OS TEMPOS
DE DEUS
Duas
coisas costumam chamar atenção de qualquer pessoa nas andanças de cada dia. De
um lado a suntuosidade das construções, a arquitetura das edificações
faraônicas de nossas cidades, incluindo nelas as igrejas e templos das mais diversas
manifestações de fé. De outro lado a pobreza e a miserabilidade das multidões
famintas dispersas por toda parte, sofridas nas intermináveis filas de
atendimento da previdência social, dos postos de saúde e hospitais por toda
parte. Vendo essas duas situações nos damos conta que a comparação que Jesus
faz entre a videira e a segunda vinda do Filho de Deus no fim dos tempos é um
convite para que tenhamos cuidado com os reinos passageiros e que não
facilitemos quando se trata de agir com humanidade e de humanizar as relações
preparando-nos cada dia para vinda do Reino de Deus.
Todos
somos convidados a ultrapassar a barreira das noites escuras do mundo em uma
aurora de vida sem fim. Essa é a mensagem da primeira leitura: “Naquele tempo, muitos dos que dormem no pó da terra,
despertarão, os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos
homens os caminhos da virtude, brilharão como as estrelas, por toda a
eternidade”. Esta é a esperança que todos
podemos cultivar a cada dia.
Que
Jesus veio ao mundo para “fazer a vontade
de Pai” é uma verdade que os cristãos têm suficiente clareza. Toda a vida e
as ações de Jesus tiveram por objetivo ensinar e estimular as pessoas repetir
diariamente as mesmas atitudes de Jesus: “Cristo
sentou-se para sempre à direita de Deus, levou à perfeição definitiva os que
ele santifica”.
Ele sentado à direita do Pai é o
testemunho mais evidente para todos os que querem ter o mesmo destino, ou seja,
viver com fidelidade e coerência todos os compromissos que assumimos no dia do
nosso batismo. Não ter medo de enfrentar as dificuldades e provações que a vida
nos apresenta cada dia.
No
Evangelho Jesus deixa claro que o mais importante não é definir o tempo exato
em que as coisas antigas ficarão no esquecimento, mas ter confiança e prestar
atenção aos sinais que fazem reconhecer um novo tempo.
Os tempos
e lugares nos quais as fraquezas e fragilidades deixarão de acontecer não são
importantes, a única certeza que todos podemos ter é que Deus fará acontecer um
tempo novo, da nossa parte como os discípulos de outrora resta que fiquemos
preparados e vigilantes “Naqueles dias, depois da grande
tribulação, o sol vai
se escurecer, e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas. Então vereis o Filho do Homem vindo
nas nuvens com grande
poder e glória. Ele enviará
os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à
outra da terra”.
A
certeza da presença de Deus nos faz caminhar na confiança e nos permite olhar o
mundo com esperança. Na condição de discípulos e discípulas de Jesus não
podemos ser profetas da desgraça nem tampouco fazer de conta que não enxergamos
as noites escuras que rondam a nossa existência.
Quando se trata de noites escuras é
preciso trazer presente a intuição do Papa Francisco que nos convida a enxergar
nossos pobres e a pobreza: “A fé nos impulsiona a juntos
sonhamos e trabalharmos por um mundo onde a pobreza seja superada. Não podemos
nos acostumar com a pobreza e nos tornarmos indiferentes aos pobres”
Filhos
e filhas de Deus somos chamados a espalhar a serenidade e a alegria na certeza
de que quem dirige a história humana é Deus e que a salvação não é reservada a
um grupo privilegiado, mas que o Filho do Homem abriu espaço para toda a
comunidade. Isso significa a não ter indiferença frente ao
sofrimento das pessoas em situação de vulnerabilidade e à crescente pobreza
socioeconômica que assola mais 51,9 milhões de brasileiros e brasileiras. Não
é lícito que fiquemos de braços cruzados esperando que o os novos tempos
cheguem de forma milagrosa, a palavra de Jesus tem por objetivo abrir os nossos
corações: “Aprendei,
pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo”.
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