sábado, 30 de abril de 2016

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS NO DIA PRIMEIRO DE MAIO DE 2016

O AMOR É O VÍNCULO DA PERFEIÇÃO

Neste primeiro de maio o mundo inteiro para e celebra o dia do trabalhador. Já no ano 500 AC. Confúcio, sábio chinês, declarou: “Escolha um trabalho que lhe dê prazer e nunca mais terás que trabalhar um só dia na vida”. É claro que ele estava compreendendo a expressão trabalhar diferente de como ela é entendida na origem da palavra Tripalium que significa sofrimento e dor. Celebrar o dia do trabalhador implica compreender a ação de homens e mulheres do modo como entendeu o sábio chinês: Trabalhar, para ele, significava encontrar a realização plena e a felicidade.
É neste sentido que também a liturgia deste domingo apresenta a ação do Espírito Santo de Deus, e a ação de Jesus que enviou o seu Espírito. O Papa Francisco também chama o Espirito santo de Trabalhador e afirma que é pelo seu trabalho que Ele revela quem é Jesus Cristo.
As comunidades que se reúnem celebrando o mistério da páscoa de Jesus podem ter certeza que já conheceram o Espírito Santo trabalhador, aquele que Jesus anuncia aos apóstolos como o “defensor”, presença que dá assistência e que ilumina a estrada daqueles que caminham no seu amor e que guardam a sua Palavra.
Não há dúvida que a presença do Espírito Santo sempre foi para a Igreja e para aqueles que acreditam o sinal do amor de Deus. Neste sentido se pode ter a certeza que Ele é verdadeiramente um trabalhador, que não se cansa e nem descansa, ele continua mostrando a estrada por onde deve andar aquele que se diz seguidor de Jesus Cristo.
A comunidade dos apóstolos, desde o princípio teve certeza que sua força e suas decisões estavam nas mãos do Espírito Santo trabalhador. A primeira leitura conta o episódio de uma das dificuldades iniciais da Igreja nascente. A conclusão do Concílio dos Apóstolos, não poderia ser outra: decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo...” esta expressão dos apóstolos não precisa ser mais clara pois ela confirma: “O amor é o vínculo da perfeição”.
É neste sentido que se pode compreender também as palavras de Jesus no Evangelho: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”.
Eis que então, nestes dias em que a situação de insegurança ronda com mais intensidade a casa e a vida dos trabalhadores, mais do que nunca se faz necessário dar importância aquilo que realmente merece.
A hora é de amar mais, porque só o amor é capaz de resistir às dificuldades e provações que a vida e o mundo apresentam ao cotidiano das pessoas. Amar mais implica sim abraçar com entusiasmo o próprio trabalho e trabalhar na certeza de que o Espírito que Jesus vai enviar não deixará ninguém à mercê da própria sorte.


sexta-feira, 15 de abril de 2016

PALAVRAS DE MISERICÓRDIA NO 4º DOMINGO DA PÁSCOA

JESUS, O PASTOR MISERICORDIOSO


Pouco a pouco a solenidade da páscoa vai ficando na memória e o resultado daquele extraordinário dia permite ir compreendendo melhor quem é Jesus e quais são suas principais ações em favor do seu povo. Do mesmo jeito que Jesus, “Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a se preocupar com a construção de um mundo melhor”, disse o Papa Francisco.

Os bispos do Brasil reunidos em Aparecida também falaram sobre a importância de trabalhar em favor do povo e numa carta aberta falaram sobre a crise em que o Brasil está mergulhado e reafirmaram que a  Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): “acompanha atentamente esse processo e espera o correto procedimento das instâncias competentes, respeitado o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”. Ao mesmo tempo em que recordam aos políticos que: “O bem da nação requer de todos a superação de interesses pessoais, partidários e corporativistas”.

A situação brasileira permite compreender com uma facilidade incrível o que significa agir como “bom pastor”. As palavras do Evangelho: As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”. Neste momento particular da história brasileira, qual é a voz que se pode dar crédito diante da avalanche de corrupção que enlameia a vida política nacional em todos os níveis. Acaso será possível acreditar que alguma voz dos que se levantam neste momento tem real interesse de não continuar transformando o povo brasileiro em “Mártires da corrupção”?

Na condição de cristãos todos são convidados a repetir o gesto de Paulo e Barnabé: Então os apóstolos sacudiram contra eles a poeira dos pés”. Pois, além dos supostos “salvadores da Pátria” há ainda uma multidão  que ninguém pode contar, como nos diz a segunda leitura, e estes são honestos, justos, coerentes, “lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do cordeiro”.

Apóstolo de Jesus, cidadão do Reino, que conhece e reconhece a voz do verdadeiro e único pastor, cada pessoa é convidada a trabalhar com honestidade, cumprir com suas obrigações, fazer o dever de casa, cuidar da casa de todos, em resumo: fazer a sua parte na construção de uma sociedade justa e humana, na qual o amor de Deus se torne mais evidente.


