lutar por um mundo melhor. Nenhum medo, nenhuma ameaça, nenhuma preocupação diz Jesus, deve ser maior do que a certeza que “Vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É  permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”.
A vida de Jesus, a história das pessoas, das famílias, da sociedade e da própria Igreja são provas que depois de cada grande provação e tempo de dificuldade sempre há um novo alvorecer que se confirma na fé e na esperança que nunca morre. Esta certeza as pessoas experimentam pela graça do Espírito Santo que mora nos corações e renova a face da terra.

A assembleia cristã reunida reafirma na oração que sua vida está nas mãos de Deus em quem continuam confiando e em quem depositam toda a esperança.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

HOMILIA PARA O DOMINGO DE TODOS OS SANTOS

SEDE SANTOS COMO DEUS É SANTO

Basta acessar qualquer ambiente noticioso para encontrar uma infinidade de ações humanas que podem ser classificadas como devastadoras ou pelo menos destruidoras da própria vida humana e do ambiente em que se vive. É o extermínio de espécies aninais e vegetais, é o descarte de objetos e equipamentos eletroeletrônicos de forma inadequada, é a poluição do ar e das águas, são seres humanos maltratados e considerados como bem de consumo durável e objeto de lucro e prazer. Neste contexto se ouve a primeira leitura deste domingo começando com as seguintes palavras: “Não danifiquem a terra, nem o mar nem as águas”.
É verdade que o grito é dirigido aos anjos, mas a sociedade contemporânea não precisa de anjos para fazer mal, o próprio ser humano é o principal causador de todas as formas de destruição e desrespeito. A pessoa humana, muitas vezes, se identifica com a máxima: “Lobo de si mesmo” sacrificando a própria esperança como se fosse a indústria da destruição.
Mais do que nunca a humanidade precisa de santos, e da força daquele que é o Santo dos santos, isso é, o próprio Deus que salva, que acolhe e que em Jesus Cristo lava a multidão das suas criaturas no “sangue do cordeiro”. No meio da multidão, quantos também podem ser reconhecidos como santos por causa do seu comprometimento com um mundo mais justo, mais humano e melhor.
Apesar dos pecados de cada pessoa e da humanidade inteira, Deus não rejeita, nem exclui ninguém, como se lê na segunda leitura: “Desde já somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como Ele é” (1 Jo3, 2).
Um dia, é certo, todos verão a Deus tal como ele é. Isto é um acender de esperança e um conforto que permite acreditar que a humanidade ainda tem salvação e que a certeza de um tempo e de uma vida muito melhor ainda se concretizará.
O que se espera de cada pessoa em meio a esta avalanche de problemas e de incertezas e ao mesmo tempo de promessa e de aconchego da parte de Deus é um empenho para alcançar a santidade.
Para ser santo e construir uma sociedade e um planeta santo, com responsabilidade pela “Casa Comum” cada pessoa, no seu ambiente e no cotidiano de suas ações é desafiado a viver as Bem aventuranças do Evangelho.
Que o Senhor conceda a graça, a coragem e a determinação de não ser participante da destruição, antes de caminhar na esperança que o encontro definitivo com o Pai de toda a vida começa a ser construído aqui com a responsabilidade individual e coletiva pelo cuidado com todas as formas de vida.









quarta-feira, 2 de novembro de 2016

GRAÇA SOBRE GRAÇA

Vinte e seis anos depois daquela tarde chuvosa do dia três de novembro do ano 1990, ergo os olhos para o céu e proclamo como o salmista: “Senhor, tu me examinas e me conheces, sabes tudo o que eu faço e de longe conheces os meus pensamentos. Tu me vês quando estou trabalhando e quando estou descansando” (Salmo 139, 1- 3).
Neste ano, mais uma vez, rendo graças a Deus pelo chamado que me fez para o ministério presbiteral. Cada dia mais tenho convicção que o dom recebido no dia do batismo se aperfeiçoa pela graça de Deus que vai se renovando sempre que abrimos nosso coração e nos colocamos com todas as nossas limitações e pecados diante daquele que nos escolheu.
Celebro com cada pessoa, que ao longo destes vinte e seis anos caminhou e caminha comigo, a graça da minha ordenação presbiteral e peço que juntos rezemos a fim de que Deus continue dando a graça da resiliência e da perseverança.
Faço minhas as palavras da Médica Costa Riquenha, Helena López de Mézerville:

É preciso partir do fato de que o sacerdote diocesano assume a sua vocação e sua decisão de formar-se para esse ministério de modo livre e voluntário, diante de um chamado pessoal interpretado a partir da fé, que o leva a dar uma resposta ao tu infinito de Deus, que lhe pede o dom de si mesmo, comprometendo toda a sua vida. Por isso essa resposta deve ser um ato livre e generoso (Mézerville, 2012, p.154).

