CORDEIRO
FIGURA DO PODER QUE SALVA
Não
é raro entre as famílias e comunidades que depois de alguma tragédia, fracasso,
desilusão e situação de profunda tristeza ser necessários alguns dias par
retomar as atividades e mesmo assim as coisas não andam como se gostaria.
Frequentemente depois destas provações a gente leva algum tempo para se refazer
e todas as atividades demoram para ganhar cor e sabor. Entre os cristãos tem-se
a prática bonita de rezar juntos e de partilhar com aqueles que se convive a
situação dolorosa experimentada pelos atingidos de perto pelo fato em questão.
Este
é o sentimento dos apóstolos narrado no evangelho deste domingo. Tinham
convivido com Jesus, se decepcionado com sua morte, viram a sua ressurreição e ascensão,
estavam convencidos que Ele ainda voltaria. Porém era preciso retomar as
atividades e dar continuidade ao ritmo que a vida lhes impunha. Entrar no barco
e voltar ao trabalho era comparado a uma noite escura cujo resultado seria
dificultado, como de fato foi: “Trabalharam
a noite inteira e nada pescaram”. Sem dúvida lhes vinha à mente a palavra
do Mestre: “Sem mim nada podeis fazer”.
Eis
que ao clarear do dia o Senhor lhes aparece, o cenário toma outro colorido a
pesca é abundante e eles são confirmados de acordo com o dia que ouviram o
primeiro chamado: “De hoje em diante
vocês serão pescadores de homens”, esta atividade de cunho divino será
dirigida com a limitação de todas as fraquezas humanas. O escolhido para
coordenar o grupo é ninguém menos do que Pedro que se recusou aceitar ter os
pés lavado pelo mestre, tirou a espada reagindo à prisão do mestre, o negou por
três vezes no palácio. Isso significa entender que a Igreja fundada no sangue
do cordeiro é santa na sua origem, mas pecadora na sua continuação pelas mãos
humanas.
Neste contexto eles compreendem bem a figura
descrita pela segunda leitura quando o autor escreve diante das perseguições
sofridas pelos cristãos do primeiro século na qual apresenta vencedor o
cordeiro que é ao mesmo tempo “servo de
Deus” – manso levado ao matadouro; “Cordeiro
pascal” cujo sangue é sinal eficaz sobre a escravidão; “Cordeiro apocalíptico” vencedor da morte
guia do rebanho dotado de poder e realeza. Confiar na presença deste cordeiro significa
pescar na claridade do dia e ver o resultado fecundo do seu trabalho.
Obviamente
que essa tarefa não é uma ação fácil e que pode ser levada com pouca seriedade.
As provações e perseguições narradas na primeira leitura mostram o desafio de
dar testemunho de Jesus. Foram presos e libertados miraculosamente, de novo presos
e conduzidos diante das autoridades e finalmente proibidos de anunciar o nome e
a doutrina de Jesus. Entretanto, “Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de
alegria, por terem merecido serem ultrajados por causa do nome de
Jesus”.
Para as pessoas do terceiro milênio a mensagem mais
importante que se pode tirar da liturgia deste domingo é um convite a colocar
sempre Jesus Cristo vivo e ressuscitado como centro da missão e das atividades
que cada um realiza. Em resumo: Todos os esforços para o mudar o mundo,
realizados, a qualquer hora do dia, serão uma pesca noturna de resultados
infrutíferos se Cristo não estiver presente e enquanto sua voz não for ouvida e
reconhecida. Todo e qualquer esforço humano será infrutífero sem a presença
viva do Senhor.
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