A Palavra de Deus, com a graça do Espírito Santo e a Eucaristia que participa, leva a se reconhecer  reunidos e escolhidos pelo amor de Cristo e por ele enviados para levar a paz em todos os lugares aonde sua presença for importante. 

sábado, 9 de abril de 2016

PALAVRAS DE MISERICÓRDIA NO TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOA 2016

OS APÓSTOLOS VIVIAM MUITO CONTENTES...

Ser capaz de distinguir entre o que é importante e o que é acessório, o que merece maior atenção e as necessidades menos urgentes, os investimentos indispensáveis e aqueles que podem ficar na lista de espera, são sinais de sabedoria. Quando uma pessoa sabe organizar a sua vida dando mais importância aquilo que realmente exige mais, normalmente sua vida é mais disciplinada e administra melhor os desafios e dificuldades.
A primeira leitura e o evangelho do terceiro domingo da páscoa são uma ajuda preciosa quando se trata de fazer uma escala de valores, e mesmo que para isso seja necessário algum sacrifício e certa dose de coragem.
Os Atos dos Apóstolos relatam as provações enfrentadas por eles por causa da sua confiança nas palavras e nas ações de Jesus. Diante dos grandes do Sinédrio, que lhes ameaçavam por causa do que vinham realizando em nome do Senhor, Pedro responde: É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus. A centralidade que os Apóstolos dão ao nome de Jesus lhes causou muitos sofrimentos: “Então mandaram açoitar os apóstolos e proibiram que eles falassem em nome de Jesus”; apesar disso: “Os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus”.
O texto do Evangelho que foi escrito cerca de 60 anos depois da morte de Jesus, narra um momento no qual Pedro e seus companheiros tinham perdido o foco da sua condição de seguidores do mestre e voltam desiludidos para o mar da vida. Trabalham a noite inteira e não obtiveram sucesso na sua ação.
Ao amanhecer do dia, um “desconhecido” aparece na praia e lhes desafia: “Lancem a rede a direita do barco e acharão peixes”. Confiantes nesta palavra repetem o gesto que haviam feito diversas vezes e eis que o resultado aparece.
Nem é preciso perguntar quem era o “desconhecido” que estava à margem, todos tinham entendido onde estava o “cerne” da questão: Quando Jesus está no centro das preocupações, o resultado é certo e unidade garantida. Apesar da quantidade de peixes a rede não se rompeu.
Eu resumo, nenhuma dificuldade, nenhum problema, mas igualmente nenhuma ação humana terá sucesso enquanto confiar nas próprias forças e na sua única capacidade de solução. Colocar Jesus e sua palavra no centro de toda a vida é a condição para o sucesso de qualquer ação.
Neste domingo, reunidos em oração a Igreja é confiada a provar do banquete preparado pelo seu único mestre e Senhor, ao mesmo que tempo em que recebe o mesmo convite que foi dado a Pedro: “Tu me amas mais do que todos? Apascenta minhas ovelhas”.

Agindo desta maneira será possível cantar como se faz no salmo hoje: Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! Transformastes o meu pranto em uma festa, Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos! ”.

domingo, 3 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA NO SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA 2016

DESTA CASA DO SENHOR VOS BENDIZEMOS

Faz parte da condição humana, facilmente sentir-se impulsionada e atraída pela ideia de espetáculo, de movimentos extraordinários de coisas grandiosas. Nestes dias em que o Brasil experimenta momentos de “fecunda democracia” os meios de comunicação social facilitam a mobilização maciça das pessoas que vão às ruas manifestar a sua opinião, não importa se a favor ou contra as verdadeiras necessidades e urgências a sociedade. Segundo a grande mídia parece importante fazer uma demonstração de força e ocupar as ruas, mostrar quem pode mais não se importando com o resultado de tudo isso.
Em Jerusalém, na sexta feira da morte de Cristo a população foi levada para a rua e sem ter muito claro o que estava acontecendo pediu a morte de Jesus. Pouco tempo depois, e isto faz parte da primeira leitura deste domingo: “Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles. A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas por maus espíritos. E todos eram curados”.
Porém, esta não é a maneira mais clara de reconhecer Jesus e o seu projeto. Pelo contrário, diz o Evangelho: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: 'A paz esteja convosco”.
Os discípulos compreendendo quem Ele era, não tiveram dificuldades de contar: “Nós vimos o Senhor”. Somente, Tomé, o incrédulo, o que não participava, aquele que considerava pouco importante o encontro fraterno, que não estava reunido com os irmãos, insistiu em duvidar. Até que o próprio Jesus, não de uma maneira extraordinária, nem fazendo alarde em praça pública, mas no encontro pessoal e no interior da comunidade, se dá a conhecer fazendo um pedido a Tomé: “Não seja incrédulo, mas tenha fé”.
Ainda hoje cada cristão continua recebendo a mesma advertência dada por Jesus naquele tempo: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”.  A cruz de Jesus, sua vitória sobre a morte continua sendo para o mundo um sinal que o “juízo de Deus é a certeza de uma vida nova”.
Neste segundo domingo da páscoa, e no contexto das manifestações por um país justo e fraterno, à luz da Palavra de Deus, todos os cidadãos e cidadãs, comunidades, partidos políticos e entidades da sociedade civil organizada, são convidados a fazer sua parte ... adotando, em suas manifestações, a busca permanente de soluções pacíficas e o repúdio a qualquer forma de violência, convictos de que a força das ideias, na história da humanidade, sempre foi mais bem sucedida do que as ideias de força”.

