sexta-feira, 1 de junho de 2018

HOMILIA PARA O DIA 03 DE JUNHO DE JUNHO 2018


ESTENDER A MÃO COMO DEUS FAZ

Todos os anos por ocasião da quaresma a Igreja convida a os cristãos a fazer penitência e realizar um gesto de solidariedade por meio de uma oferta concreta no Domingo de Ramos. O Resultado desta coleta é aplicado em obras de assistência social. Nesta semana, por exemplo, a Diocese de Criciúma no Sul de Santa Catarina inaugurou uma casa para acolhida e ressocialização de ex-presidiários. A obra teve investimentos com recursos da coleta da solidariedade no domingo de ramos. Por ocasião da mobilização dos caminhoneiros foram observadas diversas ações de solidariedade com a categoria, entre elas a de um grupo de ciclistas que se mobilizou para levar alimentos aos motoristas. Ambas são atitudes de quem é capaz de estender a mão.
As leituras deste domingo falam da solidariedade de Deus e da preocupação com aqueles que precisavam de uma mão estendida. O livro do deuteronômio pede para guardar o dia de sábado, como sendo o dia de Deus em que Ele estendeu a mão ao seu povo e recomendou o transformou em Senhor da sua existência. Nas duras lutas da vida o povo do Antigo Testamento sempre entendeu que a mão e Deus veio em seu socorro: Lembra-te de que foste escravo no Egito e que de lá o Senhor teu Deus te fez sair com mão forte e braço estendido. É por isso que o Senhor teu Deus te mandou guardar o sábado”.
No evangelho é Jesus, enviado pelo Pai, que percebe a fome dos discípulos e os leva a colher espigas para saciar a fome. No templo uma pessoa necessitada de ajuda estende a mão e Jesus cura seu ferimento: “E perguntou-lhes: 'É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?' Mas eles nada disseram. Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: 'Estende a mão'. Ele a estendeu e a mão ficou curada”.
Só não entende de solidariedade e do sofrimento das pessoas aqueles que transformam a lei em ocasião para levar vantagem e em nome da lei patrocinam a morte: “Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo”.
Naquele tempo como nos dias atuais não falta quem se recusa estender a mão para ajudar e a reconhecer as mãos estendidas que pedem socorro e qualidade de vida. Para todos são preciosas as palavras de São Paulo na segunda leitura: “Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos”.
Que a oração deste domingo ensine cada pessoa a compreender o que significa estender a mão e reconhecer a mão estendida para socorrer e fazer que todos em qualquer lugar experimentem a alegria de se tornar Senhores das leis a serviço da vida.


quinta-feira, 24 de maio de 2018

HOMILIA PARA A SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE - 27 DE MAIO 2018


O SENHOR É DEUS EM TODO LUGAR

O maior espaço dos noticiários desta semana foi ocupado pelas paralizações, desabastecimento, corrupção, impostos, preço dos combustíveis. Tudo isso revela muito mais que um descontentamento ocasional de uma ou diversas categorias profissionais com um ou outro sistema de governo. O que a sociedade brasileira vivenciou nesta semana é o que pode ser chamado alegrias, tristezas e esperanças que as sociedades e as pessoas vivem ao longo do tempo. É neste contexto que cada cristão e a Igreja inteira é chamada a ser Sal da terra e luz do mundo.
É no meio deste mundo marcado por contradições e dificuldades que Cristo continua a enviar seus seguidores: “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.
Deus que está com a gente não é outro senão o mesmo Cristo que subiu aos céus e que enviou o Espírito Santo. O mesmo que declarou estar presente em todas as ações humanas é aquele que a primeira leitura declara: “Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo, como tu ouviste, e tenha permanecido vivo? Ou terá jamais algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grandes terrores, como tudo o que por ti o Senhor vosso Deus fez no Egito, diante de teus próprios olhos”.
Deus, em quem aqueles que acreditam são batizados é o mesmo que se reza no salmo: “No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamose que São Paulo afirma: “O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo”.
Acreditar na comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo, implica valorizar tudo o que dele se recebeu no sentido de construir uma sociedade mais justa, mais fraterna, responsável pelo bem que esteja a serviço de todos, muito acima dos interesses de grupos e organizações muitas vezes criminosa. Acreditar e seguir as palavras de Jesus consiste aceitar a grande missão de ser sinal do projeto de Deus no meio do mundo.