Isso me faz recordar o lema que escolhi no dia da minha ordenação presbiteral: “Servir na alegria e na caridade”. “Apesar disso não posso negar que algumas vezes a vida presbiteral apresenta épocas de vazio existencial e experiências de falta de sentido, próprias da vulnerabilidade do ser humano” (Mézerville, 2012, p.154).
Porém é certo que guardar a intimidade com Deus e com os irmãos no sacerdócio, é condição para manter-se fiel ao chamado e a missão que Ele nos confiou e nos chama a buscar a santidade cada dia. Santidade que se encontra na realização das responsabilidades pastorais e que fazem superar o esgotamento emocional e procurar o exemplo dos padres santos que

São humildes que muitas vezes acatam as ordens dos padres não santos, os de carreira; dos santos que buscam realizar coisas e bens deste mundo onde muitos tem mais necessidades; dos padres santos que não vivem nos palacetes da Igreja; dos padres santos que vivem com fidelidade o celibato; dos padres santos que rezam e que trabalham (Andreoli, 2010, p. 321).


Em 2016 Deus me deu a graça de celebrar o dom da minha ordenação conhecendo pessoalmente e pedindo a bênção ao “Padre Santo” que há exatos 54 anos, me fez participante do sacerdócio de Cristo pelo Sacramento do Batismo. Ontem (01/11) encontrei em Curitiba o Padre Emílio Lippens, que no ano de 1962, iniciava sua vida presbiteral na Paróquia Santo Antônio em Dois Vizinhos no Paraná e me conferiu o sacramento do batismo no dia 29 de janeiro de 1963. ISSO É GRAÇA SOBRE GRAÇA!

Para completar uso o título do documento do Papa Francisco: “Louvado Sejas” pela irmã natureza. A orquídea que ganhei no dia da celebração dos meus 25 anos de ordenação me presenteia, neste 03 de novembro, com uma nova florada. Dentre todas as atividades da missão, uma delas é também “Cuidar da Casa Comum”.




sábado, 29 de outubro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 30 DE OUTUBRO 2016 - 31º COMUM ANO C

DEUS AMA TUDO O QUE ELE FEZ

A pessoa humana, na sua história e na relação com os demais muitas vezes e com facilidade faz juízo equivocado de si mesmo e dos outros. Na biografia de um estadista brasileiro que governou o país durante a ditadura militar ele mesmo descreve a pessoa com as seguintes palavras: “Deus não pode ter criado o ser humano, ele não seria tão mau assim para criar um ser tão abominável”. Não resta dúvida que esta é uma das maneiras equivocadas de compreender a pessoa e a existência humana.
A Palavra de Deus escolhida para a liturgia deste domingo é mais do que clara e permite facilmente compreender quem é Deus  e a sua obra e qual a relação dele com tudo o que existe.
No livro da Sabedoria o autor afirma: Senhor, o mundo inteiro, diante de ti,
é como um grão de areia na balança, uma gota de orvalho da manhã que cai sobre a terra. Entretanto, de todos tens compaixão, a todos, porém, tu tratas com bondade,
corriges com carinho os que caem e os repreendes, lembrando-lhes seus pecados,
para que se afastem do mal”.
Ter essa compreensão de quem é Deus levou a criatura humana proclamar em todos os tempos, como se faz no salmo deste domingo: “O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.  Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam”.
É este o Deus que São Paulo anunciou com sua vida e sua palavra, e na leitura de hoje esclarece: Deus vos faça dignos da sua vocação. Que ele, por seu poder, realize todo o bem que desejais e torne ativa a vossa fé”.
A mesma imagem de Deus foi dada por Jesus aos seus conterrâneos. No caso do Evangelho de hoje, a baixa estatura de Zaqueu pode também ser interpretada como a compreensão que ele mesmo tinha do seu pecado e da sua fragilidade,  Jesus, porém, não considera isso, vai ao seu encontro e isto já é o suficiente para que o pecador reconheça o seu pecado e se disponha mudar de vida: “Zaqueu recebeu Jesus com alegria e afirmou: Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e aqueles com quem fui desonesto, vou devolver quatro vezes mais”.

A Palavra de Deus é um estimulo para cada pessoa, nestes tempos, reconhecer-se, não como sujeito deplorável, incorrigível e pecador inveterado, mas como criatura amada por seu criador e capaz de se converter e continuar recebendo a mesma Palavra consoladora de Jesus: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também esta pessoa é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho de Deus veio procurar e salvar o que estava perdido.”

sábado, 22 de outubro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 23 DE OUTUBRO DE 2016

DEUS VIU QUE TUDO ERA MUITO BOM (Gn 1,31).