Que esta prática seja a maneira mais coerente e participativa de proclamar a Ressurreição de Jesus e a responsabilidade de todos e cada um no “cuidado com a casa que é de todos”. 

quinta-feira, 24 de março de 2016

DOMINGO DE PÁSCOA - RESSURREIÇÃO DO SENHOR

COMEMOS E BEBEMOS COM ELE...

Fatos extraordinários no dia a dia das pessoas e da sociedade costumam ganhar as manchetes de jornais e dos noticiários em todos os meios de comunicação social. Sobretudo quando se tratam de situações que diminuem e denigrem a vida das pessoas e das comunidades, estes sim ganham muito tempo, muitas páginas e acabam caindo no gosto popular sendo comentados em todas as rodas de amigos e mais ainda nas redes sociais.

Ora, a morte de Jesus foi um prato cheio para as comunidades daquele tempo. Seja para os que nele acreditavam, seja para aqueles que desejam ver o seu fim. Eis que o noticiário sobre o evento da sexta feira que antecedeu a páscoa ganha novos contornos no amanhecer do primeiro dia da semana.

O primeiro dia já é simbólico por si mesmo, ele indica o começo de tudo mais uma vez. E neste caso ele vem como a vitória da vida. Os sinais encontrados no lugar onde estava o corpo de Jesus não deixam dúvida: Os panos que envolviam um corpo sem vida, estão jogados ao chão, já não servem mais. O véu que impedia de ver e ser visto foi colocado a parte. Aos amigos de Jesus faltava apenas uma coisa: Compreender o que significa que Ele devia ressuscitar dos mortos.

A carta de Paulo permite reconhecer que a união com o ressuscitado garante aos que nela acreditam que a morte não tem a última palavra e que a maneira mais adequada de reconhecer a Ressurreição do Senhor é procura-lo nas coisas novas que se fazem ver desde o primeiro dia da semana.

Jesus que andou por toda a parte fazendo o bem, está agora em toda parte por meio das pessoas que se prontificam a fazer o bem.  É Jesus ressuscitado quem resgata a vida da morte e preenche a vida de todos com sua ternura.


Na ressurreição de Jesus, o Senhor cura os corações feridos e ampara os humildes. Na manhã da ressurreição a Igreja se reúne em oração e experimenta a presença do ressuscitado que lhe  convida a manifestar a sua misericórdia contribuindo “para que a grande família humana possa viver com dignidade e justiça em um ambiente bem cuidado” (Texto Base CF 2016. P. 52). 

SÁBADO SANTO - RESSURREIÇÃO DO SENHOR

GENTE NOVA PARA UM MUNDO NOVO

Os sinais de morte estão bem presentes na sociedade contemporânea. Mas não é nestes sinais que se deve procurar o Senhor. Nem tampouco, é ali o lugar para encontrar os irmãos. Deus que não se cansa de retomar o seu projeto na história, está mais do que nunca presente na sociedade atual. Deus jura seu amor eterno usando de misericórdia com o pecador e resgatando do túmulo a vida de todos. A celebração do Sábado Santo é uma maneira de fortalecer a Igreja e todas as pessoas a reconhecer Jesus Cristo que continua fazendo novas todas as coisas.
As leituras e os salmos proclamados nas celebrações do sábado santo fazem uma recordação de toda a história desde a criação até a redenção definitiva em Jesus Cristo. A fragilidade humana levou os homens e mulheres em todos os tempos a se afastar de Deus e do seu projeto, situação que se assemelha muito ao que acontece no mundo contemporâneo. Porém, é certo que Deus não abandona o seu povo.
Celebrar a páscoa de Cristo implica perceber que a ressurreição de Jesus acontece de novo cada vez que as pessoas e as comunidades trabalhem de modo decisivo no cuidado com a vida como disse o Papa Francisco no documento: Laudato Si: “Desta forma cuida-se do mundo e da qualidade de vida dos mais pobres, com um sentido de solidariedade que é, ao mesmo tempo, consciência de habitar na casa comum que Deus nos confiou. Estas ações comunitárias, quando exprimem um amor que se doa, podem transformar-se em experiências espirituais intensas” (232).

Rezar no sábado santo unindo as vozes de todos os que creem é uma forma de reconhecer a vitória da ressurreição de Jesus e o convite que continua a ser feito: trabalhar para que a história e o mundo sejam transformados. A palavra dita às mulheres na sepultura ressoa para cada pessoa neste sábado de aleluia: “Não procurem entre os mortos aquele que está vivo”. 