sábado, 19 de maio de 2018

HOMILIA PARA O DOMINGO DE PENTECOSTES 2018


O ESPÍRITO INTERCEDE EM NOSSO FAVOR
Que a pessoa humana, muito facilmente, desenvolve mania de grandeza e constrói sonhos e castelos na areia, não é uma novidade. Estas coisas costumam ser tão frágeis, que no dizer de um grande pensador contemporâneo “tudo o que é sólido se desmancha no ar”. No cotidiano das relações interpessoais é possível se deparar com relativa frequência a projetos extraordinários que acabam por terra antes mesmo de começar a ser construídos. Nestes casos fica mais do que claro que alguma coisa estava errada no projeto ou no sonho. Poderia se dizer que alguém ou alguma estrutura muito importante deixou de ser considerada como base para o empreendimento.
Pois bem, é de projetos, de sonhos, de fundamentos, de empreendimentos sustentáveis que fala a Palavra de Deus neste domingo de Pentecostes.  O texto do livro do Gênesis é de uma clareza extraordinária mostrando como o ser humano sonha além de suas forças e esquece de quem é seu fundamento e sustentação: “Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja o céu. Assim, ficaremos famosos,” O resultado não poderia ser outro a realização do empreendimento resultou numa confusão de línguas e nunca foi concluído.
Por conta disto o salmista faz um apelo, reconhecendo aquele que pode levar a bom termo os desejos humanos: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras, e que sabedoria em todas elas! Encheu-se a terra com as vossas criaturas. Se tirais o seu respiro, eles perecem e voltam para o pó de onde vieram; enviais o vosso espírito e renascem e da terra toda a face renovais.
Esta certeza é recordada por São Paulo na carta aos romanos: “fomos salvos, mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que a gente está vendo; como pode alguém esperar o que já vê? Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança. Também, o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza.”
E Jesus garante no Evangelho: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Aquele que crê em mim, conforme diz a Escritura, rios de água viva jorrarão do seu interior.
Tudo isso se realiza pela ação do Espírito Santo de Deus que foi enviado para fazer novas todas as coisas. É o Espírito de Deus que abre as portas e as mentes para a construção de um mundo novo onde a pessoa não pense ter a última resposta e a solução para todos os seus problemas. Que o Espírito sobre também nas comunidades e na Igreja contemporânea.


domingo, 13 de maio de 2018

REFLEXÕES PARA A SEMANA DA ENFERMAGEM 2018


A CENTRALIDADE DA ENFERMAGEM 
NAS DIMENSÕES DO CUIDAR

A gramática da língua portuguesa chama de oração   o conjunto linguístico que se estrutura em torno de um verbo. Pois bem, a frase:  “A centralidade da enfermagem nas dimensões do cuidar,” tema escolhido para a semana da enfermagem, é uma oração.
Mas este tema pode ser entendido também como uma Oração, no sentido de ser uma prece que se eleva a Deus por meio daqueles que gastam suas vidas no serviço aos enfermos. As duas leituras escolhidas para a celebração da missa ajudam a compreender como esta oração, no sentido gramatical, é também uma Oração no sentido religioso.
A propósito disto sugerimos a leitura de dois textos bíblicos. O primeiro da carta de Tiago: “Se alguém de vocês está sofrendo ore. Se alguém está contente cante hinos de agradecimento. Se algum de vocês estiver doente, que chame os presbíteros da Igreja, para que façam oração e ponham azeite na cabeça dessa pessoa em nome do Senhor. Essa oração, feita com fé, salvará a pessoa doente. O Senhor lhe dará a saúde e perdoará os pecados que tiver cometido”. (5, 13 – 15). O segundo texto é conhecido como a Parábola do Bom Samaritano e se encontra em Lucas 10,30-35.
O texto da carta de Tiago é a motivação para todo o serviço do Capelão no Hospital e que encontra seu principal parceiro no pessoal que faz o serviço assistencial. São os colaboradores da área da enfermagem os primeiros a perceberem que o doente precisa de animação, de uma presença viva que o faça experimentar o amor gratuito de Deus.
Já o texto do Evangelho, com a parábola do Bom Samaritano é o que pode ser entendida como modelo de centralidade no que se refere ao cuidado. Não sem razão costuma-se dizer que uma pessoa foi Bom Samaritano, toda vez que teve compaixão e ajudou a outro em situação de necessidade.
O texto do Evangelho tem sete verbos e todos eles apontam para a “centralidade do cuidado”. A primeira atitude daquele que descia pelo caminho foi “enxergar” a realidade da pessoa caída à beira do caminho. Na sequência demostrou compaixão, aproximação e cuidado – chegou perto limpou seus ferimentos e enfaixou. Ainda não satisfeito “colocou o caído no seu próprio animal”, isso significa que não teve medo de colocar todas as capacidades a serviço do sofrimento alheio e que clamava por tratamento respeitoso, por compaixão e solidariedade, situações muito particulares daqueles que estão doentes.
Percebendo que sua condição permitia fazer mais ainda, mudou a sua rotina e levou o doente até a hospedaria adaptando-se para atender o necessitado. Mobilizou outras pessoas, outras estruturas, outras forças para cuidar do sofrimento alheio. Isso é muito importante, nem sempre na sua função o pessoal do assistencial pode dar conta de todas as demandas e desafios, mas sempre pode mobilizar outras pessoas criando parcerias para que o cuidado aconteça.
Chegando na hospedaria, o último verbo é “Cuidar”. A dimensão do cuidado completa o conjunto da intervenção do samaritano. E não foi apenas uma pessoa cuidando daquele que estava ferido o Bom Samaritano soube envolver os demais nesta tarefa dura que é a realidade experimentada pelo doa humana muito presente na pessoa daqueles que estão doentes.
Em resumo - A centralidade da enfermagem nas dimensões do cuidar - precisa ser impulsionada pelo espírito do Bom Samaritano que é capaz de aproximar-se dos doentes, dos fracos, dos feridos e de todos os que estão jogados no caminho a fim de acolhê-los e cuidar deles dando-lhes uma “injeção de esperança”.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

HOMILIA PARA O DIA 13 DE MAIO DE 2018 - ASCENSÃO DO SENHOR


CONSTRUIR RELAÇÕES HUMANIZANTES


Qualquer pessoa que se preocupe em deixar algum legado, ou ensinamento que se perpetue e que por meio dele possa permanecer na memória das pessoas, se preocupa em formar seguidores e discípulos que se apaixonem por sua ideia e seu modo de ver o mundo e as relações por ele construídas. Pois é desta preocupação que trata a Palavra de Deus deste domingo.
Jesus tinha convicção que foi enviado pelo Pai e que devia estabelecer um processo de conversão continuada e ampliação da sua doutrina e da sua visão de mundo a partir da misericórdia de Deus. Por conta disso, durante três anos fez um grande número de discípulos, de admiradores e preparou os apóstolos para que dessem continuidade a tudo o que ele havia iniciado.
Nos quarenta dias que se sucederam à páscoa Jesus apareceu diversas vezes ao seu grupo e lhes deu as últimas orientações sobre a continuidade da missão e os desafios que isto implicava. Hoje, subindo ao céu diante deles deixa o mandamento mais importante: “'Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” dando-lhes essa tarefa ele faz menção às dificuldades que terão pela frente: lidar com serpentes, beber veneno, falar línguas estranhas, impor a mão em doentes e até reconhecer demônios. “Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus”.
Conforme o tempo passou aqueles que conheceram e que viveram com Jesus foram morrendo e sua doutrina corria o risco de cair no esquecimento. Para evitar isso foi preciso registrar os feitos a fim de que a lembrança pudesse ajudar na continuação da tarefa. Então Lucas escreve o livro dos Atos dos Apóstolos que começa com as palavras da primeira leitura de hoje: “No meu primeiro livro, ó Teófilo, já tratei de tudo o que Jesus fez e ensinou, desde o começo, até ao dia em que foi levado para o céu”. Fazendo a narrativa da ascensão de Jesus o autor faz uma advertência: “Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.
Quase que o mesmo pedido Paulo faz aos cristãos de Éfeso: “Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos, e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente”.
Ora que ensinamento essa Palavra pode dar às pessoas do mundo contemporâneo? A missão dada por Jesus continua sendo desafiadora para todos os que creem e querem construir um mundo mais humanizado, cabe agora a tarefa de ser Sal da Terra e Luz do Mundo. Nada de ficar de braços cruzados e esperar que tudo seja fácil e romântico. Compreender a presença de Jesus que incita a transformar as estruturas desumanas destes tempos em local de fraternidade e vida humanizada exige coragem e abertura de coração para a luz de Deus que continuamente recrie a esperança.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

HOMILIA PARA O DIA 06 DE MAIO DE 2018


AMAR NÃO COM PALAVRAS, MAS EM AÇÕES E EM VERDADE

As notícias sobre a queda de um edifício ocupado irregularmente em São Paulo, trouxe à baila uma enorme e antiga discussão sobre o direito à moradia e a dignidade das pessoas. Esta semana todos os meios de comunicação dedicaram horas de reportagens tratando sobre uma infinidade de questões relacionadas ao fato. Quase não se viu uma opinião que tocasse no cerne do problema. As palavras do Cardeal de São Paulo não encontraram eco na grande imprensa. Dom Odilo colocou as igrejas a disposição para acolhimento dos vitimados pela tragédia, fez mediação com as autoridades, mas tudo isso não passa de medidas paliativas em relação ao grande problema que o mesmo arcebispo apontou: Não temos um déficit habitacional… o que nós temos é uma distribuição inadequada das habitações… falta uma política habitacional adequada para as necessidades da população”. Em outras palavras enquanto não se resolver isso vão continuar se repetindo tragédias deixando as pessoas e a sociedade sempre mais vulnerável.
Tratar destas questões com seriedade é uma forma de viver o Evangelho que recomenda não apenas discursos bonitos, mas ações e verdade: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça”.
Amar as pessoas como Jesus pede no Evangelho, exige ter a coragem e o discernimento de não fazer pré-julgamentos das pessoas tratando-as como merecedoras disso ou daquilo. Pedro, inspirado pelo Espírito Santo declarou: Podemos, por acaso, negar a água do batismo a estas pessoas que receberam, como nós, o Espírito Santo? E mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo”.
Amar as pessoas significa compreender que “Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele” e não para julgar o mundo e os outros segundo nossos critérios.
Peçamos que a Eucaristia nos fortaleça e nos coloque no caminho dos pobres e desvalidos, daqueles que muitas vezes são excluídos das políticas de igualdade e inclusão e que invariavelmente são vítimas do descaso e do desrespeito daqueles que se dizem responsáveis e que governam e apenas se lembram de ver os desvalidos quando a desgraça já lhes bateu a porta.
Que os cristãos sejam fortalecidos pelo profetismo de Jesus e tenham a coragem de encarar as realidades que contradizem o Reino de Deus.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

HOMILIA PARA O DIA 29 DE ABRIL DE 2018


ESCOLHIDOS PARA DAR MUITOS FRUTOS

Os recursos das novas tecnologias digitais de informação e comunicação facilitaram muito a vida das comunidades e de todos os que delas se utilizam para divulgar, convidar, anunciar e até se tornar conhecido. Quase todas as comunidades cristãs e grupos de pastoral ou movimentos na Igreja utilizam as redes sociais para tornar conhecidas suas programações e atividades. Sem sombra de dúvida esta é uma alternativa interessante e que produz muitos efeitos. Mas a Palavra de Deus, sugerida para este domingo apresenta um desafio muito maior e que foi colocado em prática pelas comunidades cristãs quase dois mil anos do advento das tecnologias.
Os Atos dos Apóstolos mostram como Paulo foi reconhecido pelos discípulos e pela comunidade não pela propaganda, mas pela firmeza da sua pregação e pela verdade do seu testemunho e isto com a graça do Espírito Santo fez a Igreja crescer: Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco. Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor”.
Na segunda leitura João lança um desafio para cada pessoa convidando a fazer um exame de consciência sobre si mesmo levando em conta o único critério verdadeiramente necessário: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele”.
No Evangelho Jesus aponta uma condição “sine qua non  para que alguém seja reconhecido nos seus frutos. Isso significa, permanecer unido a videira e aceitar ser podado. A recusa a esta condição tem uma única condição: “Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados”. Ao contrário, porém: “Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedí o que quiserdes e vós será dado”.
O que significa precisamente “permanecer unido a Videira” no mundo contemporâneo senão compreender e agir como “sal da terra e luz do mundo”. Ou seja, buscar a santidade não necessariamente afastando-se das realidades deste mundo, mas santificando-se e fazendo outros se santificar nas ações cotidianas seja na Igreja seja no trabalho e em todos os lugares onde a pessoa realiza suas atividades diárias.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