A Defesa Civil de Santa Catarina confirmou que os temporais afetaram mais de mil residências e atingiram seis mil pessoas em Santa Catarina nesta semana, deixando um rastro de destruição por todas as regiões do Estado. A notícia sensibilizou a todos e fez  surgir inúmeras iniciativas solidárias para diminuir o sofrimento das vítimas destas catástrofes. Sem sombra de dúvida a ajuda aos sofredores é uma obra de misericórdia que pode ser também compreendida como ação missionária.
A Igreja celebra neste domingo o dia mundial das missões, que neste ano teve como lema: “Cuidar da Casa Comum é nossa missão”. A oração missionária sugerida para este tempo diz assim: “Guia-nos com teu espírito, para que cuidemos com responsabilidade...”  Neste contexto é possível compreender a Palavra de Deus neste domingo mediante a qual cada pessoa pode fazer o seu exame de consciência em relação à sua ação e participação comunitária no cuidado com a Casa Comum.
Na Parábola do Fariseu e do Publicano é preciso ter presente que Jesus não está apresentando duas pessoas afirmando que um é bom e que o outro é mau. Os dois são membros de uma mesma comunidade, cada um enxerga o mundo e as pessoas sob um determinado ponto de vista. Ambos tem valores e contra valores. A comparação de Jesus não é em relação à bondade de um ou de outro, mas em relação ao modo como os dois se apresentam diante de Deus. Um deles, no caso o Fariseu, se autodenomina cumpridor de todas as normas e leis  e, portanto, tem a certeza que não tem pecado e nem precisa de perdão. O outro, pelo contrário, bate no peito e clama por misericórdia. É este o mérito do último e não a sua condição de vida.
É isto que a assembleia cristã foi convidada a rezar no salmo deste domingo: “Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido. Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, e castigado não será quem nele espera”.  Reconhecer o seu pecado e apresentar-se arrependido diante de Deus é atitude mais adequada para cada pessoa também na atualidade e uma atitude desejada para este ano da misericórdia.
Deus não faz distinção entre as pessoas, Ele não é parcial em prejuízo daquele que nele confia. São Paulo também tem esta certeza, e às vésperas de ser executado reafirma o que sempre acreditou: o Cristianismo não é a religião da lei, mas da liberdade. A Salvação vem pela fé e pela escolha que cada um faz de aceitar a pessoa de Cristo caminhando ao seu lado.
Nestes dias e diante das catástrofes ambientais que se abateram sobre Santa Catarina, certamente uma correta atitude dos cristãos é olhar para o seu dia a dia perguntando-se em que medida suas ações foram missionárias e responsáveis naquilo que diz respeito ao Cuidado com a Casa Comum. Já não se trata somente de ser solidário diante da tragédia alheia, mas de reconhecer que muito mais poderia ter sido feito para evitar que estas coisas se repetissem como tem sido frequente em terras catarinenses.


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Homilia para o dia 16 de outubro de 2016.

DO SENHOR É QUE VEM O MEU SOCORRO

“São mais santas as mãos que ajudam do que os lábios que rezam”, esta frase atribuída a Santa Tereza de Calcutá pode dar a impressão que a oração não tem muita importância na vida de uma pessoa. Os bispos do Brasil também escreveram sobre a oração afirmando mais ou menos assim: “preocupa-nos certo tipo de oração desligada da vida e muito intimista sem sintonia com a realidade”.
É sobre oração em sintonia com os problemas do dia a dia que fala a Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo. O livro do Êxodo narra uma dura batalha que o povo de Israel precisou enfrentar contra um grupo de assaltantes que era comum naquele tempo. O texto atribui a vitória dos Israelitas sobre os inimigos graças a perseverança de Moisés na oração. E mais do que a perseverança de Moisés, a ajuda de Aarão e Ur que lhe sustentavam quando já estava cansado.
São Paulo continua sua catequese para o amigo Timóteo e reafirma o que já havia dito em outras ocasiões: A primeira tarefa de todo Cristão e dar testemunho de Jesus. E isto é claro se faz antes de tudo pela perseverança na oração como Jesus mesmo fazia em todos os momentos em que se preparava para alguma decisão difícil. Ou como ensinou aos discípulos: “quando rezarem digam, Pai nosso...”
Fazendo recordar como as viúvas eram abandonadas e sem ninguém que lhes viesse em socorro, Jesus conta a parábola do juiz injusto na relação com uma dessas pessoas para quem ninguém prestava atenção. A persistência da viúva no trato com o juiz sem compaixão aparece a mesma condição da perseverança na oração.
Assim como o juiz, que bem sabia qual a sua tarefa e verdadeira missão, Deus também sabe todas as necessidades humanas. O juiz acaba atendendo a viúva padra se ver livre dela e da sua importunação. Jesus concluí: “Deus é bom e sabe dar coisas boas aos que lhe pedirem”.  
Em resumo é importante não duvidar que Deus não é um desocupado que está sentado observando os problemas para atender só quando for solicitado pela oração. Deus vê os desafios cotidianos e nunca deixará de atender as necessidades e pedidos daqueles que a ele se dirigem com fé.
O evangelho termina com uma pergunta muita dura: “Acaso o filho do homem encontrará fé sobre a terra”. É esta a primeira e mais fundamental preocupação de toda pessoa humana: é necessário e importante rezar, mas não simplesmente repetir fórmulas sem convicção daquilo que se reza e que se pede.
É por isso que a igreja inteira canta com o salmo: “O Senhor te guardará de todo o mal, ele mesmo vai cuidar da tua vida! Deus te guarda na partida e na chegada.  Ele te guarda desde agora e para sempre! Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e fez a terra. 



domingo, 9 de outubro de 2016

HOMILIA PARA O DIA DE NOSSA SENHORA APARECIDA

FAÇAM TUDO O QUE ELE LHES DISSER...

As notícias sobre a situação do Brasil apontam para uma retomada e melhora das condições sociais e econômicas do país, para daqui a três ou quatro anos. Em virtude da crise moral que assola o país o sofrimento de milhões de brasileiros continua muito intenso e mais do que nunca hoje se pode rezar e pedir como fez o Papa Francisco na inauguração da estátua de Nossa Senhora Aparecida nos Jardins do Vaticano, em setembro de 2016, na ocasião disse o Papa: “Que Nossa Senhora Aparecida proteja todo o Brasil e todo o povo brasileiro neste momento muito triste”.

