O
SENHOR É JUSTO JUIZ
O
nosso tempo tem muitas semelhanças com o contexto em que foi escrita a carta a
Timóteo: Confusão, desânimo, intrigas, problemas de relacionamento entre as
pessoas, corrupção generalizada. Manter-se firme em algum bom propósito nesta
situação nem sempre é uma coisa fácil e muitas vezes tem-se a sensação que não
vale a pena remar contra a maré. Para nós vale as palavras de Paulo como foram
útil também naquele tempo: “Na minha primeira defesa, ninguém
me assistiu; todos
me abandonaram. Oxalá que não lhes seja levado em conta. Mas o Senhor esteve a meu lado e
me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e
ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me libertará de todo mal”. Com todas as dificuldades e
provações que o apostolado lhe oferece Paulo não perde a esperança e não se
cansa de confortar: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está
reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor,
justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que
esperam com amor”. Talvez
nenhum outro apóstolo tenha sido tão firme nas suas convicções e feito tanto
pela divulgação do Evangelho como São Paulo. Com a figura dele pode-se fazer um
parelelo com os personagens da primeira leitura e do Evangelho.
O autor da primeira
leitura parte de uma realidade concreta, trata das viúvas e dos órfãos como categoria
de pessoas desassistidas pela sociedade. Apesar disso ele garante: “O
Senhor é um juiz que não faz discriminação de pessoas. Ele
não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim, as
súplicas dos oprimidos; jamais despreza a
súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas”. O autor é muito categórico e
afirma que Deus está sempre disposto a ouvir as preces e súplicas daqueles que
são vítimas das injustiças e do pecado. O que conta não é o pecado das pessoas,
mas a disposição em restabelecer o direto e a justiça e endireitar a vida
tortuosa.
Nos dois personagens do
Evangelho se confrontam mais do que duas pessoas, dois estilos de vida. Um
correto, justo, cumpridor da lei de Moisés. O fariseu do Evangelho não pode ser
acusado de não levar uma vida correta. Sobre ele pesa a arrogância, a
prepotência, o julgar-se melhor e mais perfeito do que todos. Quase como quem
diz: Nem de Deus e da sua misericórdia eu preciso. As minhas obras são tão
justas e perfeitas que “Deus tem o dever de me salvar”. Já do outro lado está o publicano um sujeito de
vida torta. Todos os seus atos são abomináveis e de ninguém ficam escondidos. A
diferença entre o primeiro e o segundo não está na perfeição da vida, mas na
atitude de quem se coloca em atitude de abertura e disponibilidade.
Enquanto o primeiro se
auto justifica: “Ó Deus, eu te agradeço porque
não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros...” o segundo
se reconhece necessitado do perdão e da misericórdia e se propõe andar por
outro caminho: “O
cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e
nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: `Meu
Deus, tem piedade de mim que sou pecador”.
Como ideia central para
este domingo pode-se concluir que Deus está sempre atento aos nossos pedidos.
Essa mensagem que já se repete em domingos anteriores fundamenta a atitude que
se pode ter diante da misericórdia de Deus. Nada temos a exigir de Deus, ser
justo, bom e correto não é mais do que uma obrigação da própria situação
humana, mas quando nossas fragilidades nos impedem de agir assim apresentar-se
diante dele com humildade e simplicidade de coração parece ser a alternativa, como
se reza no salmo: “O pobre clama a Deus
e ele escuta: o Senhor liberta a vida dos seus servos... Do
coração atribulado ele está perto e conforta os de
espírito abatido. Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, e
castigado não será quem nele espera”.
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