SEJAM
IMITADORES DE DEUS
No documento, “Alegria
do Evangelho”, o primeiro do Papa Francisco, ele apresenta para o mundo o
que eram as suas convicções e a sua prática na Igreja em Buenos Aires, onde
servia como Bispo. No número 49 Ele escreve: “Saiamos, saiamos para oferecer a
todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui, para toda a Igreja, aquilo que,
muitas vezes, disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos Aires: prefiro uma
Igreja acidentada, ferida e enlameada, por ter saído pelas estradas, a uma Igreja
enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.
Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num
emaranhado de obsessões e procedimentos”.
É claro que esta afirmação trouxe alegria para muitos,
perplexidade para outros, medo para outros e resistência daqueles que estavam
acostumados a um estilo e modelo de Igreja presa em “obsessões e procedimentos”, normas, leis, regras e assim por
diante. É importante perceber como essa preocupação do Papa não se diferencia
da preocupação de Jesus narrada no evangelho deste domingo.
Quando Jesus diz: “Eu sou o pão que desceu do céu, quem
dele comer, nunca morrerá. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que
eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. Sua Palavra traz alegria para muitos, esperança para outros,
mas ao mesmo tempo medo e perplexidade aos judeus habituados ao ritmo dos
ensinamentos de Moisés que eles haviam transformado num emaranhado de normas e
regras, um fardo muito pesado para ser carregado.
Os judeus bem que preferiam manter o ritmo das coisas como
estavam acostumados, embora não se davam conta da exclusão que vinham
praticando e da falta de misericórdia com que julgavam as pessoas não
permitindo que participassem do cotidiano da assembleia.
O tratamento que os conterrâneos dão a Jesus em nada se
difere do que os antepassados fizeram em relação aos profetas. Elias, como
narra a primeira leitura, também foi incompreendido e perseguido, fugiu para o
deserto e desejou a morte. Mas Deus lhe devolve a alegria e o entusiasmo.
Alimentando-o não resolve o problema do sofrimento e da perseguição, mas o
anima a continuar a missão: “Levanta-se ainda tens um longo caminho a
percorrer”.
Sem sombra de dúvida para os cristãos e para a Igreja
contemporânea não faltam preocupações, desanimo e perseguição. Para todos vale
a palavra de São Paulo: “Seja eliminado do meio de vós tudo o que é
azedume, irritação, cólera, insulto, maledicência e toda a espécie de maldade.
Sede bondosos e compassivos uns para com os outros e perdoai-vos mutuamente,
como Deus também vos perdoou em Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos
muito amados. Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo”
Buscar e aceitar o batismo não é senão receber um sinal que
se pertence a Deus, que se torna morada do Espírito Santo e, por isso mesmo,
todo batizado é desafiado a deixar para trás os vícios da pessoa velha: “azedume,
irritação, cólera, maledicência, insultos e toda espécie de maldade”.
Em resumo “Sede imitadores de Deus, como filhos que ele
ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou”.
Aceitar o evangelho
implica ter a coragem de sair do comodismo e das práticas habitais de ser
cristão para ir ao encontro daqueles que que mais necessitam da ajuda e do testemunho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário