sábado, 23 de janeiro de 2010

HOMILIA PARA O DIA 24 DE JANEIRO 2010

3° DOMINGO DO TEMPO COMUM


Leituras: Neemias 8, 2- 4ª. 5-6.8-10; Salmo 18B, 8-10.15;
1Cor. 12,12-30; Lucas, 1, 1-4; 4, 14-21.

A Santa Teresinha do menino Jesus se atribui a expressão: “Nada te turbes, só Deus Basta”. O Texto de Neemias que ouvimos na primeira leitura de hoje fala basicamente a mesma coisa: “Não fiquem tristes, pois a alegria do Senhor é força de Vocês!”.

Estes dois pensamentos melhor nos ajudam a compreender Jesus e sua missão conforme é narrada por Lucas no evangelho que ouvimos. Depois de justificar os seus escritos, Lucas começa descrevendo a prática de Jesus: conforme o seu costume foi para a Sinagoga em dia de Sábado. Leu o livro do profeta Isaias e aplicou a si a profecia de outrora: Ser consagrado pelo Espírito para a missão. O que Jesus declara ser sua tarefa vai se realizando desde o seu Batismo e só termina no calvário. Toda missão de Jesus está centrada na Palavra do profeta que agora ela já é realidade.

A mesma situação é descrita pela primeira leitura: A palavra de Deus proclamada tem força de sacramento, de missão, de tarefa, de responsabilidade. O povo que ouviu a proclamação da leitura é o mesmo a quem São Paulo chama de corpo de Cristo, feitos desta maneira pela força da Eucaristia. Todos com diferentes funções e responsabilidades, mas participantes da mesma graça que o Espírito deu para continuar a missão de Jesus.

Ontem como hoje, somos convidados a ler o testemunho de Jesus e torná-lo realidade em nossa vida. O mesmo espírito é dado a cada um que, como membro da Igreja, facilita para que todo o corpo tenha saúde e cumpra com sua missão.

A cada domingo, a palavra que ouvimos a reunião com os irmãos, A Eucaristia que celebramos é um auxílio para nossa fraqueza. O mesmo Cristo nos fortalece para a missão e nos capacita para ações de bondade, justiça, solidariedade e vida nova.Peçamos a graça de sermos também nós, sinais, sacramentos do mesmo Cristo para o mundo.

Entre tantos irmãos, na história da Igreja que provaram ser isto possível, trazemos presente a figura da Dra. Zilda Arns, cuja obra pudemos conhecer melhor com o sacrifício da sua vida.
O Senhor nos dá o seu Espírito, façamos bom uso dele em vista do reinado de Deus para que a vida seja muito melhor para todos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

DOMINGO DO BATISMO DO SENHOR

HOMILIA PARA O DIA 10 DE JANEIRO 2010


Leituras: Isaias 42, 1-4.6 -7; Salmo 28(29),
Atos dos Apóstolos 10,34-38; Lucas 3, 15-16.21-22.


A Liturgia da Igreja encerrou, no domingo passado, com a celebração da epifania as festividades natalinas. No imaginário popular e até folclórico os festejos terminaram no dia 06 com a recordação dos Reis Magos.

Hoje já iniciamos um novo tempo, o qual não se constitui apenas num tempo, mas num modo de ver e viver a boa noticia de Jesus, tendo Ele mesmo e o seu jeito como modelos a serem seguidos.
Celebrando o batismo de Jesus recordamos também o nosso batismo por meio do qual fomos feitos participantes da herança que Cristo nos garantiu e naturalmente comprometidos na mesma tarefa e missão.

A festa do batismo de Jesus é também chamada de segunda epifania, ou manifestação, no sentido que agora ele é revelado por João e pelo Espírito Santo de Deus, como o Filho único com uma missão bem específica. O Espírito revela que Jesus é o escolhido em quem Deus Pai deposita toda a sua confiança.

Enquanto o batismo de João se resumia ao rito de penitência e arrependimento, a partir de Jesus e nele o nosso batismo ganha o sentido de missão, tarefa, compromisso. Como ouvimos em outra ocasião, antes de Jesus Deus tinha se servido de muitos outros modos para falar, agora fala diretamente por meio do seu Filho e estabelece uma comunicação direta e pessoal com o mundo e suas criaturas.

O céu se abriu, já não existe mais distância, toda a vontade de Deus se tornou clara e compreensível na pessoa do Filho muito amado. O texto do Evangelho confirma o que o profeta anunciou na primeira leitura de hoje: “Eis o meu servo, eu o recebo, eis o meu eleito, nele se compraz minha alma”.

A vontade de Deus, que se servo veio revelar, não acontecerá com violência e com poder, mas na paz, na mansidão, na bondade e na firmeza. Com tudo isso a comunidade de Israel nos ensinou a glorificar e nós o fazemos por meio do salmo quando rezamos: “Filhos de Deus tributai ao Senhor, tributai-lhe glória e poder, dai-lhe a glória devida ao seu nome”.

Por sua vez a segunda leitura aponta para o lugar de todos no projeto de Deus, que não faz distinção entre as pessoas. Ele aceita a todos e espera de cada um uma única atitude como resposta: “reconhecer que Ele é o Senhor e praticar a justiça”.

Tal como Jesus cada um de nós é participante dos mesmos desígnios de Deus: “Banhados em Cristo somos uma nova criatura”.

Que esta celebração por meio da Palavra, da Eucaristia e de reunião festiva com os irmãos nos leve a viver a plenitude do batismo, fazendo o bem como Jesus.

EDUCAÇÃO BÁSICA E POLÍTICAS ECONÔMICAS

Melhorar a qualidade da Educação Básica

Comentários ao texto de Rosa Maria Torres,
sob a orientação da professora
Dra. Maria Lourdes Guisi - PUCPR

É natural que, na condição de ativista social da esquerda latino americana, a autora tenha posições notadamente críticas em relação a participação do banco mundial em terras terceiro mundistas. No texto não aparece a citação, mas cabe para a ocasião o conceito de Antônio Gramsci, segundo o qual estas instituições não passam de cumprir o papel de “intelectuais orgânicos”, os quais geralmente não são habilitados para apresentar alternativas aos problemas concretos posto que vêem o mundo a partir de seus gabinetes.

A crítica da autora parte do princípio da inconsequencia, do ponto de vista educacional, que um organismo financeiro seja quem apresente um pacote de medidas para a educação no terceiro mundo.

O texto faz uma análise histórica do papel do BM no campo da educação desde os anos 1960 até 1990. Fazendo observar como neste período o enfoque do banco mudou em relação às diferentes exigências da educação.

O pacote do BM traz questionamentos sobre o papel dos governos e o modo como são aplicados os recursos no setor. Faz uma opção clara pela educação básica e justifica esta sua posição a partir de dados relativos à evasão escolar nos primeiros anos de alfabetização, dados que são alarmantes na AL, posto que são superiores aos da África e Ásia.

Segundo o pacote do BM a educação deve ser medida pela qualidade do aprendizado, o que segundo eles se mede pelo número de crianças que completem o ciclo básico e dominem os conteúdos previstos para o período. Dentre os canais que o BM sugere incrementar os investimentos estão o tempo de instrução, o acesso ao livro didático e a capacitação de professores incluindo a modalidade a distância. O questionamento da autora analisa diversos pontos, todavia o que está realmente pesando é o fato de ser um organismo econômico a dar normas para as questões pedagógicas.

Segundo o conceito da autora o pacote parece privilegiar a grade curricular, entendo este como o elenco de matérias e conteúdos que naturalmente é uma visão estreita de educação. Outro questionamento da autora é o fato de se tratar de um pacote para um contexto sociológico em desenvolvimento totalmente elaborado, e sem a participação dos interessados, por autores do mundo desenvolvido. No conceito do BM a escola tem a menor parcela na contribuição do rendimento escolar sendo que a parcela superior se deve a família e ao contexto social e sito também é questionado pela autora.

Tem se a impressão, diz a autora que o BM coloca para ser cumprido um manual completo do tipo receituário sobre o que os países em desenvolvimento devem fazer se quiserem obter financiamentos e como que apresentando como única alternativa para melhorar a qualidade da educação.

Para o BM estão muito associados aprendizado dos alunos versus capacitação continuada dos professores, mais até do que todos os demais itens que envolvem a vida dos docentes; tais como salário, carga horária, número de alunos por sala. O pacote também tem em alta consideração o fato de haver entre o magistério uma alta taxa de abstenção nas salas de aula além de muitos professores naquilo que se chama desvio de função.

A posição do BM é clara no que se refere ao tempo que o educando permanece na escola diariamente bem como a duração do curso básico, também este aspecto é colocado em dúvida pela autora que não julga como mais importante esta preocupação.

Para os técnicos do BM algumas situações são decisivas no processo de aprendizagem , a saber: a) motivação; b) conteúdo; c) professor; d) tempo de aprendizagem; e) ferramentas necessárias para o aprendizado.

Fazendo suas as palavras de uma educadora argentina, transcrita na nota 66, a autora conclui sua crítica ao papel do BM que confirma a expressão usada no inicio deste comentário: Os técnicos do BM não passam de intelectuais Orgânicos.

Em nossa opinião o fato da autora ser militante da esquerda latino americana tem peso demasiado em todas as suas posições. A nosso modo de ver não me parece de todo uma intromissão do órgão na educação mas um conjunto de condições que este exige para financiar os projetos a quem interessar possa.

Seguramente me parece que o órgão não abriu espaço para que os sujeitos da educação nos países interessados dessem sua contribuição na elaboração destes critérios o que considero um limite, por outro lado há de se convir que muitas vezes quem vê de fora enxerga melhor certos ângulos que não são observados por quem está imerso no processo.

Convenhamos que boa parte deste pacote vem sendo aplicado no Brasil com pequenas adaptações, agora sem financiamento do BM e com muito bom resultado. A recente cartada do Ministério da Educação sobre o Enen parece mostrar a maturidade do órgão e a compreensão que tem da responsabilidade das instituições neste processo.

Desde que o Brasil vem adotando a prática da Educação a distância tem se registrado muitos ganhos na formação continuada do quadro do magistério e o processo avaliativo das instituições e dos alunos tem feito crescer o nível de educação do brasileiro.

Uma análise dos avanços dos últimos anos mostra como crescemos um exemplo disso é o PDE.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

FESTA DE SANTO REIS

EPIFANIA

Este é o nome litúrgico que a Igreja aplica para a festa dos Reis Magos, ou Santo Reis como é popularmente conhecida.

Celebrada no dia 06 de agosto, é a festividade cristã que recorda a visita dos Reis Magos ao menino Jesus. Muito mais do que isso a solenidade, que na liturgia católica, é celebrada no primeiro domingo depois do ano novo, recorda a manifestação de Cristo ao mundo. Trata-se da primeira manifestação da sua divindade para todos os povos e, portanto também fundamento da fé Cristã.

A festa dos magos pode ser entendida como espécie de síntese de outras manifestações da divindade de Jesus as quais se dão no episódio da adoração dos magos, do seu batismo no Jordão e o primeiro milagre realizado em Caná da Galiléia onde transformou água em vinho.

A palavra tem sua derivação do vocábulo grego “epifàinomai” o que significa “aparição”. O termo inicialmente foi utilizado para indicar a aparição de qualquer divindade sobre a terra, isso muitas vezes incorreu na aplicação da palavra de modo pejorativo e até apelativo. Sem dificuldades seu uso se referiu às autoridades orientais às quais eram vistas por seus subordinados como uma espécie de encarnação de divindades. O mesmo termo é aplicado para indicar a aparição de Cristo sobre a terra, porém com o sentido de manifestação em vista da salvação e não da autoridade que representa domínio e poder.

Com a festa da epifania a liturgia católica encerra o ciclo do natal e de certo modo abre espaço para as comemorações do carnaval. No imaginário popular, depois deste dia se desfaz o presépio e se recolhe a decoração natalina. Existe um provérbio popular que diz mais ou menos assim: “A Santa epifania leva consigo toda alegria”.

Pelo mundo afora não são poucas as figuras de linguagem para dizer que a epifania se reproduz em diversas ocasiões durante o ano. Para confirmar isso basta que façamos um estudo sobre as “folias de reis” e as diversas manifestações folclóricas que envolvem esta data.

A liturgia católica prevê que depois da leitura do evangelho sejam anunciadas as principais festas litúrgicas do ano. O ritual prevê que seja usada motivação nesta direção: “O Senhor se manifestou e continuará se manifestando até sua vinda definitiva. Nós recordamos e vivemos os mistérios da salvação. De domingo a domingo a Igreja torna presente este grande acontecimento e as principais festas deste ano serão celebradas nas seguintes datas...” e elenca o rol das celebrações litúrgicas mais importantes do ano litúrgico. E prevê a conclusão da exortação reafirmando a realeza do Cristo Senhor do tempo e da história.

Em resumo a festa da epifania é muito mais do que lembrar um fato do passado, mas a celebração de uma realidade para ser vivida no dia a dia durante todo o ano. Esta ocasião nos chama à Fé em Cristo e ao testemunho dela no cotidiano da vida.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

EDUCAÇÃO E EXCLUSÃO

A EXCLUSÃO E A ESCOLA

Comentários ao texto de Pablo Gentili -
Capítulo I do livro Educar na Esperança em tempos de desencanto,
Editora Vozes, 2003. Texto produzido com a orientação da
Professora Dra. Maria Lourdes Guisi - PUCPR.

A fábula do “sapato”, não poderia ser mais adequada para o tema em questão. O autor foi muito feliz tratando da exclusão social que está estabelecida e que não chegamos a ver se não com o olhar crítico da indignação. Parece que é oportuno fazer referência às questões de exclusão mediante os fatos do cotidiano que entre nós saltaram aos olhos neste dias, a saber: “Professor se recusa a dar aulas para deficiente auditivo” – não será este episódio outro “Mateo” que causou perplexidade posto que perdeu “um sapato”? E o que dizer do grupo de adeptos do neonazismo que reunido para uma festa culminou no assassinato do casal de namorados curitibanos?

A afirmação do autor sobre a conformação do excluído com a sua condição parece ser aquela denunciada em abundância pelos meios de comunicação social: “O Brasil é o mais rico entre os países com maior número de pessoas miseráveis. Isso torna inexplicável a pobreza extrema de 23 milhões de brasileiros, mas mostra que o problema pode ser atacado com sucesso ”. Ou ainda a que agora quer ser auferida pela ONU, em pesquisa que está sendo respondida pelo governo brasileiro em relação aos programas sociais da atualidade. Segundo a ONG, Projeto de monitoramento dos direitos humanos no Brasil, com sede em Brasília, o país continua sendo um dos líderes na questão da desigualdade social . Já a CNBB, na análise de conjuntura da 47ª. Assembléia geral conclui que “Diante de ameaças de guerras, de violência e de destruição de muitas formas de vida, nos vemos desafiados a participar da construção de um novo paradigma para a economia, as relações sociais, a política, a cultura, as relações internacionais e o equilíbrio ecológico. Não cabe mais prender-se ao que esteve em vigor até o final do século 20: o século 21 terá que ser muito mais criativo do que foi o século passado”.

É ainda contundente a posição do Episcopado Latino Americano expressa nas conclusões da conferência de Aparecida, em cujo documento faz menção às palavras do papa, que vê a globalização como um fenômeno de relações de nível planetário, com suas inúmeras vantagens, mas que comporta o risco de converter o lucro em valor supremo. O episcopado enumera uma série de rostos que sofrem incluindo neles “Jovens que recebem uma educação de baixa qualidade e não tem oportunidades de progredir em seus estudos nem de entrar no mercado de trabalho para se desenvolver e constituir uma família”. A conclusão do parágrafo vem com um convite para a globalização da solidariedade expressa com a seguinte sentença: “ Um globalização sem solidariedade afeta negativamente os setores mais pobres. Já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas de algo novo: a exclusão social. Com ela a pertença à sociedade na qual se vive fica afetada na raiz, pois já não está abaixo, na periferia ou sem poder, mas está fora. Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis” .

Ainda de acordo com o episcopado é o fenômeno da exclusão responsável por manter trabalhadores em condições análogas às de escravo e facilitar o tráfico de seres humanos incluindo aí a prostituição infantil.

Parece ser nesta ótica que o autor constata que em boa parte do mundo soma dos excluídos é maior do que os incluídos. Entre os nominados por Gentili encontram-se os presidiários cujos ambientes são um tipo de dispositivo de exclusão. Nesta direção também aparece a posição da CNBB, expressa no texto da Campanha da Fraternidade de 2009: “O sistema penal brasileiro, incluída a legislação, é marcadamente elitista,...Assim como se atribui pouco valor à pessoa humana, principalmente se for pobre, ela é também desvalorizada perante a lei e o sistema.” Vai também nesta direção a declaração da 47ª. Assembléia do episcopado brasileiro que trata da redução da maioridade penal:

“A redução da maioridade penal violenta e penaliza ainda mais adolescentes, sobretudo os mais pobres, negros, moradores de periferias”. A afirmação está na declaração aprovada pela Assembleia da CNBB na tarde desta sexta-feira, 24, em Indaiatuba (SP). “Persistir nesse caminho seria ignorar o contexto da cláusula pétrea constitucional - Constituição Federal, art. 228¬ - além de confrontar a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, as regras Mínimas de Beijing, as Diretrizes para Prevenção da Delinquência Juvenil, as Regras Mínimas para Proteção dos Menores Privados de Liberdade (Regras de Riad), o Pacto de San José da Costa Rica e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instrumentos que demandam proteção especial para menores de 18 anos”, continua a declaração.
Segundo os bispos, crianças, adolescentes e jovens são vítimas da violência e que “proposta de redução da maioridade penal não soluciona o problema”.

Parece-me claro que a posição do autor esbarra no nosso sistema de cotas, quando ele faz a afirmação que é possível estabelecer um sistema de segregação mesmo praticando formas de inclusão.

Enfocando problema da exclusão na escola o autor valoriza o aumento da taxa de escolarização, o aumento dos anos de obrigatoriedade escolar, a diminuição do índice de analfabetismo...todavia isto não é sinônimo que se tenha atacado os grande problemas sociais. Visão que também é compartilhada pelo CELAM : “ Depois de um época de enfraquecimento dos Estados... vê –se com bons olhos um esforço em definir políticas públicas nos campos da saúde, educação, seguridade alimentar, ... Tudo isso mostra que não pode existir democracia verdadeira e estável sem justiça social,...”

Entre os limites apontados pelo autor nota-se as diferentes escolas para os distintos públicos sempre evidenciado com notada clareza. Por exemplo no início do atual período letivo a demora com que a Secretaria da Educação conseguiu preencher as vagas de professores para algumas escolas da periferia de Curitiba. Isto denota que o acesso à escola nem sempre significa o mesmo tipo de escolarização.

À guisa de conclusão o autor faz compreender que os programas de atendimento aos pobres não são sinônimos de programas de inclusão mas muitas vezes de perpetuação do apartheid social. É preciso atacar o problema pela raiz mais do que apresentar medidas paliativas. Vale a lembrar a indignação do Deputado Ulisses Guimarães: “Mais miserável do que a miserabilidade é a sociedade que não consegue acabar com ela”.