Este pedido do Papa, também se reza na consagração a N. Sra. Aparecida: “Ó Maria Santíssima, que em vossa querida imagem de Aparecida espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil, eu, cheio (a) do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado (a) a vossos pés consagro-vos meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis”.
A Palavra de Deus que se proclama na liturgia da Solenidade de N. Sra. Aparecida de algum modo também apresenta como desde sempre a figura da mulher na Bíblia significou uma poderosa intercessão nos momentos de dificuldade que as comunidades enfrentaram ao longo da história.
Na primeira leitura, o povo judeu estava condenado ao extermínio quando a rainha Ester se apresenta diante do rei e lhe pede apenas uma coisa: “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do meu povo - eis o meu desejo”.
No texto do Apocalipse uma mulher vestida de sol e trazendo em seu corpo outros sinais de vida, enfrenta o dragão, símbolo da morte. No final do embate, embora frágil a vida e a mulher terminam vitoriosas.
Nas bodas de Caná, mais uma vez “a mulher” e agora personificada em Maria, intervém e garante a continuidade da festa superando mais uma vez a lei do puro e do impuro. A participação de Maria neste novo tempo da história de Israel supera todas as expectativas e dá início à manifestação gloriosa da vida de Jesus no meio das pessoas.
Mais do que nunca, na atualidade, o cristão tem certeza que invocar Maria como intercessora nos momentos de dificuldade implica compreender a profunda ligação da Mãe com seu filho Jesus, que muito mais do que laços de carne e de sangue é expressa por uma extraordinária força espiritual.

Que a Eucaristia, a Oração e Palavra de Deus alimentem a vida de todos na luta contra o mal, pela libertação e pela dignidade de todos. Que a Igreja inteira compreenda e ajuda a compreender o que se reza: “modelo de santidade e advogada nossa”. 

sábado, 8 de outubro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 09 DE OUTUBRO DE 2016

                 CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO

Se tem uma coisa bonita que os pais, os professores, e as pessoas em geral gostam de fazer é ensinar as crianças a serem agradecidas. Seja em casa, seja na escola costuma-se usar a expressão: “palavra mágica” no relacionamento com as pessoas. Assim as crianças aprendem desde cedo a dizer: “Muito obrigado, por favor, com licença”.  Obviamente que não fazem isso gratuitamente, mas aprendem a reconhecer aquilo que no decorrer dos dias faz parte das relações humanas de boa convivência.

É sobre gratuidade, relações de boa convivência, ação de graças que fala a Palavra de Deus proclamada neste domingo. O livro dos Reis apresenta o encontro de um estrangeiro pagão com o profeta Eliseu. Gratuitamente o profeta mostra a ação de Deus em favor de Naamã, o qual não deixa de ser grato e reconhece a graça e a misericórdia de Deus em seu favor.

Paulo, continua sua carta ao amigo Timóteo, e faz uma recomendação simples diante de tudo o que estava acontecendo naqueles dias: “Lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os mortos. Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.

A narrativa do Evangelho que apresenta os dez leprosos, mais uma vez supera a simples prática da lei, e sugere a caridade, a ação de graças, a “palavra mágica”. Jesus lhes indicou o caminho da cura e apresentou também o cumprimento da lei. Mas muito mais do que ser cumpridor de normas e regras espera-se de cada pessoa a generosidade e a gratuidade. Somente um estrangeiro entendeu isso e voltou dando glórias a Deus.

As três leituras servem para cada cristão e para a Igreja inteira: Deus e sua graça são dons gratuitos, generosos e misericordiosos. O dia a dia de cada pessoa está repleto de pequenas curas e bênçãos. Pede-se apenas que seja capaz de reconhecer isso e a fazer exatamente o que se ensina às crianças: “usar as palavras mágicas” como se reza no salmo deste domingo: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios. O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel”.

Rezar juntos na liturgia de cada domingo é um aprendizado que se faz pela oração, como se reza na oração eucarística da cada missa: “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo poderoso, por Cristo Senhor nosso”.


Que a oração de todos ajude cada pessoa a realizar em sua vida a tarefa de “ser membros e discípulos de Cristo Caminho, Verdade e Vida”.  

HOMILIA PARA O DIA 09 DE OUTUBRO DE 2016

                 CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO

Se tem uma coisa bonita que os pais, os professores, e as pessoas em geral gostam de fazer é ensinar as crianças a serem agradecidas. Seja em casa, seja na escola costuma-se usar a expressão: “palavra mágica” no relacionamento com as pessoas. Assim as crianças aprendem desde cedo a dizer: “Muito obrigado, por favor, com licença”.  Obviamente que não fazem isso gratuitamente, mas aprendem a reconhecer aquilo que no decorrer dos dias faz parte das relações humanas de boa convivência.