BOM PASTOR E PEDRA PRINCIPAL


SUGESTÃO DE HOMILIA PARA O DIA 
22 DE ABRIL DE 2018

A vida nas famílias, na Igreja, na sociedade é uma constante descoberta. A convivência com os outros vai costurando como uma “colcha de retalhos” informações e oportunidades de novos conhecimentos e relacionamentos. Quanto maior o conhecimento mais os mistérios vão sendo desvendados e cresce a responsabilidade e o comprometimento entre as partes.
Isto foi o que aconteceu na relação entre Jesus e seus discípulos, entre os discípulos e as primeiras comunidades que aceitaram a doutrina de Jesus e obviamente pode acontecer entre os cristãos contemporâneos e o anuncio do Evangelho que vai se concretizando no cotidiano das comunidades.
 Na primeira leitura Pedro apresenta como Jesus age no meio deles. Apresentando um paralítico que foi curado. Contra fatos não há argumentos. Vendo as boas obras que os discípulos fazem porque acreditam no nome e na doutrina de Jesus só resta aceitar a o anúncio e a denúncia apresentada por Pedro: “Aquele que vocês recusaram, tornou-se a pedra principal”.
Ser chamado de Filho é um privilégio e uma necessidade de todo ser humano. Mas João afirma ainda mais do que isso. Todos recebemos como um presente de Deus a condição de ‘Filhinhos amados do Pai”.
No Evangelho Jesus se denomina com o mesmo nome de Deus: “Eu sou”. E nesta ocasião completa com um adjetivo “Eu sou o bom pastor”. E descreve uma série de características daquele que é bom: “Zeloso, corajoso, não foge, não se acovarda, conhece as ovelhas”.
As leituras são muito claras para ajudar entender que quanto mais conhecemos os mistérios de Deus mais se é desafiado a aceitar Jesus como Pedra Principal, como Bom Pastor, e obviamente a agir do mesmo jeito que ele, ou seja cultivar a santidade que o Papa Francisco chama de ousadia e impulso evangelizador.
Aceitar que Jesus é a Pedra principal exige caminhar rumo a santidade Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e aonde os seres humanos continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida. Deus não tem medo! Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não Lhe metem medo as periferias.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

HOMILIA PARA O DIA 15 DE ABRIL DE 2018


RECONCILIADOS E EM PAZ COM TODOS

Enxergar o pecado, os erros, os sofrimentos, as dificuldades e tudo o que se constitui problema para as pessoas e para a sociedade é uma das coisas mais fáceis e mais habituais nas comunidades, nas famílias, nas instituições e na própria Igreja. Entre os cristãos é muito frequente enxergar o cisco no olho do outro, e pior que isso, como diz o Papa Francisco: “Me dói muito comprovar como nas comunidades cristãs se cria oportunidade para o ódio, divisão calúnia, difamação, fofoca, ciúme e até perseguições”
A Palavra de Deus neste domingo é um convite a fazer sério exame de consciência sobre as atitudes pessoais e comunitárias naquilo que se refere a dar testemunho de Jesus e da fé que se acredita. O texto dos Atos do Apóstolos responsabiliza a comunidade inteira, mesmo aqueles que nem conheceram Jesus, mas deixa claro que o pecado de alguns acaba sendo “pecado de todos” na medida em que traz consequências para muitos ao longo do tempo. Mas o mesmo texto é contundente ao dizer: “E agora, meus irmãos, eu sei que vós agistes por ignorância, assim como vossos chefes. Deus, porém, cumpriu desse modo o que havia anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer. Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que vossos pecados sejam perdoados”. Isso significa que Deus está disposto a recuperar a dignidade perdida e as consequências do pecado desde que os erros passados tenham servido de lição para aqueles que não participaram do pecado de outrora e que estejam dispostos a construir uma nova forma de viver e fazer as coisas.
E João afirma na segunda leitura: “Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”.
O Evangelho narra o reencontro dos discípulos de Emaús com o grupo dos onze. Não se trata de uma crise de fanatismo e loucura, mas de um estilo de vida que a ressurreição de Jesus inspira em todos eles. Acreditar na ressurreição de Jesus implica em compreender que apesar da experiência do pecado e da tristeza que se está sujeito diariamente, o perdão e a graça de Deus são forças poderosas que não deixam sucumbir aqueles que acreditam.
Em resumo, acreditar na graça de Deus e na ressurreição de Jesus implica ser responsável e ser construtor de esperança para que o mundo e as relações entre as pessoas sejam pautadas pela alegre surpresa do bem em lugar de ver erros e pecados alheios, colaborar para que eles sejam evitados e que as pessoas experimentem a reconciliação que se dá pela cooperação e pela solidariedade entre todos.