A prática de uma autêntica democracia, subentendida na citação de Aparecida número 76, parece ser o caminho pedagógico para superar o censo de preocupação com um dos pés descalços.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Homilia para o dia 03 de janeiro 2010

DOMINGO DA EPIFANIA


Leituras: Isaias 60, 1-6; Salmo 71(72), Efésios 3, 2-3ª.5-6; Mateus 2, 1-12



Dentre os sentimentos humanos e que impulsionam a tomar atitudes muitas vezes superando as próprias forças, um deles é o desejo de conhecer, a curiosidade para saber mais e desvendar mistérios. Parece ser isto o que motivou os Magos do Oriente a se deslocarem para ver Jesus. Movidos pela mesma curiosidade também nós queremos ver Jesus. E para realizar este desejo somos capazes de muito esforço e muita coragem.

A festa dos Reis Magos como é conhecida, e que na Liturgia recebe o nome de Epifania significa dizer que reconhecemos a Luz do Senhor. Com todos aqueles que melhor querem compreender quem é Jesus e qual a sua missão, aqui estamos celebrando o mistério da sua manifestação ao mundo.

O Evangelho narra o encontro de três personalidades, que melhor do que reis poderiam ser chamados de Sábios. Estes se apresentam diante do ciumento Herodes, o qual de modo algum era capaz de admitir qualquer ameaça à sua forma tirana de administrar e fazer uso da autoridade que, antes de tudo, era ilegítima. Ele havia recebido por força da sua relação com os signatários romanos que exerciam sobre a região uma poder que em nada tinha a ver com os anseios da comunidade de Jerusalém.

Os sábios e curiosos vindos do oriente representam uma ameaça, não por si mesmos, mas por aquele que estão à procura. E mais evidente ainda quando a busca recai sobre a pequenina aldeia de Belém. A alegria dos magos, por um momento, é ofuscada pela intolerância do rei que pede o seu retorno por Jerusalém. Mais uma vez Deus age e mostra aos magos outro caminho que não o retorno ao palácio.

O encontro dos Reis com o menino Jesus, a oferta dos presentes e a reverência que lhe fazem completa a alegria do profeta narrada na primeira leitura: Caravanas de todos os lados se dirigem a Jerusalém, ela será iluminada de maneira definitiva e até os que estavam longe dela se reaproximarão. A alegria prevista é radiante e culmina na louvação ao Senhor.

Aos Efésios Paula afirma: Deus se revelou por seu Espírito. Tudo o que outrora estava oculto agora foi revelado. Mais uma vez fica claro que a confiança em Deus não é um assunto para ser vivida na individualidade a razão última se encontra na experiência comunitária.

Como os Magos de Belém somos chamados a reconhecer Jesus, aceitar sua luz e retornar para o nosso dia a dia por outro caminho e com outro conceito. Viver a Epifania significa permitir que a luz de Deus iluminasse nossas vidas e modifique nosso modo de fazer as coisas e de ver o mundo.
Com os magos, apresentemos mais do que ofertas, entreguemos nossa vida e nossa disposição para a missão e para o discipulado. Que o Senhor Jesus nos acompanhe com sua luz e sua graça.

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2010

SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS


Leituras: Números 6, 22 -27; Salmo 66 (67); Gálatas, 4, 4-7; Lucas 2, 16-21.



Em dezembro o mundo voltou os olhares e preocupações para a cidade de Copenhague, na Dinamarca, onde ser realizou a 15ª. Conferência das nações Unidas sobre mudanças climáticas. O resultado de todos os debates ficou muito aquém das expectativas que foram levantadas. Mas de uma coisa todos temos certeza: A paz no mundo e a sobrevivência dos povos dependem do modo como nos relacionarmos com a natureza criada por Deus. Esta constatação já havia sido indicada pelo Papa Bento XVI na sua mensagem para este primeiro de janeiro, nela o Santo Padre lembra: “Se quiser cultivar a paz preserve a Criação”.

Aqui reunidos, oito dias depois do natal, viemos fazer memória de tudo o que nos ensina o Senhor Jesus. Seu jeito de ver e falar sobre o mundo continua convidando a todos para a comunhão a unidade e a paz.

Iniciamos um novo ano e nossa primeira recordação é a pessoa de Maria, por cujo Sim, nos veio o príncipe da paz. Com ela somos chamados a aceitar e caminhar com Jesus ele é a plenitude de todas as bênçãos e nele temos a segurança que vai muito além das certezas deste mundo.

O evangelho narrando o encontro do menino, pelos pastores, em Belém e como ficaram maravilhados com tudo o que viram e ouviram sobre o recém nascido os faz reconhecer e indicar também para nós: Em Jesus Deus nos salva!

A narrativa das bênçãos que ouvimos na primeira leitura quer garantir a eficácia da ação de Deus em favor do seu povo. A benção para o israelita significava a presença da própria pessoa na sua luta diária.

E São Paulo, na carta aos Gálatas, reafirma a condição humana de Jesus, nascido num tempo, nascido de uma mulher e com uma missão muito específica: Resgatar todos os que nasceram e vivem nesta mesma condição. Nesta tarefa Maria ganha um papel especial por derivação dele nós a chamamos de Nossa Senhora e Mãe de Deus.

A figura de Maria, a primeira a vivenciar a plenitude do mistério pascal, irá neste novo ano nos ensinar a caminhar guiados pela luz do Senhor e a guardar todas as coisas segundo a vontade de Deus.

Busquemos também nós a bênção e a presença daquele que caminha conosco e cujo exemplo temos em Maria Senhora nossa. Deste modo sim poderemos dizer a todos: Feliz Ano Novo!

HOMILIA PARA O DIA 27 DE DEZEMBRO DE 2009

DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA


Leituras: Eclesiástico 3, 3 -7. 14- 17ª; Salmo 127(128); Colossenses 3, 12-21; Lucas 2, 41-52.

Durante o mês dezembro, mais do que em outros tempos, o sentido de família, de encontro e convivência tomou conta das preocupações em cada casa. A partilha e a solidariedade fraterna afloraram para todos. O natal se mostra ocasião propicia para repensar as relações familiares.
É neste contexto que a liturgia da Igreja nos propõe a Festa da Sagrada Família, no domingo imediatamente seguinte ao natal. Por esta celebração fazemos memória do Senhor que participa das preocupações e alegrias das nossas famílias.

O Evangelho que narra a participação de José e Maria com o menino, no cumprimento do preceito pascal de Jerusalém, aponta para uma situação particularmente difícil no relacionamento dos três. Situação não bem compreendida por eles mesmos e pela sociedade de outrora. Jesus, pela primeira vez, se apresenta e age fora dos laços estreitos da família de sangue e no diálogo com sua mãe indica por que veio e qual sua missão: “Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” Mesmo ciente da sua missão e responsabilidade não renega a obediência e volta com os pais para Nazaré. Enquanto Ele cresce, em todos os sentidos, diante de Deus, uma vez mais, sua mãe guarda todas essas coisas no seu coração.

Já no texto do Eclesiástico temos a recuperação do mandamento dado no êxodo: “ Honra teu pai e tua mãe para que tenhas vida longa sobre a terra.” O autor do livro vai muito mais além do que o simples mandamento mostra como essa relação de respeito indica também a compreensão que se tem do respeito para com a vida que nos foi transmitida por eles e que é antes de tudo um Dom de Deus o qual é o primeira a ser respeitado e aceito.

Na carta aos Colossenses São Paulo recomenda viver de acordo com o Evangelho e afirma que este modo de viver é condição para uma vida longa. Entre as atitudes sugeridas por Paulo consta a humildade, compaixão, bondade, o amor e o perdão.

Certamente entre as lições que podemos colher da liturgia da Palavra de hoje uma delas é o comportamento do silêncio. O gesto de Maria pode iluminar nossas relações familiares, em geral, barulhentas e muitas vezes marcadas pela falta de momentos de silêncio e aceitação das diferenças.

Compreender e viver as relações familiares no perdão e na mansidão exige de todos a repetir a atitude de Maria. Somos convidados a entrar nesse processo da maturidade da fé. Nossa experiência de família está profundamente inserida em todos os problemas deste modo, do mesmo modo como viveu a família de Nazaré, a compreensão desta situação é condição sem a qual nossas famílias não poderão experimentar a Graça de Deus que age no meio das dificuldades do cotidiano.

Aqui reunidos, celebramos como membros de um único corpo, constituímos uma mesma família e nos alimentamos do mesmo pão. Peçamos ao Pai que nos conceda a graça da verdadeira paz e da concórdia em nossos lares.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2009

MISSA DO DIA DO NATAL

Leituras: Isaias 52, 7-10; Salmo 97 (96), Hebreus 1, 1- 6; João 1, 1- 18.

No repertório das músicas de mensagem que nossas comunidades gostam de cantar lembro-me de uma, cujo autor é muito conhecido e admirado, ela diz mais ou menos assim: “Dá-me a palavra certa, na hora, certo e do jeito certo e pra pessoa certa...”

Pois o que ouvimos nas leituras de hoje é a manifestação dos que estas palavras parecem dizer. Assim no evangelho João faz uma retomada de toda a obra e de todo o desejo de Deus, afirmando aquilo que está dito de outro modo no evangelho de Lucas. “O verbo de Deus se fez homem e veio habitar entre nós”. João reafirma que antes de tudo existia a Palavra que era Deus e que estava em Deus e tudo foi feito por meio dela. No natal a palavra se torna certa e acertada. Isto é Deus alcança aqueles que ele quer salvar e sua Palavra se torna gente, se realiza, a palavra veio para aqueles a quem Deus quis se revelar.