É sobre gratuidade, relações de boa convivência, ação de graças que fala a Palavra de Deus proclamada neste domingo. O livro dos Reis apresenta o encontro de um estrangeiro pagão com o profeta Eliseu. Gratuitamente o profeta mostra a ação de Deus em favor de Naamã, o qual não deixa de ser grato e reconhece a graça e a misericórdia de Deus em seu favor.

Paulo, continua sua carta ao amigo Timóteo, e faz uma recomendação simples diante de tudo o que estava acontecendo naqueles dias: “Lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os mortos. Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.

A narrativa do Evangelho que apresenta os dez leprosos, mais uma vez supera a simples prática da lei, e sugere a caridade, a ação de graças, a “palavra mágica”. Jesus lhes indicou o caminho da cura e apresentou também o cumprimento da lei. Mas muito mais do que ser cumpridor de normas e regras espera-se de cada pessoa a generosidade e a gratuidade. Somente um estrangeiro entendeu isso e voltou dando glórias a Deus.

As três leituras servem para cada cristão e para a Igreja inteira: Deus e sua graça são dons gratuitos, generosos e misericordiosos. O dia a dia de cada pessoa está repleto de pequenas curas e bênçãos. Pede-se apenas que seja capaz de reconhecer isso e a fazer exatamente o que se ensina às crianças: “usar as palavras mágicas” como se reza no salmo deste domingo: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios. O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel”.

Rezar juntos na liturgia de cada domingo é um aprendizado que se faz pela oração, como se reza na oração eucarística da cada missa: “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo poderoso, por Cristo Senhor nosso”.


Que a oração de todos ajude cada pessoa a realizar em sua vida a tarefa de “ser membros e discípulos de Cristo Caminho, Verdade e Vida”.  

sábado, 1 de outubro de 2016

Homilia para o dia 02 de outubro de 2016.


NÃO FECHEM SEUS CORAÇÕES


“O coração tem razões que a razão desconhece”, esta frase é atribuída a  Blaise Pascal, Filósofo Frances do século XVII. Mas na atualidade se usa muitas expressões que valorizam o coração e o colocam como que no centro de toda vida. Quando se está triste costuma-se dizer: “estou com o coração apertado”; quando se quer dizer que uma pessoa convence com as palavras se diz   que “fala com o coração”.  São Camilo de Lelis, recomendou aos seus padres que trabalhassem com o coração e entre os camilianos se usa a frase: “Mais coração nas mãos irmãos”. Maria quando se encontrou com Isabel cantou: “Minha engrandece o Senhor e meu coração se alegra em Deus meu Salvador”. Madre Paulina, com todo o seu trabalho e as provações que a vida lhe reservou é venerada com o título de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus.
O Evangelho proclamado neste domingo encerra os discursos de Jesus durante sua caminhada para Jerusalém com os encontros e desencontros que ele teve durante o caminho, por sua vez a primeira leitura é um texto pronunciado pelo profeta cerca de 600 anos antes de Cristo. O sofrimento era a marca registrada das comunidades daquele tempo. E o profeta faz um convite para que as pessoas não se deixem vencer pela cor do medo e da tragédia. Diante das iniquidades e maldades o profeta conclui sua fala afirmando: “O justo viverá pela fé”.
A mesma recomendação faz São Paulo na carta a Timóteo. A carta deve ter sido escrita nos anos 60 depois de Cristo, ocasião em que o imperador Nero perseguia violentamente os cristãos, Paulo recomenda: “reaviva o dom de Deus que está em Você. Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor. Guarda a fé que recebeste”.
E Jesus fala aos discípulos que lhe pedem para aumentar a fé. Ao contrário do que muito se prega na atualidade, Jesus não diz que a fé vai resolver todas as coisas e acabar com todos os problemas. Se vocês tiverem fé como um grão de mostarda, fariam coisas maravilhosas, mas não se preocupem com as coisas maravilhosas, antes se preocupem em não perder a fé.
Então ter fé, não é passe de mágica para a solução dos problemas e adversidades da vida, mas uma maneira de ver os problemas com outros olhos. Sem fé nossa existência seria desesperadora.

Nestes novos tempos, mais do que nunca é necessário que tenhamos um cristianismo carregado de alegria, que não tenha medo de estar sempre em “estado de missão” como afirmou o Papa Francisco. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 19 DE SETEMBRO DE 2016.

