SENHOR LEMBRE-SE DE MIM...
Intrigas, fofocas, disputa de poder, busca de prestígio, culto ao ego do chefe, são ações que acompanham o dia a dia das pessoas, das famílias, das instituições e da própria Igreja. O Papa Francisco tem feito inúmeras críticas ao modo como se dá a busca e o exercício do poder na Igreja e da Igreja. Francisco usa com frequência expressões como “sede de poder”, “deslealdade”, “jogo duplo”, “mundanidade”. Todas expressões que são contrárias ao que se quer e se pensa como “Reinado de Deus”. Estas situações não são novas, pelo contrário, fazem parte da longa história humana na face da terra.
Na Primeira leitura deste domingo Samuel conta o desfecho da luta de poder entre os governantes dos reinos divididos de Israel e como as tribos de Israel decidiram pedir a Davi que reinasse sobre todos cuidando de todo o povo. Neste contexto de disputas internas o governo de Davi foi entendido como uma extensão do justo reinado de Deus. Na prática isso não se concretizou, embora fosse a intenção original do projeto.
A comunidade dos colossenses, no tempo de Paulo, vivia também situação semelhante aquela do tempo de Israel. Paulo escreve fazendo algumas recomendações e afirma que para quem permanece firme na verdadeira e única doutrina pode ter certeza que Deus o livrará do “poder das trevas” e garantirá “o Reino do seu filho muito amado”.
Ora, qual é o reino do Filho muito amado, senão aquele inaugurado por Cristo na cruz e que se reza na missa: “Reino da verdade, da justiça, do amor e da paz”. Na cruz, entre dois ladrões e rodeado por todos os que desejam o poder e disputavam os espaços focados nas mesmas situações que muitas vezes hoje também as pessoas estão envolvidas, Jesus inaugura um novo Reino que pode ser chamado Reino da “Misericórdia e da vida”. Representando a humanidade que busca um novo modo de ser e de viver o “bom ladrão” recebe a promessa de Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”. Este hoje não se refere ao tempo cronológico, mas garante a salvação definitiva que a vida, a morte e a ressurreição de Jesus garantiu para a humanidade inteira.
Celebrar Cristo Rei é um convite para cada pessoa, mas também para a Igreja inteira e para a sociedade em geral a repensar sua existência, seus valores e sua prática cotidiana em relação às manias de grandeza, luta pelo poder, rivalidades e mágoas desnecessárias.
Que a oração de todos alcance o coração de cada um.