Agora diz a carta aos Hebreus, cujo texto foi proclamado na segunda leitura: “Deus nos falou por meio do seu Filho a quem Ele constituiu herdeiro e por meio de quem tudo foi criado. É ele que celebramos no natal, ele é a realização da profecia de Isaias: anuncia e prega a paz e a salvação. Diante desta realidade a ninguém é dado o direito de permanecer tristes: alegrem-se o Senhor consolou seu povo.

O natal é isso, Deus veio nos visitar, com sua Palavra feita gente nos ajuda a perceber que a consolação à qual todos esperamos se dá na pessoa de Jesus. De nossa parte basta que sejamos capazes de conformar nossas vidas com a realidade manifestada no natal.

Para isso sem sombra de dúvida nosso encontro com os irmãos e a Eucaristia que estamos celebrando são nosso alimento e ajuda indispensável.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2009

MISSA DO DIA DO NATAL


Leituras: Isaias 52, 7-10; Salmo 97 (96), Hebreus 1, 1- 6; João 1, 1- 18.


No repertório das músicas de mensagem que nossas comunidades gostam de cantar lembro-me de uma, cujo autor é muito conhecido e admirado, ela diz mais ou menos assim: “Dá-me a palavra certa, na hora, certo e do jeito certo e pra pessoa certa...”


Pois o que ouvimos nas leituras de hoje é a manifestação dos que estas palavras parecem dizer. Assim no evangelho João faz uma retomada de toda a obra e de todo o desejo de Deus, afirmando aquilo que está dito de outro modo no evangelho de Lucas. “O verbo de Deus se fez homem e veio habitar entre nós”. João reafirma que antes de tudo existia a Palavra que era Deus e que estava em Deus e tudo foi feito por meio dela. No natal a palavra se torna certa e acertada. Isto é Deus alcança aqueles que ele quer salvar e sua Palavra se torna gente, se realiza, a palavra veio para aqueles a quem Deus quis se revelar.


Agora diz a carta aos Hebreus, cujo texto foi proclamado na segunda leitura: “Deus nos falou por meio do seu Filho a quem Ele constituiu herdeiro e por meio de quem tudo foi criado. É ele que celebramos no natal, ele é a realização da profecia de Isaias: anuncia e prega a paz e a salvação. Diante desta realidade a ninguém é dado o direito de permanecer tristes: alegrem-se o Senhor consolou seu povo.


O natal é isso, Deus veio nos visitar, com sua Palavra feita gente nos ajuda a perceber que a consolação à qual todos esperamos se dá na pessoa de Jesus. De nossa parte basta que sejamos capazes de conformar nossas vidas com a realidade manifestada no natal.


Para isso sem sombra de dúvida nosso encontro com os irmãos e a Eucaristia que estamos celebrando são nosso alimento e ajuda indispensável.

HOMILIA DO DIA 24 DE DEZEMBRO 2009

MISSA DA NOITE DO NATAL

Leituras: Isaias 9, 1 -6; Salmo 95(96) Tito, 2, 11-14; Lucas 2, 1 -14.

Não tenham medo!
A expressão usada pelo anjo anunciando aos pastores o nascimento de Jesus, não é uma novidade na linguagem bíblica. Ao longo de todo o Antigo Testamento ela aparece outras vezes indicando que Deus está muito próximo do seu povo e que dele não se esquece.

Na noite de natal a frase vem acrescida das palavras que depois se tornaram o eixo de toda a missão de Jesus. Ou seja, a boa noticia é extensiva para todo o povo. O reino que Jesus veio inaugurar se estenderá para todo o mundo.

Aqui estamos nós celebrando este feito maravilhoso que Deus realizou por nós: Um Filho nos foi dado, Conselheiro admirável príncipe de paz.

A detalhada narrativa sobre o modo como se dá o nascimento de Jesus, tem a intenção de situar o lugar e o tempo no qual Deus se faz humano. No meio da estrutura de pecado, dominação e morte que o Império Romano exercia sobre a palestina Jesus é mostrado como o continuador de um outro modo de governar e manifestar sua autoridade e poder. O messias se apresenta ao mundo seguindo os caminhos não convencionais trilhados pelos poderosos do seu tempo. Em lugar da autoridade e da grandiosidade dos seus palácios ele nasce no meio dos trabalhadores e a estes é anunciado primeiro: Alegria para todo o povo!

Em Belém acontece o que Isaias havia predito e que ouvimos na primeira leitura: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, o jugo que oprimia foi destruído, grande será o seu reino e seu nome é príncipe da paz, conselheiro admirável, Deus forte.

São Paulo na carta a Tito confirma que tudo o que experimentamos é resultado da misericórdia de Deus. Por isso mesmo também nós cantamos no salmo: O senhor merece um canto novo pois ele se mostrou libertador e rei universal.

Deus entra em nossa história e nos pede uma única coisa: que nossa vida e atuação expresse um compromisso de transformação de tudo aquilo que está de acordo com a criação sonhada por Deus.

Em resumo a Liturgia da Palavra e a Eucaristia nos apontam para uma estreita relação entre a fé que celebramos a e fé que somos chamados a viver. Certamente a melhor lição do natal é colocar a nossa vida em perfeita sintonia com o evangelho e este como direção para o nosso dia.

E que todos os natais sejam muito mais felizes. Amém!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

HOMILIA DO DIA 20 DE DEZEMBRO 2009

4° DOMINGO DO ADVENTO

Leituras: Miquéias 5, 1-4; Salmo 79, 2ª.c.3b.15-16.18-19;
Hebreus 10, 5-10; Lucas 1, 39-45
.

Quase tudo à frente dos nossos olhos indica que o natal está chegando. As luzes, os cantos e encantos. As palavras e as relações entre pessoas. Aqui, local que nos reunimos para fazer memória do mistério salvador realizado pela pessoa de Jesus Cristo, as orações, os cantos, os gestos, as 4 velas acesas na coroa do advento, tudo confirma a plenitude da luz do Senhor que está para se realizar. A salvação que nos veio pelo ventre de Maria, nos leva a repetir com Isabel: Bendita és tu e bendito é o fruto do teu ventre Jesus.

O encontro narrado pelo evangelho, no qual Isabel e Maria aproximam a promessa e a realização de tudo o que Deus sempre quis, ajuda-nos a reconhecer também o jeito de ser de Deus: Ele se lembra das suas promessas e dos seus escolhidos. Na pessoa de Isabel, idosa e estéril, Deus realiza a maravilha da vida. Da fragilidade de Maria Deus se serve para mostrar a beleza do seu projeto. Em resumo, onde há impossibilidade humana aí está Deus com sua mão misericordiosa.
A Primeira leitura narra o lugar geográfico de onde virá o prometido, não parece ser uma referência precisa à pequenez da cidade, o que conta é a fecundidade e abertura para o Reino. O Senhor virá de um lugar onde o pão é partilhado. O texto parece lembrar as antigas festas de colheita celebradas ao longo da primeira aliança. Uma vez mais, neste texto, podemos compreender que Deus não renega sua palavra mesmo quando os seus escolhidos não lhe tenham dado a resposta coerente.

Já na carta aos Hebreus temos confirmado o lugar de Jesus no mundo. Ele é o único mediador entre Deus e a humanidade. Sua vida é o verdadeiro sacrifício no qual Deus se compraz e por meio dele visita suas criaturas.

Com o povo de Israel, nós também rezamos no salmo: “Iluminai a vossa face e convertei-nos para que sejamos salvos”. Ontem como hoje as nossas cidades estão repletas de sinais que Deus não se esqueceu de nós. Há uma expressão de um sábio antigo que diz mais ou menos assim: “Cada criança que nasce é um sinal que Deus não se esqueceu da humanidade”. Esta frase manifesta de modo significativo como é possível reconhecer a ação de Deus em nosso dia a dia.

Celebrando a Eucaristia, em comunhão com os irmãos e irmãs, possamos sair fortalecidos para dizer e fazer: “Estamos aqui Senhor para fazer a vossa vontade”. E proclamar como Isabel: “Como posso merecer que o meu Senhor nos venha visitar”.

Que o natal seja para todos preparação de um tempo novo e de caminhos novos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

HOMILIA DO DIA 13 DEDEZEMBRO 2009


TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

LEITURAS: Sofonias 3, 14-18a; Isaias 12, 2- 3, 4bcd. 5 -6;

Filipenses 4, 4 -47; Lucas 3, 10 -18


Alegrem-se no Senhor!

De algum modo todos já vivemos a experiência de nos preparar para uma festa, para um evento de relativa importância para a nossa vida ou para os familiares e assim por diante. Este período de preparação nos preenche de alegria e expectativas em relação àquilo que se espera acontecer. E isto é sempre muito bom. Diz-se até que “o melhor da festa é esperar por ela”.
Pois é isto que estamos fazendo neste período da Igreja que chamamos, tempo do advento. Conforme nos aproximamos da natal, redobramos a esperança e caminhamos alegres para o que chamamos encontro com o Senhor. Este encontro se dá também pelas festividades e os laços de amizade que refazemos com as pessoas em todos os sentidos.

As comemorações natalinas são a expressão daquilo que será o encontro com o Senhor Jesus. Celebrando a cada domingo, acendemos as velas do advento, a luz do Senhor vai iluminando as trevas do cotidiano e anunciamos a realização do Reino que há de vir.

As leituras bíblicas deste tempo são uma perfeita sintonia no sentido de nos fazer enxergar a preparação e a mudança à qual somos chamados por conta desta proximidade do natal. No evangelho de hoje Lucas anuncia quem será o messias e suas qualidades: ele batizará com o Espírito Santo, Ele tem autoridade, Ele é messias, sua presença não se reduz ao tempo atual, mas tem conotação para o futuro.