quinta-feira, 5 de abril de 2018


SOLIDARIEDADE E RESPEITO COM AQUELES QUE ESTÃO EM DIFICULDADE

Nestes dias Itajaí é a sede da maior competição esportiva no mar. Velejadores de diversas partes do mundo fazem sua escala e período de reabastecimento para depois continuar sua viagem. Nesta etapa alguns são vitoriosos, noutra etapa podem ser outros. Todos chegam contando suas façanhas positivas e seus desafios, para nenhum deles o outro competidor deixa de ser importante e a quem se possa dispensar solidariedade e ajuda e estímulo.
Pois é uma lição semelhante que se pode tirar da Palavra de Deus neste domingo. Na certeza da ressurreição de Jesus as primeiras comunidades não se iludiram com o sucesso da vitória. Pelo contrário trouxeram sempre presente os desafios que enfrentaram para garantir o resultado que provaram com a ressurreição e a nova vida que Jesus garantiu a todos. Isso não significa que não tivessem a percepção que o futuro continuaria a ser desafiador para as comunidades que se formavam inspiradas nos acontecimentos daquele primeiro dia da semana.
Na leitura dos Apóstolos eles estão bem conscientes da sua missão e da exigência do seu testemunho para que muitos acreditem naquilo que querem anunciar. As pessoas passaram a estimar as comunidades que se formavam não por causa de suas doutrinas, mas por causa da fraternidade e da seriedade na administração daquilo que pertencia a todos.
Na segunda leitura João convida todos a se desafiar na realização do bem e na superação de todas as violências e perigos que o mundo oferece. Acreditar em Jesus e na sua vitória implica na capacidade de envidar todos os esforços para ser também vencedor de tudo aquilo que estraga e diminui a fraternidade e a cooperação humanas.
Os relatos das aparições de Jesus não se limitam a narrativas de fatos ocorridos num passado distante, mas fazem a comunidade reviver a memória do seu Senhor. Jesus ressuscitado não é o vitorioso e livre das dores da morte e da cruz. Mostrando as mãos e o lado fica evidente que sua vitória não está separada do seu sacrifício. O Evangelho ensina que não se pode separar a euforia pascal do calvário da sexta feira da paixão.
Como os discípulos que reconheceram Jesus, também os cristãos da atualidade são desafiados a dar de forma gratuita e generosa o testemunho de quem viu Jesus. Os Tomes da atualidade são os excluídos de nossas comunidades e que não reconhecem naqueles que estão dentro das igrejas e dos grupos de oração um testemunho que seja fidedigno. Chagados, sofredores, violentados, excluídos os Tomés contemporâneos esperam dos cristãos a atitude de quem é Sal da Terra e Luz do Mundo.


quinta-feira, 22 de março de 2018

HOMILIA PARA O DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR


DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR
BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR

Que a violência existe na sociedade e é muito mais presente do que se imagina é um fato inegável. Que muitas vezes os meios de comunicação são os principais responsáveis pelo aumento ou manutenção de situações de violência também é fácil de perceber. A maneira como a imprensa e as redes sociais fazem chegar ao conhecimento das pessoas as notícias, os fatos e os boatos é uma violência escancarada. Muitos relatos ganham contornos dramáticos que não são entendidos apenas como uma narrativa, mas como um evento que se repete por meio da informação.
Os dois evangelhos deste domingo “são relatos inegavelmente fundamentado em acontecimentos concretos, não é uma simples reportagem jornalística da condenação à morte de um inocente; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a apresentar Jesus como o Filho de Deus que aceita cumprir o projeto do Pai, mesmo quando esse projeto passa por um destino de cruz”.
A fala de Isaias, foi desde muito cedo entendida pelos cristãos como se o profeta estivesse falando sobre Jesus, o mesmo que a carta aos filipenses descreve como uma pessoa que soube muito bem colocar-se no seu lugar.
O ensinamento da Palavra de Deus para este domingo de Ramos e da Paixão do Senhor pode ser resumido em poucas palavras: colocar a vida a serviço das pessoas pode parecer um caminho para fracassados. Entretanto, está mais do que claro que para que acreditar em Deus e na sua Palavra é uma condição que “garante a todos que o caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, conduz à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena”. Os cristãos são desafiados a serem Palavra Viva de Deus capaz de chegar ao coração de todos.

quinta-feira, 1 de março de 2018

HOMILIA PARA O DIA 04 DE MARÇO DE 2018


O VERDADEIRO LUGAR PARA CULTUAR AO PAI

Uma das preocupações na liturgia da Igreja reside no cuidado com o espaço sagrado. São muitas as normas e rubricas litúrgicas sobre o cuidado com o templo e os demais espaços e objetos reservados para o culto. Ao mesmo tempo a Igreja nunca descuidou do primeiro e mais extraordinário espaço da morada e do encontro entre Deus Pai e o mundo. Trata-se do templo que é a própria pessoa humana. O cuidado que a criatura humana merece está descrito desde o início da criação quando Deus pede que seja reservado um dia para o descanso, como ele mesmo fez. Já no tempo de Jesus encontramos mais explicitamente no evangelho da Samaritana, quando ela pergunta sobre o local onde se deve adorar a Deus. A resposta de Jesus é precisa: “os verdadeiros adoradores fazem em espírito e verdade”. No texto de hoje ele se irrita com as autoridades do Jerusalém que transformaram o Templo num lugar de exploração da pessoa e da dignidade das pessoas.
No livro do Êxodo não precisa maior clareza: Eu sou o Senhor teu Deus que te salvou de muitas armadilhas e enrascadas, portanto faça você a mesma coisa com o seu semelhante, pois  “Vocês são todos irmãos”.
São Paulo é categórico com a afirmação: “nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, esse Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus”. Esse é o verdadeiro Templo por quem damos glórias a Deus.
Claro está que o mais santo e melhor templo onde mora e no qual pode-se encontrar  Deus é a pessoa humana, como se vê a explicação do evangelho: “Jesus estava falando do Templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele”.
Nesta quaresma vamos pedir que o Senhor livre a todos do perigo de se transformar em mercadores do templo, em pessoas que utilizam os outros para levar vantagem, promover o lucro e diminuir a qualidade de vida das pessoas.
Que as comunidades sejam espaço onde todos se sintam irmãos acolhidos e que as lideranças saibam escutar todos os sofrimentos, afinal de contas ser leigo na Igreja é ser Sal da terra e luz do mundo.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 25 DE FEVEREIRO DE 2018