SEXTA FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR

Ele foi ferido por causa de nossos pecados.

O Cuidado com a “casa do comum” se apresenta na atualidade uma das maiores exigências para todos. Em 2016, a celebração da sexta feira da paixão está inserida no contexto da defesa e do cuidado com a vida em todas as formas. As preocupações com a saúde e com as doenças transmitidas por conta do descaso com o ambiente em que se vive. As denúncias de corrupção que envolvem toda a nação brasileira e algumas centenas de pessoas e instituições. Questões relativas a solidariedade e o respeito para com a pessoa humana. São todos sinais de que a cruz de Cristo continua presente no meio do mundo.
Porém, Jesus Misericordioso, servo sofredor na interpretação do profeta Isaías continua sendo para todos na atualidade fonte de alegria, de serenidade e de paz.
A longa narrativa da paixão, neste ano, proclamada segundo João, faz entender que o Rei morto na cruz não é um fato do passado, ao mesmo tempo que sua ressurreição não ficou na história.
A cruz carregada por Jesus até o limite da morte se assemelha às cruzes da sociedade contemporânea. Celebrar esta verdade permite aos cristãos compreender que os sofrimentos existem, que são reais na vida do povo, mas que não tem em si mesmo a última palavra.
É Deus quem se une com a humanidade, fortalece o coração dos que acreditam renova-os na esperança e não considera o pecado, mas a coragem para superar as cruzes de cada dia e construir solidariamente uma comunidade muito melhor.

Rezar como irmãos na assembleia reunida é uma maneira de crescer na solidariedade e no compromisso com a ressurreição responsabilizando-se pela qualidade da vida de todos em todos os lugares.  

quarta-feira, 23 de março de 2016

HOMILIA PARA A QUINTA FEIRA DA SEMANA SANTA 2016

LAVA PÉS, PODER DA TERNURA.


Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina, descreveu o significado social do lava pés em 30 frases. Numa delas ele afirma que o gesto mostra o poder da ternura e a fraqueza da violência.
Na quinta-feira santa a Igreja repete o gesto de Jesus durante a última ceia. Na liturgia deste dia também se proclama o Evangelho de João que conta como Jesus realizou esta ação. Compreendendo que João escreveu este texto para as comunidades que já celebravam a Eucaristia há quase 50 anos sendo assim uma prática habitual. O autor procura associar o serviço de Jesus lavando os pés, ao que Ele fez durante toda a vida e que vai ter seu ponto mais alto no calvário. E por causa desta prática recebe o título de Mestre e Senhor, nome que Jesus afirma que pode ser dado a todos os que também são capazes de fazer de suas vidas um serviço para o bem de todos.
O texto pode também ser entendido como uma espécie de síntese com todos os ensinamentos que a revelação da Palavra fez conhecer ao longo dos tempos.  A narrativa da Páscoa dos judeus é marca de um novo tempo que se dá no compromisso solidário e de comunhão entre todos os que foram libertos da escravidão do Egito.
Paulo, conta como se deu a instituição da Eucaristia, não para fazer uma simples memória, mas para deixar claro que celebrar a memória do Senhor implica praticar a comunhão fraterna.
Ontem, como hoje, é Jesus quem repete o gesto de lavar os pés e continua pedindo a cada pessoa, a cada Igreja e a todas as instituições que sua ação seja uma contínua misericórdia que se traduza na prática das obras de caridade, no cuidado com a vida das pessoas e do mundo. Em outras palavras: recordar a ação de Jesus significa praticar a misericórdia de Deus cuidando da vida de todos e da vida no planeta, casa comum de todos,  a fim de que seja também morada digna de todos.

É neste sentido que a celebração da quinta-feira Santa afirma o poder da ternura e a fragilidade da violência. 