O que é realização na pessoa de Jesus o Profeta Sofonias havia anunciado e ouvimos na primeira leitura: Gritos de alegria, o Senhor cancelou o que era mal e tristeza, nada há que temer, ele é vencedor e está no meio de nós.

No salmo nós rezamos confiantes e repetimos com firmeza: Deus é a nossa salvação, e por isso mesmo São Paulo não teme afirmar para a comunidade de Filipos: Alegrem-se sempre no Senhor! Ele está no meio de nós.

O que as leituras querem nos dizer e pedem como atitude consiste exatamente em viver a alegria do Natal, mesmo em meio a alguns dissabores e amarguras. O tempo é de não abaixar a cabeça e não se deixar abater pelo desânimo. Se Deus é por nós quem será contra nós!

Façamos a experiência e nos deixemos guiar pela Palavra e pela Eucaristia. Renovemos nosso batismo e participemos da misericórdia de Deus. Eis que vem o nosso Deus, ele vem para nos salvar!

sábado, 28 de novembro de 2009

HOMILIA DO DIA 29 DE NOVEMBRO 2009

1° DOMINGO DO ADVENTO


Leituras: Jeremias, 33, 14-16; Salmo 24(25) 4-5.8-10.14;
1Tessalonicenses 3,12-4,2; Lucas 21,25-28.34-36


Uma das virtudes que cultivamos é a Esperança. Dizemos até que a Esperança é última que morre e ainda que podem nos roubar tudo menos a esperança. Por conta desta situação, mesmo diante das maiores dificuldades sempre temos coragem para recomeçar.

É com este espírito que a liturgia da Igreja nos coloca neste domingo o reinicio do ano litúrgico. Na expectativa da vinda do messias iniciamos o tempo do advento na perspectiva da conversão e na vigilância. Um dos gestos que indicam nossa preparação e cofiança está manifestado no acendimento da primeira vela na coroa do advento. As cores litúrgicas, as orações, os cantos, a Palavra que ouvimos tudo aponta para o crescimento espiritual de quem aguarda dias melhores.
Assim a forma apoteótica como Lucas descreve no evangelho a chegada definitiva do Filho do homem indica que Deus não se deixará vencer pelas fragilidades dos nossos tempos, pelo contrário o Reino será instalado e de modo definitivo. Quanto a nós o evangelho pede uma atitude: “Não ter medo, erguer a cabeça”, afinal nossa luz é Jesus.

A palavra do profeta na primeira leitura renovou a esperança da comunidade de outrora e reacende também para nós a perspectiva de novos tempos. Deus é fiel e o que ele prometeu será cumprido, o filho que enviará restabelecerá o direito e a justiça, um novo céu e uma nova terra irão acontecer.

Já a palavra de São Paulo para a Igreja de Tessalônica recomenda uma atitude que se encaixa perfeitamente para nossas comunidades: Crescer no amor, na santidade e na justiça. Ser agradável e progredir no ensinamento. Não ficar devendo nada a ninguém a não ser o amor mútuo. Em resumo o projeto de Deus é uma construção com a qual somos convidados a colaborar no dia a dia.

Neste tempo do advento, é bom que nos perguntemos: Nossa vida tem sido um empenho por dias melhores para todos e em todos os lugares?

Peçamos, pois que este tempo fortaleça a nossa fragilidade e nos faça proclamar nossa fé com o testemunho da vida.

sábado, 21 de novembro de 2009

PESQUISA EM EDUCAÇÃO

FÉ CRISTÃ, CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO:
PAIDÉIA AO ALCANCE DE TODOS




Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente


O autor trata da incorporação do vocábulo grego na prática cristã educadora. A questão da educação e da civilização (Paidéia) grega, segundo o autor foi assumido pelo cristianismo e à expressão original se acrescentou o termo “cristão”. Esta inocente junção de palavras é muito mais complexa do uma espécie de adjetivo ao costume grego.
Os educadores cristãos partem do princípio que o primeiro e principal pedagogo é Deus, cuja ação teve inicio na obra da criação e na educação do seu povo. No Antigo Testamento Deus Pai e no Novo Testamento Deus Filho, assumem a tarefa de formadores do ser humano. Este último recebeu o título de Rabi, o que mais tarde foi sinonimado pela palavra pedagogo. A partir da sua própria palavra: Se eu o Mestre e Senhor fiz... Façam também vocês.
Citando Jaeger, o autor tem convicção do título que foi atribuído a Deus: Pedagogo da Humanidade. Por sua vez aos homens do mundo não resta alternativa: ser discípulos da celeste pedagogia. E somente trilhando este caminho o ser humano está se aproximando do verdadeiro conhecimento, isto é, compartilhando da autêntica sabedoria à qual se encontra somente em Deus.
Por conta disto os formadores deste mundo assumem a função de pedagogos na medida em que se habilitam a conduzir os demais para o encontro com Cristo. A verdadeira e única Paidéia é a imitação de Cristo, em quem se consuma toda educação.
Longe de Deus toda sabedoria humana é loucura, pois só nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. Naturalmente que este é um processo lento, o qual se vai aprendendo ao longo de toda a vida.

REFERÊNCIA
Renato Gross, Diálogo Educacional, Curitiba, V. 6, n.19, p.141-156. Set./dez. 2006

POR UMA PEDAGOGIA LIBERTADORA

COMENTÁRIOS À OBRA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO


Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente


No Prefácio do livro o professor Ernani Maria Fiori, escreve assim:
“Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se. Por isso a pedagogia de Paulo Freire, sendo método de alfabetização, tem como ideia animadora toda a amplitude humana da “educação como prática da liberdade”, o que, em regime de dominação, só pode produzir e desenvolver na dinâmica de uma pedagogia do oprimido”.
E continua seu raciocínio afirmando que nenhuma teoria, nem mesmo a de Paulo Freire, são valiosas sozinhas, diz isso para concluir o prefácio com a afirmação: “os homens humanizam-se trabalhando juntos para fazer do mundo, sempre mais, a mediação de consciências que se coexistenciam em liberdade”.
Por sua vez o autor nos quatro capítulos que compõe a obra pode ser interpretado com a seguinte linha de pensamento e linguagem.
A arte de educar consiste em preparar para a liberdade. Este conceito não é de todo uma novidade. Nesta direção pode ser lido o mito da caverna criado por Platão. Quanto mais livre for o ser humano maior será sua possibilidade de conhecer e maior será o seu senso de humanidade.
A ideia mestra que percorre toda a obra é o conceito de humanização, com a afirmação que esta situação o ser humano não adquire por meio de coisas, se não mediante a consciência de quem ele é. O autor remete a reflexão às palavras do teólogo e filósofo cristão da Ásia Menor no século IV – Gregório de Nissa – nas palavras deste temos a máxima: “de nada adiante dar a alguns o que se tira de outros”. Esta reflexão é profundamente bíblica e se pode ler no livro de Eclesiástico capítulo 34. “Como aquele que mata o filho na presença do Pai é comparado quem oferece um sacrifício feito com bens roubado dos pobres”.
Neste sentido a pedagogia do oprimido consiste acima de tudo em lutar pela restauração da humanidade e pela generosidade. Uma verdadeira mística impedirá que o discente de hoje seja opressor de amanha. Na condição de quem trabalha pela humanização o educador é para o do educando um testemunho de generosidade e de liberdade. Neste sentido espiritualidade implica afirmar a liberdade como um valor e empenhar-se para que esta se realize.
A impossibilidade para fazer acontecer a liberdade consiste em perceber que entre opressores e oprimidos há um diálogo de surdos que se torna abissal, no sentido que os primeiros não são capazes de pensar a partir do Ser, mas do Ter. Neste conceito quando os últimos passam a ter simplesmente se inverte a pirâmide. Por isso a primeira condição para uma nova pedagogia será convencer os oprimidos a sentirem-se sujeitos da própria libertação, este consiste um desafio a ser perseguido.
Superar a visão da educação como algo que se dá (ou se vende), para uma educação que se faz, exige quebrar paradigmas e porque não quebrar imagens. A primeira imagem, ou o primeiro paradigma a ser quebrado é o do professor como aquele que tem a posse do saber. O educador há de ser visto muito além do que aquele que tem a posse do conhecimento e que o deposita nos seus discentes, tal como lhe foi transferido outrora e não adquirido. Esta concepção consiste em criar uma nova mística.
A educação como pratica da liberdade exige a construção de uma nova imagem de ser humano, ou melhor, da compreensão da verdadeira imagem deste como um indivíduo absurdamente diferente dos outros animais, no sentido que somente este cria e recria. Esta nova compreensão dará ao professor/educador uma mística de valorização da docência e do docente.
O processo de construção da liberdade caminha na linha da investigação, atitude que implica o despertar de consciência em vista de projetos de vida. Se persistir a prática de uma educação que não promove a libertação certamente se deve à falta de projetos, realidade que instrumentaliza todos os envolvidos e acaba por frear o processo investigativo. A isto nós denominamos falta de espiritualidade.
De acordo com a concepção que o autor vai desenvolvendo ao longo de todo o processo na qual os indivíduos são envolvidos na construção de um modo de fazer educação que consiste e conceber o processo codificação/descodificação. A mudança de foco no complexo mundo da educação faz compreender o indivíduo não mais como depositário, mas como sujeito/produtor de um saber totalmente novo. Sob a mística da participação a educação deixará de ser compreendida como um presente, ou um produto, que alguns têm direito a receber, mas como elaboração de um conhecimento no qual todos os participantes se sentem produtores.
No nosso projeto de pesquisa, propomos o modelo pedagógico de Jesus de Nazaré, estamos imaginando a liderança revolucionária que não se instala no educando ocupando o lugar até agora ocupado pelo opressor. Pelo contrário, convive com o oprimido no sentido de “despejar” o inquilino que está dentro dele. A grande crítica que Jesus fez à sociedade do seu tempo consiste em não ser sujeito da sua libertação, mas em viver dominada pelo pensar manipulador de alguns poucos líderes da época.
A libertação, segundo Paulo Freire, não é um processo de uns para os outros, mas de uns com os outros, e a isto nós chamamos de mística de comunhão e o documento de aparecida chama de globalização da solidariedade. A globalização de que se fala no documento citado é o caminho para a unificação e a organização tão temida no contexto da opressão. Somente o cultivo de uma mística de valorização do outro fará com que o educador não se comporte como invasor das culturas e do ser do educando.
A renúncia a toda forma de manipulação é antes de tudo adesão a outro modo de tratar dos oprimidos – em lugar de estar neles, ser um com eles. Entre as figuras cuja prática merece ser lembrada é Camilo Torres, cujo empenho revolucionário o levou a jogar-se por inteiro como cristão e como guerrilheiro. É a comunhão que gera a verdadeira colaboração e isto conduz para a globalização da solidariedade a qual implica na unidade dos diferentes grupos.
O autor conclui o seu sonho de construção de um nova pedagogia com uma frase que citamos na íntegra e com a qual nosso projeto se afina em gênero número e grau: “Que permaneça firme nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil de amar”.