CARREGAR A CRUZ DOS NOSSOS TEMPOS

A onda de violência e ataques que foram noticiados nesta semana em algumas cidades catarinenses são abomináveis e inaceitáveis. Mas não se pode negar, ou fechar os olhos para as formas de violência menos escancarada e não menos perigosa que está presente em todos os lugares. Dentre as muitas formas de violência nem sempre percebidas, uma delas aparece travestida na política partidária de interesses mesquinhos e eleitoreiros de muitos parlamentares nos diversos níveis da administração. As reformas na estrutura do governo que beneficiam o lucro, o mercado, o dinheiro e não as pessoas são tanto ou mais perigosas que aquelas noticiadas e divulgadas em larga escala pelos meios de comunicação social.
Esta situação coloca nos lábios de todos o que se reza no salmo deste domingo: “É demais o sofrimento em minha vida! É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos”. Mais do que nunca é preciso reconhecer o que São Paulo escreve aos Romanos: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”, uma vez que acreditamos:Jesus Cristo, que morreu,
mais ainda, que ressuscitou, e está, à direita de Deus, intercedendo por nós”.
Estas afirmações do salmo e da leitura ajudam a compreender o que os discípulos tiveram dificuldade quando, na montanha, lhes foi dado conhecer a glória de Jesus que antes, porém, passaria pela cruz e pelo sofrimento. A explicação que Jesus dá para o episódio da transfiguração precisa ser compreendida na atualidade como sendo missão de todos carregar a cruz dos nossos dos nossos tempos: “Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer 'ressuscitar dos mortos”.
Vivenciar a transfiguração de Jesus nos dias de hoje é um desafio para não permanecer na montanha das falsas seguranças, pelo contrário, é um convite para superar toda forma de violência que desfigura as pessoas fazendo-as vítimas do pecado e da violência sutil que paira a nossa porta e nos faz cegos diante da realidade.
Seria mais cômodo repetir as palavras de Pedro: “É bom ficarmos aqui...” porém, carregar a cruz dos nossos tempos implica não compactuar diante da violência que se institucionaliza e que impede de construir uma sociedade fraterna.

É em relação a estes temas que cada cristão é convidado a oração, a penitência, ao jejum e a abstinência.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 18 DE FEVEREIRO DE 2018

ABRE O OLHO...


Estamos nos primeiros dias de mais uma quaresma, período de preparação recheado de alegria para quem quer ir caminhando ao encontro da Páscoa de Jesus que pode ser a páscoa de Todos. Há 54 anos a Igreja no Brasil valoriza o tempo da quaresma apontando alguma situação que exige conversão de toda a sociedade para que um determinado pecado deixe de existir ou, pelo menos, diminua nas suas proporções e consequências. Neste ano o Convite da Campanha da Fraternidade vai na direção da superação da violência e faz isso por uma razão muito simples: “Vocês são todos irmãos”.
Quando a Igreja aponta a violência como um problema não foge da violência escancarada pelos meios de comunicação social e pelos programas policiais veiculados, sobre tudo pela TV aberta. A Igreja fala de uma violência sutil e não menos danosa do que aquela que é objeto de notícia. Pense na violência praticada nas redes sociais disseminando o preconceito, a intolerância, o ódio de classe, de gênero, de política e até religiosa.
O Papa Francisco na mensagem que enviou ao mundo para a abertura da quaresma escreveu: Gostaria que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando a todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar juntos e, juntamente conosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos”.
Não é outro convite que a Palavra de Deus enfoca neste domingo. A aliança de Deus com seu povo não é outra coisa senão o desejo de ver que a vida será preservada para sempre sobre a face da terra, para que isso aconteça a palavra de Jesus é categórica: O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho! ” Pelo batismo os cristãos entram de novo na arca na expectativa de serem salvos e terem um encontro pessoal com Deus.

Que esta quaresma seja para cada pessoa a oportunidade que Francisco sugere na sua mensagem: Oportunidade para derreter o gelo que paralisa os corações. 

