UM REINO DE OUTRO MUNDO
Nesse domingo que celebramos realeza de Cristo
Senhor do Universo, também fazemos presente a missão dos cristãos leigos no
mundo. Nesse contexto cabe lembrar que não são poucas as experiências de
comando, de exercício de autoridade, de coordenação e liderança e que muito
pouco se assemelham ao Reino e ao Reinado proposto e exercido por Jesus.
Na oração de despedida dos seus amigos Jesus rezou:
Pai eu não te peço que os tire do mundo, mas que os guarde das tentações do
mundo. Esse pedido dirigido ao Pai continua sendo desafiador para todos os
cristãos a quem os nossos bispos recordam que: “O desafio do cristão será sempre viver no mundo sem ser do mundo... e
a partir da fé e dos valores do Reino de Deus, como Igreja iluminar as
realidades do mundo”. (cf. CNBB Doc. 105).
O que se pede aos cristãos contemporâneos não é
diferente das recomendações dadas por
Daniel na primeira leitura desse domingo cuja finalidade é transmitir a
esperança a todos os perseguidos e desiludidos do seu tempo. O filho de homem
que aparece nas nuvens no texto de Daniel em nada se compara aos reis e reinos
instalados no mundo de outrora. Ele vem de Deus e pertence ao mundo de Deus.
Uma vez instalado o reinado desse filho de homem, Deus devolverá a paz e a
tranquilidade a todos os que eram perseguidos e oprimidos pelas forças do mundo
do homens.
O livro do Apocalipse narra as
mazelas, perseguições e ameaças pelas quais passa a comunidade cristã no final
do primeiro século e objetivo do autor é fortalecer nos cristãos a esperança em
mundo novo cuja vitória final será de Deus e daqueles que lhe forem fieis.
A mesma tonalidade é possível ver
na conversa entre Jesus e Pilatos. Enquanto o governador está preocupado se
Jesus é o “Rei dos Judeus”, Jesus desmascara
a autoridade e a condenação que lhe fazem respondendo: “O meu Reino não é deste mundo”. As palavras de Jesus confirmam o
que o autor do quarto Evangelho fala em outras passagens: “De tal modo Deus amou o mundo, que deu o seu Filho
unigênito… não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio
dele” (Jo 3,16-17). Em sua oração, Jesus diz: “Eles não são do mundo, como eu
não sou do mundo… Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao
mundo” (Jo 17,15.16.18)”.
Diante de Pilatos Jesus não está
interessado em afirmar seu poder, mas em manifestar seu amor e misericórdia sua
realeza não é de natureza humana, mas está sustentada em Deus e no seu projeto.
Seu reino toca os corações produzindo vida e liberdade, o reinado que Jesus
trouxe não será imposto pela força das armas e da autoridade.
Aos cristãos e a todos os que
querem um mundo habitável, sustentável e fraterno a Palavra de Deus deste
domingo é um convite a não criar estruturas com a força e o poder das
autoridades da terra, antes todos são convidados a testemunhar o amor e a
solidariedade, a comunhão e o
acolhimento.
Em nossas comunidades, que desejam
ser seguidoras de Jesus e do seu reinado não pode ter lugar a exclusão de
pessoas, o controle autoritário de uns sobre os outros, da imposição de títulos
e funções, de honras e privilégios. Como seguidores do Reino que Jesus quis
construir com o dom de Sua vida a igreja inteira e nela cada pessoa é chamada e
desafiada a se preocupar com o serviço simples, humilde, acolhedor, capaz de
partilhar e acolher sem distinção. Reunidos para agradecer a Deus pelo amor que
em Jesus Ele nos demonstrou somos convidados a substituir todos os esquemas de
egoísmo, de prepotência e de poder pelo amor, a doação, a acolhida e caridade
fraterna.
Afinal
é isso que rezamos no salmo: Verdadeiros são os vossos testemunhos,
refulge a santidade em vossa casa pelos séculos dos séculos,
Senhor!
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