REFERÊNCIA

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de janeiro, paz e terra, 2005.

IMAGENS QUEBRADAS - MIGUEL ARROYO

COMENTÁRIOS AO LIVRO IMAGENS QUEBRADAS


Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente



A obra parte do princípio que os tempos mudaram e consequentemente as pessoas se transformaram, os conceitos são outros, as verdades não são as mesmas, daí que a educação e os educadores precisam ser vistos com outros olhares e sobre outros ângulos.
O primeiro elemento tratado no livro consiste em perceber que educar significa tornar o ser humano mais humano. Alias esta expressão parece ter ficado clara nas palavras do Irmão Clemente Ivo Juliato na sessão de abertura do IX EDUCERE, na ocasião ele proferiu a seguinte sentença: “A educação não pode resolver todos os problemas, mas faz parte da solução de todos. Os problemas dependem da transformação da pessoa e este é o campo da educação". Isto parece ser a tônica de outros educadores. Entre eles recordamos Platão e Santo Tomás de Aquino para quem a função da educação é realizar o que o homem deve ser. E Rosseau que dizia: das mãos do professor sai, antes de tudo o ser humano.
Entretanto, o autor da obra em referência parte do princípio que esta tarefa vem tornando-se cada dia mais exigente na medida em que as imagens foram e estão sendo quebradas. Neste novo cenário da educação o convívio com os educandos, cujas imagens se quebraram, pode levar o educador a diminuir sua função de auscultador dos mistérios da vida para se tornar um juiz dos seus atos. Neste sentido a primeira exigência que precisa permanecer é a de que o educando precisa ser visto como ser humano que é inserido num convívio de humanos.
De nossa parte dizemos que aí se encontra a mística do educador, ou seja, ir muito além da sua função de estar a serviço da educação e SER um serviço em vista da formação integral do ser humano indo além e quebrando os paradigmas que envolvem o seu mundo.
No contexto da educação transformada em quase mercadoria os paradoxos que a circundam transformam o educador em mercador de um produto que é ao mesmo tempo um direito dos consumidores em potencial. Ultrapassar esta barreira e trabalhar a cada dia para realizar o sonho da noite de formatura, que não se realizará em um dia nem tão pouco num momento mágico. A mística do educador consiste em ir preparando sujeitos que serão muito mais do que “caixas de ferramentas” plenamente cheias e prontas para o uso num determinado momento de sua existência, mas que vão se construindo cotidianamente.
Tendo presente esta concepção não basta ser esperto na sua área de conhecimento é preciso não ser ignorante no que se refere ao sentido da vida, isto implica aprimorar o conhecimento específico e o conhecimento do drama humano. É impossível separar a educação das expectativas e da orientação de vida. Dito isto é mais fácil compreender quando o autor fala em conhecer as trajetórias e os tempos dos educandos como uma condição para reconstruir as trajetórias profissionais dos mestres.
No processo de educação e no cotidiano das relações sociais nos deparamos com as imagens quebradas que tínhamos da infância. Esta etapa da vida que foi construída como símbolo de bondade quase angelical foi sendo substituída por imagens de decadência moral e neste universo o que se pode esperar como resposta dos seus mestres. Estamos experimentando tempos confusos para os mestres e para toda a tarefa da docência: quanto mais o educador conhecer o aluno mais se dará conta que está distante dele, posto que o último seja sempre uma caixinha de surpresas.
Uma das situações mais dúbias pelas quais passa o mundo da educação é o conceito de violência e o fenômeno que a ela dá origem. Para trabalhar esta realidade é preciso compreender antes as condições inumas em que vivem nossos educandos, sejam eles provenientes de qualquer uma das classes sociais. Certamente aquela condição é mais violenta que a própria violência por eles praticada. O educador é chamado a se defrontar com a trajetória dos educandos e por meio deste confronto descobrir sua imagem humana de educador.
As tensões provocadas nos diversos níveis de relacionamento exigem trazer para o centro das discussões os tempos humanos de educados e educadores. Em outras palavras trazer o SER de cada uma das partes envolvidas no processo. Como compreender a educação e a escola como um direito se os que dela se acercam não realizam com alegria. Aquilo que é um direito não pode ser transformado num criador de monstrinhos. As tensões merecem ser encaradas e resolvidas na medida em que a comunidade escolar passar a levar para a escola a sua fome de saber associada à fome de sentido para a vida.
O imaginário dos educandos precisa encontrar na escola uma resposta para suas mais profundas inquietações. A evasão, a desatenção, a não aprendizagem e até a violência podem ser sintomas que a educação não está alcançando o objetivo de ser o imaginário construído. Parece que aquilo que se ensina não é referência para a vida. A especificidade de ensinar consiste em facilitar que o outro aprenda e isto obviamente não se dá enquanto o educador for visto e tratado como aquele que sabe a serviço daquele que não sabe.
Um dos desafios para recuperar o sentido alegre do direito à educação será completar nas bases curriculares questões que ajudem a responder o sentido da vida. Um dos lugares, se é que se pode chamar assim, para se aprender é a vivência dos direitos e deveres. Na medida em que o educador tem claro sua função de formar pessoas mais facilmente ele se dará conta que seus discípulos são sujeitos que pensam, aprendem, fazem, concordam, discordam, etc. Sob esta ótica é pertinente ao educador desenvolver habilidades para escutar, ver, experimentar, criar sensibilidade para com toda a realidade dos destinatários da sua missão.
Não se pode prescindir da tarefa do educador que ele está a serviço do ser humano na sua totalidade e não apenas de uma das partes seja ela, corpo, mente ou espírito. Parece muito mais fácil ser professor especialista em conhecimento do que ser educador na totalidade da existência dos seus discípulos. Ler a tarefa do educador com outros olhares implica trazer para os currículos os grandes questionamentos humanos, os quais muitas vezes estão olvidados.
As imagens quebradas das crianças angelicais precisam ser lidas à luz da espiritualidade, isto é da mística que constrói o ser por inteiro. Muitas vezes o educador tem dificuldades para imaginar questões relevantes do existir humano uma vez que foi formado para ser docente de conteúdos sendo insensível às grandes interrogações que lhes são apresentadas por seus alunos. Facilmente o educador é levado a concluir que aquilo que não se enquadra no currículo não é conhecimento. Esta concepção urge ser quebrada para recuperar a visão da figura humana na sua inteireza.
Mais do que em outros tempos a sociedade manifesta uma aguçada preocupação com conduta e neste sentido facilitar a realização de um comportamento adequado é tarefa que exige empenho público, pessoal e particular. A superação da mentalidade fragmentada do ser humano é um imperativo para recuperar o terreno perdido com a crescente quebra de imagens. Naturalmente, alguém precisa ser responsabilizado por esta parte da educação sob pena de ser uma tarefa de todos e não ser atribuição de ninguém.
O universo das imagens quebradas apresenta uma vulnerabilidade na arte de aprender e ensinar e esta realidade exige um melhor acompanhamento nos percursos de sua formação. A formação humana e integral costuma ser menos familiar do que os conhecimentos e, por isso mesmo, acaba sendo tratada com pouco ou nenhum profissionalismo. Na arte de educar se faz necessário compreender que muitos dos destinatários da educação tem um única escolha: Ficar vivos! Daí que aproximar-se dos educandos diante das suas escolhas exige da docência novas crenças, novos saberes, novas capacidades profissionais. Exige mística. Ele precisa ser um mistagogo do saber.
As escolhas a que nossas crianças e adolescentes são forçados a fazer condicionará o papel dos educadores nos seus tortuosos processo de formação e no exercício da sua liberdade. O mundo da pós modernidade que quebrou as imagens, antes angelicais, das nossas crianças faz também que elas sejam forçadas a fazer escolhas antes reservadas à sociedade adulta e aí se encontra o desafio para o educador reaprender o seu ofício ou diria a arte de educar à qual exige uma paciente espera.
Não tem mais lugar no campo da educação e de toda a realidade humana a ideia da predestinação divina, o desafio consiste em dar novas respostas para novas imagens, ou seja, ser educadores novos diante de novos alunos. Para dar conta das novas situações de trabalho os docentes são chamados a elaborar novas estratégias de estudo e de planejamento, estratégias coletivas de reorganização curricular. O principal produto da inovação escolar serão as mudanças que se fizer acontecer nos próprios docentes. Prática e teoria docente estão cada vez mais interligadas, isto significa dizer mistagogia.
Uma das coisas que exige ser respondida é a questão do tempo, este separa o profissional docente do educador. A resistência em questionar a ordem temporal do processo educativo (idade cronológica, idade escolar, relação idade série – idade ciclo, etc.) implica em reinventar outra ordem e isto exige uma nova mística para o tempo e para a educação como um todo. Do modo como estão pensados os espaços e os tempos a escola ainda mira a formação de profissionais, conteudistas, e faz perecer o tempo para o ser humano. Será imprescindível readequar as trajetórias temporais e as trajetórias humanas.
Há que superar a visão dualista do processo educacional uma vez que os tempos e lugares aos quais convencionamos como restritos para a educação se encontram distintos e com diferentes missões. Neste modelo a escola ensina enquanto cabe às famílias, à sociedade, às igrejas educar. Essa dicotomia há que ser superada é necessário recuperar a formação do ser humano na sua total complexidade. Daí que a visão do educador precisa ir muito além do frágil conceito de docência neutra, sua imagem não pode ser separada da sua imagem de docente humano. Docência e formação são duas faces da mesma moeda.
O Ser humano vive no tempo, mas não em função do tempo. Com este conceito fica mais fácil compreender que é preciso pensar antes nos tempos humanos do que nos tempos para os humanos. Mais do que vivenciar as estruturas e sistemas é necessário ter em mente os sujeitos. Esta afirmação está implícita nas palavras do autor quando escreve: “Por vezes, nossos alunos, passam anos assistindo aulas onde se explica tudo, menos suas vidas. Porque a escola e seus professores que sabem tanto sobre tantas matérias pouco sabem e explicam sobre a infância, a adolescência, a juventude, suas trajetórias, impasses, medos, questionamentos, culturas, valores?" (Arroyo, 2009, p.305).
Nossa sociedade ocidental é cristã, não será, pois interessante que nossos educadores sejam vistos como espelho também sob o ponto de vista da mística de Jesus de Nazaré? Diante dos contrastantes dados em relação aos tempos e idades das crianças, cada vez mais se pede uma mística do educador para trabalhar com a dignidade e garanti-la aos educandos. Parece se constituir um dever saber mais sobre eles num envolvimento com a vida toda e com toda a sua existência. Educadores, mais do que todos, precisam ter a noção do ser humano inteiro em todos os seus tempos. A incapacidade para perceber isso se torna um bloqueio para o saber e aí se realiza a especificidade da arte de ensinar a qual consiste em facilitar para que o outro aprenda, se o destinatário não aprendeu, naturalmente não houve ensino.
Desenvolver uma mística do educador significa reinventar convívios mais humanos e menos solitários. Implica planejar com profissionalismo práticas estratégias que deem conta desta diversidade de contextos de aprendizagem, de socialização e de trajetórias humanas. Tratar de questões ligadas a retenção/reprovação é antes uma questão de dignidades que o educador precisa trabalhar em si mesmo e no sistema. Aprovar ou reprovar é um tumor escondido por décadas no sistema educacional esta situação merece ser tratada como uma questão ética, humana e social.
Facilitar o aprendizado da criança de acordo com o seu tempo é uma tarefa do educador. Todavia quando o destinatário não aprende é tarefa deste último compreendê-lo na totalidade da sua existência humana. Esta atitude exige do educador mais do que conhecimento e competência técnica, exige espiritualidade. Nos últimos 20 anos a sociedade brasileira cresceu muito nos conceitos de participação e democracia também na comunidade escolar. É urgente evoluir para uma nova compreensão do ser humano nesta estrutura. Esta evolução exige uma resposta mística. Avançamos politicamente, mas estamos presos à lógica humana conservadora.
Dentre os desafios da educação, um deles é tratar do tempo do educador na totalidade do seu ser. O tempo é muito mais do que condições favoráveis para exercer seu ofício ou condições técnicas e pedagógicas. Nas disputas por direitos e deveres os profissionais da educação são tratados como sujeitos cindidos. Será impossível olhar para as trajetórias e tempos dos educados sem olhar para as histórias e tempos de seus mestres.
As imagens quebradas das nossas crianças em nada se diferenciam das imagens quebradas dos seus educadores ambas precisam ser revistas sob a ótica da espiritualidade e da mistagogia na formação do docente.