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 04 DE FEVEREIRO DE 2018 - 5º DO TEMPO COMUM - ANO B

É PRECISO CORAGEM PARA IR ALÉM

O Stress da vida moderna, as decepções e desilusões tão comuns no cotidiano das pessoas, muito frequentemente é causa de depressão e não raro de suicídio e perca do sentido da vida. Para muitas pessoas falta vibração e entusiasmo diante dos problemas e desafios do cotidiano. É quase este o sentimento que Jó manifesta da primeira leitura quando afirma: “Não é acaso uma luta a vida de uma pessoa? Seus dias não são como dias de um mercenário? Meus dias correm mais rápido que a lançadeira de uma máquina de tear e se consomem sem esperança”. Todo o livro de Jó é uma busca de respostas para o sofrimento e para reconhecer a presença de Deus nas situações adversas. Só no final do livro de Jó ele chega a conclusão: “Deus não está na causa do sofrimento, mas ao lado de quem sofre”.
Paulo conta de uma maneira poética como foi o seu encontro com a pessoa de Jesus e deixa bem claro como ele se apaixonou pelo projeto que tinha por objetivo libertar todas as pessoas, e para isso ele também afirma a liberdade da sua escolha: “Assim livre em relação a todos, em me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Fiz me tudo para com todos a fim de ganhar alguns a qualquer custo”.
Jesus, presente na casa de Pedro e em outras casas também usa da sua liberdade para garantir que outras pessoas também sejam libertas, tenham sua dignidade recuperada e sejam reconhecidas como gente para a comunidade que antes as mantinham afastadas e excluídas. Ele também não se conforma com o sucesso alcançado com algumas pessoas e apenas em alguns lugares. Diante da indagação de Pedro: “Todos estão te procurando”. Jesus não tem dificuldade de responder com o desafio: “Vamos para outros lugares e aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi par isso que eu vim”.

Ser seguidor de Jesus nos tempos modernos é ir ao encontro das pessoas que se encontram desiludidas, decepcionadas, deprimidas, excluídas, marginalizadas. Acolher a todos e integrá-los na comunidade é tarefa de cada pessoa que tem oportunidade de repetir a atitude de São Paulo: “Fiz-me tudo para com todos”. É isso que se reza no final da missa deste domingo: “Fazei-nos viver de tal modo unidos a Cristo, que tenhamos a alegria de produzir muitos frutos para a salvação do mundo”. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 28 DE JANEIRO DE 2018 - ANO B

ENSINAR COM O CORAÇÃO

O desconsolo do povo brasileiro com as autoridades constituídas nos últimos tempos, resultado do mau exemplo e do contratestemunho que dão no exercício das atividades de governo tem levado o Brasil inteiro a se sentir traído, envergonhado e até com repulsa daqueles que exercem todo tipo de responsabilidade pública. Situação semelhante vivia o povo de Israel e desde muito tempo esperava pela ação de Deus que modificasse sua condição sofrida e humilhada.
No livro do Deuteronômio Moisés anuncia o desejo de Deus de enviar um profeta que fale a partir do coração de Deus, ou seja, não alguém que fale palavras vazias e leis inócuas. Essa afirmação vai se concretizar muito tempo depois na pessoa e no ensinamento de Jesus.
São Paulo, aos coríntios, dá continuidade ao ensinamento do último domingo e faz um pedido claro e objetivo: É importante ocupar nossa vida e tudo o que se faz em coisas que valham a pena. Nada de ficar se preocupando e perdendo tempo com miudezas e coisas pequenas. O Reino de Deus e o sentido da vida vão muito além do que as realidades terrestres que são passageiras e só ganham importância quando realizadas na perspectiva de eternidade.
Jesus confirma exatamente o que o Moisés havia dito lá no Antigo Testamento. Ele fala com o coração e por isso tem sua autoridade reconhecida em grau muito superior do que os ensinamentos dos fariseus e entendidos em leis da sua época.
A palavra de Jesus vence todas as forças que diminuem e estragam a vida das pessoas e a sua dignidade. A ação de Jesus liberta e aponta para um tipo de combate que não se limita a leis e normas. Neste sentido os bispos do Brasil apontam o caminho da Igreja dedicando um ano especial ao serviço dos leigos na Igreja e no mundo. A Igreja com todos os seus membros são chamados a ser “Sal da terra e luz do mundo”, em outras palavras a ensinar com o coração.
A oração que se faz depois da comunhão reforça esse pedido: “Que o alimento recebido ajude todos a progredir na verdadeira fé”. Que os cristãos aprendam pela oração e pela palavra não se deixar enganar pelos discursos bonitos e não percam a indignação diante daqueles que governam e ensinam sem autoridade.


quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JANEIRO DE 2018 - 3º DO TEMPO COMUM

É IMPORTANTE FRUTIFICAR EM BOAS OBRAS...

Se tem uma coisa que deixa a todos intrigados é a falta de paixão, de garra, de entusiasmo pelas causas e pela própria vida. É comum ficar incomodado quando uma pessoa, grupo, organização ou sociedade não vibra por alguma causa e não persegue algum ideal.
É sobre garra, paixão, determinação que tratam as leituras da Palavra de Deus para este domingo.  O texto de Jonas, apresenta um grupo de estrangeiros que viviam em proximidade com os israelitas recém voltados do exílio. Deus, por meio do profeta, faz um apelo aos ninivitas para uma mudança de vida. A cidade entende o apelo e sem pestanejar decide tomar uma atitude da qual ninguém ficou excluído: “Os ninivitas, creram na mensagem de Jonas e proclamaram um Jejum e todos vestiram-se de sacos do maior ao menor...” A contrapartida não poderia ser outra: “Deus perdoou a todos”.
São Paulo faz um apelo aos coríntios. Não fiquem apegados às coisas deste mundo. Tudo isso passará. Em resumo: Tomem uma atitude, vivam com garra, com paixão, com determinação cada momento e cada situação.
Por sua vez o Evangelho apresenta Jesus pregando nas vizinhanças do mar da Galileia. E não faz um discurso qualquer e vazio de sentido para aquele povo. “Completou-se o tempo, o reino de Deus está próximo... Acreditem no Evangelho”. E sua pregação se completa com o chamado dos primeiros discípulos os quais não fazem nenhuma resistência para tomar a decisão: “No mesmo instante deixaram as redes e o seguiram”. Isto é, nenhum deles fez corpo mole em relação as propostas que Jesus lhes apresentava.
As três leituras são uma oportunidade para fazer as comunidades cristãs da atualidade se perguntar em que medida as ações que são realizadas servem para fazer os demais se converterem e acreditarem na boa nova? Em que medida se faz acolhimento e se garante a perseverança dos que chegam e daqueles que já estão nas comunidades?