ASTUTO COMO AS SERPENTES E

SIMPLES COMO AS POMBAS

Uma das maneiras para expressar o que se pensa são os provérbios. Sobre dinheiro costuma-se dizer: “Tempo é dinheiro”; “Dinheiro não traz felicidade”; “O dinheiro fala todas as línguas”; “Os governos são eficientes quando se trata de arrecadar impostos do povo”; Estes e muitos outros são a expressão do valor que uma pessoa dá aquilo que é ou aquilo que tem ou julga ter e dar importância.
As  leituras deste domingo trazem como pano de fundo a reflexão sobre a maneira como uma pessoa pode fazer do dinheiro e do poder. Amós é profeta no Reino de Judá, num tempo em que a exploração de uns sobre outros era vergonhosa. Neste contexto suas palavras são uma dura crítica àqueles que se beneficiam do trabalho alheio acumulando sempre mais e deixando multidões vítimas do descaso e da miséria. Sua denuncia é firme e avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em branco aos olhos de Deus.
No Evangelho Jesus mostra como uma pessoa deve usar os bens passageiros para garantir bens duradouros. Contando a parábola do administrador infiel e fazendo um elogio à sua atitude, está mais do que claro que Jesus não compactua com a desonestidade, mas com a esperteza.
A recomendação de Jesus não é para ser desonesto, pelo contrário, para ser esperto. E usar da inteligência para praticar o bem. Jesus deixa claro que se preocupar unicamente com o dinheiro não é o caminho mais seguro para conquistar valores duradouros.  
Na sociedade contemporânea preocupada em comprar mais, consumir mais, acumular mais, não falta quem viva por causa do dinheiro e para isso trabalha 12 a 15 horas por dia; deixe em segundo plano a família e os amigos; sacrifique sua intimidade e se exponha diante das câmeras de televisão e na internet para ganhar alguns trocados. Não falta quem venda sua consciência e não tenha escrúpulo de sacrificar a vida dos irmãos; há quem venda drogas e armas que destroem vidas e dignidades; há quem seja injusto com os operários e com as pessoas com quem estabelece relações comerciais.
Pois a Palavra de Deus pede hoje um exame de consciência. Eu como cristão: Como é a minha relação com o dinheiro? Ser escravo do dinheiro é uma coisa que só acontece com os outros? Na atividade profissional o que me move é o dinheiro ou amor pelos outros? O que  eu penso em relação à posse dos bens?
Não se pode ser ingênuo e pensar que o dinheiro não seja necessário ou desprezível e imoral, antes é preciso ter os pés no chão e analisar se a minha relação com o dinheiro não é de escravidão e obsessão.
Concluindo Jesus insiste: não se pode servir a  Deus e ao dinheiro. Entenda-se servir a Deus como gastar a sua vida em favor do bem e de uma sociedade mais justa e fraterna. É isto que São Paulo recomenda na carta a Timóteo, não olhar apenas para o seu umbigo, mas sentir-se responsável pela coletividade e o bem estar de todos.

O olhar de cristão pede que cada pessoa seja capaz de agir como Deus que “Levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, para  fazê-lo sentar com os grandes”.

HOMILIA PARA O DIA 19 DE SETEMBRO DE 2016.

ASTUTO COMO AS SERPENTES E

SIMPLES COMO AS POMBAS

Uma das maneiras para expressar o que se pensa são os provérbios. Sobre dinheiro costuma-se dizer: “Tempo é dinheiro”; “Dinheiro não traz felicidade”; “O dinheiro fala todas as línguas”; “Os governos são eficientes quando se trata de arrecadar impostos do povo”; Estes e muitos outros são a expressão do valor que uma pessoa dá aquilo que é ou aquilo que tem ou julga ter e dar importância.
As  leituras deste domingo trazem como pano de fundo a reflexão sobre a maneira como uma pessoa pode fazer do dinheiro e do poder. Amós é profeta no Reino de Judá, num tempo em que a exploração de uns sobre outros era vergonhosa. Neste contexto suas palavras são uma dura crítica àqueles que se beneficiam do trabalho alheio acumulando sempre mais e deixando multidões vítimas do descaso e da miséria. Sua denuncia é firme e avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em branco aos olhos de Deus.
No Evangelho Jesus mostra como uma pessoa deve usar os bens passageiros para garantir bens duradouros. Contando a parábola do administrador infiel e fazendo um elogio à sua atitude, está mais do que claro que Jesus não compactua com a desonestidade, mas com a esperteza.
A recomendação de Jesus não é para ser desonesto, pelo contrário, para ser esperto. E usar da inteligência para praticar o bem. Jesus deixa claro que se preocupar unicamente com o dinheiro não é o caminho mais seguro para conquistar valores duradouros.  
Na sociedade contemporânea preocupada em comprar mais, consumir mais, acumular mais, não falta quem viva por causa do dinheiro e para isso trabalha 12 a 15 horas por dia; deixe em segundo plano a família e os amigos; sacrifique sua intimidade e se exponha diante das câmeras de televisão e na internet para ganhar alguns trocados. Não falta quem venda sua consciência e não tenha escrúpulo de sacrificar a vida dos irmãos; há quem venda drogas e armas que destroem vidas e dignidades; há quem seja injusto com os operários e com as pessoas com quem estabelece relações comerciais.
Pois a Palavra de Deus pede hoje um exame de consciência. Eu como cristão: Como é a minha relação com o dinheiro? Ser escravo do dinheiro é uma coisa que só acontece com os outros? Na atividade profissional o que me move é o dinheiro ou amor pelos outros? O que  eu penso em relação à posse dos bens?
Não se pode ser ingênuo e pensar que o dinheiro não seja necessário ou desprezível e imoral, antes é preciso ter os pés no chão e analisar se a minha relação com o dinheiro não é de escravidão e obsessão.
Concluindo Jesus insiste: não se pode servir a  Deus e ao dinheiro. Entenda-se servir a Deus como gastar a sua vida em favor do bem e de uma sociedade mais justa e fraterna. É isto que São Paulo recomenda na carta a Timóteo, não olhar apenas para o seu umbigo, mas sentir-se responsável pela coletividade e o bem estar de todos.