REFERÊNCIA

ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas, trajetórias e tempos de alunos e mestres, Petrópolis, Vozes, 5ª. Edição, 2009.

COMENTÁRIOS À OBRA: CAMINHOS INVESTIGATIVOS II

CAMINHOS INVESTIGATIVOS II

Marisa Vorraber Costa (organziadora)

Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente

A organizadora deste volume reuniu sete artigos de autores distintos e que tratam do mesmo tema: a questão da investigação científica como uma construção de caminhos no meio dos descaminhos. Basicamente todos os autores fazem referência ao modo de pensar do filósofo Michel Foucault cuja frase aparece citada na introdução do artigo intitulado “Descaminhos”.
“De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição dos conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto possível, o descaminho daquele que conhece?”(Foucault, 1998, p13).
Os sete artigos a que estamos nos referindo seguem uma mesma linha de pensamento que começa pelo título do primeiro capítulo: “Descaminhos”. Neste texto a autora se serve de uma expressão que, embora não sendo genuína manifesta o conceito de pesquisa que ela quer evidenciar. Citando outra pesquisadora diz:
A pesquisa nasce sempre com uma preocupação: uma inquietação; insatisfação com respostas que já temos; com desconfortos. É preciso por os conceitos a funcionar, estabelecendo ligações possíveis entre eles, encaixando aqueles que têm serventia para o problema e nos desfazendo daqueles que são inúteis (Corazza 2002).
Por sua vez o autor do segundo capítulo trata dos paradigmas e aponta que em pesquisa é preciso primeiro supera-los no sentido que estes são sempre hegemônicos. Segundo este autor assumir um paradigma como verdadeiro significa tolher toda forma de descrever e explicar, mas simplesmente aceitá-lo como verdade.
Rosa Maria Bueno Fischer trata da verdade em suspenso e reafirma o que já é aceito desde os filósofos gregos: não existe verdade absoluta, mas elas se tornam de acordo com o contexto em que estão inseridas. Neste sentido é necessário compreender a própria educação como um caminho para a verdade e que ela própria tem muitos caminhos. O desafio é deixar para traz as verdades já aprendidas e se lançar na busca de novos caminhos investigativos, formulando novos problemas, ousando pensar de outra forma, estabelecer relações entre o que já se sabe e o que ainda precisa ser compreendido.
Segundo esta autora, teses e dissertações ganham em densidade na medida em que o pesquisador for capaz de incursionar, de alguma forma, pelos labirintos de sua própria experiência pessoal e profissional com a temática em foco trazer a vida que pulsa nas práticas. A preocupação será não tomar os objetos em si, como se tivessem voos próprios. Esta é também a crítica de Paulo Freire ao que ele chama de educação bancária.
Nos artigos Análises culturais e Pesquisa – ação e política cultural as autoras afirmam que na pesquisa é importante contar as histórias a partir do lugar em que se encontra o pesquisador, caso contrário outros farão e o estudioso se tornará refém de saberes em relação aos quais não participou da construção.
Com outras palavras ela Expressa o pensamento freiriano quando afirma em relação à dialogicidade na construção dos saberes. Muitas vezes o oprimido até abre diálogo para construir saberes, mas isso não é necessariamente relação de igualdade. A participação é sempre desejável e isto é sinônimo de coletividade, mas não de democracia.
A conscientização não é sinônima de emancipação. Muitas palavras ditas pelos oprimidos não são produzidas por eles, mas resultado das palavras do opressor que se instalou nele. Na arte de pesquisar é importante ter presente que se vive em constante recomposição e reinvenção de identidades. E este é o caminho que pretende seguir a pesquisa “Policidadania: formação mistagógica do docente”.

REFERÊNCIA

COSTA, Marisa Vorraber. Caminhos investigativos II, Rio de Janeiro, Lamparina, 2007.

COMENTÁRIOS AO TEXTO DE DEMERVAL SAVIANI

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ASPECTOS HISTÓRICOS

E TEÓRICOS DO PROBLEMA NO CONTEXTO BRASILEIRO


Sob a ótica do projeto de mestrado:
Policidadania: formação mistagógica do docente


Tratando da formação de professores o autor faz uma breve incursão pela história, recuperando a formação de docentes nos diversos períodos da história política do País. O autor contextualiza a formação dentro da realidade social e econômica em que se encerra o processo formativo.
Como nota conclusiva de toda a recuperação histórica o autor indica o que é uma verdade inegável: a formação de docentes no Brasil é descontínua, não é extensiva nem em quantidade nem em conteúdo. O alcance do processo formativo fica longe da grande maioria dos docentes a prática pedagógica normalmente não tem correspondido à expectativa dos formandos. Os conteúdos formativos também não atingiram os objetivos a que se propunham.
O autor sugere eleger a educação como máxima do desenvolvimento. O que implica num processo que abrace todas as dimensões da sociedade (economia, política, humanidades). Somente esta realidade irá trazer outras consequências para o processo formativo bem como para os educadores e dará nova configuração à formação de docentes.
Ao afirmar que é necessário transformar a docência numa profissão atraente, nós entendemos que a este processo se chama criar mística para o processo formativo.

REFERÊNCIA
Demerval Saviani, Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, V.14, n49, jan./abr.2009.