sábado, 19 de março de 2016

HOMILIA PARA O DIA 20 DE MARÇO DE 2016

O MISERICORDIOSO VEM REVELAR O 

SENHOR E SUA VONTADE

Aqueles que querem bem a outra pessoa, que acreditam nas suas ideias e projetos costumam “vestir a camisa” pela causa que acreditam. A confiança nas palavras que apontam para um novo estilo de vida é sempre mais forte que qualquer provação e dificuldade. Pois é isso que aconteceu com Jesus e com seus discípulos e muitos que o seguiam. No tempo em que Jesus viveu em Jerusalém não lhe faltaram provações e dificuldades, as quais foram também vivenciadas pelos que o seguiam. E finalmente ele entra solenemente em Jerusalém, proclamado como aquele que vem em nome do Altíssimo.
Reviver a Semana Santa significa caminhar com Jesus do presépio ao calvário. As expectativas que Jesus criou por todos os lugares aonde passou apontam para uma nova maneira de Deus se relacionar com a humanidade. Neste domingo, as comunidades, em todas as partes se reúnam e repetem a mesma aclamação feita a Jesus em Jerusalém: Hosana no mais alto dos céus!
Esta não é uma forma extraordinária de proclamação da realeza de um homem cujo modelo são os reinados daqueles tempos, o Messias do domingo de Ramos é aquele que caminha livremente ao encontro de toda provação e sacrifício para garantir uma vida nova àqueles que nele confiaram.
Montado no jumentinho ele afirma o reconhecimento que o povo lhe dá: “Se eles se calarem as pedras gritarão”.  Por outro lado, a recordação da paixão de Cristo confirma o que o Pai preparou para o filho: O Crucificado será para todo o sempre Senhor e Cristo.
Humanos e sujeitos as fraquezas do cotidiano, todos proclamam com o salmo:  “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes?”. Viver longe da dor e do sofrimento é o desejo de toda pessoa humana, porém o Messias em quem os Cristãos acreditam ensina que é necessário ter a coragem de suportar as provações próprias da condição humana.
Para todas as comunidades e para cada pessoa em particular o domingo de ramos se constitui num misto de realeza e de sofrimento que enquanto peregrinos neste mundo todos são convidados a provar, aceitar e transformar.
É com esse pensamento que a Igreja inicia a Semana Santa cujo ponto mais alto é a manhã da Ressurreição.  Aquele que apagou os pecados da humanidade é também o que garante a vida nova e renova a alegria e a esperança em meio a todas as dificuldades.
Os ramos abençoados que se leva para as casas são uma recordação da presença do “rosto misericordioso do Pai” que ajuda a todos “cuidar da casa comum” e ser responsável para que a morte não triunfe sobre nada e sobre ninguém.


domingo, 13 de março de 2016

REFLEXÃO SOBRE A PALAVRA DE DEUS - MULHER ADÚLTERA

MISERICORDIOSOS COMO JESUS     ...

Andar com pedras na mão, estar muitas vezes na defensiva, pronto para atacar e condenar é uma atitude bastante comum na sociedade contemporânea. Faz-se julgamentos, condenações, denuncias, até em nome da ética e dos bons costumes. Mesmo cristãos de missa dominical facilmente servem-se desta prática para auto afirmar sua honestidade e seriedade diante da sua família, da sua comunidade, da Igreja e da sociedade em geral.
Cada ano a festa da páscoa, que é preparada pela vivência da quaresma, se apresenta como uma oportunidade renovada para cuidar do coração, das ações do coração, do rancor, do ódio, da tentação de se julgar participantes do grupo dos justos e melhores que os demais.
Neste ano, a Campanha da Fraternidade faz um apelo insistente a todos no sentido de cuidar de todas as pessoas e da sociedade por inteiro. O apelo pelo cuidado com a casa comum é a extensão das sete obras de misericórdia e trata-se de vivenciar o evangelho que diz: “Tudo o que Você fizer ao menor dos meus irmãos é a mim que você fará”.
A leitura do profeta Isaias faz ouvir um grito por libertação. O povo de Israel que já tinha sido escravo no Egito e que agora era exilado encontra-se desorientado e sonha com um novo tempo. O profeta faz um convite: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca”.
São Paulo, da prisão, escreve para a Igreja que está em Filip os e recorda a sua escolha pelo Evangelho e por Jesus Cristo e garante a todos que deixou para traz muitas coisas em vista da sua nova vida centrada na pessoa de Jesus: “Na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele eu perdi tudo. Considero tudo como lixo,
para ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele”.
E o próprio Jesus no texto da mulher adúltera apresenta uma proposta totalmente nova. Ele não discute com os fariseus sobre a importância e legitimidade da lei, pelo contrário, convida todos e cada um fazer um exame de consciência em relação às pedras que carrega para sua autodefesa.
O que ocorreu com o povo de Israel, que pode ver uma nova oportunidade na vida, se repetiu com São Paulo, com a mulher adúltera e pode se realizar em cada pessoa nestes tempos.
Antes de armar-se com pedras para julgar e condenar trata-se de olhar para as escolhas que se faz, reconhecer a própria fragilidade e os próprios pecados, levantar-se e procurar ser melhor a cada dia.
Este é o convite e a oportunidade da quaresma. Olhar para frente, ter coragem de mudar de vida, esquecer os rancores do passado e renovar o coração.
Para isso muito ajuda a oração da Igreja que se faz na assembleia de cada domingo.  A hora é de acolher e perdoar em lugar de eliminar aqueles que se julga pecadores e indignos da misericórdia. Que o Senhor ajude a todos pela oração e pela penitência.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 24 DE JANEIRO DE 2016

A LEI DO SENHOR É PERFEITA

Nelson Mandela, líder sul africano, deixou para o mundo um legado de muito ensinamentos, sobretudo dados com seu próprio testemunho de vida. Mas não se pode esquecer também o que ele ensinou com a simplicidade de suas palavras. Uma das suas afirmações diz mais ou menos assim: Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração.

Claro está para todos que estes ensinamentos são extraordinários, mas não são novos. Falar ao coração das pessoas é o jeito de falar de Deus. A Sagrada Escritura é toda ela uma voz que entra na vida das pessoas e que modifica os corações.