O olhar de cristão pede que cada pessoa seja capaz de agir como Deus que “Levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, para  fazê-lo sentar com os grandes”.

sábado, 10 de setembro de 2016

Homilia para o dia 11 de setembro de 2016 - 24º domingo comum.

ESCOLHIDO COM MISERICÓRDIA

No brasão do Papa Francisco se pode ler a frase: “Escolhido com Misericórdia”. Não sem razão o Papa tem repetido algumas vezes: “Rezem por mim que também sou pecador”. Instituiu este ano santo extraordinário da misericórdia e afirmou que esta virtude é que suporta toda a vida da Igreja. Quando se pensa em misericórdia se lembra acolhida, perdão, solidariedade, compreensão e uma porção de outras atitudes que permitem às pessoas se reerguerem dos seus sofrimentos e desilusões.
Os atletas paraolímpicos no Rio de Janeiro estão dando muitas lições do que significa superação, determinação e solidariedade e porque não dizer misericórdia. Na corrida dos 100 metros a brasileira Tassita Cruz vencia a prova quando perdeu velocidade e acabou em sexto lugar. Sentada chorando recebeu a mais importante medalha no abraço carinhoso da colombiana Marta que venceu a corrida.
Ora, o que é o pecado, senão uma perca de velocidade na direção da meta e que culmina com a desilusão, o choro, o arrependimento e o medo? Isso está bem retratado nas três leituras deste domingo.
Na primeira, o povo perdeu o entusiasmo e começou a andar por outros caminhos. Desiludidos quiseram encontrar solução para a sua dificuldade à custa das suas próprias forças. Obvio que isso não os levou a nenhum lugar. Longe de Deus o povo experimentava sofrimento ainda maior. Moisés intercede, recordando a promessa e a leitura termina dizendo: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao povo”. O resultado todo sabemos, mais tarde a comunidade de Israel chegou à terra prometida.
Hoje a Igreja também reza com o salmista fazendo sua a mesma condição de arrependimento que Davi experimentou. Em oração se diz: “Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido”.
São Paulo reconhece o seu pecado quando diz: “Eu que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia que demostra toda a grandeza do coração de Jesus”.
E Jesus no Evangelho contando as três parábolas mais uma vez ajuda a perceber como Deus “Escolhe com Misericórdia”.  Não porque ele ama mais a uns do que aos outros, mas porque Ele Ama mais! O abraço que o pai dá ao filho arrependido é a mais importante medalha que um pecador arrependido, que por força das circunstâncias perdeu velocidade e está caído em prantos no meio do caminho pode receber de Deus.
Que a Palavra e a Eucaristia com a oração comum ensinem a todos o que significa a virtude da misericórdia.  



Homilia para o dia 11 de setembro de 2016 - 24º domingo comum.

ESCOLHIDO COM MISERICÓRDIA

No brasão do Papa Francisco se pode ler a frase: “Escolhido com Misericórdia”. Não sem razão o Papa tem repetido algumas vezes: “Rezem por mim que também sou pecador”. Instituiu este ano santo extraordinário da misericórdia e afirmou que esta virtude é que suporta toda a vida da Igreja. Quando se pensa em misericórdia se lembra acolhida, perdão, solidariedade, compreensão e uma porção de outras atitudes que permitem às pessoas se reerguerem dos seus sofrimentos e desilusões.
Os atletas paraolímpicos no Rio de Janeiro estão dando muitas lições do que significa superação, determinação e solidariedade e porque não dizer misericórdia. Na corrida dos 100 metros a brasileira Tassita Cruz vencia a prova quando perdeu velocidade e acabou em sexto lugar. Sentada chorando recebeu a mais importante medalha no abraço carinhoso da colombiana Marta que venceu a corrida.
Ora, o que é o pecado, senão uma perca de velocidade na direção da meta e que culmina com a desilusão, o choro, o arrependimento e o medo? Isso está bem retratado nas três leituras deste domingo.
Na primeira, o povo perdeu o entusiasmo e começou a andar por outros caminhos. Desiludidos quiseram encontrar solução para a sua dificuldade à custa das suas próprias forças. Obvio que isso não os levou a nenhum lugar. Longe de Deus o povo experimentava sofrimento ainda maior. Moisés intercede, recordando a promessa e a leitura termina dizendo: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao povo”. O resultado todo sabemos, mais tarde a comunidade de Israel chegou à terra prometida.
Hoje a Igreja também reza com o salmista fazendo sua a mesma condição de arrependimento que Davi experimentou. Em oração se diz: “Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido”.
São Paulo reconhece o seu pecado quando diz: “Eu que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia que demostra toda a grandeza do coração de Jesus”.
E Jesus no Evangelho contando as três parábolas mais uma vez ajuda a perceber como Deus “Escolhe com Misericórdia”.  Não porque ele ama mais a uns do que aos outros, mas porque Ele Ama mais! O abraço que o pai dá ao filho arrependido é a mais importante medalha que um pecador arrependido, que por força das circunstâncias perdeu velocidade e está caído em prantos no meio do caminho pode receber de Deus.
Que a Palavra e a Eucaristia com a oração comum ensinem a todos o que significa a virtude da misericórdia.  



Homilia para o dia 11 de setembro de 2016 - 24º domingo comum.