HOMILIA DA SOLENIDADE DE CRISTO REI - 2009

HOMILIA PARA O DOMINGO 22 DE NOVEMBRO 2009 –
SOLENIDADE DE CRISTO REI

Leituras: Daniel 7,13-14;
Salmo 92(93) 1ab.1c-2.5(R/1ª)
Apocalipse 1,5 -8
João 18, 33b-37


Há um pensamento que diz assim: “A verdade dói, mas liberta”. E outro ainda que diz assim: “A verdade se impõe pela sua própria força”. E muitos de nós já experimentamos e provamos que eles são verdadeiros. Bastante vezes a verdade parece dura demais, entretanto o tempo e as condições se encarregam de mostrar que dificuldades iniciais para aceitá-la são superadas pela força dela mesma.

Pois é este o pensamento que aparece na liturgia deste domingo que a Igreja chama de último do tempo comum e convida a celebrar a solenidade de Cristo Rei.

O texto do evangelho que é tirado da paixão do Senhor é o diálogo de Jesus com Pilatos. O governador, encarregado de fazer cumprir as leis, queria ter certeza sobre quem era a pessoa que havia sido colocada sob as suas ordens. Faz as perguntas próprias para a ocasião e recebe de Jesus respostas, diante das quais ele não tem como contestar. “Tu és rei?” E a resposta: “Para isso nasci e para isso vim ao mundo” e continua “mas o meu reino não é deste mundo, o meu Reino é o da Verdade”. E esta consiste em dar testemunho e revelar quem é Deus.

Na primeira leitura o profeta narra uma espécie de batalha entre as forças do mal e Deus que age na história, enquanto o mal vem do mar, o bem vem do céu. E, naturalmente, este último vencerá!

A mesma situação é narrada pela segunda leitura do livro do Apocalipse, o autor reanima a comunidade mostrando que em Cristo as forças que provocam a morte não terão força maior e que Deus se encarregará de dar salvação aos que nele confiam.

Por isso mesmo nós rezamos no Salmo: Deus é Rei e se vestiu de majestade e verdadeiros são os vossos testemunhos.

A lição que a Palavra quer nos dar é simples e objetiva: Somos convidados a aceitar a verdade de modo integral, a ouvir a voz de Cristo e dar testemunho daquilo que acreditamos. Esta realidade não se acontece por um ato mágico, começa com a graça do Batismo e se estende por toda a vida, a cada dia somos desafiados a discernir os sinais dos tempos.

Como cristãos leigos na Igreja e nas comunidades viemos aqui celebrar a memória de Cristo Rei da verdade e da vida, recebemos sua graça, nos alimentamos da sua palavra e da Eucaristia e nos fortalecemos para a missão.

domingo, 15 de novembro de 2009

ECLESIOLOGIA

No documento Lumen Gentium a Igreja é descrita como sinal de Jesus Cristo

1. Cristo é a luz dos povos. Por isso, este sagrado Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente que a luz de Cristo, refletida na face da Igreja ilumine todos os homens, anunciando o Evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15). E, porque a Igreja é em Cristo como que sacramento isto é, sinal e instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano, retomando o ensino dos concílios anteriores, propõe-se explicar com maior clareza aos fiéis e ao mundo inteiro, a sua natureza e a missão universal. As presentes condições do mundo tornam ainda mais urgente este dever da Igreja, a fim de que todos os homens, hoje mais intimamente ligados por vínculos sociais, técnicos e culturais, alcancem também unidade total em Cristo.

"AGORA É TEMPO DE SER IGREJA
CAMINHAR JUNTOS PARTICIPAR"
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Eclesiologia

ECLESIOLOGIA -

AGORA É TEMPO DE SER

IGREJA, CAMINHAR JUNTOS

PARTICIPAR”

Igreja, sacramento no Cristo

1. Cristo é a luz dos povos. Por isso, este sagrado Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente que a luz de Cristo, refletida na face da Igreja ilumine todos os homens, anunciando o Evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15). E, porque a Igreja é em Cristo como que sacramento isto é, sinal e instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano, retomando o ensino dos concílios anteriores, propõe-se explicar com maior clareza aos fiéis e ao mundo inteiro, a sua natureza e a missão universal. As presentes condições do mundo tornam ainda mais urgente este dever da Igreja, a fim de que todos os homens, hoje mais intimamente ligados por vínculos sociais, técnicos e culturais, alcancem também unidade total em Cristo.

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sábado, 14 de novembro de 2009

33° DOMINGO DO TEMPO COMUM

15 DE NOVEMBRO 2009
Leituras: Daniel, 12, 1 -3
Salmo 15(16) 5.8.9-10.11 (R/1a)
Hebreus 10, 11-14.18
Marcos 13, 24-32

Quero entoar um canto novo
De alegria ao raiar daquele dia
De chegada em nosso chão.

Fazer referência ao fim do mundo é um tema que sempre causa interesse e curiosidade. Assim, numa roda de amigos, este é um assunto sobre o qual todos tem uma opinião pra dar. Uma música ou filme que trate deste tema tem sucesso garantido. Mas para os cristãos qual é mesmo a preocupação e qual tipo de preocupação o evangelho nos propõe?

O evangelho de narra a vinda de Jesus com grande poder e glória, tudo acontecerá de modo extraordinário e vai alcançar todas as pessoas e todas as situações humanas. O texto é uma proposta de atitude para a comunidade do tempo de Marcos. Desafia no sentido de não permitir a acomodação e ficar esperando que as coisas aconteçam. O Evangelho sugere que aqueles que acreditam são chamados à fidelidade, à coragem e a vigilância.

A vitória de Jesus será de algum modo, a vitória de todos. Ele está na sequência dos evangelhos dos últimos domingos: A comunidade dos seguidores de Jesus vive a tensão entre aquilo que são e aquilo que poderão ser.

A mesma linguagem figurativa é usada pela primeira e a segunda leitura nos dois casos fica muito clara a intenção de Deus: retribuir segundo as obras de cada um. Quanto aos que esperam por este dia, não cabe ficar parado. A primeira leitura termina com a promessa: “Os que ensinam os outros um dia, como estrelas no céu brilharão. Esta glória o Senhor prometia e promete a quem guia o irmão”.

Estamos todos bem convencidos de uma verdade: não temos aqui na terra morada permanente. Portanto, para quem deseja uma morada melhor é preciso ir construindo aqui.

Com os pés no chão e os olhos no horizonte, o Reino de Deus está entre nós, mas a plenitude dele somente se realizará na vida futura.

Deus é nossa única segurança conforme cantamos no salmo: Guardai-me ó Deus, pois em vós me refugio.

Nossa melhor atitude é agradecer àquele que não nos abandona pedir que ele venha e nos encontre vigilantes e fiéis.

sábado, 7 de novembro de 2009

HOMILIA PARA O DOMINGO 08 DE NOVEMBRO 2009

32° DO TEMPO COMUM


Convenhamos que a convivência humana, muitas vezes, pode ser chamada de sociedade das aparências. Então se cultua o bonito, aquilo que ostenta beleza e grandiosidade. E nesta concepção é muito fácil também instrumentalizar as pessoas e valorizar por que andam bem vestidas, tem roupas brilhantes, andam com carrão último modelo, ocupam um cargo importante, rezam muito, estão sempre na igreja, ajudam em todos os serviços da comunidade, e assim por diante.

Por incrível que pareça, as leituras deste domingo apresentam como modelo pessoas totalmente diferentes. Duas viúvas. Uma categoria totalmente sem credibilidade e amparo na sociedade daquela época. Uma delas, da qual fala a primeira leitura era pagã, seguia e acredita no deus de Baal.

O Evangelho conta o episódio conhecido como oferta da viúva pobre. O que fica muito claro nas palavras de Jesus é a repreensão que ele faz ao comportamento dos doutores da lei e outros entendidos do ser tempo que se mostravam perfeitos, corretos, justos, bons e todos os outros adjetivos que os colocava em situação de superioridade em relação aos demais. Enquanto valoriza a singeleza do gesto da pobre mulher. Jesus deixa claro que é importante discernir não segundo as aparências.

Na primeira leitura, o diálogo estabelecido entre a viúva e o profeta mostra quem é Deus e o que ele faz por aqueles que nele confiam. A pobre mulher reparte sua única segurança (uma medida de farinha e o resto do óleo na vasilha) seu gesto não fica sem resposta: Não faltou comida até que veio a chuva e se restabeleceu a normalidade da região.

O salmo nos chama a confiar no Senhor que age sempre em favor daqueles que não dispõem ou por sua simplicidade não tem necessidade de mostrar suas belezas, seu poder, sua sabedoria, suas roupas vistosas.

Ser discípulo de Jesus hoje significa praticar gestos e ter atitudes que sejam coerentes com os ensinamentos que deu outrora. Jesus não está de acordo com a pobreza, a miserabilidade, a falta de dignidade, nem tampouco abençoa e aceita que alguns se coloquem em atitude de superioridade em relação aos demais.

Vale para nós a recomendação de São Tiago: “Religião pura aos olhos de Deus implica cuidar dos órfãos e das viúvas em suas necessidades e não se deixar contaminar pelo mundo”(1,27).

Que, por esta eucaristia, o Senhor nos faça membros do seu corpo e autênticos apóstolos de uma sociedade e de uma Igreja muito melhor, mais coerente que precisa e pode ser transformada indo muito além das aparências.

sábado, 31 de outubro de 2009

IX CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO

Olá, acesse o link abaixo e tenha acesso ao trabalho que apresentei na PUCPR durante o IX Congresso Brasileiro de Educação.
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Abraço
Padre Elcio

http://www.4shared.com/file/145203736/8d907b98/Texto_para_a_revista_roteiro1.html