A ESPERANÇA NÃO DECEPCIONA
Imaginemos
que estamos numa viagem e fazendo planos diversos sobre as oportunidades que
esta viagem nos reserva. Ao nosso lado outras pessoas também andam com outros
objetivos e destinos diferentes. Se tem uma coisa que incomoda e causa stress
para todos é a sensação que a viagem será interrompida por algum problema na
rodovia e de repente acontece. Do nada o trânsito para e sem nenhuma explicação
o seu GPS já não dá mais previsão de chegada, pelo contrário aquela voz
incômoda anuncia: “Sinal de GPS perdido” e Você fica inerte. Para frente não
vai. Retornar é impossível a única alternativa é tentar se acalmar e esperar
que “quando Deus quiser essa coisa ande”.
Pois
é de viagem interrompida e da ação de Deus no decurso dessa viagem que tratam
as leituras deste domingo. A carta de São Paulo aos Tessalonicenses afirma: “ Irmãos, 16nosso Senhor Jesus
Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma
consolação eterna e feliz esperança, 17animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e
palavra. O Senhor nos dá a certeza de que vós estais seguindo e sempre
seguireis as nossas instruções. 5Que o Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à
firme esperança em Cristo”. Estas palavras de São Paulo são uma
injeção de ânimo a nos dizer que com a ajuda de Deus nem tudo está perdido e
que nenhum empreendimento é inútil e nenhuma viagem será interrompida para
sempre. A leitura ajuda compreender que o bom êxito da viagem desta vida se
dará com a nossa participação decisiva, mas ao mesmo tempo que o final feliz
não se deve somente aos nossos méritos e esforços, pelo contrário muitas
pessoas vão colaborar com todo o empreendimento, trata-se de não perder a
esperança.
O texto da primeira leitura é o primeiro no Antigo Testamento
que deixa clara a certeza que a vida não termina na experiência humana do
poder, da autoridade e dos limites deste mundo. Os irmãos Macabeus com a sua
mãe são vítimas de uma perseguição absurda. Condenados a morrer aceitam o
martírio com a crueldade daqueles que se julgam senhores e donos da vida de
tudo e de todos. A família inteira tem convicção que o sofrimento presente é
apenas um “congestionamento passageiro”, mas que a viagem continuará com
segurança e um depois do outro fazem a mesma afirmação: “Tu, ó malvado, nos tiras desta vida presente. Mas o rei do universo
nos ressuscitará para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis... E
disse, cheio de confiança: “Do céu recebi estes membros; por causa de suas
leis, os desprezo, pois do céu espero recebê-los de novo... Prefiro ser morto
pelos homens, tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos
ressuscitará”
E no evangelho os saduceus fazem uma pergunta acadêmica e
hipotética, tipo problema de quebra cabeça sem solução. Como sempre Jesus
responde com sabedoria sem entrar na polêmica por eles apresentada: “Jesus
respondeu aos saduceus: “Nesta vida, os
homens e as mulheres casam-se, 35mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e
de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; 36e já não poderão
morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque
ressuscitaram. 37Que os mortos ressuscitam, Moisés também o indicou na
passagem da sarça, quando chama o Senhor de ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac
e o Deus de Jacó’. 38Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem
para ele”. Recorrendo a própria lei de Moisés, que os saduceus
bem conheciam, Jesus lhes recorda que os antepassados deles vivem com Deus e que,
portanto, a vida continua de outra maneira porque “Deus não é um Deus dos mortos”.
O resultado final da viagem não está restrito simplesmente
que o trânsito volte a andar, mas que continue andando de uma maneira diferente
como foi até onde se foi forçado a parar. A certeza que a viagem não termina “num
engarrafamento qualquer” é que garante a coragem de continuar na estrada, como
se reza no salmo: “Os meus passos eu
firmei na vossa estrada, / e por isso os meus pés não vacilaram. / Eu vos
chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, / inclinai o vosso ouvido e escutai-me”.
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