O Texto do profeta Neemias proclamado neste domingo, depois de mostrar a dignidade da Palavra descrevendo com detalhes o cuidado de Neemias para com o livro da Palavra, termina com um conselho extraordinário: “Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois, este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força”. Em resumo a Palavra é um conforto de modo que os que ouviam “choravam de alegria”.

Em forma de prece o Salmista reconhece que a lei do Senhor é perfeita e reza com entusiasmo: “Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz”.

No Evangelho Jesus, Verbo que se fez homem, abre o livro da Palavra e proclama o fundamento da sua missão e as razões para as quais foi enviado: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”.

Dando a compreender a importância da Palavra ele mesmo garante que veio para fazer acontecer o que acabava de ler: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.

Ora, os cristãos em todos os tempos - e isso já proclamou São Paulo - são diferentes, tem dons diversos, mas formam um único e mesmo corpo, logo tem a mesma missão e responsabilidade de Jesus: Ser construtores de uma sociedade sempre mais justa, humana, fraterna e solidária.

Essa é a tarefa principal de cada pessoa, um dos principais motivos da reunião de irmãos e das preces que se faz na Assembleia Reunida. Pedir a capacidade de seguir Jesus anunciando e fazendo acontecer um tempo de graça para todos.



sábado, 2 de janeiro de 2016

HOMILIA PARA O DIA 03 DE JANEIRO DE 2016

LUZ PARA AS NAÇÕES...


Aleluia! Quem diria!
Boa-nova é encontrar um menino!
Aleluia! Quem diria!
Partilhando do nosso destino!

Já nasceu nos mostrando outro jeito
De plantar novamente a harmonia,
De viver, de acolher o desfeito.
Vem chegando da periferia!

Este hino litúrgico entoado pelas comunidades cristãs no tempo do Natal, certamente faz perceber com mais clareza o sentido da festa que se chama Epifania do Senhor, ou Domingo de Reis, como se diz na piedade popular.

O anúncio que foi feito aos pastores pelo Anjo, na noite de Natal, se completa com a visão da estrela que foi seguida pelos Magos. Em ambos os casos se trata de reconhecer que Deus veio visitar a humanidade. Na oração que abre a liturgia da Palavra a Igreja reza: “Concedei aos vossos servos e servas que já vos conhecem pela fé, contemplar-vos um dia face a face no céu”.

Aos magos Deus se deu a conhecer como luz das nações, o significado desta manifestação continua repleto de sentido até os dias de hoje. Conhecer Deus, com todos os seus atributos é um dos maiores desejos humanos, obviamente que para isso algumas atitudes são indispensáveis.

Para os cristãos do mundo atual cabem as mesmas recomendações feitas pelo profeta Isaias: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor”.

O rosto de Deus que foi manifestado na pessoa de Jesus é, de certa maneira, a própria misericórdia de Deus e que São Paulo escreveu as efésios dizendo: “acaba de o revelar agora, pelo Espírito, 

aos seus santos apóstolos e profetas... e todos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho”. 

O Rei nascido em Belém cuja boa notícia a liturgia canta com alegria é reconhecido pelos magos com seus presentes simbolizados no Ouro da Realeza, no incenso da divindade e na mirra que significa paixão e sofrimento. Em outras palavras aquele que é o Rosto da Misericórdia de Deus, é também Rei, Deus e homem. 

Para aqueles que celebram e que rezam juntos a manifestação de Deus como luz do mundo, cabem as mesmas atitudes dos magos: Reconhecer o messias, ad0rá-lo, e encontrar caminhos alternativos para todas as formas de dor, morte e tristeza que o mundo contemporâneo continua produzindo diariamente. 

Celebrar a manifestação do Senhor, implica reconhecer a voz do anjo que encaminha cada pessoa a trilhar caminhos novos e que preservem e promovam a dignidade e a vida de todos.

Que a Igreja possa acolher com fé e viver com amor os mistérios que o natal manifestou a todos. 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

HOMILIA PARA O DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA 2015

SAGRADA FAMÍLIA DE NAZARÉ SEDE NOSSA INSPIRAÇÃO

Em qualquer circunstância, independente da profissão de cada pessoa, uma das principais satisfações de todos é ver que seu trabalho produza frutos, seja reconhecido e atenda as expectativas daqueles que dele dependem. Assim o agricultor sente-se feliz com a possibilidade de colheita abundante, o comerciante com o sucesso das vendas, o professor com a aprovação dos alunos, e assim por diante.

Este é também o sentimento dos pais quando presenciam o sucesso dos filhos e a realização destes na sua  vida profissional, afetiva ou familiar. E de outra parte o que espera o comprador, o aluno, o  consumidor e o filho senão que a outra parte sinta-se também realizada e recompensada por seu trabalho.

Esta é a descrição que a Palavra de Deus traz no domingo depois do Natal, também chamado de domingo da Sagrada Família. O livro do Eclesiástico descreve a relação de filhos e pais e reafirma que quando existe entre pais e filhos sintonia de deveres e direitos, de respeito, responsabilidade e bem querer, “Deus honra o pai nos filhos e confirma a autoridade da mãe”. Diz a leitura ainda: “Quem honra seu e pai e sua mãe terá alegria e vida longa”.

Mas o que significa respeitar-se mutuamente senão deixar-se conduzir pelos conselhos que Paulo dá aos colossenses: “Revestiam-se de sincera misericórdia, bondade, mansidão, humildade, paciência, perdoando-se uns aos outros”.

Preocupar-se com o bem dos pais e dos filhos é o que se lê no texto de Lucas que conta a perda e o reencontro de Jesus no templo. Os pais voltaram a procura do menino, este por sua vez aponta para o cerne da sua missão: “Fazer a vontade do seu Pai...” porém segue para casa com Maria e José, local onde cresce em “sabedoria, estatura e graça diante de Deus e diante de todos”.

A festa da Sagrada Família com a atitude de Maria é um convite para todos “Guardar todas coisas no coração, recuperar o valor do silêncio meditando a Palavra de Deus” de tal modo que as feridas e os sofrimentos de todos sejam aliviados e consolados com a presença a amizade e a fraternidade que são próprias daqueles que experimentam a misericórdia de Deus.


Que a oração da Igreja seja para todos o sinal recíproco entre pessoas que se amam, se respeitam e lutam para que a felicidade aconteça em todos os lugares e que todas as pessoas possam sentir o que se reza no salmo: “Felizes os que amam o Senhor e trilham seus caminhos”. 

HOMILIA PARA O DIA DE NATAL 2015

DEUS É MISERICÓRDIA...

É interessante observar como algumas pessoas, e até meios de comunicação social são capazes de anunciar de modo agradável inclusive pequenas coisas. Outros, por sua vez, transformam um copo de água em tempestade. O Papa Francisco é um destes personagens capazes de fazer brilhar os olhos e arder o coração com palavras, notícias e coisas muito simples que fazem parte do dia a dia. 

Em março deste ano, Francisco publicou o documento intitulado “O rosto da misericórdia”, embora sendo um texto escrito originalmente em Latim as palavras e citações usadas pelo Papa são de uma simplicidade extraordinária. Ele recuperou expressões e frases que já foram ditas e escritas por outros Papas e, sobretudo, textos da Sagrada Escritura. Em resumo, o documento não fala de nenhuma coisa extraordinária que ainda não fosse conhecida pelos cristãos do mundo inteiro. 

A bula, como é denominado o documento, começa com a frase: “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai”. Ora precisa coisa mais conhecida do que essa verdade para os cristãos? O menino nascido na gruta de Belém há pouco mais de dois mil anos é verdadeiramente o Filho de Deus, aquele que veio revelar em plenitude que Deus é “rico em misericórdia” que “é clemente e vagaroso na ira, mas cheio de Bondade e fidelidade”

É exatamente essa verdade que também fala o profeta Isaias: “Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia o bem e prega a salvação... Alegrem-se e exultem...” este é um anúncio feito para chegar aos ouvidos até das pessoas mais tristes e desconsoladas.

A carta aos Hebreus confirma que a pessoa de Jesus Cristo é o esplendor da glória do Pai sendo então a expressão máxima daquilo que Deus é: “fonte de alegria, serenidade e paz”.

O anuncio de quem é Jesus e qual sua missão, não é lago extraordinário, de difícil compreensão, pelo contrário, como se lê no Evangelho de João: “No princípio era a Palavra, e a Palavra se fez gente, e a Palavra era Deus e tudo foi feito por meio da Palavra que veio habitar no meio do mundo”.

Para todas as pessoas, nestes tempos de provações e dificuldades mais uma vez o Natal cai como uma “mão de luva”, segundo as palavras que se reza no salmo: “Os confins do universo contemplaram a salvação de Deus... Cantai salmos ao Senhor! ”


Este é com certeza o mais importante sentimento que as felicitações de natal podem ser portadoras, de tal maneira que em todos os lugares e pela ação de todos aqueles que acreditam seja possível reconhecer o rosto misericordioso de Deus porque eles mesmos são capazes de realizar em suas vidas a mesma ação: “Sejam misericordiosos como o Pai de vocês é misericordioso”.

sábado, 19 de dezembro de 2015

HOMILIA PARA O QUARTO DOMINGO DO ADVENTO 2015

ILUMINAI A VOSSA FACE SOBRE NÓS...

