VOCÊS SERÃO MINHAS TESTEMUNHAS
É
bastante comum cultivar sentimentos de compaixão, solidariedade, respeito,
colaboração, independente de professar uma determinada religião e até mesmo
entre aqueles que se dizem agnósticos ou ateus. Pode-se dizer que a grande
maioria das pessoas merece ser chamada de testemunhas e defensoras de alguma
causa de valorização da vida.
Pois
é a função de testemunhas do seu estilo de vida e das suas propostas que Jesus
confia aos discípulos. Na liturgia da Igreja o tempo da páscoa se estende por
40 dias, mais do que uma soma de dias contados cronologicamente, esse tempo tem
o significado de aprendizado e de assimilação das verdades que tinham sido
ensinadas por Jesus.
No
Evangelho deste domingo Jesus reforça aos discípulos sua presença no meio deles
pela ação do Espírito Santo. Ou seja, eles já não o verão mais fisicamente, mas
suas palavras e seu ensinamento se perpetuará na vida e nas comunidades por
onde eles andarem e isso será reconhecido na maneira como viverão a boa notícia
que proclamam com as palavras.
Depois
de recordar a finalidade da sua vinda de junto do Pai assumindo a condição
humana Jesus reafirma o que já havia dito em outra ocasião: “Vós sois
testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai.
Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do
alto. Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo
as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e
foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois
voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no
templo, bendizendo a Deus”.
Naquele
momento, que pode ter sido o dia mesmo da ressurreição, os discípulos ainda não
tinham claro o que significava testemunhar e propagar aquilo que viram e
creram. Mas logo depois o testemunho de pessoas deixa isso muito claro tanto
para aqueles que viveram com Jesus como para aqueles que apenas ouviram falar
sobre ele. Assim temos o texto da segunda leitura que é uma espécie de carta
circular enviada a diversas comunidades e nela São Paulo recomenda algumas
ações básicas que Deus realiza em favor de todos: “O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de luz para O
conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para
compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua
herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para
nós os crentes”.
Isso que Paulo assegura aos que ouvem a sua palavra faz parte
da recordação da missão dos discípulos narrada nos Atos dos Apóstolos: “Vós, porém, sereis batizados no Espírito
Santo, dentro de poucos dias... e sereis minhas testemunhas em
Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra... Homens
da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós
foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu”.
Os ensinamentos de Jesus dado aos seus discípulos podem ser
assimilados por cada pessoa e por todas as comunidades cristãs. Voltando para
junto do Pai, de onde Ele veio, Jesus deixou uma tarefa claríssima aos que nele
acreditam: Tornar realidade o seu projeto libertador no meio do mundo. Cabe
nesta celebração que nos perguntemos: na condição de cristãos podemos dizer que
nosso dia a dia serve de testemunha desse projeto? Somos realmente fiéis à
missão que aceitamos como batizados? Nossas ações permitiram transformar a
realidade ao nosso redor? Que real impacto para as famílias, para as comunidades
para o ambiente profissional o fato de afirmar que somos cristãos? Ou nossa
vida de fé se resume a olhar para o céu, até fazendo muitas e longas orações e
se esquecendo de se envolver nos grandes dramas e sofrimentos das pessoas que
conosco convivem. Aqui cabe o que disse São João Paulo II aos participantes da Ultreia (Encontro festivo do movimento
de Cursilho) mundial do ano 2000: “Evangelizar os ambientes do terceiro milênio
Cristão eis aí um desafio para os cursilhistas do nosso tempo”.
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