quinta-feira, 21 de novembro de 2019

HOMILIA PARA O DIA 24 DE NOVEMBRO DE 2019 - CRISTO REI DO UNIVERSO - ANO C


CRISTO REI CARIDOSO, AMOROSO E COMPASSIVO

É bastante comum entre nós usar a expressão: “Em time que está ganhando não se mexe...” esta frase tem um significado mais profundo para dizer que “Se alguma coisa está dando certo, deixa como esta porque mudar pode dar errado”.  Mais ou menos essa sensação tinha o povo de Israel em relação ao reinado de Davi. Com ele Israel viveu um tempo de felicidade, de abundância, de paz que nunca seria esquecido nem mesmo pelas gerações futuras. Nos séculos seguintes quando as coisas já não tinham o mesmo brilho o povo começou a sonhar com o retorno da era da felicidade e a restauração do Reino de Davi. Diante desta expectativa os profetas prometeram que Deus iria intervir em favor de Israel e faria nascer da descendência de Davi um Rei com as mesmas características, porém, muito mais poderoso, diferente de Davi o seu descendente instalaria um reinado que nunca teria fim. Um rei que iriar concretizar o sonho dos Israelitas.  
A instalação do Reino esperado foi experimentado pela comunidade dos Colossenses para quem São Paulo escreve a segunda leitura: “Com alegria dai graças ao Pai, que vos tornou capazes de participar da luz, que é a herança dos santos. Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu Filho amado, por quem temos a redenção, o perdão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível...”  Afirmar que Cristo é a imagem de Deus invisível significa aceitar que em tudo Ele é igual ao Pai inclusive no jeito de ser e de fazer todas as coisas e que nele é Deus mesmo quem se dá a conhecer mostrando a eficácia do seu Reinado.
Na cruz de Jesus o centro de todas as atenções é a frase que Pilatos ordenou colocar no alto da cruz: “Jesus de Nazaré o Rei dos Judeus”. Mas que Rei é este cujo trono é uma cruz? Ele é o rei que governa a partir da cruz instalando um Reino de serviço, de amor, de entrega. Enquanto alguns o insultam e dele fazem pouco caso Jesus garante ao ladrão arrependido: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. A expressão não traz em si um significado cronológico, pelo contrário, indica que a salvação definitiva e o Reino que não terá fim vai se concretizando a partir da cruz. Na cruz é possível reconhecer a realeza de Jesus que se pode experimentar no perdão, na renovação, na vida plena que está ao alcance de todos os que acolhem a salvação.
Celebrar a Festa de Cristo Rei do Universo não é celebrar um Deus forte, dominador que se impõe e que assusta, mas implica celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor. A cruz se torna um ponto de chegada, um trono no qual Deus que serve instala seu reinado através do amor e da entrega da própria vida.
Certamente a Igreja precisa aprender sempre e de novo exercer sua missão como instituição que serve antes de dominar e decidir e se apresentar cheia de honras e de poder. Na vida pessoal todos são convidados a aprender do Rei da Cruz a deixar de lado as pretensões ridículas de honra, de glória, de títulos, de aplausos. O Reinado de Cristo é um convite a deixar de lado nossas manias de grandezas, nossas invejas mesquinhas, nossas rivalidades que em lugar de promover e dignificar destroem e denigrem a vida dos outros. Celebrar Cristo Rei do Universo consiste em trabalhar por uma vida de comunhão e de liberdade. Daí sim será correto rezar como se faz no salmo: “Que alegria quando me disseram, vamos à casa do Senhor”.

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