Certamente é muito sugestiva uma frase que diz mais ou menos assim: “Não corra atrás das borboletas, plante uma flor no seu jardim e todas as borboletas virão até ela”.  Pois bem, essa frase se presta para refletir a Palavra de Deus nos dias que antecedem a celebração do natal.
Na Maternidade de Maria, o mundo pode reconhecer, como disse o Papa Francisco, o Rosto Misericordioso de Deus que traz a paz e a alegria a todos os povos. Já havia anunciado o profeta Miqueias cerca de 700 anos antes do nascimento de Jesus. Naquela ocasião o profeta afirmou que o abandono em que vivia o povo foi deixado para trás “até ao tempo em que uma mãe der à luz; e o resto de seus irmãos se voltará para os filhos de Israel”.
Também as comunidades de hoje fazem a mesma prece que o salmista rezou: “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai.  Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes!
A carta aos Hebreus afirma que a missão de Jesus é garantir que as pessoas reconheçam a misericórdia de Deus. Em outras palavras o texto diz: “Eis que venho ó Pai, para fazer vossa vontade. Sacrifício nenhum satisfaz, mas vossa vontade quereis que  se faça”.
E a vontade de Deus pode ser reconhecida na pessoa de Maria e nos seus gestos de esperança e de serviço: Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel”. E eis que Isabel  enquanto aguardava a realização das promessas feita pelos profetas reconhece naquela visita a presença de Deus: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!' Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?
É este o significado de esperar o Natal do Senhor. O messias, cuja festa preparamos vem para realizar a vontade do Pai, sua presença garante a reconstrução de mundo mais humano, mais justo, mais fraterno, mais responsável, mais sustentável.

Neste tempo cada pessoa pode espelhar a sua vida na pessoa de Maria, mais do que correr atrás as borboletas que estão nos jardins alheios, plantar flores para que as borboletas tragam para perto as belezas da vida que se sonha e dos desejos que se esperam acontecer no Natal.

sábado, 12 de dezembro de 2015

HOMILIA PARA O TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO 2015

ALEGRIA E MISERICÓRDIA

Mesmo nas pessoas mais “santas”, em cuja vida e ação se pode reconhecer Deus agindo no meio do mundo, não faltam ocasiões em que os sinais de maldade e de violência, de desrespeito à vida e a qualidade de vida que se repetem na sociedade não as deixem perplexas e indignadas. É neste contexto que o Papa Francisco abre o “Ano Santo da Misericórdia” Trata-se de uma convocação para que as pessoas e o mundo, em eterna peregrinação, convertam-se e se reconciliem reconhecendo assim a presença de Deus nestas situações.

O profeta Sofonias faz um convite: Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, cidade de Jerusalém... naquele dia, se dirá a Jerusalém: 'Não temas, Sião, não te deixes levar pelo desânimo! O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que te salva”. 

Estas palavras aparecem de outra maneira na carta que o Papa escreveu como motivação para o ano da misericórdia: "Precisamos sempre de contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado” (Misericordiae vultus 2).

Misericórdia e alegria é o que São Paulo escreve aos Filipenses: Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus”.

Misericórdia e alegria é o que João Batista anuncia àqueles que foram ao seu encontro à procura de perdão: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”.


Encarar com alegria os desafios do tempo presente, as provações e sofrimentos do cotidiano implica ser capaz de olhar a própria vida e a dos irmãos com olhos de esperança e transformar o dia a dia em verdadeira ação de graças, como afirma o profeta Isaias: Exultai cantando alegres, habitantes de Sião porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel”. 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

MEU AMIGO E MINHA AMIGA!



Faz dias... estou querendo falar com você.

Cerca de algumas semanas partilhei com você o projeto ALUNO ESCRITOR, e sugeri que você desse um “kick”. Hoje volto para lhe falar mais algumas coisas sobre minha paixão por livros e meu desejo que muito mais pessoas façam o mesmo.
Como disse José Saramago: “Antes do interesse pela escrita há um outro: o interesse pela leitura. E mal vão as coisas quando só se pensa no primeiro, se antes não se consolidou o gosto de pelo segundo. Sem ler ninguém escreve”.







Antes mesmo de ter publicado meus quatro livros, os quais você já conhece, mantenho uma pequena biblioteca pessoal. Hoje com cerca de trezentos exemplares, já doei mais de mil exemplars para duas instituições de ensino superior.
Na minha atual biblioteca tenho algumas obras raras, como esse Missal Romano, cujo conteúdo é dos anos 1530, esta edição é de 1930. O livro de canto litúrgicos “Cecília” do ano 1926.



Diversos  títulos em lingua Italiana e leio, pelo  menos uma obra por em italiano. Você deve ter acompanhado meu blog com publicações semanais, nos três endereços que mantenho na Internet: www.padreelcio.blogstpo.com  - www.professorelcioalberton.blogspot.com e http://rumospalestras.blogspot.com.br/
Nesta semana recebi duas noticias muito especiais. Alguns dos meus trabalhos foram selecionados para publicação no blog da Universidade Federal de Santa Catarina, no espaço do curso de Pós-Graduação em Cultura Digital.
E no caderno de experiências de êxito no Ensino Médio Inovador, que será publicado em breve pela Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina, 4 das seis experiêcias realizadas na região de Videira são resultados do nosso trabalho.
Mais uma vez lhe peço, participe de um “Kick” no projeto “ALUNO ESCRITOR” permita que mais pessoas possam fazer esta experiência.