sexta-feira, 8 de novembro de 2019

HOMILIA PARA O DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2019 - 32º COMUM - ANO C


A ESPERANÇA NÃO DECEPCIONA

Imaginemos que estamos numa viagem e fazendo planos diversos sobre as oportunidades que esta viagem nos reserva. Ao nosso lado outras pessoas também andam com outros objetivos e destinos diferentes. Se tem uma coisa que incomoda e causa stress para todos é a sensação que a viagem será interrompida por algum problema na rodovia e de repente acontece. Do nada o trânsito para e sem nenhuma explicação o seu GPS já não dá mais previsão de chegada, pelo contrário aquela voz incômoda anuncia: “Sinal de GPS perdido” e Você fica inerte. Para frente não vai. Retornar é impossível a única alternativa é tentar se acalmar e esperar que “quando Deus quiser essa coisa ande”.
Pois é de viagem interrompida e da ação de Deus no decurso dessa viagem que tratam as leituras deste domingo. A carta de São Paulo aos Tessalonicenses afirma: “ Irmãos, 16nosso Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, 17animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e palavra. O Senhor nos dá a certeza de que vós estais seguindo e sempre seguireis as nossas instruções. 5Que o Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo”. Estas palavras de São Paulo são uma injeção de ânimo a nos dizer que com a ajuda de Deus nem tudo está perdido e que nenhum empreendimento é inútil e nenhuma viagem será interrompida para sempre. A leitura ajuda compreender que o bom êxito da viagem desta vida se dará com a nossa participação decisiva, mas ao mesmo tempo que o final feliz não se deve somente aos nossos méritos e esforços, pelo contrário muitas pessoas vão colaborar com todo o empreendimento, trata-se de não perder a esperança.
O texto da primeira leitura é o primeiro no Antigo Testamento que deixa clara a certeza que a vida não termina na experiência humana do poder, da autoridade e dos limites deste mundo. Os irmãos Macabeus com a sua mãe são vítimas de uma perseguição absurda. Condenados a morrer aceitam o martírio com a crueldade daqueles que se julgam senhores e donos da vida de tudo e de todos. A família inteira tem convicção que o sofrimento presente é apenas um “congestionamento passageiro”, mas que a viagem continuará com segurança e um depois do outro fazem a mesma afirmação: “Tu, ó malvado, nos tiras desta vida presente. Mas o rei do universo nos ressuscitará para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis... E disse, cheio de confiança: “Do céu recebi estes membros; por causa de suas leis, os desprezo, pois do céu espero recebê-los de novo... Prefiro ser morto pelos homens, tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará”
E no evangelho os saduceus fazem uma pergunta acadêmica e hipotética, tipo problema de quebra cabeça sem solução. Como sempre Jesus responde com sabedoria sem entrar na polêmica por eles apresentada: “Jesus respondeu aos saduceus: “Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se, 35mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; 36e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram. 37Que os mortos ressuscitam, Moisés também o indicou na passagem da sarça, quando chama o Senhor de ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’. 38Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele”. Recorrendo a própria lei de Moisés, que os saduceus bem conheciam, Jesus lhes recorda que os antepassados deles vivem com Deus e que, portanto, a vida continua de outra maneira porque “Deus não é um Deus dos mortos”.
O resultado final da viagem não está restrito simplesmente que o trânsito volte a andar, mas que continue andando de uma maneira diferente como foi até onde se foi forçado a parar. A certeza que a viagem não termina “num engarrafamento qualquer” é que garante a coragem de continuar na estrada, como se reza no salmo: “Os meus passos eu firmei na vossa estrada, / e por isso os meus pés não vacilaram. / Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, / inclinai o vosso ouvido e escutai-me”.



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