ESCOLHIDO COM MISERICÓRDIA

No brasão do Papa Francisco se pode ler a frase: “Escolhido com Misericórdia”. Não sem razão o Papa tem repetido algumas vezes: “Rezem por mim que também sou pecador”. Instituiu este ano santo extraordinário da misericórdia e afirmou que esta virtude é que suporta toda a vida da Igreja. Quando se pensa em misericórdia se lembra acolhida, perdão, solidariedade, compreensão e uma porção de outras atitudes que permitem às pessoas se reerguerem dos seus sofrimentos e desilusões.
Os atletas paraolímpicos no Rio de Janeiro estão dando muitas lições do que significa superação, determinação e solidariedade e porque não dizer misericórdia. Na corrida dos 100 metros a brasileira Tassita Cruz vencia a prova quando perdeu velocidade e acabou em sexto lugar. Sentada chorando recebeu a mais importante medalha no abraço carinhoso da colombiana Marta que venceu a corrida.
Ora, o que é o pecado, senão uma perca de velocidade na direção da meta e que culmina com a desilusão, o choro, o arrependimento e o medo? Isso está bem retratado nas três leituras deste domingo.
Na primeira, o povo perdeu o entusiasmo e começou a andar por outros caminhos. Desiludidos quiseram encontrar solução para a sua dificuldade à custa das suas próprias forças. Obvio que isso não os levou a nenhum lugar. Longe de Deus o povo experimentava sofrimento ainda maior. Moisés intercede, recordando a promessa e a leitura termina dizendo: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao povo”. O resultado todo sabemos, mais tarde a comunidade de Israel chegou à terra prometida.
Hoje a Igreja também reza com o salmista fazendo sua a mesma condição de arrependimento que Davi experimentou. Em oração se diz: “Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido”.
São Paulo reconhece o seu pecado quando diz: “Eu que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia que demostra toda a grandeza do coração de Jesus”.
E Jesus no Evangelho contando as três parábolas mais uma vez ajuda a perceber como Deus “Escolhe com Misericórdia”.  Não porque ele ama mais a uns do que aos outros, mas porque Ele Ama mais! O abraço que o pai dá ao filho arrependido é a mais importante medalha que um pecador arrependido, que por força das circunstâncias perdeu velocidade e está caído em prantos no meio do caminho pode receber de Deus.
Que a Palavra e a Eucaristia com a oração comum ensinem a todos o que significa a virtude da misericórdia.  



sexta-feira, 2 de setembro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 04 DE SETEMBRO DE 2016 - 23º DOMINGO COMUM

CONDIÇÕES PARA O DISCIPULADO

A proximidade das eleições municipais no país, coloca todos os cidadãos entre a cruz e a espada. E não raro se ouve a expressão: “A gente vota no menos pior”.  Neste tempo desfilam nos meios de comunicação, e em toda sorte de propaganda política candidatos cujo objetivo é ganhar a confiança dos eleitores, arrebanhar multidões e instalar um projeto de poder e de governo. Nesta seara surgem muitas promessas, discursos extraordinários, soluções quase mágicas e discursos demagógicos.

Ao contrário dos políticos no evangelho de hoje Jesus se apresenta não como um demagogo que faz promessas fáceis com o objetivo de conquistar a simpatia das pessoas para instalar o projeto do Reino. Ele faz um convite radical que não consiste em colocar panos quentes.  A proposta para quem quer fazer parte do Reino anunciado por Jesus implica em três renúncias:  à própria família, à própria vida e aos bens. Jesus começa falando em odiar a família. O verbo odiar no evangelho significa colocar em segundo plano, não porque a família não seja importante, mas porque a o Reino precisa ser entendido como preferencial na ordem de importância. A segunda renuncia exige superar os interesses egoístas, ou seja, aqueles em que as próprias necessidades estejam em primeiro lugar. Isso significa fazer de sua vida um dom a serviço dos irmãos. A terceira renuncia diz respeito aos bens. Jesus tem consciência da necessidade de bens, mas ao mesmo tempo reconhece que quando a posse de bens se torna valor absoluto este interesse escraviza as pessoas e as leva a viver somente em função deles esquecendo-se das pessoas e do verdadeiro sentido da vida. Neste sentido fica clara a diferença entre as promessas de Jesus e as que se ouve neste tempo de eleição. Jesus apresenta renuncias e sacrifícios os outros facilidades e benefícios aos montes.
Ora, para fazer a escolha certa e ter a coragem de renunciar algumas coisas boas em função de outras é necessária sabedoria que o autor da primeira leitura de hoje afirma que é um dom de Deus. Dom, que somente a pessoa que se deixa conduzir por ele será capaz de cruzar as expectativas sem ficar confuso diante de tantas escolhas.  Para os cristãos o critério para julgar a viabilidade de alguma proposta é o evangelho e a oração.
A reunião dos cristãos na assembleia de cada domingo é uma forma de pedir e de se colocar diante da sabedoria de Deus como se reza no salmo: Ensinai-nos a contar os nossos dias, para chegarmos à sabedoria do coração. Voltai, Senhor! Até quando… Tende piedade dos vossos servos. Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade, para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias. Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus. Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos”.