sábado, 18 de agosto de 2018

HOMILIA PARA A MISSA NA SEMANA DA FAMÍLIA


EU CONFIO NO SENHOR E NADA TEMO

“O Senhor é minha força, meu louvor a salvação, ele fez prodígios e favores, publicai as maravilhas do Senhor”. O profeta Ezequiel faz uma parábola para contar sobre a infidelidade do povo na relação com Deus e conta como Deus “revestiu o seu povo com roupas bordadas, ungiu com perfume, calçou sandálias, enfeitou com joias e corou a cabeça dos seus escolhidos como se fosse salvar uma criança das forças da morte”. O Evangelho toca no cerne das relações familiares e mexe exatamente com a fidelidade matrimonial. A palavra de Jesus é muito clara quando diz que só é permitido o divórcio em caso de união ilegítima. Tal afirmação pode ser melhor entendida nas palavras de São João Paulo II: incompreensões recíprocas, ou quando Francisco diz: “matrimônios que nunca deveriam ter existido”. Em resumo se faltar o amor entre os esposos, termina o respeito e só uma legislação muito rigorosa seria capaz de garantir que a unidade permanecesse embora essa nem sempre fosse sinal de comunhão. Jesus é categórico quando responde aos judeus sobre a lei de Moisés: Ela só deve ser aplicada quando falta o amor, a solidariedade a responsabilidade e o perdão.
Quando falta ingredientes básicos para uma comunhão do casal acontece o que disse São João Paulo II: “Motivos diversos, quais incompreensões recíprocas, incapacidade de abertura a relações interpessoais, etc. podem conduzir dolorosamente o matrimónio válido a uma fratura muitas vezes irreparável. Obviamente que a separação deve ser considerada remédio extremo, depois que se tenham demonstrado vãs todas as tentativas razoáveis. A Igreja não pode abandonar aqueles que por algum motivo procuraram uma segunda união depois de ter feitos todos os esforços para manter o primeiro casamento, reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança”.
Por sua vez o Papa Francisco afirma: “Quanto às pessoas divorciadas que vivem em segunda união é importante fazer-lhes sentir que fazem parte da Igreja, que “não estão excomungadas” Estas situações exigem acompanhamento e respeito de modo que ninguém se sinta discriminada de nada participando da comunidade. Fazendo isso a Igreja acolhe aqueles que precisaram iniciar uma nova família com o mesmo carinho como Deus fez com o povo de Israel: “banhei-te com água limpa, revesti-lhe com roupas bordadas, calcei uma sandália e te coroei” isso não é um enfraquecimento da fé e das normas da Igreja, mas uma forma de agir com misericórdia diante do sofrimento alheio. De modo que os movimentos, as pastorais e a Igreja inteira tem o dever de acolher, ouvir e compreender aqueles que tanto sofrem quando sua vida matrimonial passa por mares bravios e tempestades que não se acalmam.

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