Que a Eucaristia, a Palavra e a oração de todos reforce a certeza de que o Reino de Deus presente no mundo precisa ser mostrado com maior clareza pelo testemunho de todos os que se declaram crentes no mesmo Pai e criador de todas as coisas. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 14 DE JANEIRO DE 2018 - 2º DO TEMPO COMUM

SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

Não é raro quando uma pessoa não sabe discernir ou tomar decisões sobre sua vida que se use a expressão: “fulano parece uma barata tonta”. O Filósofo Sêneca falou sobre esse assunto com o provérbio: “Para o barco que não sabe o porto onde quer atracar, qualquer vento é favorável”.  Pois é sobre decisão e capacidade para dar rumo na vida que tratam as leituras deste domingo.
Samuel, jovem ainda, é chamado por Deus e tem dificuldade de reconhecer a voz e o chamado que lhe é feito. Depois de algumas alternativas, ouve o conselho que lhe é dado com a força da experiência. “Então disse Eli a Samuel: “Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: ‘Senhor, fala, que teu servo escuta!.  E Samuel voltou ao seu lugar para dormir. O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: “Samuel! Samuel!” E ele respondeu: “Fala, que teu servo escuta”.
São Paulo é taxativo alertando os coríntios: “Porventura ignorais que vossos corpos são membros de Cristo? Quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito. De fato, fostes comprados, e por preço muito alto. Então, glorificai a Deus com o vosso corpo”.
Os discípulos de João Batista, reconhecendo Jesus, pelo testemunho do seu mestre, não se contentam e vê-lo, querem saber mais sobre ele. “Mestre onde moras?” E Jesus os desafia a mudar seu referencial: “venham e vejam”.
Sem medo de errar, pode ser aplicada a Palavra de Deus deste domingo a todas as pessoas de boa vontade. Não se trata simplesmente de fazer uma aceitação romântica da pessoa de Jesus. Chamá-lo de mestre consiste em ir ver onde ele mora. Ele não se esconde, pelo contrário, se faz conhecer no meio das pessoas e nas necessidades de todos.
Ser cristão é uma exigência que pode se traduzir na expressão do Evangelho: “Ser sal da terra e luz do mundo”. A prática daqueles que aceitam Jesus precisa ser uma vida de comprometimento com todas as causas que promovem e dignificam as pessoas e todos os lugares e em todas as relações.

Rezar e ouvir a Palavra, partilhar a Eucaristia e se comprometer praticando a caridade e a solidariedade com todos. 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JANEIRO DE 2018 - ANO B

PROCURO MEU IRMÃO...


A solenidade da Manifestação do Senhor, encerra as festividades natalinas e o tempo litúrgico do Natal. Os magos que saíram a procura do verdadeiro Astro, procuravam alguém que lhes fosse semelhante e que pudesse lhes ajudar a encontrar caminhos para as muitas dificuldades que a sociedade daquele tempo exigia de todos os que ocupavam tarefas de direção e responsabilidade.
Encontrar Jesus, continua sendo um desafio para a sociedade contemporânea, reconhecer o verdadeiro Astro que ilumina todas as pessoas, todos os caminhos e todas as decisões não é uma tarefa fácil na sociedade atual marcada por muitos e grandes desafios no que diz respeito à valorização e humanização das relações pessoais e sociais.
O profeta Isaias fala da luz que deverá brilhar para todos e pede aos seus conterrâneos que reconheçam seus irmãos e seus filhos que chegam de todas as partes e cada um deles é uma réstea da luz de Deus que se levanta e brilha para todos.
São Paulo, como é comum nas suas cartas, faz um esclarecimento aos efésios procurando ajuda-los ver que todas as pessoas, independente da sua condição, procedência e origem são igualmente participantes e herdeiros de todas as promessas e de todas as vantagens que o Cristo garantiu com a doação de sua vida.
No evangelho, cada pessoa vê Jesus de acordo com a sua condição na relação com os outros. Assim os magos procuram um menino, que eles chamam de rei e identificam como o Astro de todos os povos, luz que brilha para mostrar o caminho a todos que desejam reconhece-la. Já Herodes se sente ameaçado porque o novo rei pode ser alguém mais justo e humano em todas as suas decisões. E para Deus o menino não é outra coisa senão a atitude de tornar-se pequeno e esconder sua condição divina na natureza humana.
Mais do que em outros tempos é importante também que os cristãos e todas as pessoas de boa vontade enxerguem os sinais dos tempos e cultivem o comprometimento com a construção de uma sociedade justa e solidária.
As pessoas que procuram seu irmão na atualidade são desafiadas e serem “Sal da Terra e Luz do mundo” de maneira que aconteça também na atualidade o que se reza no salmo deste domingo: “Nos seus dias a justiça florirá e grande paz, até que a luz perca o brilho”. Ninguém deixara de elevar o louvor àquele que libertará o sofredor que suplica e todos aqueles que muitas vezes são anônimos excluídos das benesses que a sociedade contemporânea privilegia e coloca ao alcance de poucos.

A Eucaristia, a oração e a Palavra são a nova estrela que conduz a todos para o encontro com o irmão e com Jesus.