quarta-feira, 1 de maio de 2019

HOMILIA PARA O DIA 05 DE MAIO DE 2019 - 3º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C


CORDEIRO FIGURA DO PODER QUE SALVA

Não é raro entre as famílias e comunidades que depois de alguma tragédia, fracasso, desilusão e situação de profunda tristeza ser necessários alguns dias par retomar as atividades e mesmo assim as coisas não andam como se gostaria. Frequentemente depois destas provações a gente leva algum tempo para se refazer e todas as atividades demoram para ganhar cor e sabor. Entre os cristãos tem-se a prática bonita de rezar juntos e de partilhar com aqueles que se convive a situação dolorosa experimentada pelos atingidos de perto pelo fato em questão.
Este é o sentimento dos apóstolos narrado no evangelho deste domingo. Tinham convivido com Jesus, se decepcionado com sua morte, viram a sua ressurreição e ascensão, estavam convencidos que Ele ainda voltaria. Porém era preciso retomar as atividades e dar continuidade ao ritmo que a vida lhes impunha. Entrar no barco e voltar ao trabalho era comparado a uma noite escura cujo resultado seria dificultado, como de fato foi: “Trabalharam a noite inteira e nada pescaram”. Sem dúvida lhes vinha à mente a palavra do Mestre: “Sem mim nada podeis fazer”.
Eis que ao clarear do dia o Senhor lhes aparece, o cenário toma outro colorido a pesca é abundante e eles são confirmados de acordo com o dia que ouviram o primeiro chamado: “De hoje em diante vocês serão pescadores de homens”, esta atividade de cunho divino será dirigida com a limitação de todas as fraquezas humanas. O escolhido para coordenar o grupo é ninguém menos do que Pedro que se recusou aceitar ter os pés lavado pelo mestre, tirou a espada reagindo à prisão do mestre, o negou por três vezes no palácio. Isso significa entender que a Igreja fundada no sangue do cordeiro é santa na sua origem, mas pecadora na sua continuação pelas mãos humanas.
 Neste contexto eles compreendem bem a figura descrita pela segunda leitura quando o autor escreve diante das perseguições sofridas pelos cristãos do primeiro século na qual apresenta vencedor o cordeiro que é ao mesmo tempo “servo de Deus” – manso levado ao matadouro; “Cordeiro pascal” cujo sangue é sinal eficaz sobre a escravidão; “Cordeiro apocalíptico” vencedor da morte guia do rebanho dotado de poder e realeza. Confiar na presença deste cordeiro significa pescar na claridade do dia e ver o resultado fecundo do seu trabalho.
Obviamente que essa tarefa não é uma ação fácil e que pode ser levada com pouca seriedade. As provações e perseguições narradas na primeira leitura mostram o desafio de dar testemunho de Jesus. Foram presos e libertados miraculosamente, de novo presos e conduzidos diante das autoridades e finalmente proibidos de anunciar o nome e a doutrina de Jesus. Entretanto, “Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria, por terem merecido serem ultrajados por causa do nome de Jesus”.
Para as pessoas do terceiro milênio a mensagem mais importante que se pode tirar da liturgia deste domingo é um convite a colocar sempre Jesus Cristo vivo e ressuscitado como centro da missão e das atividades que cada um realiza. Em resumo: Todos os esforços para o mudar o mundo, realizados, a qualquer hora do dia, serão uma pesca noturna de resultados infrutíferos se Cristo não estiver presente e enquanto sua voz não for ouvida e reconhecida. Todo e qualquer esforço humano será infrutífero sem a presença viva do Senhor.


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